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PREPARAÇÃO PARA O YOGA
                                                                          I. K. TAIMNI

“Ninguém que tenha se conscientizado das ilusões da vida pode ficar contente permanecendo nelas”
Introdução
O edifício da autocultura que conduz finalmente à iluminação,
sustenta-se sobre três pilares:

-Formação do caráter;
-Upasana (devoção, adoração, literalmente sentar-se perto;
- Yoga

Os dois primeiros pilares tratam da preparação que deve
preceder a entrada na senda do Yoga.

Somente quando o aspirante tiver desenvolvido os necessários traços de caráter e
um ímpeto dinâmico para encontrar a verdade é que ele poderá percorrer
firmemente o caminho do Yoga.
Introdução
Não é desejável que uma pessoa comum, absorvida pela vida
mundana, mergulhe subitamente na prática regular do Yoga
superior. A diferença tão drástica entre os dois modos de vida
provocaria uma reação violenta na mente do aspirante.

Período preparatório  necessidade imperiosa

Os benefícios do período preparatório, que já constituem o Yoga preliminar,
ou Kriya-Yoga, são muitíssimo importantes e trazem grande felicidade, paz
interna e alegria independentes de estímulos internos, força espiritual,
conhecimento intuitivo, libertação das preocupações e dos apegos etc.
1 - O Yoga e o Homem Comum
A contribuição da Índia para a humanidade sempre foi na esfera
da vida espiritual.
Sua maior contribuição para a filosofia e religião é a idéia
central de que somos essencialmente divinos em nossa
natureza íntima e que podemos superar nossas ilusões e
limitações por meio da realização dessa essência divina.

São parte integrante da filosofia e religião hindu:

  -   A sobrevivência da personalidade após a morte física;
  -   A existência de mundos suprafísicos;
  -   A divindade do homem;
  -   A possibilidade de atingir a perfeição
E a filosofia hindu nos diz mais. Diz que é possível conhecer a
verdade das verdades (a divindade do homem e sua identidade
com a Divindade maior) pela experiência direta, aqui e agora, de
um modo tão real quanto o que associamos ao mundo exterior.

A técnica da auto-realização não foi desenvolvida tão
sistematicamente e praticada tão intensamente quanto na
Índia.

Os métodos adotados foram experimentados por milhares de
anos por grande número de santos, sábios e ocultistas que
exploraram os domínios mais profundos da mente e da
consciência.

O conjunto maravilhoso de conhecimentos, teóricos e práticos,
uma tradição de múltiplas técnicas daqueles grandes seres se
tornou o chamado YOGA.
Yoga
Ciência Sagrada que revela todos os profundos segredos da
natureza e do universo, as verdades da vida interior, a realidade
do Divino dentro do homem.
Esse conhecimento e essa técnica é a mais valiosa contribuição
da Índia ao pensamento mundial e ao progresso da
humanidade.
Yoga implica a exploração de vários reinos internos da mente e
da consciência pelo indivíduo por meio de seus próprios
esforços.

Assim, algumas das verdades descobertas pela experiência
direta possuem natureza tão transcendente que é impossível
serem transmitidas por meio de palavras.
Portanto, a maior parte da técnica não pode ser apresentada
claramente na forma de um sistema rígido.
Yoga

Em seu aspecto mais profundo sempre permanecerá nas mãos
de pequeno número de Adeptos já realizados nessa arte.

Ainda que em número pequeno tais Adeptos garantem a
continuidade da transmissão do Yoga.

Mas tal conhecimento jamais pode ser comprado, por preço
algum. Só os realmente preparados recebem as instruções.

Tais Adeptos anseiam transmitir seus conhecimentos ao maior
número de pessoas em condições.
Yoga

Quanto maior o número de pessoas que trilham o Yoga
verdadeiro, mais poderosas se tornam as forças que trabalham
para a evolução e maior o número de capacitados a ajudar
efetivamente o progresso da humanidade.
A libertação de um ajuda a facilitar a libertação posterior de
todo o conjunto da humanidade.

Busca-se o Yoga por um simples motivo:

“ninguém que tenha se conscientizado das ilusões da vida pode
ficar contente permanecendo nelas”

Só um indivíduo livre das limitações do mundo pode
efetivamente ajudar os outros.

O Conhecimento direto das realidades da vida interna só vem
por meio do cultivo do caráter e dos estados mentais que
possibilitem a transmissão desse conhecimento transcendente.
SOMENTE   OS    PREPARADOS   OBTÉM   O
CONHECIMENTO DIRETO
As enfáticas afirmações dos místicos e sábios sobre natureza
efêmera e ilusória do mundo estão baseadas na experiência e
em fatos concretos.

E esses fatos estão bem na nossa frente. E se revelam à mente
que se abre para vê-los.

Só nossa profunda absorção mental nas atrações e conquistas
mundanas nos impede de vê-los.

Assim como os Adeptos, cada indivíduo pode descobrir por si
mesmo a verdade que liberta das limitações, pois tal verdade
está oculta no coração de cada um, aguardando ser descoberta.
Assim, todos que desejarem, podem se libertar das
ilusões,contanto que dêem os passos necessários e estejam
preparado para seguir de modo diligente e perseverante.
Então cada um pode começar desde já o caminho único que é
seu destino inexorável ou adiar a caminhada para mais tarde.

Depende de nossa própria deliberação começar agora a eliminar
os véus de ilusão e miséria que nos envolvem ou deixar para
depois. Tomamos o remédio agora e iniciamos a cura ou
prolongamos o sofrimento, deixando para tomar o remédio
depois.

Todo aquele que não se decide resolver o problema agora só o
faz por falta de percepção de sua verdadeira situação.

“A causa real de nossos problemas é a falta de discernimento
(viveka) que nos incapacita a abrir caminho através das ilusões e a
perceber a vida em sua simplicidade, despida de todas as
fascinantes atrações e tentações mundanas”
Falta de discernimento = busca das mesmas experiências 
repetição dos mesmos sofrimentos pela busca de alegrias e
confortos efêmeros.

Carência de viveka = falta de amadurecimento da alma = falta
do sentimento de urgência de empreender a aventura divina.

A maior parte das pessoas com anseios e aspirações espirituais
está envolvida em um círculo vicioso e não sabe como sair dele.
                  Falta de              Buscas de
             discernimento de          experiências
            nossa real situação    frustrantes e vazias



           Dúvida, desalento e         Decepção,
           acomodação com a               dor e
                situação               sofrimento
Para a grande maioria o caminho do Yoga começa na dúvida, na
incerteza e na falta de urgência interior, simbolizadas por
vishada, ou o desalento de Arjuna, no Bhagavad-Gita.


                           Mas o caminho do Yoga pode
                           resolver de uma vez por todas o
                           grande problema da vida humana.
                           E essa técnica está à disposição de
                           todos,seja um praticante de outras
                           vidas, seja um que inicia a jornada
                           na presente vida.
A enfermidade da qual todos sofremos é universal. Mas o Yoga
não considera os sintomas superficiais das aflições humanas. Ela
vai às raízes da perturbação e procura remover a causa última
das aflições, para sempre.

Yoga não trata de um problema específico do homem. A técnica
do Yoga está fundamentada na filosofia de que todas as aflições
humanas têm raízes em avidya (ignorância) ou falta de
percepção de nossa natureza real.

Pela remoção de avidya, ou seja, tomando consciência de nossa
verdadeira natureza, é possível remover todas as aflições pela
raiz e para sempre.

O Yoga pode conduzir qualquer homem, em qualquer estágio, a
qualquer momento, ao caminho que conduz à meta última.
O Yoga conduz ao Caminho de maneira progressiva e
sistemática, utilizando diferentes técnicas conforme a
necessidade do aspirante, capacitando-o a romper suas
limitações, uma após outra, até atingir a meta de libertação e
iluminação.

O caráter universal e abarcante do Yoga deve ser
compreendido, pois os que desenvolveram tal caminho o
fizeram para se adaptar a qualquer tipo de pessoa,
temperamento e estágio evolutivo.

Tudo foi pensado: exercícios preliminares, desenvolvimento
progressivo e autodisciplina. Assim, todos, de onde estão,
podem iniciar a jornada.

Mas devemos ter em mente que a solução do maior problema
da vida humana não pode ser obtido de forma fácil e rápida.
Mas todo aspirante sincero e dedicado poderá começar do
ponto onde estiver. Com um processo progressivo de
autodisciplina e purificação da mente, ele começará a se
movimentar firme e confiante em direção à sua meta.

Mesmo na dúvida e sem o sentimento de urgência, a prática e
purificação constantes farão as condições indesejáveis irem
desaparecendo aos poucos, já que são frutos de uma mente
sobrecarregada de desejos, conflitos e impurezas de toda
espécie.

Os fatores que quebram o circulo vicioso mental são justamente a
purificação gradual e a harmonização da mente.

As técnicas avançadas do Yoga só podem ser praticadas pelos
que estão preparados.
Purificação Mental




                                    Alterações
                                 necessárias dos
                                 estados mentais


Circulo Vicioso do Mente                           Mente Concentrada



                                                             Aqui se
                                                             inicia o
                           Harmonização da mente             Yoga
                                                             Avançado
O trabalho preparatório deve absorver todo o tempo e energia
de que dispomos.

Mas quando o aspirante atingirá a meta?

De fato, o significativo é o processo de desenvolvimento e não
qualquer estágio temporário a que se é levado.

Portanto, o aspirante deve lembrar que os benefícios obtidos
mesmo com esse Yoga preliminar são tão impressionantes e
substanciais que compensam em muito a autodisciplina:

- A paz e alegria que independem de estímulos externos;
- O conhecimento intuitivo que se adquire gradualmente a partir
do interior;
- A certeza que nasce do contato com as realidades internas;
- A libertação das preocupações pela redução do apego.
Para comparar basta olhar ao
redor para constatar que
mesmo a completa fruição
dos desejos materiais não
traz felicidade.

Cedo ou tarde todos estão
destinado as reconhecer que
apenas o conhecimento de
nossa real natureza divina – a
auto-realização – pode nos
satisfazer    completa       e
permanentemente.
2 – Samadhi – a Técnica Essencial
do Yoga
Samadhi é a técnica essencial do Yoga, que por ser de difícil
compreensão, foi apresentada na primeira seção dos Yoga-
Sutras de Patanjali.

A segunda seção dos Yoga-Sutras trata:

- Das limitações, ilusões e misérias humanas;
- Da filosofia dos Klesas;
- Preparação preliminar para uma vida ióguica;
- Cinco primeiras das oito partes do Astanga-Yoga

Nessa seção trata-se então da filosofia básica e das práticas
preliminares para que o sadhaka esteja em condições de lidar
com a própria mente com seriedade e eficiência.
A terceira seção dos Yoga-Sutras aborda as práticas puramente
mentais que culminam em samadhi e outras realizações
possíveis (siddhis e a libertação final da mente de suas
limitações que culmina em kaivalya).

A quarta e última seção trata da filosofia e da psicologia do Yoga
de maneira geral e dos estágios finais que levam à auto-
realização.

Como a técnica apresentada é a do Raja-Yoga, que trata dos
últimos estágios da evolução humana, não se pode esperar que
o estudo teórico e a prática sejam fáceis.

Mesmo não podendo colocar de imediato toda técnica em
prática, o aspirante deve dominar a técnica completamente, ao
menos teoricamente, para aos poucos poder ampliar sua
aplicação prática.
O primeiro sutra importante é o I-2:

                   Yogas citta-vrtti-nirodah
        “Yoga é a inibição das modificações da mente”

O significado total desse sutra só pode ser apreendido após se
avançar e entender a técnica do Yoga como um todo.

De fato, o sutra nos diz que a Realidade está obscurecida pelas
agitações e distorções produzidas na mente (citta-vrttis).

No Yoga, as agitações e modificações que existem em
diferentes graus vão progressivamente cessando até a mente se
tornar transparente e límpida como a água. Ela vai continuar
presente, mas imperceptível. Esse é o estado de auto-
realização.
Mas o processo de remoção das agitações e obscurecimento da
mente é lento, devido às tendências mentais, aos impulsos do
passado, às impressões sob a forma de carma e à lentidão das
transformações que devem ocorrer.

Por isso é necessário um LONGO PERÍODO DE DISCIPLINA E
DE PRÁTICA DAS TÉCNICAS DO YOGA.

Importante destacar que a mente não tem luz própria, É a
absorção da luz da realidade oculta em nosso interior que
fornece o sentimento de realidade que temos, em nosso mundo
individua de imagens mentais.

A técnica que o Yoga empregada para levantar o véu que
encobre a realidade chama-se samadhi, que é a própria essência
do Yoga.
Samadhi designa o mais elevado estado de meditação, quando
há consciência apenas do objeto de meditação, e não da própria
mente. O samadhi é o ponto culminante da meditação sobre
um objeto cuja realidade deve ser compreendida diretamente.

Samadhi é precedido por dharana, ou concentração, e dhyana,
ou contemplação. Quando dharana se torna perfeita,
transforma-se em dhyana e quando dhyana se torna perfeita,
transforma-se em samadhi, ou êxtase.

Os três estágios constituem um processo crescente de
aprofundamento da concentração, como descrevem os sutras
III-1 a III-3.
III-1 – “Concentração é o confinamento da mente dentro de uma
área mental limitada (definida pelo objeto da concentração)”

III-2 – “ Fluxo ininterrupto (da mente) para o objeto (escolhido para
a meditação) é contemplação.”

III-3 – “O mesmo (estado de contemplação), quando há
consciência somente do objeto da meditação e a consciência da
própria mente desapareceu, é samadhi.”

Como estamos interessados na natureza essencial de samadhi,
vejamos o sutra I-41

“No caso de alguém cujas citta-vrttis ou modificações mentais,
tenham sido quase completamente anuladas, a fusão do
conhecedor, do conhecimento e do conhecido tem lugar, como
uma jóia transparente colocada sobre um,a superfície colorida”
Samadhi é uma técnica de para compreender a realidade de
qualquer objeto (qualquer coisa que possa ser percebida pela
mente). É o conhecer por tornar-se, ou seja, a mente se
transforma na própria natureza do objeto cuja realidade
pretende compreender.

                        Conhecedor
         Conhecimento




                        Conhecido


            Técnica tradicional       Técnica de aquisição
              de aquisição de          de conhecimento
              conhecimento                 pelo Yoga
Em sabija-samadhi (samadhi com semente), o objetivo não é
compreender a própria realidade, mas sim uma realidade oculta
em qualquer objeto que seja, o que se dá por meio de samyama.

Todas as coisas da manifestação possuem um aspecto da
realidade, aspecto esse contido na mente universal. Conhecer a
realidade de um objeto é fundir nossa mente com a mente
universal, na qual a realidade daquele objeto está contida. Este
é o segredo de “conhecer por tornar-se” de sabija-samadhi.

Para conhecer a própria realidade, e não a expressão da
realidade em um certo objeto, temos que mergulhar mais fundo
na mente para transcendê-la e atingir o reino da própria
realidade.
Em sabija-samadhi nossa mente torna-se una com a mente
universal e conhceçemos o que está ali presente. Mas a mente
universal não é a realidade, mas um produto da ideação divina.
Ela surge da realidade por diferenciação entre o ser e o não-ser.

Para conhecermos a realidade temos que conhecer o
Idealizador da ideação divina e a ele nos unirmos. Essa é a
técnica do nirbija-samadhi.

No sutra IV-22, encontramos:

“O conhecimento da sua própria natureza através da auto-
cognição (é obtido) quando a consciência assume aquela forma na
qual não passa de lugar para lugar”
Como       a   realidade    é
encoberta pelos diversos
véus mentais, a Luz da
consciência, cada vez que
ilumina um dos véus, chega
“atenuada” no véu seguinte.
Quando todos os níveis da
mente forem transcendidos,
nos diferentes estágios de
samadhi, a consciência não
terá mais o que iluminar e
sua     iluminação    própria
brilhará em todo o seu
esplendor. Esse é o processo
de nirbija-samadhi que leva à
auto-realização.
Quando a consciência atinge o plano átmico, resta apenas um
delgado véu que separa o reino da mente do reino da realidade.

Chegamos agora a outro aspecto de samadhi: a diferença entre
samprajnata e asamprajnata samadhi.

Sutra I-17:
“Samprajnata samadhi é aquele que é acompanhado por
raciocínio, reflexão, bem-aventurança e sentimento de puro ser”

Sutra I-18:
“A impressão remanescente deixada na mente com a supressão
do pratyaya, após a prática de samprajnata samadhi é
asamprajnata-samadhi”
No samadhi a mente está absolutamente fechada a qualquer
distração interna ou externa e a intensidade da concentração
aumenta com o aumento da profundidade do mergulho no objeto da
concentração.
A mente contém apenas o objeto no qual está concentrada e cuja
realidade procura conhecer. Ela alcança um limite máximo e percebe
que não pode ir além, já que foram esgotados todos os aspectos do
objeto de meditação. A mente permanece, então, imóvel, em
condição de extrema concentração. Não pode recuar nem avançar.
Nesse estado o objeto de concentração (pratyaya) é abandonado; a
mente é levada a permanecer concentrada, estabilizada num vácuo,
por assim dizer. Todas as fontes externas foram cortadas pela intensa
concentração de samprajnata samadhi. Assim, a única maneira de
escapar é em direção ao plano superior seguinte. Mais cedo ou mais
tarde ela passa, através do centro comum a todas as dimensões de
consciência, para a dimensão imediatamente superior. Um novo
mundo surge no horizonte da consciência. Neste novo mundo revela-
se um aspecto mais profundo do objeto de concentração numa
dimensão mais elevada.
Samprajnata samadhi: samadhi com
objeto (pratyaya) no campo de
consciência.

Asamprajnata samadhi: samadhi no
qual não há mais objeto no campo
de consciência
3 – Preparação para o Yoga
Ainda que a técnica de Samadhi pareça sobre-humana, aqueles
que formularam a filosofia do Yoga e suas técnicas não
ignoraram as fraquezas e limitações humanas.
Eles sabiam que as dificuldades podem ser vencidas pela
adoção de um treinamento progressivo, científico e coerente
com as leis da evolução.

O sucesso é garantid, desde que se sigam rigorosa e
ininterruptamente os passos prescritos.

A grande maioria que começa na senda do Yoga desiste por
falta de disciplina ou pela expectativa do progresso rápido
Então muito protelam o esforço vida após vida e não evoluem muito
com isso.

A ciência do Yoga pode ser dominada, como todas as outras, por
meio de um treinamento gradual.
Devido às diferentes potencialidades ocultas nos diferentes
indivíduos, o progresso não é medido por anos de trabalho mas pelo
aumento de capacidade e pelas mudanças na mente e atitudes.

O sutra II-1 oferece um esboço do treinamento preliminar no Yoga:

“Austeridade, auto-estudo e entrega a Ishvara constituem o Yoga
preliminar”

Essa preparação envolve três cruciais aspectos da natureza humana:
Vontade, Intelecto e Amor (emoção).
Kriya-Yoga
                                                Vontade


Natureza
Superior


                       Amor                                                  Intelecto




             Auto-entrega                                                    Auto-estudo
                à Deus                                                   (Preparação teórica)
            (Purificação da Vida)
Natureza
 Inferior




                                              Austeridade
                                    (Controle e Inibição dos citta-vrttis)
Todas essas atividades constituem um começo real da vida
ióguica. A rápida transição de um estágio preparatório para um
estágio avançado de progresso depende da autodisciplina do
aspirante.
O aspirante deve adquiriro seguinte antes de poder passar para
as práticas avançadas do Yoga:

                  Controle de sua natureza inferior;

                  Concentração da mente;

                  Firmeza de propósito
AUTO-ESTUDO (Svadyaya)

Estudo intensivo e reflexivo das questões mais profundas da
vida de modo a se adquirir uma idéia correta e global de todos
os problemas envolvidos na prática do Yoga e métodos d e
solução adotados.
O estudo parte do exterior mas deve “migrar” para o interior até
que extraiamos de nosso interior todo conhecimento necessário
às práticas e problemas encontrados.
Svadyaya visa abrir as portas para o conhecimento que reside
em nosso interior (proveniente da na Mente Universal) abrindo
a porta entre a mente inferior e a superior.
Todos os meios que abrem a comunicação entre a mente
superior e a inferior são chamados de svadyaya.
Os “Graus” de Conhecimento
  Unidade




Multiplicidade
AUTO-ENTREGA (Ishvara-pranidhana)

A devoção não surge com facilidade. Somos testados e
experimentados até o limite máximo. Mas quando a devoção
surge, transforma a nossa vida e nos enche de alegria e
exaltação a ponto de sentirmos que os sacrifícios e sofrimentos
por que passamos nada são, comparados à bem-aventurança e
à graça de deus que desce sobre nós.

O trabalho criativo de qualquer tipo dá
alegria à vida, e a transformação da
nossa natureza pelos métodos do Yoga
preparatório é um trabalho criativo da
mais alta ordem e o mais real que se
possa empreender.
O Yoga Preparatório é o Início de Nossa
            Construção Individual

Em kriya-Yoga estamos esculpindo a imagem
de nosso verdadeiro Eu. Uma imagem da
realidade que vai representar nossa futura
perfeição está sendo esculpida a partir do bloco
de pedra bruta de nossa natureza inferior.
Estamos fazendo “aparecer” de nossa apagada
personalidade um ser divino com infinitas
potencialidades, que se torna cada vez mais um
veículo do amor, da sabedoria e do poder
divino.
A imagem completa pode estar no futuro,
invisível e desconhecida, mas o Yoga
preparatório traz a alegria de trazer este
milagre à existência.
Idéia Geral sobre a Filosofia na qual se baseia a Técnica do
                              Yoga

No sutra II-15, Patanjali afirma que para aqueles que
desenvolveram o discernimento, tudo na vida humana é
miséria e sofrimento devido às dores resultantes de mudanças
e ansiedades e devido aos conflitos entre as tendências inatas
da natureza do homem e os pensamentos e desejos
predominantes num determinado período.

Mas é possível evitar essa miséria ou nos livrarmos dela?

No sutra II-16, Patanjali diz claramenter que:

“A miséria que ainda não chegou pode e deve ser evitada”
O Yoga mostra as limitações da vida e oferece a solução real,
   uma esperança de libertação.
   Uma solução que busca eliminar a causa dos problemas
   humanos e que, na filosofia do Yoga, são chamados de klesas,
   uma cadeia de causas e efeito com cinco elos:
                              Ignorância primordial.              Causa instrumental
                           Falta de percepção de nossa             da involução da
                            verdadeira natureza divina               Mônada na
                                                                    manifestação
                                      Avidya


 Apego instintivo à
vida mundana e aos                                          Identificação da Pura
gozos corpóreos e o Abhinivesha                      Asmita Consciência com seus
    medo de ser                                                    veículos
   separado deles


                                   Raga-Dvesa

               Atração e repulsão de diversos tipos devido à asmita
Se a causa de nosso sofrimento é a falta de percepção de nossa
real natureza o único remédio permanente é a recuperação da
percepção da realidade ou o conhecimento de nossa
verdadeira natureza.

Sutra II-26:

“A ininterrupta prática da percepção do real é o meio de
dispersão de avidya”

Como praticar a percepção da realidade está no sutra II-28:

“da prática dos exercícios que compõem o Yoga e da destruição
da impureza nasce a iluminação espiritual, que se desenvolve em
percepção da realidade”
Em seguida vem o sutra II-29 que expõe as oito partes ou
práticas da técnica do Yoga de Patanjali:

“Auro-restrições, observâncias, postura, controle da respiração,
abstração, concentração, contemplação e êxtase são as oito
partes”

Eis, em síntese, a filosofia do Yoga!

O esquema a seguir ilustra tal filosofia.
Realidade
                         Síntese da Filosofia do Yoga                       Realidade




Avidya                                                                         Nirbija-
                                                                               Samadhi

                                                                                   Quebra
                                                                                   de Avidya

         Avidya                                                        Sabija-Samadhi




         Avidya/Asmita                                        Antaranga-Yoga
                                                                                Quebra
                                                                               de Asmita
    Avidya/Asmita/Raga-Dvesa                            Bahiranga-Yoga
                                                                           Quebra de
                                                                           Raga-Dvesa
   Avidya/Asmita/Raga-Dvesa/Abhinivesha    Kriya-Yoga
                                                           Quebra de Abhinivesha
Vimos os princípios da filosofia.

O método efetivo de libertação e as diferentes técnicas a
serem adotadas pelo aspirante devem ser aprendidos a partir
de um minucioso estudo do Yoga.

O estudante deve aprender como aplicar da melhor forma esse
conhecimento ao seu caso individual.

Importante: começar de maneira decidida e com intenção
pura!
Sobre quando e onde começar a resposta é:

Comece em qualquer parte, mas

                COMECE IMEDIATAMENTE!

O caminho do Yoga não precisa ser encontrado, ele se abre
diante de nós desde que damos o primeiro passo.

Utilize as escolas de Yoga (Jnana, Bhakti, karma) conforme sua
necessidade e o seu momento do caminho. Todas possuem
diferentes técnicas que, diferentemente combinadas,
permitem despertar a natureza divina de todos os seres.

Cada uma desenvolve um aspecto de nossa natureza divina.
Mas ainda que a perfeição final precise de todos os aspectos de
nossa natureza em uma forma desenvolvida, eles amadurecem
melhor com a concentração em um determinado aspectos
durante um certo tempo.

Assim, adéqüe os métodos e técnicas às circunstâncias e não
hesite em tomar um rumo diferente se sentir uma forte
tendência para fazê-lo.
PERF EIÇÃO




   Jnana       Bhakti   karma
     ou         ou        ou
Conhecimento   Amor      Ação
4 – O Sistema de Yoga de Patanjali
Existem diferentes sistemas de Yoga no Oriente, uns mais
superficiais e outros de natureza mais fundamental.

Para que o estudante não perca tempo com sistemas mais
superficias, é necessário um profundo e cuidadoso estudo da
filosofia e da técnica do Yoga, em seus mais amplo sentido,
antes de praticá-la com seriedade e empenho.

O sistema de Yoga de Patanjali é um sistema sintético que
combina técnicas maiores e menores em um conjunto integral,
tão efetivo, auto-suficiente e útil quanto possível.
Patanjali abordou algumas técnicas em um simples sutra e
dedicou quase um terço do livro á técnica do samadhi, a mais
fundamentalmente essencial e elevada prática do verdadeiro
Yoga.

De um modo geral pode-se dizer que o sistema de Yoga
apresentado nos Yoga-Sutras consiste de uma integração
harmoniosa dos cinco principais sistemas que prevalecem no
Oriente – raja yoga, jnana-yoga, karma-yoga, bhakti-yoga e
hatha-yoga. Foram escolhidas as técnicas essenciais desses
diferentes sistemas, combinando-as num todo efetivo,
progressivo e sistemático.

Seu valor baseia-se na abrangência e na ênfase aos elementos
essenciais, excluindo todas as práticas não-essenciais.
Dos seguintes sistemas foram utilizadas as técnicas descritas:

  Bhakti-Yoga         Karma-Yoga             Jnana-Yoga           Hatha-Yoga
Técnica da auto-   Princípio         de   Práticas de viveka   Técnicas          de
entrega     que    nishkama karma         (discernimento) e    asanas, pranayama
promove a fusão    que capacita o         vairagya             e         pratiahara
das consciências   aspirante          a   (desapego) sobre     adaptadas para os
do amante e do     ultrapassar o plano    as     quais    se   própósitos do Yoga
Amado.             dos         desejos    baseiam,             superior.
                   inferiores         e   essencialmente,
                   quebrar os liames      toda essa linha de
                   que o prendem aos      Yoga.
                   planos inferiores
Mas o sistema de Patanjali está essencialmente baseado no
raja-yoga, sendo samadhi a sua técnica mais importante e a
mais amplamente abordada.

Mesmo sendo o samadhi uma técnica de natureza
transcendental, Patanjali     tratou teoricamente de seus
estágios para dar ao futuro iogue uma boa perspectiva do que
o espera
Vamos agora considerar cada uma
das oito partes do Yoga de Patanjali.

Nas oito partes há uma relação
seqüencial, já que as técnicas
posteriores exigem um certo domínio
das anteriores.
Mas é possível que alguém pratique
qualquer     uma    das     técnicas
independentemente, ainda que isso
seja mais ou menos difícil,
dependendo da técnica escolhida.
YAMA E NIYAMA
Estabelecem as fundações para a vida ióguica.
Funções:
            edificar o tipo correto de caráter   Yama, o deus da morte

            produzir o estado correto da mente

Entre yama e Nnyama não há uma linha divisória definida
porque ambos visam transmutar a natureza inferior num
instrumento puro, harmonizado, calmo e completamente
controlado do Eu Superior.
YAMA
Sutra II-30:
“os votos de autodomínio, chamados yama, compreendem
abstenção de violência, falsidade, roubo, incontinência e avidez”

                          NIYAMA
Sutra II-32:
“Pureza, contentamento, austeridade, auto-estudo e entrega a
Deus constituem niyama ou observâncias à autodisciplina”
Yama e nyama não significam que devemos limitar o trabalho
de nossa natureza inferior às fraquezas mencionadas nos
sutras. Temos que tratar todas as tendências inferiores. E as
qualidades mentais chamadas pureza e contentamento em
niyama abrangem a maior partes das tendências indesejáveis
restantes que não são mencionadas especificadas em yama.
Adquirir pureza e contentamento em grau adequado assegura
o desenvolvimento equilibrado de nossa mente e de nosso
caráter em todos os seus aspectos.

Um segundo ponto importante é o de que as tendências
indesejáveis devem ser erradicadas sem hesitação e muito
menos com ponderação sobre uma provável atenuação devido
às circunstâncias.
E Patanjali deixou isso claro no sutra I-31 não deixando
nenhuma brecha para escaparmos e esclarecendo que os votos
de yama são, todos juntos, chamados de O Grande Voto.

Temos que lembrar que nossa natureza inferior é muito
ardilosa. Ela apresenta à mente toda espécie de justificativa
para o erro, usará o manto da virtude para ocultar motivos e
ações essencialmente iníquos, disfarçará ódio com amor.
Buscará sempre alguma concessão, sempre nos tentando e
nos fazendo pecar.




                                   Natureza humana Inferior
Nesse caso o remédio é claro: decida de uma vez por todas
praticar sempre o que é correto, em todas as circunstâncias e
independente das conseqüências resultantes.

Assim, rapidamente as tentações se enfraquecerão e
desaparecerão tornando a prática do que é correto fácil e
natural.
Há uma lei moral fundamental
que trata de apresentar ao
indivíduo, situações externas que
são um exato reflexo do estado
interno de suas mentes e de suas
atitudes.
Assim, o Grande Voto e uma
definitiva              resolução
invariavelmente      levarão    o
sadhaka ao sucesso.

                                    Uma grande vantagem de praticar
                                    automaticamente e sem hesitação o que é
                                    correto é que começamos a perceber cada
                                    vez mais os aspectos sutis de nossas
                                    tendências más.
Todas as qualidades envolvidas em yama-niyama devem ser
desenvolvidas até o mais alto grau e os sutras II-35 a II45
deixam claro os resultados do desenvolvimento das dez
virtudes no seu mais alto estado de perfeição e as admiráveis
potencialidades ocultas nessas coisas comuns.

Quando a mente estiver livre de impurezas, como resultado da
prática de yama-niyama em seu mais alto grau, surgirá para o
sadhaka a luz interior da sabedoria, a Vóz do Silêncio, a Luz no
Caminho ou Jnana-dipti que torna o sadhaka, em grande parte,
independente de orientação externa.

De certo modo o sadhaka torna-se realmente qualificado para
trilhar a senda do Yoga somente após esta luz interior ter
aparecido em sua mente, o que decorre do treinamento
preliminar (Kriya-Yoga)
A medida que a luz espiritual, jnana-dipti, torna-se cada vez
mais forte, há um momento do progresso em que o sadhaka
obtém sua primeira experiência da Realidade. Nesse estágio o
sadhaka atinge viveka-khyati, a luz espiritual decorrente da
própria experiência da Realidade, ainda que não definitiva, o
que só ocorre em Kaivalya.

O sutra II-33 é de grande importância prática:

“Quando a mente está perturbada por pensamentos impróprios,
a ponderação constante sobre os opostos 9é o remédio)”

O melhor remédio para lidar com as tendências indesejáveis é
neutralizá-las pela raiz, ou seja, na mente, em vez de lutar
contra sua manifestação externa, o que só reforçaria a
tendência indesejável.
A neutralização ocorre com a elaboração do pensamento de
natureza oposta à tendência indesejável e uma cuidadosa
consideração mental do ponto de vista oposto, uma análise
verdadeiramente sincera e inteligente de nossos hábitos e
atitudes.
Essa análise deve ser feita quando a tendência não está
manifesta. Quando ela se apresenta, o melhor a fazer é pará-la
sem pensar, já que decidimos fazer o que é certo.




                    A luta contra nossa natureza inferior só a reforça.
                    Devemos extirpar o mal sem jamais resistir a ele, mas
                    substituindo o mal pelo bem, de modo sistemático e
                    ininterrupto.
ASANA
O papel das posturas é eliminar as perturbações que o corpo
físico causa à mente.
O corpo deve ser capaz de ser mantido imóvel por longos
períodos e tornar-se insensível às variações do ambiente,
chamadas dvandas (pares de opostos: calor e frio, seco e
úmido, silêncio e barulho, luz e escuridão etc.).
Isso prepara a mente para as duas práticas seguintes:
pranayama e pratyahara.
PRANAYAMA
A função básica de pranayama é permitir a aquisição do
controle completo e consciente sobre as correntes prânicas no
duplo-etérico, e, assim dirigi-la para onde for necessária.
Isso só pode ser feito através de kumbhaka, ou interrupção
completa, em gradação lenta, da respiração.
Quando dominadas, as correntes prânicas podem ser usadas
para despertar kundalini e estabelecer a conexão da
consciência no plano físico com as dos corpos astral e mental.
Aqui reside o perigo de pranayama; essa prática não deve ser
realizada sem um instrutor competente e uma preparação
prévia e apropriada.
Outra utilidade de pranayama é o preparo da mente para a
concentração, já que prana é o elo entre um veículo e a mente
funcionando através desse veículo.
Se pudermos controlar prana, poderemos eliminar toda
espécie de distúrbio que o veículo produz na mente.
As irregularidades no movimento de prana no duplo etérico
também causam distúrbios na mente, os quais devem ser
eliminados por pranayama, antes de se chegar a dharana.
O grau de concentração exigido pelo trabalho do Yoga é muito
elevado. A intensidade da concentração tem que aumentar
progressivamente. Para isso todas as fontes de perturbação (as
externas e as decorrentes dos movimentos irregulares de
prana no duplo etérico) devem ser eliminadas, exceto as que
têm sua origem na própria mente.
PRATYAHARA
O sutra II-54 expõe essa técnica:

“Pratyahara, ou abstração, é, por assim dizer, como se os
sentidos imitassem a mente, retirando-se de seus objetos”

Pratyahara é a prática para cortar por completo as conexões da
mente com o mundo externo, através dos cinco sentidos ou
jnanendriyas.

Em estado de vigília, uma corrente contínua de imagens
sensoriais se derrama na mente. O iogue deve ser capaz de,
sempre que quiser, penetrar no interior de sua mente e se
concentrar em um objeto ou problema, se isolando
voluntariamente do mundo externo.
Essa concentração deve se dar sem qualquer tipo de
perturbação ou distração trazida pelos órgãos dos sentidos.

Em pratyahara a mente recolhe os sentidos, seus “tentáculos”,
para o interior, quando deseja se empenhar em dharana,
dhyana e samadhi.

Em pratyahara, se a mente estiver suficientemente
concentrada, pode se isolar do mundo externo
automaticamente. Mas isso depende do grau de concentração
da mente.
Em estágios avançados do Yoga, onde se necessita de
altíssimo grau de concentração por períodos prolongados, tira-
se vantagem do fato de que os órgãos sensoriais funcionam
com a intermediação de prana.
Com a manipulação das correntes prânicas é possível
interromper o funcionamento dos órgãos dos sentidos de
modo que as diversas sensações não mais atingem as
respectivas regiões no cérebro. Ocorre, com isso, a interrupção
da atuação dos pañca- indriyas nos órgãos físicos dos sentidos.
DHARANA, DHYANA E SAMADHI
Essas três membros constituem a antaranga ou parte interna
da técnica do Yoga.
São processos puramente mentais e as técnicas verdadeiras e
essenciais do Yoga.
Yama, nyama, asana, pranayama e pratiahara constituem o
Yoga externo (bahiranga) e apenas asseguram que as
condições necessárias estão presentes antes de se iniciar o
Yoga interno.
Samadhi amiúde se configura uma tarefa quase impossível
porque, via de regra, os praticantes tentam se utilizar dessa
técnica sem a obtenção de um grau razoável de concentração
na meditação.
Mas a mente é essencialmente fácil de controlar quando está livre
dos bloqueios e pressões que impedem seus movimentos naturais.
E bahiranga objetiva eliminar :

-Com yama-nyama: as perturbações provenientes das emoções e
desejos;
- Com asana: as perturbações causadas pelo físico denso;
- Com pranayama as perturbações que tem origem em pranayama-
kosha ou duplo-etérico;
- Com pratyahara: desligar as atividades dos órgãos dos sentidos.

Depois disso só resta a mente a ser disciplinada e o yogue pode,
portanto, praticar dharana, dhyana e samadhi sem dificuldades
extraordinárias e atingir, por meio da inibição das modificações da
mente, as realizações mencionadas anteriormente.
Na ciência do Yoga, como em qualquer outra ciência, os resultados
mais difíceis ficam fáceis de serem atingidos quando aplicamos as
técnicas apropriadas.
Dharana, dhyana e samadhi são três passos progressivos do mesmo
 processo contínuo e diferem entre si somente no grau de
 concentração e na presença de certas condições que distinguem um
 estágio de concentração do outro.

  Grau de
concentração




                                                 tempo
Na concentração da mente no tríplice processo dharana-dhyana-
samadhi, o objeto (vishaya) não precisa ser tangível. Pode ser uma
lei, princípio, fenômeno ou fato da existência cuja realidade deve ser
conhecida pelo processo descrito como:

                  “CONHECER POR TORNAR-SE”

Esse tríplice processo que culmina em samadhi é chamado de
samyama.

O resultado de aplicação de samyama é o conhecimento da
realidade.

Como cada fração do verdadeiro conhecimento é associada ao
poder correspondente, samyama aplicado a um objeto leva ao
desenvolvimento de um poder específico associado a esse
conhecimento.
Esses poderes são chamados siddhis ( realizações, na terminologia
do Yoga e algumas vezes chamados de poderes psíquicos).

Somente os poderes inferiores desenvolvidos por samadhi (
clarividência, p. ex.) podem ser chamados de poderes psíquicos. As
faculdades mais elevadas são realmente espirituais e são mesmo
realizações do yogue muito além de meros poderes psíquicos.

Muitos poderes psíquicos podem ser desenvolvidos por outros
métodos, como o uso de ervas, mantras etc.
5 – Alguns Aspectos Interessantes
da Meditação
A palavra “meditação” compreende uma grande variedade de
exercícios mentais praticados com algum ideal espiritual.

Há alguns aspectos interessantes dessa prática, normalmente
mal compreendidos, mas que são de vital importância para o
praticante sincero, que não faz de tal prática mera rotina.

Em termos bastante gerais, o propósito da meditação é:

“efetuar o contato consciente da personalidade com o Eu Superior,
tornando a personalidade cada vez mais consciente de sua origem
e destino divinos”
O mundo da realidade está escondido na mente de cada ser humano
e pode ser conhecido cada vez mais por meio da penetração
progressiva nos níveis mais profundos da mente.

Por isso é necessário, em toda verdadeira disciplina espiritual, não
apenas lidar com a mente, mas também ir aos seus mais profundos
níveis, através da meditação.

O conhecimento relativo aos mundos invisíveis e sutis de natureza
mental só podem ser adquiridos mergulhando-se nos níveis mais
profundos da mente. De nada adianta nesses casos, a observação
sensorial, a coleta de dados, a comparação e o raciocínio.

Todas as atividades superficiais da mente, mesmo que com
raciocínio rigoroso, tratam apenas com o mundo exterior.

Na meditação a mente apresenta um movimento em profundidade.
O movimento da mente em profundidade requer, além de um tipo
diferente de movimento, também um esforço bem maior.

Qualquer exercício mental, em um tipo particular de atividade, torna
o esforço praticamente dispensável após algum tempo de prática.
Só nos tornamos eficiente quando isso acontece.

E isso é o que é necessário para uma meditação bem-sucedida.

Sentar-se numa certa postura e fazer a mente criar uma série de
idéias conectadas sobre um assunto escolhido não é meditação real,
embora seja tudo o que a maioria das pessoas faz.

Nós tendemos a moldar todo tipo de atividade em uma rotina, de
forma que a mente não tenha que fazer muito esforço nem escolher
cursos ou caminhos alternativos. Isso explica a popularidade de
rituais na religião.
O maior obstáculo no caminho do desenvolvimento espiritual talvez
seja o falso senso de realização e segurança engendrado pela rotina.

Por que não é possível produzir o estado mental adequado quando
nos sentamos para meditar?

De fato porque nosso interesse nas coisas sobre as quais queremos
meditar não é adequadamente intenso e profundo.

Não temos o desejo intenso e profundo de resolver os problemas da
vida interior e desvendar os mistérios da existência. Temos sobre
isso pensamentos vagos motivados por desejos igualmente vagos.

O estado mental necessário para a meditação real é similar àquele
do cientista Thomas Edison, que quando estava trabalhando
esquecia até de comer e de dormir;
Nó não estamos realmente conscientes das enormes ilusões e
limitações sob as quais estamos vivendo nossa vida e, assim , não há
o anseio real de superar essa condição.

A atração das coisas que formam o viver comum é muito poderosa, e
cria uma constante e irresistível força que distrai a mente.

Nossa mente não foi treinada suficientemente.

Em suma, não possuímos as qualificações necessárias.

A prática bem-sucedida da meditação exige treinamentos
preliminares da mente e do caráter.
No famoso Sadhana-Chatushthaya, o sistema quádruplo de
autocultura, é necessário primeiro adquirir as quatro qualificações
básicas para trilhar o caminho:

1 – Viveka ou discernimento
2 – Vairagya ou desapego
3 –Shattsampatti ou as seis virtudes :
- Shama ou tranquilidade
- Dama ou treinamento dos sentidos de um modo positivo afim com a caminho,
- Uparati ou afastamento natural dos deleites dos sentidos pelo sentimento de
plenitude do caminho
- Titiksha ou paciência e tolerância com as situações externas que permitem estar
livre do ataque dos estímulos sensoriais e das pressões de outras pessoas para
participar em ações, palavras, ou pensamentos que se sabe estar em uma direção
não-útil
- shraddha ou fé absoluta no caminho que se segue
- samadhana ou foco resoluto na harmonização da mente e emoções
4 – Mumukshutva ou desejo intenso de iluminação.
É somente em um estágio avançado que a prática da meditação
intensiva é utilizada para abrir os canais entre o inferior e o superior
e estabelecer o centro da consciência nos planos espirituais da
manifestação.

Ao trilhar o caminho do Raja Yoga delineado nos Yoga-Sutras, o
aspirante tem primeiro que praticar bahiranga, ou Yoga externa, para
se preparar para a prática da meditação com seus três estágios:
dharana, dhyana e samadhi. Não se espera que ele inicie sequer a
prática de dharana até que tenha dominado a quarta técnica do
pranayama, como deixado claro no sutra II-53.

A causa fundamental do fracasso na meditação é a ausência de um
propósito sério e uma busca genuína. A meditação não é um fim em
si, é apenas um meio para um fim, fim esse que é resolução dos
problemas da vida interior.
Quando os problemas da vida interior se tornam reais para nós, eles
permeiam toda a nossa vida e sua solução torna-se uma questão
urgente. Mesmo com a mente inferior engajada em atividades
externas, a mente superior está por trás, constantemente refletindo
sobre esses problemas e procurando solução para eles.

Essa constante reflexão sobre um problema é chamada bhavana e é
parte integrante da verdadeira meditação, que põe a faculdade da
intuição em ação.

O efeito dessa constante reflexão é ampliado por japa, na qual a
potência do “som” é utilizada para reforçar o efeito do pensamento.

SutraI-28:
“Por meio da constante repetição (do OM) e meditação sobre o seu
significado (resultam o desaparecimento dos obstáculos e a
interiorização da consciência)”
A intuição é parte importante da meditação, pois permite acessar as
verdades diretamente, a partir da Mente Divina. Quanto mais
penetrante é sua percepção, mais profundas as realidades que ela
pode perceber.

A intuição permite abrir caminho através da selva de ilusões e
obstruções que obscurecem nossa vida espiritual. Essa é a razão por
que a purificação, a renúncia e a harmonização desempenham um
papel mais importante no caminho da santidade do que a aquisição
de conhecimento.

A percepção direta das realidades da vida espiritual, no sentido mais
amplo, acontece somente em samadhi, mas é possível ter
experiências qualitativas do conhecimento intuitivo mesmo antes
desse avançado estágio, desde que as condições para o
funcionamento da faculdade estejam presentes em algum grau.
Experiências intuitivas são vantajosas para o sadhaka, pois revelam
o tremendo poder em seu interior e mostram que ele está no
caminho certo, fazendo-o voltar-se cada vez mais e com mais
certeza para seu interior.
6 – Alguns Equívocos Sobre Yoga
Quando não há suficiente conhecimento e quando a faculdade
do discernimento não está suficientemente desenvolvida,
muitos problemas referente ao Yoga podem ser
demasiadamente simplificados.

Por isso é necessária uma boa base teórica do assunto antes de
entrar no campo prático. Sem isso, corre-se o risco de se tomar
atalhos sem saída, adotar métodos errados, exercer atividades
não-essenciais etc.

Vamos ver agora algumas simplificações no campo do Yoga
Desde meados do século XX no ocidente tem sido publicados muitos
livros sobre Yoga, especialmente sobre asana e pranayama.

Mas asana e pranayama, como são usualmente apresentadas, não
são Yoga, mas sim técnicas que visam abrir o caminho para o Yoga.

Outro erro comum é comparar o Yoga com a técnica da psianálise. A
técnica psicanalítica objetiva remover as distorções e anormalidades
que dizem respeito ao nosso estágio humano por meio do “estudo”
da mente subconsciente. Mas as tendências e impressões do
subconsciente só podem ser trazidas quando se tranquiliza e esvazia
a mente consciente. Com o vazio da mente consciente, afloram as
impressões (samskaras) de todos os nossos estágios evolutivos
anteriores, trazendo à tona tendências atávicas e instintivas de
nossos estágios como selvagens e animais, processo que
supostamente não teria fim.
Percebe-se facilmente que esse não é o objetivo do Yoga e daí o
equívoco da comparação da técnica do Yoga com a psicanálise.
7 – A Questão do Guia
Vimos que o propósito da evolução humana é desenvolver um
indivíduo auto-iluminado, auto-determinado e auto-suficiente.
Nos estágios finais, o indivíduo só pode evoluir por meio do
auto-direcionamento.
A orientação externa é necessária e é oferecida nos estágios
primários; porém, à medida que o indivíduo avança no caminho
do desenvolvimento interior, a orientação externa é retirada.
Ele é forçado a acender sua própria luz.
Na natureza humana essa orientação está disponível no interior
de cada homem já que o âmago de cada ser é a prórpia
Consciência Divina.
O homem é um microcosmo que contém
em si todos os poderes e faculdades que
vemos de forma ativa no macrocosmo.

A Luz que guia o buscador em sua procura
da verdade só pode vir de seu interior.

Essa é a única luz que pode ser projetada
no caminho. Quem não puder percebê-la
em seu interior, perderá tempo em
procurá-la em qualquer outro lugar.
Sutra II-28:

“Da prática dos exercícios componentes do Yoga, com a destruição da
impureza, nasce a iluminação espiritual que se desenvolve em percepção
da realidade”

A direção no caminho só pode vir de nosso interior. Mas nos estágios
iniciais da evolução, o homem é incapaz de aproveitar a vantagem
desse guia interior.

Assim, por muito tempo, agentes externos de educação
desenvolverão sua mente, moldarão seu caráter e estimularão suas
faculdades espirituais.

Mas chega um tempo que tal orientação passa a se mostrar
inadequada.
Então, o aspirante passa a buscar um objetivo espiritual mais dinâmico
e definido e também meios mais eficientes para atingir esse objetivo.

O aspirante volta-se então para seu interior a fim de descobrir a
realidade oculta em seu coração. E assim começa a realizar em sua
mente e em seu coração as mudanças necessárias para cumprir sua
tarefa. Ele entra seriamente no campo da auto-cultura.

O aspirante deve manter em mente que o objetivo de seu esforço
espiritual, Ishvara, é e sempre será o guia de sua busca, aquele que
falará sempre ao seu coração, primeiro como voz da consciência e
depois como a voz do silêncio como função da Consciência Divina que
nos capacita a compreender e a receber as verdades espirituais
diretamente das profundezas de nosso ser.
A idéia da Deidade em Sua
função    como     instrutor    é
simbolizada nas escrituras hindus
como Dakshinamurti, o Jagat-
Guru ou instrutor mundial.

Sua forma é a mesma de Shiva,
com mínimas diferenças. Sua
função como Jagat-Guru é
enfatizada. Ele aparece sentado
embaixo de uma figueira, árvore
símbolo      do    conhecimento
humano.
O instrutor é jovem e os
discípulos velhos.
                                    Senhor Dakshinamurti
Isso dá a idéia de que a fonte da
sabedoria é eterna, não sujeita às
leis do nascimento, crescimento
e deterioração das coisas
existentes no tempo e no espaço.

Os instrutores do reino do tempo
e do espaço, ainda que
avançados no tempo têm que
trabalhar a sabedoria por meio
do imperfeito intelecto.
Jagat-Guru,               mesmo
permanecendo silencioso, dissipa
todas as dúvidas dos discípulos
                                     Senhor Dakshinamurti
O conhecimento que pode ser transmitido por meio da linguagem é
apara-vidya, pertinente ao intelecto.
Os profundos conhecimentos da vida não podem ser transmitidos por
meio da linguagem mas somente por experiência direta. Assim, a
consciência daquele que recebe é levada a um nível mais alto, onde
pode experimentar diretamente a verdade e conhecer a realidade,
tornando-se realmente consciente dela.

Um dos maiores problemas da vida espiritual é encontrar um guia que
possa nos ajudar a vencer as dificuldades e provações, dando-nos força
e iluminação nos momentos necessários.

Muitos procuram por anos, e inutilmente, um guru externo, ignorando
o Supremo Guru que está sempre ali, cheio de sabedoria, força e
compaixão e sempre à disposição e ciente das aspirações mais
insignificantes do aspirante.
Em todo caso o que falta é confiança em nossa aptidão para
estabelecer contato com Ele e fé para reconhecer que ele é real e está
em nós.

Mas onde estão os verdadeiros instrutores dos homens que guiam os
aspirantes no caminho da libertação.
Esses instrutores e mestres de sabedoria indubitavelmente existem e,
de diferentes maneiras, ajudam as pessoas em seu desenvolvimento
espiritual.
Como “postos avançados” da consciência de Dakshinamurti, tais seres
têm sua consciência una com a Dele.
Quando um aspirante necessita e merece, o auxílio lhe é oferecido
através Dele, da melhor maneira e conforme as circunstâncias.

Assim, o aspirante deve aceitar e receber toda a ajuda e orientação, de
qualquer maneira que apareça.
Pode ser que o aspirante fique em
contato físico com um instrutor, ou
que seja guiado do interior, ou ainda
que seja deixado inteiramente com
seus próprios recursos para capacitá-
lo a desenvolver sua força interior e
autoconfiança.
FIM

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Preparação Para o Yoga - I. K. Taimni

  • 1. PREPARAÇÃO PARA O YOGA I. K. TAIMNI “Ninguém que tenha se conscientizado das ilusões da vida pode ficar contente permanecendo nelas”
  • 2. Introdução O edifício da autocultura que conduz finalmente à iluminação, sustenta-se sobre três pilares: -Formação do caráter; -Upasana (devoção, adoração, literalmente sentar-se perto; - Yoga Os dois primeiros pilares tratam da preparação que deve preceder a entrada na senda do Yoga. Somente quando o aspirante tiver desenvolvido os necessários traços de caráter e um ímpeto dinâmico para encontrar a verdade é que ele poderá percorrer firmemente o caminho do Yoga.
  • 3. Introdução Não é desejável que uma pessoa comum, absorvida pela vida mundana, mergulhe subitamente na prática regular do Yoga superior. A diferença tão drástica entre os dois modos de vida provocaria uma reação violenta na mente do aspirante. Período preparatório  necessidade imperiosa Os benefícios do período preparatório, que já constituem o Yoga preliminar, ou Kriya-Yoga, são muitíssimo importantes e trazem grande felicidade, paz interna e alegria independentes de estímulos internos, força espiritual, conhecimento intuitivo, libertação das preocupações e dos apegos etc.
  • 4. 1 - O Yoga e o Homem Comum A contribuição da Índia para a humanidade sempre foi na esfera da vida espiritual. Sua maior contribuição para a filosofia e religião é a idéia central de que somos essencialmente divinos em nossa natureza íntima e que podemos superar nossas ilusões e limitações por meio da realização dessa essência divina. São parte integrante da filosofia e religião hindu: - A sobrevivência da personalidade após a morte física; - A existência de mundos suprafísicos; - A divindade do homem; - A possibilidade de atingir a perfeição
  • 5. E a filosofia hindu nos diz mais. Diz que é possível conhecer a verdade das verdades (a divindade do homem e sua identidade com a Divindade maior) pela experiência direta, aqui e agora, de um modo tão real quanto o que associamos ao mundo exterior. A técnica da auto-realização não foi desenvolvida tão sistematicamente e praticada tão intensamente quanto na Índia. Os métodos adotados foram experimentados por milhares de anos por grande número de santos, sábios e ocultistas que exploraram os domínios mais profundos da mente e da consciência. O conjunto maravilhoso de conhecimentos, teóricos e práticos, uma tradição de múltiplas técnicas daqueles grandes seres se tornou o chamado YOGA.
  • 6. Yoga Ciência Sagrada que revela todos os profundos segredos da natureza e do universo, as verdades da vida interior, a realidade do Divino dentro do homem. Esse conhecimento e essa técnica é a mais valiosa contribuição da Índia ao pensamento mundial e ao progresso da humanidade. Yoga implica a exploração de vários reinos internos da mente e da consciência pelo indivíduo por meio de seus próprios esforços. Assim, algumas das verdades descobertas pela experiência direta possuem natureza tão transcendente que é impossível serem transmitidas por meio de palavras. Portanto, a maior parte da técnica não pode ser apresentada claramente na forma de um sistema rígido.
  • 7. Yoga Em seu aspecto mais profundo sempre permanecerá nas mãos de pequeno número de Adeptos já realizados nessa arte. Ainda que em número pequeno tais Adeptos garantem a continuidade da transmissão do Yoga. Mas tal conhecimento jamais pode ser comprado, por preço algum. Só os realmente preparados recebem as instruções. Tais Adeptos anseiam transmitir seus conhecimentos ao maior número de pessoas em condições.
  • 8. Yoga Quanto maior o número de pessoas que trilham o Yoga verdadeiro, mais poderosas se tornam as forças que trabalham para a evolução e maior o número de capacitados a ajudar efetivamente o progresso da humanidade.
  • 9. A libertação de um ajuda a facilitar a libertação posterior de todo o conjunto da humanidade. Busca-se o Yoga por um simples motivo: “ninguém que tenha se conscientizado das ilusões da vida pode ficar contente permanecendo nelas” Só um indivíduo livre das limitações do mundo pode efetivamente ajudar os outros. O Conhecimento direto das realidades da vida interna só vem por meio do cultivo do caráter e dos estados mentais que possibilitem a transmissão desse conhecimento transcendente.
  • 10. SOMENTE OS PREPARADOS OBTÉM O CONHECIMENTO DIRETO
  • 11. As enfáticas afirmações dos místicos e sábios sobre natureza efêmera e ilusória do mundo estão baseadas na experiência e em fatos concretos. E esses fatos estão bem na nossa frente. E se revelam à mente que se abre para vê-los. Só nossa profunda absorção mental nas atrações e conquistas mundanas nos impede de vê-los. Assim como os Adeptos, cada indivíduo pode descobrir por si mesmo a verdade que liberta das limitações, pois tal verdade está oculta no coração de cada um, aguardando ser descoberta. Assim, todos que desejarem, podem se libertar das ilusões,contanto que dêem os passos necessários e estejam preparado para seguir de modo diligente e perseverante.
  • 12. Então cada um pode começar desde já o caminho único que é seu destino inexorável ou adiar a caminhada para mais tarde. Depende de nossa própria deliberação começar agora a eliminar os véus de ilusão e miséria que nos envolvem ou deixar para depois. Tomamos o remédio agora e iniciamos a cura ou prolongamos o sofrimento, deixando para tomar o remédio depois. Todo aquele que não se decide resolver o problema agora só o faz por falta de percepção de sua verdadeira situação. “A causa real de nossos problemas é a falta de discernimento (viveka) que nos incapacita a abrir caminho através das ilusões e a perceber a vida em sua simplicidade, despida de todas as fascinantes atrações e tentações mundanas”
  • 13. Falta de discernimento = busca das mesmas experiências  repetição dos mesmos sofrimentos pela busca de alegrias e confortos efêmeros. Carência de viveka = falta de amadurecimento da alma = falta do sentimento de urgência de empreender a aventura divina. A maior parte das pessoas com anseios e aspirações espirituais está envolvida em um círculo vicioso e não sabe como sair dele. Falta de Buscas de discernimento de experiências nossa real situação frustrantes e vazias Dúvida, desalento e Decepção, acomodação com a dor e situação sofrimento
  • 14. Para a grande maioria o caminho do Yoga começa na dúvida, na incerteza e na falta de urgência interior, simbolizadas por vishada, ou o desalento de Arjuna, no Bhagavad-Gita. Mas o caminho do Yoga pode resolver de uma vez por todas o grande problema da vida humana. E essa técnica está à disposição de todos,seja um praticante de outras vidas, seja um que inicia a jornada na presente vida.
  • 15. A enfermidade da qual todos sofremos é universal. Mas o Yoga não considera os sintomas superficiais das aflições humanas. Ela vai às raízes da perturbação e procura remover a causa última das aflições, para sempre. Yoga não trata de um problema específico do homem. A técnica do Yoga está fundamentada na filosofia de que todas as aflições humanas têm raízes em avidya (ignorância) ou falta de percepção de nossa natureza real. Pela remoção de avidya, ou seja, tomando consciência de nossa verdadeira natureza, é possível remover todas as aflições pela raiz e para sempre. O Yoga pode conduzir qualquer homem, em qualquer estágio, a qualquer momento, ao caminho que conduz à meta última.
  • 16. O Yoga conduz ao Caminho de maneira progressiva e sistemática, utilizando diferentes técnicas conforme a necessidade do aspirante, capacitando-o a romper suas limitações, uma após outra, até atingir a meta de libertação e iluminação. O caráter universal e abarcante do Yoga deve ser compreendido, pois os que desenvolveram tal caminho o fizeram para se adaptar a qualquer tipo de pessoa, temperamento e estágio evolutivo. Tudo foi pensado: exercícios preliminares, desenvolvimento progressivo e autodisciplina. Assim, todos, de onde estão, podem iniciar a jornada. Mas devemos ter em mente que a solução do maior problema da vida humana não pode ser obtido de forma fácil e rápida.
  • 17. Mas todo aspirante sincero e dedicado poderá começar do ponto onde estiver. Com um processo progressivo de autodisciplina e purificação da mente, ele começará a se movimentar firme e confiante em direção à sua meta. Mesmo na dúvida e sem o sentimento de urgência, a prática e purificação constantes farão as condições indesejáveis irem desaparecendo aos poucos, já que são frutos de uma mente sobrecarregada de desejos, conflitos e impurezas de toda espécie. Os fatores que quebram o circulo vicioso mental são justamente a purificação gradual e a harmonização da mente. As técnicas avançadas do Yoga só podem ser praticadas pelos que estão preparados.
  • 18. Purificação Mental Alterações necessárias dos estados mentais Circulo Vicioso do Mente Mente Concentrada Aqui se inicia o Harmonização da mente Yoga Avançado
  • 19. O trabalho preparatório deve absorver todo o tempo e energia de que dispomos. Mas quando o aspirante atingirá a meta? De fato, o significativo é o processo de desenvolvimento e não qualquer estágio temporário a que se é levado. Portanto, o aspirante deve lembrar que os benefícios obtidos mesmo com esse Yoga preliminar são tão impressionantes e substanciais que compensam em muito a autodisciplina: - A paz e alegria que independem de estímulos externos; - O conhecimento intuitivo que se adquire gradualmente a partir do interior; - A certeza que nasce do contato com as realidades internas; - A libertação das preocupações pela redução do apego.
  • 20. Para comparar basta olhar ao redor para constatar que mesmo a completa fruição dos desejos materiais não traz felicidade. Cedo ou tarde todos estão destinado as reconhecer que apenas o conhecimento de nossa real natureza divina – a auto-realização – pode nos satisfazer completa e permanentemente.
  • 21. 2 – Samadhi – a Técnica Essencial do Yoga Samadhi é a técnica essencial do Yoga, que por ser de difícil compreensão, foi apresentada na primeira seção dos Yoga- Sutras de Patanjali. A segunda seção dos Yoga-Sutras trata: - Das limitações, ilusões e misérias humanas; - Da filosofia dos Klesas; - Preparação preliminar para uma vida ióguica; - Cinco primeiras das oito partes do Astanga-Yoga Nessa seção trata-se então da filosofia básica e das práticas preliminares para que o sadhaka esteja em condições de lidar com a própria mente com seriedade e eficiência.
  • 22. A terceira seção dos Yoga-Sutras aborda as práticas puramente mentais que culminam em samadhi e outras realizações possíveis (siddhis e a libertação final da mente de suas limitações que culmina em kaivalya). A quarta e última seção trata da filosofia e da psicologia do Yoga de maneira geral e dos estágios finais que levam à auto- realização. Como a técnica apresentada é a do Raja-Yoga, que trata dos últimos estágios da evolução humana, não se pode esperar que o estudo teórico e a prática sejam fáceis. Mesmo não podendo colocar de imediato toda técnica em prática, o aspirante deve dominar a técnica completamente, ao menos teoricamente, para aos poucos poder ampliar sua aplicação prática.
  • 23. O primeiro sutra importante é o I-2: Yogas citta-vrtti-nirodah “Yoga é a inibição das modificações da mente” O significado total desse sutra só pode ser apreendido após se avançar e entender a técnica do Yoga como um todo. De fato, o sutra nos diz que a Realidade está obscurecida pelas agitações e distorções produzidas na mente (citta-vrttis). No Yoga, as agitações e modificações que existem em diferentes graus vão progressivamente cessando até a mente se tornar transparente e límpida como a água. Ela vai continuar presente, mas imperceptível. Esse é o estado de auto- realização.
  • 24. Mas o processo de remoção das agitações e obscurecimento da mente é lento, devido às tendências mentais, aos impulsos do passado, às impressões sob a forma de carma e à lentidão das transformações que devem ocorrer. Por isso é necessário um LONGO PERÍODO DE DISCIPLINA E DE PRÁTICA DAS TÉCNICAS DO YOGA. Importante destacar que a mente não tem luz própria, É a absorção da luz da realidade oculta em nosso interior que fornece o sentimento de realidade que temos, em nosso mundo individua de imagens mentais. A técnica que o Yoga empregada para levantar o véu que encobre a realidade chama-se samadhi, que é a própria essência do Yoga.
  • 25. Samadhi designa o mais elevado estado de meditação, quando há consciência apenas do objeto de meditação, e não da própria mente. O samadhi é o ponto culminante da meditação sobre um objeto cuja realidade deve ser compreendida diretamente. Samadhi é precedido por dharana, ou concentração, e dhyana, ou contemplação. Quando dharana se torna perfeita, transforma-se em dhyana e quando dhyana se torna perfeita, transforma-se em samadhi, ou êxtase. Os três estágios constituem um processo crescente de aprofundamento da concentração, como descrevem os sutras III-1 a III-3.
  • 26. III-1 – “Concentração é o confinamento da mente dentro de uma área mental limitada (definida pelo objeto da concentração)” III-2 – “ Fluxo ininterrupto (da mente) para o objeto (escolhido para a meditação) é contemplação.” III-3 – “O mesmo (estado de contemplação), quando há consciência somente do objeto da meditação e a consciência da própria mente desapareceu, é samadhi.” Como estamos interessados na natureza essencial de samadhi, vejamos o sutra I-41 “No caso de alguém cujas citta-vrttis ou modificações mentais, tenham sido quase completamente anuladas, a fusão do conhecedor, do conhecimento e do conhecido tem lugar, como uma jóia transparente colocada sobre um,a superfície colorida”
  • 27. Samadhi é uma técnica de para compreender a realidade de qualquer objeto (qualquer coisa que possa ser percebida pela mente). É o conhecer por tornar-se, ou seja, a mente se transforma na própria natureza do objeto cuja realidade pretende compreender. Conhecedor Conhecimento Conhecido Técnica tradicional Técnica de aquisição de aquisição de de conhecimento conhecimento pelo Yoga
  • 28. Em sabija-samadhi (samadhi com semente), o objetivo não é compreender a própria realidade, mas sim uma realidade oculta em qualquer objeto que seja, o que se dá por meio de samyama. Todas as coisas da manifestação possuem um aspecto da realidade, aspecto esse contido na mente universal. Conhecer a realidade de um objeto é fundir nossa mente com a mente universal, na qual a realidade daquele objeto está contida. Este é o segredo de “conhecer por tornar-se” de sabija-samadhi. Para conhecer a própria realidade, e não a expressão da realidade em um certo objeto, temos que mergulhar mais fundo na mente para transcendê-la e atingir o reino da própria realidade.
  • 29. Em sabija-samadhi nossa mente torna-se una com a mente universal e conhceçemos o que está ali presente. Mas a mente universal não é a realidade, mas um produto da ideação divina. Ela surge da realidade por diferenciação entre o ser e o não-ser. Para conhecermos a realidade temos que conhecer o Idealizador da ideação divina e a ele nos unirmos. Essa é a técnica do nirbija-samadhi. No sutra IV-22, encontramos: “O conhecimento da sua própria natureza através da auto- cognição (é obtido) quando a consciência assume aquela forma na qual não passa de lugar para lugar”
  • 30. Como a realidade é encoberta pelos diversos véus mentais, a Luz da consciência, cada vez que ilumina um dos véus, chega “atenuada” no véu seguinte. Quando todos os níveis da mente forem transcendidos, nos diferentes estágios de samadhi, a consciência não terá mais o que iluminar e sua iluminação própria brilhará em todo o seu esplendor. Esse é o processo de nirbija-samadhi que leva à auto-realização.
  • 31. Quando a consciência atinge o plano átmico, resta apenas um delgado véu que separa o reino da mente do reino da realidade. Chegamos agora a outro aspecto de samadhi: a diferença entre samprajnata e asamprajnata samadhi. Sutra I-17: “Samprajnata samadhi é aquele que é acompanhado por raciocínio, reflexão, bem-aventurança e sentimento de puro ser” Sutra I-18: “A impressão remanescente deixada na mente com a supressão do pratyaya, após a prática de samprajnata samadhi é asamprajnata-samadhi”
  • 32. No samadhi a mente está absolutamente fechada a qualquer distração interna ou externa e a intensidade da concentração aumenta com o aumento da profundidade do mergulho no objeto da concentração. A mente contém apenas o objeto no qual está concentrada e cuja realidade procura conhecer. Ela alcança um limite máximo e percebe que não pode ir além, já que foram esgotados todos os aspectos do objeto de meditação. A mente permanece, então, imóvel, em condição de extrema concentração. Não pode recuar nem avançar. Nesse estado o objeto de concentração (pratyaya) é abandonado; a mente é levada a permanecer concentrada, estabilizada num vácuo, por assim dizer. Todas as fontes externas foram cortadas pela intensa concentração de samprajnata samadhi. Assim, a única maneira de escapar é em direção ao plano superior seguinte. Mais cedo ou mais tarde ela passa, através do centro comum a todas as dimensões de consciência, para a dimensão imediatamente superior. Um novo mundo surge no horizonte da consciência. Neste novo mundo revela- se um aspecto mais profundo do objeto de concentração numa dimensão mais elevada.
  • 33. Samprajnata samadhi: samadhi com objeto (pratyaya) no campo de consciência. Asamprajnata samadhi: samadhi no qual não há mais objeto no campo de consciência
  • 34. 3 – Preparação para o Yoga Ainda que a técnica de Samadhi pareça sobre-humana, aqueles que formularam a filosofia do Yoga e suas técnicas não ignoraram as fraquezas e limitações humanas. Eles sabiam que as dificuldades podem ser vencidas pela adoção de um treinamento progressivo, científico e coerente com as leis da evolução. O sucesso é garantid, desde que se sigam rigorosa e ininterruptamente os passos prescritos. A grande maioria que começa na senda do Yoga desiste por falta de disciplina ou pela expectativa do progresso rápido
  • 35. Então muito protelam o esforço vida após vida e não evoluem muito com isso. A ciência do Yoga pode ser dominada, como todas as outras, por meio de um treinamento gradual. Devido às diferentes potencialidades ocultas nos diferentes indivíduos, o progresso não é medido por anos de trabalho mas pelo aumento de capacidade e pelas mudanças na mente e atitudes. O sutra II-1 oferece um esboço do treinamento preliminar no Yoga: “Austeridade, auto-estudo e entrega a Ishvara constituem o Yoga preliminar” Essa preparação envolve três cruciais aspectos da natureza humana: Vontade, Intelecto e Amor (emoção).
  • 36. Kriya-Yoga Vontade Natureza Superior Amor Intelecto Auto-entrega Auto-estudo à Deus (Preparação teórica) (Purificação da Vida) Natureza Inferior Austeridade (Controle e Inibição dos citta-vrttis)
  • 37. Todas essas atividades constituem um começo real da vida ióguica. A rápida transição de um estágio preparatório para um estágio avançado de progresso depende da autodisciplina do aspirante. O aspirante deve adquiriro seguinte antes de poder passar para as práticas avançadas do Yoga:  Controle de sua natureza inferior;  Concentração da mente;  Firmeza de propósito
  • 38. AUTO-ESTUDO (Svadyaya) Estudo intensivo e reflexivo das questões mais profundas da vida de modo a se adquirir uma idéia correta e global de todos os problemas envolvidos na prática do Yoga e métodos d e solução adotados. O estudo parte do exterior mas deve “migrar” para o interior até que extraiamos de nosso interior todo conhecimento necessário às práticas e problemas encontrados. Svadyaya visa abrir as portas para o conhecimento que reside em nosso interior (proveniente da na Mente Universal) abrindo a porta entre a mente inferior e a superior. Todos os meios que abrem a comunicação entre a mente superior e a inferior são chamados de svadyaya.
  • 39. Os “Graus” de Conhecimento Unidade Multiplicidade
  • 40. AUTO-ENTREGA (Ishvara-pranidhana) A devoção não surge com facilidade. Somos testados e experimentados até o limite máximo. Mas quando a devoção surge, transforma a nossa vida e nos enche de alegria e exaltação a ponto de sentirmos que os sacrifícios e sofrimentos por que passamos nada são, comparados à bem-aventurança e à graça de deus que desce sobre nós. O trabalho criativo de qualquer tipo dá alegria à vida, e a transformação da nossa natureza pelos métodos do Yoga preparatório é um trabalho criativo da mais alta ordem e o mais real que se possa empreender.
  • 41. O Yoga Preparatório é o Início de Nossa Construção Individual Em kriya-Yoga estamos esculpindo a imagem de nosso verdadeiro Eu. Uma imagem da realidade que vai representar nossa futura perfeição está sendo esculpida a partir do bloco de pedra bruta de nossa natureza inferior. Estamos fazendo “aparecer” de nossa apagada personalidade um ser divino com infinitas potencialidades, que se torna cada vez mais um veículo do amor, da sabedoria e do poder divino. A imagem completa pode estar no futuro, invisível e desconhecida, mas o Yoga preparatório traz a alegria de trazer este milagre à existência.
  • 42. Idéia Geral sobre a Filosofia na qual se baseia a Técnica do Yoga No sutra II-15, Patanjali afirma que para aqueles que desenvolveram o discernimento, tudo na vida humana é miséria e sofrimento devido às dores resultantes de mudanças e ansiedades e devido aos conflitos entre as tendências inatas da natureza do homem e os pensamentos e desejos predominantes num determinado período. Mas é possível evitar essa miséria ou nos livrarmos dela? No sutra II-16, Patanjali diz claramenter que: “A miséria que ainda não chegou pode e deve ser evitada”
  • 43. O Yoga mostra as limitações da vida e oferece a solução real, uma esperança de libertação. Uma solução que busca eliminar a causa dos problemas humanos e que, na filosofia do Yoga, são chamados de klesas, uma cadeia de causas e efeito com cinco elos: Ignorância primordial. Causa instrumental Falta de percepção de nossa da involução da verdadeira natureza divina Mônada na manifestação Avidya Apego instintivo à vida mundana e aos Identificação da Pura gozos corpóreos e o Abhinivesha Asmita Consciência com seus medo de ser veículos separado deles Raga-Dvesa Atração e repulsão de diversos tipos devido à asmita
  • 44. Se a causa de nosso sofrimento é a falta de percepção de nossa real natureza o único remédio permanente é a recuperação da percepção da realidade ou o conhecimento de nossa verdadeira natureza. Sutra II-26: “A ininterrupta prática da percepção do real é o meio de dispersão de avidya” Como praticar a percepção da realidade está no sutra II-28: “da prática dos exercícios que compõem o Yoga e da destruição da impureza nasce a iluminação espiritual, que se desenvolve em percepção da realidade”
  • 45. Em seguida vem o sutra II-29 que expõe as oito partes ou práticas da técnica do Yoga de Patanjali: “Auro-restrições, observâncias, postura, controle da respiração, abstração, concentração, contemplação e êxtase são as oito partes” Eis, em síntese, a filosofia do Yoga! O esquema a seguir ilustra tal filosofia.
  • 46. Realidade Síntese da Filosofia do Yoga Realidade Avidya Nirbija- Samadhi Quebra de Avidya Avidya Sabija-Samadhi Avidya/Asmita Antaranga-Yoga Quebra de Asmita Avidya/Asmita/Raga-Dvesa Bahiranga-Yoga Quebra de Raga-Dvesa Avidya/Asmita/Raga-Dvesa/Abhinivesha Kriya-Yoga Quebra de Abhinivesha
  • 47. Vimos os princípios da filosofia. O método efetivo de libertação e as diferentes técnicas a serem adotadas pelo aspirante devem ser aprendidos a partir de um minucioso estudo do Yoga. O estudante deve aprender como aplicar da melhor forma esse conhecimento ao seu caso individual. Importante: começar de maneira decidida e com intenção pura!
  • 48. Sobre quando e onde começar a resposta é: Comece em qualquer parte, mas COMECE IMEDIATAMENTE! O caminho do Yoga não precisa ser encontrado, ele se abre diante de nós desde que damos o primeiro passo. Utilize as escolas de Yoga (Jnana, Bhakti, karma) conforme sua necessidade e o seu momento do caminho. Todas possuem diferentes técnicas que, diferentemente combinadas, permitem despertar a natureza divina de todos os seres. Cada uma desenvolve um aspecto de nossa natureza divina.
  • 49. Mas ainda que a perfeição final precise de todos os aspectos de nossa natureza em uma forma desenvolvida, eles amadurecem melhor com a concentração em um determinado aspectos durante um certo tempo. Assim, adéqüe os métodos e técnicas às circunstâncias e não hesite em tomar um rumo diferente se sentir uma forte tendência para fazê-lo.
  • 50. PERF EIÇÃO Jnana Bhakti karma ou ou ou Conhecimento Amor Ação
  • 51. 4 – O Sistema de Yoga de Patanjali Existem diferentes sistemas de Yoga no Oriente, uns mais superficiais e outros de natureza mais fundamental. Para que o estudante não perca tempo com sistemas mais superficias, é necessário um profundo e cuidadoso estudo da filosofia e da técnica do Yoga, em seus mais amplo sentido, antes de praticá-la com seriedade e empenho. O sistema de Yoga de Patanjali é um sistema sintético que combina técnicas maiores e menores em um conjunto integral, tão efetivo, auto-suficiente e útil quanto possível.
  • 52. Patanjali abordou algumas técnicas em um simples sutra e dedicou quase um terço do livro á técnica do samadhi, a mais fundamentalmente essencial e elevada prática do verdadeiro Yoga. De um modo geral pode-se dizer que o sistema de Yoga apresentado nos Yoga-Sutras consiste de uma integração harmoniosa dos cinco principais sistemas que prevalecem no Oriente – raja yoga, jnana-yoga, karma-yoga, bhakti-yoga e hatha-yoga. Foram escolhidas as técnicas essenciais desses diferentes sistemas, combinando-as num todo efetivo, progressivo e sistemático. Seu valor baseia-se na abrangência e na ênfase aos elementos essenciais, excluindo todas as práticas não-essenciais.
  • 53. Dos seguintes sistemas foram utilizadas as técnicas descritas: Bhakti-Yoga Karma-Yoga Jnana-Yoga Hatha-Yoga Técnica da auto- Princípio de Práticas de viveka Técnicas de entrega que nishkama karma (discernimento) e asanas, pranayama promove a fusão que capacita o vairagya e pratiahara das consciências aspirante a (desapego) sobre adaptadas para os do amante e do ultrapassar o plano as quais se própósitos do Yoga Amado. dos desejos baseiam, superior. inferiores e essencialmente, quebrar os liames toda essa linha de que o prendem aos Yoga. planos inferiores
  • 54. Mas o sistema de Patanjali está essencialmente baseado no raja-yoga, sendo samadhi a sua técnica mais importante e a mais amplamente abordada. Mesmo sendo o samadhi uma técnica de natureza transcendental, Patanjali tratou teoricamente de seus estágios para dar ao futuro iogue uma boa perspectiva do que o espera
  • 55. Vamos agora considerar cada uma das oito partes do Yoga de Patanjali. Nas oito partes há uma relação seqüencial, já que as técnicas posteriores exigem um certo domínio das anteriores. Mas é possível que alguém pratique qualquer uma das técnicas independentemente, ainda que isso seja mais ou menos difícil, dependendo da técnica escolhida.
  • 56. YAMA E NIYAMA Estabelecem as fundações para a vida ióguica. Funções: edificar o tipo correto de caráter Yama, o deus da morte produzir o estado correto da mente Entre yama e Nnyama não há uma linha divisória definida porque ambos visam transmutar a natureza inferior num instrumento puro, harmonizado, calmo e completamente controlado do Eu Superior.
  • 57. YAMA Sutra II-30: “os votos de autodomínio, chamados yama, compreendem abstenção de violência, falsidade, roubo, incontinência e avidez” NIYAMA Sutra II-32: “Pureza, contentamento, austeridade, auto-estudo e entrega a Deus constituem niyama ou observâncias à autodisciplina”
  • 58. Yama e nyama não significam que devemos limitar o trabalho de nossa natureza inferior às fraquezas mencionadas nos sutras. Temos que tratar todas as tendências inferiores. E as qualidades mentais chamadas pureza e contentamento em niyama abrangem a maior partes das tendências indesejáveis restantes que não são mencionadas especificadas em yama. Adquirir pureza e contentamento em grau adequado assegura o desenvolvimento equilibrado de nossa mente e de nosso caráter em todos os seus aspectos. Um segundo ponto importante é o de que as tendências indesejáveis devem ser erradicadas sem hesitação e muito menos com ponderação sobre uma provável atenuação devido às circunstâncias.
  • 59. E Patanjali deixou isso claro no sutra I-31 não deixando nenhuma brecha para escaparmos e esclarecendo que os votos de yama são, todos juntos, chamados de O Grande Voto. Temos que lembrar que nossa natureza inferior é muito ardilosa. Ela apresenta à mente toda espécie de justificativa para o erro, usará o manto da virtude para ocultar motivos e ações essencialmente iníquos, disfarçará ódio com amor. Buscará sempre alguma concessão, sempre nos tentando e nos fazendo pecar. Natureza humana Inferior
  • 60. Nesse caso o remédio é claro: decida de uma vez por todas praticar sempre o que é correto, em todas as circunstâncias e independente das conseqüências resultantes. Assim, rapidamente as tentações se enfraquecerão e desaparecerão tornando a prática do que é correto fácil e natural.
  • 61. Há uma lei moral fundamental que trata de apresentar ao indivíduo, situações externas que são um exato reflexo do estado interno de suas mentes e de suas atitudes. Assim, o Grande Voto e uma definitiva resolução invariavelmente levarão o sadhaka ao sucesso. Uma grande vantagem de praticar automaticamente e sem hesitação o que é correto é que começamos a perceber cada vez mais os aspectos sutis de nossas tendências más.
  • 62. Todas as qualidades envolvidas em yama-niyama devem ser desenvolvidas até o mais alto grau e os sutras II-35 a II45 deixam claro os resultados do desenvolvimento das dez virtudes no seu mais alto estado de perfeição e as admiráveis potencialidades ocultas nessas coisas comuns. Quando a mente estiver livre de impurezas, como resultado da prática de yama-niyama em seu mais alto grau, surgirá para o sadhaka a luz interior da sabedoria, a Vóz do Silêncio, a Luz no Caminho ou Jnana-dipti que torna o sadhaka, em grande parte, independente de orientação externa. De certo modo o sadhaka torna-se realmente qualificado para trilhar a senda do Yoga somente após esta luz interior ter aparecido em sua mente, o que decorre do treinamento preliminar (Kriya-Yoga)
  • 63. A medida que a luz espiritual, jnana-dipti, torna-se cada vez mais forte, há um momento do progresso em que o sadhaka obtém sua primeira experiência da Realidade. Nesse estágio o sadhaka atinge viveka-khyati, a luz espiritual decorrente da própria experiência da Realidade, ainda que não definitiva, o que só ocorre em Kaivalya. O sutra II-33 é de grande importância prática: “Quando a mente está perturbada por pensamentos impróprios, a ponderação constante sobre os opostos 9é o remédio)” O melhor remédio para lidar com as tendências indesejáveis é neutralizá-las pela raiz, ou seja, na mente, em vez de lutar contra sua manifestação externa, o que só reforçaria a tendência indesejável.
  • 64. A neutralização ocorre com a elaboração do pensamento de natureza oposta à tendência indesejável e uma cuidadosa consideração mental do ponto de vista oposto, uma análise verdadeiramente sincera e inteligente de nossos hábitos e atitudes. Essa análise deve ser feita quando a tendência não está manifesta. Quando ela se apresenta, o melhor a fazer é pará-la sem pensar, já que decidimos fazer o que é certo. A luta contra nossa natureza inferior só a reforça. Devemos extirpar o mal sem jamais resistir a ele, mas substituindo o mal pelo bem, de modo sistemático e ininterrupto.
  • 65. ASANA O papel das posturas é eliminar as perturbações que o corpo físico causa à mente. O corpo deve ser capaz de ser mantido imóvel por longos períodos e tornar-se insensível às variações do ambiente, chamadas dvandas (pares de opostos: calor e frio, seco e úmido, silêncio e barulho, luz e escuridão etc.). Isso prepara a mente para as duas práticas seguintes: pranayama e pratyahara.
  • 66. PRANAYAMA A função básica de pranayama é permitir a aquisição do controle completo e consciente sobre as correntes prânicas no duplo-etérico, e, assim dirigi-la para onde for necessária. Isso só pode ser feito através de kumbhaka, ou interrupção completa, em gradação lenta, da respiração. Quando dominadas, as correntes prânicas podem ser usadas para despertar kundalini e estabelecer a conexão da consciência no plano físico com as dos corpos astral e mental. Aqui reside o perigo de pranayama; essa prática não deve ser realizada sem um instrutor competente e uma preparação prévia e apropriada.
  • 67. Outra utilidade de pranayama é o preparo da mente para a concentração, já que prana é o elo entre um veículo e a mente funcionando através desse veículo. Se pudermos controlar prana, poderemos eliminar toda espécie de distúrbio que o veículo produz na mente. As irregularidades no movimento de prana no duplo etérico também causam distúrbios na mente, os quais devem ser eliminados por pranayama, antes de se chegar a dharana. O grau de concentração exigido pelo trabalho do Yoga é muito elevado. A intensidade da concentração tem que aumentar progressivamente. Para isso todas as fontes de perturbação (as externas e as decorrentes dos movimentos irregulares de prana no duplo etérico) devem ser eliminadas, exceto as que têm sua origem na própria mente.
  • 68. PRATYAHARA O sutra II-54 expõe essa técnica: “Pratyahara, ou abstração, é, por assim dizer, como se os sentidos imitassem a mente, retirando-se de seus objetos” Pratyahara é a prática para cortar por completo as conexões da mente com o mundo externo, através dos cinco sentidos ou jnanendriyas. Em estado de vigília, uma corrente contínua de imagens sensoriais se derrama na mente. O iogue deve ser capaz de, sempre que quiser, penetrar no interior de sua mente e se concentrar em um objeto ou problema, se isolando voluntariamente do mundo externo.
  • 69. Essa concentração deve se dar sem qualquer tipo de perturbação ou distração trazida pelos órgãos dos sentidos. Em pratyahara a mente recolhe os sentidos, seus “tentáculos”, para o interior, quando deseja se empenhar em dharana, dhyana e samadhi. Em pratyahara, se a mente estiver suficientemente concentrada, pode se isolar do mundo externo automaticamente. Mas isso depende do grau de concentração da mente. Em estágios avançados do Yoga, onde se necessita de altíssimo grau de concentração por períodos prolongados, tira- se vantagem do fato de que os órgãos sensoriais funcionam com a intermediação de prana.
  • 70. Com a manipulação das correntes prânicas é possível interromper o funcionamento dos órgãos dos sentidos de modo que as diversas sensações não mais atingem as respectivas regiões no cérebro. Ocorre, com isso, a interrupção da atuação dos pañca- indriyas nos órgãos físicos dos sentidos.
  • 71. DHARANA, DHYANA E SAMADHI Essas três membros constituem a antaranga ou parte interna da técnica do Yoga. São processos puramente mentais e as técnicas verdadeiras e essenciais do Yoga. Yama, nyama, asana, pranayama e pratiahara constituem o Yoga externo (bahiranga) e apenas asseguram que as condições necessárias estão presentes antes de se iniciar o Yoga interno. Samadhi amiúde se configura uma tarefa quase impossível porque, via de regra, os praticantes tentam se utilizar dessa técnica sem a obtenção de um grau razoável de concentração na meditação.
  • 72. Mas a mente é essencialmente fácil de controlar quando está livre dos bloqueios e pressões que impedem seus movimentos naturais. E bahiranga objetiva eliminar : -Com yama-nyama: as perturbações provenientes das emoções e desejos; - Com asana: as perturbações causadas pelo físico denso; - Com pranayama as perturbações que tem origem em pranayama- kosha ou duplo-etérico; - Com pratyahara: desligar as atividades dos órgãos dos sentidos. Depois disso só resta a mente a ser disciplinada e o yogue pode, portanto, praticar dharana, dhyana e samadhi sem dificuldades extraordinárias e atingir, por meio da inibição das modificações da mente, as realizações mencionadas anteriormente.
  • 73. Na ciência do Yoga, como em qualquer outra ciência, os resultados mais difíceis ficam fáceis de serem atingidos quando aplicamos as técnicas apropriadas.
  • 74. Dharana, dhyana e samadhi são três passos progressivos do mesmo processo contínuo e diferem entre si somente no grau de concentração e na presença de certas condições que distinguem um estágio de concentração do outro. Grau de concentração tempo
  • 75. Na concentração da mente no tríplice processo dharana-dhyana- samadhi, o objeto (vishaya) não precisa ser tangível. Pode ser uma lei, princípio, fenômeno ou fato da existência cuja realidade deve ser conhecida pelo processo descrito como: “CONHECER POR TORNAR-SE” Esse tríplice processo que culmina em samadhi é chamado de samyama. O resultado de aplicação de samyama é o conhecimento da realidade. Como cada fração do verdadeiro conhecimento é associada ao poder correspondente, samyama aplicado a um objeto leva ao desenvolvimento de um poder específico associado a esse conhecimento.
  • 76. Esses poderes são chamados siddhis ( realizações, na terminologia do Yoga e algumas vezes chamados de poderes psíquicos). Somente os poderes inferiores desenvolvidos por samadhi ( clarividência, p. ex.) podem ser chamados de poderes psíquicos. As faculdades mais elevadas são realmente espirituais e são mesmo realizações do yogue muito além de meros poderes psíquicos. Muitos poderes psíquicos podem ser desenvolvidos por outros métodos, como o uso de ervas, mantras etc.
  • 77. 5 – Alguns Aspectos Interessantes da Meditação A palavra “meditação” compreende uma grande variedade de exercícios mentais praticados com algum ideal espiritual. Há alguns aspectos interessantes dessa prática, normalmente mal compreendidos, mas que são de vital importância para o praticante sincero, que não faz de tal prática mera rotina. Em termos bastante gerais, o propósito da meditação é: “efetuar o contato consciente da personalidade com o Eu Superior, tornando a personalidade cada vez mais consciente de sua origem e destino divinos”
  • 78. O mundo da realidade está escondido na mente de cada ser humano e pode ser conhecido cada vez mais por meio da penetração progressiva nos níveis mais profundos da mente. Por isso é necessário, em toda verdadeira disciplina espiritual, não apenas lidar com a mente, mas também ir aos seus mais profundos níveis, através da meditação. O conhecimento relativo aos mundos invisíveis e sutis de natureza mental só podem ser adquiridos mergulhando-se nos níveis mais profundos da mente. De nada adianta nesses casos, a observação sensorial, a coleta de dados, a comparação e o raciocínio. Todas as atividades superficiais da mente, mesmo que com raciocínio rigoroso, tratam apenas com o mundo exterior. Na meditação a mente apresenta um movimento em profundidade.
  • 79. O movimento da mente em profundidade requer, além de um tipo diferente de movimento, também um esforço bem maior. Qualquer exercício mental, em um tipo particular de atividade, torna o esforço praticamente dispensável após algum tempo de prática. Só nos tornamos eficiente quando isso acontece. E isso é o que é necessário para uma meditação bem-sucedida. Sentar-se numa certa postura e fazer a mente criar uma série de idéias conectadas sobre um assunto escolhido não é meditação real, embora seja tudo o que a maioria das pessoas faz. Nós tendemos a moldar todo tipo de atividade em uma rotina, de forma que a mente não tenha que fazer muito esforço nem escolher cursos ou caminhos alternativos. Isso explica a popularidade de rituais na religião.
  • 80. O maior obstáculo no caminho do desenvolvimento espiritual talvez seja o falso senso de realização e segurança engendrado pela rotina. Por que não é possível produzir o estado mental adequado quando nos sentamos para meditar? De fato porque nosso interesse nas coisas sobre as quais queremos meditar não é adequadamente intenso e profundo. Não temos o desejo intenso e profundo de resolver os problemas da vida interior e desvendar os mistérios da existência. Temos sobre isso pensamentos vagos motivados por desejos igualmente vagos. O estado mental necessário para a meditação real é similar àquele do cientista Thomas Edison, que quando estava trabalhando esquecia até de comer e de dormir;
  • 81. Nó não estamos realmente conscientes das enormes ilusões e limitações sob as quais estamos vivendo nossa vida e, assim , não há o anseio real de superar essa condição. A atração das coisas que formam o viver comum é muito poderosa, e cria uma constante e irresistível força que distrai a mente. Nossa mente não foi treinada suficientemente. Em suma, não possuímos as qualificações necessárias. A prática bem-sucedida da meditação exige treinamentos preliminares da mente e do caráter.
  • 82. No famoso Sadhana-Chatushthaya, o sistema quádruplo de autocultura, é necessário primeiro adquirir as quatro qualificações básicas para trilhar o caminho: 1 – Viveka ou discernimento 2 – Vairagya ou desapego 3 –Shattsampatti ou as seis virtudes : - Shama ou tranquilidade - Dama ou treinamento dos sentidos de um modo positivo afim com a caminho, - Uparati ou afastamento natural dos deleites dos sentidos pelo sentimento de plenitude do caminho - Titiksha ou paciência e tolerância com as situações externas que permitem estar livre do ataque dos estímulos sensoriais e das pressões de outras pessoas para participar em ações, palavras, ou pensamentos que se sabe estar em uma direção não-útil - shraddha ou fé absoluta no caminho que se segue - samadhana ou foco resoluto na harmonização da mente e emoções 4 – Mumukshutva ou desejo intenso de iluminação.
  • 83. É somente em um estágio avançado que a prática da meditação intensiva é utilizada para abrir os canais entre o inferior e o superior e estabelecer o centro da consciência nos planos espirituais da manifestação. Ao trilhar o caminho do Raja Yoga delineado nos Yoga-Sutras, o aspirante tem primeiro que praticar bahiranga, ou Yoga externa, para se preparar para a prática da meditação com seus três estágios: dharana, dhyana e samadhi. Não se espera que ele inicie sequer a prática de dharana até que tenha dominado a quarta técnica do pranayama, como deixado claro no sutra II-53. A causa fundamental do fracasso na meditação é a ausência de um propósito sério e uma busca genuína. A meditação não é um fim em si, é apenas um meio para um fim, fim esse que é resolução dos problemas da vida interior.
  • 84. Quando os problemas da vida interior se tornam reais para nós, eles permeiam toda a nossa vida e sua solução torna-se uma questão urgente. Mesmo com a mente inferior engajada em atividades externas, a mente superior está por trás, constantemente refletindo sobre esses problemas e procurando solução para eles. Essa constante reflexão sobre um problema é chamada bhavana e é parte integrante da verdadeira meditação, que põe a faculdade da intuição em ação. O efeito dessa constante reflexão é ampliado por japa, na qual a potência do “som” é utilizada para reforçar o efeito do pensamento. SutraI-28: “Por meio da constante repetição (do OM) e meditação sobre o seu significado (resultam o desaparecimento dos obstáculos e a interiorização da consciência)”
  • 85. A intuição é parte importante da meditação, pois permite acessar as verdades diretamente, a partir da Mente Divina. Quanto mais penetrante é sua percepção, mais profundas as realidades que ela pode perceber. A intuição permite abrir caminho através da selva de ilusões e obstruções que obscurecem nossa vida espiritual. Essa é a razão por que a purificação, a renúncia e a harmonização desempenham um papel mais importante no caminho da santidade do que a aquisição de conhecimento. A percepção direta das realidades da vida espiritual, no sentido mais amplo, acontece somente em samadhi, mas é possível ter experiências qualitativas do conhecimento intuitivo mesmo antes desse avançado estágio, desde que as condições para o funcionamento da faculdade estejam presentes em algum grau.
  • 86. Experiências intuitivas são vantajosas para o sadhaka, pois revelam o tremendo poder em seu interior e mostram que ele está no caminho certo, fazendo-o voltar-se cada vez mais e com mais certeza para seu interior.
  • 87. 6 – Alguns Equívocos Sobre Yoga Quando não há suficiente conhecimento e quando a faculdade do discernimento não está suficientemente desenvolvida, muitos problemas referente ao Yoga podem ser demasiadamente simplificados. Por isso é necessária uma boa base teórica do assunto antes de entrar no campo prático. Sem isso, corre-se o risco de se tomar atalhos sem saída, adotar métodos errados, exercer atividades não-essenciais etc. Vamos ver agora algumas simplificações no campo do Yoga
  • 88. Desde meados do século XX no ocidente tem sido publicados muitos livros sobre Yoga, especialmente sobre asana e pranayama. Mas asana e pranayama, como são usualmente apresentadas, não são Yoga, mas sim técnicas que visam abrir o caminho para o Yoga. Outro erro comum é comparar o Yoga com a técnica da psianálise. A técnica psicanalítica objetiva remover as distorções e anormalidades que dizem respeito ao nosso estágio humano por meio do “estudo” da mente subconsciente. Mas as tendências e impressões do subconsciente só podem ser trazidas quando se tranquiliza e esvazia a mente consciente. Com o vazio da mente consciente, afloram as impressões (samskaras) de todos os nossos estágios evolutivos anteriores, trazendo à tona tendências atávicas e instintivas de nossos estágios como selvagens e animais, processo que supostamente não teria fim. Percebe-se facilmente que esse não é o objetivo do Yoga e daí o equívoco da comparação da técnica do Yoga com a psicanálise.
  • 89. 7 – A Questão do Guia Vimos que o propósito da evolução humana é desenvolver um indivíduo auto-iluminado, auto-determinado e auto-suficiente. Nos estágios finais, o indivíduo só pode evoluir por meio do auto-direcionamento. A orientação externa é necessária e é oferecida nos estágios primários; porém, à medida que o indivíduo avança no caminho do desenvolvimento interior, a orientação externa é retirada. Ele é forçado a acender sua própria luz. Na natureza humana essa orientação está disponível no interior de cada homem já que o âmago de cada ser é a prórpia Consciência Divina.
  • 90. O homem é um microcosmo que contém em si todos os poderes e faculdades que vemos de forma ativa no macrocosmo. A Luz que guia o buscador em sua procura da verdade só pode vir de seu interior. Essa é a única luz que pode ser projetada no caminho. Quem não puder percebê-la em seu interior, perderá tempo em procurá-la em qualquer outro lugar.
  • 91. Sutra II-28: “Da prática dos exercícios componentes do Yoga, com a destruição da impureza, nasce a iluminação espiritual que se desenvolve em percepção da realidade” A direção no caminho só pode vir de nosso interior. Mas nos estágios iniciais da evolução, o homem é incapaz de aproveitar a vantagem desse guia interior. Assim, por muito tempo, agentes externos de educação desenvolverão sua mente, moldarão seu caráter e estimularão suas faculdades espirituais. Mas chega um tempo que tal orientação passa a se mostrar inadequada.
  • 92. Então, o aspirante passa a buscar um objetivo espiritual mais dinâmico e definido e também meios mais eficientes para atingir esse objetivo. O aspirante volta-se então para seu interior a fim de descobrir a realidade oculta em seu coração. E assim começa a realizar em sua mente e em seu coração as mudanças necessárias para cumprir sua tarefa. Ele entra seriamente no campo da auto-cultura. O aspirante deve manter em mente que o objetivo de seu esforço espiritual, Ishvara, é e sempre será o guia de sua busca, aquele que falará sempre ao seu coração, primeiro como voz da consciência e depois como a voz do silêncio como função da Consciência Divina que nos capacita a compreender e a receber as verdades espirituais diretamente das profundezas de nosso ser.
  • 93. A idéia da Deidade em Sua função como instrutor é simbolizada nas escrituras hindus como Dakshinamurti, o Jagat- Guru ou instrutor mundial. Sua forma é a mesma de Shiva, com mínimas diferenças. Sua função como Jagat-Guru é enfatizada. Ele aparece sentado embaixo de uma figueira, árvore símbolo do conhecimento humano. O instrutor é jovem e os discípulos velhos. Senhor Dakshinamurti
  • 94. Isso dá a idéia de que a fonte da sabedoria é eterna, não sujeita às leis do nascimento, crescimento e deterioração das coisas existentes no tempo e no espaço. Os instrutores do reino do tempo e do espaço, ainda que avançados no tempo têm que trabalhar a sabedoria por meio do imperfeito intelecto. Jagat-Guru, mesmo permanecendo silencioso, dissipa todas as dúvidas dos discípulos Senhor Dakshinamurti
  • 95. O conhecimento que pode ser transmitido por meio da linguagem é apara-vidya, pertinente ao intelecto. Os profundos conhecimentos da vida não podem ser transmitidos por meio da linguagem mas somente por experiência direta. Assim, a consciência daquele que recebe é levada a um nível mais alto, onde pode experimentar diretamente a verdade e conhecer a realidade, tornando-se realmente consciente dela. Um dos maiores problemas da vida espiritual é encontrar um guia que possa nos ajudar a vencer as dificuldades e provações, dando-nos força e iluminação nos momentos necessários. Muitos procuram por anos, e inutilmente, um guru externo, ignorando o Supremo Guru que está sempre ali, cheio de sabedoria, força e compaixão e sempre à disposição e ciente das aspirações mais insignificantes do aspirante.
  • 96. Em todo caso o que falta é confiança em nossa aptidão para estabelecer contato com Ele e fé para reconhecer que ele é real e está em nós. Mas onde estão os verdadeiros instrutores dos homens que guiam os aspirantes no caminho da libertação. Esses instrutores e mestres de sabedoria indubitavelmente existem e, de diferentes maneiras, ajudam as pessoas em seu desenvolvimento espiritual. Como “postos avançados” da consciência de Dakshinamurti, tais seres têm sua consciência una com a Dele. Quando um aspirante necessita e merece, o auxílio lhe é oferecido através Dele, da melhor maneira e conforme as circunstâncias. Assim, o aspirante deve aceitar e receber toda a ajuda e orientação, de qualquer maneira que apareça.
  • 97. Pode ser que o aspirante fique em contato físico com um instrutor, ou que seja guiado do interior, ou ainda que seja deixado inteiramente com seus próprios recursos para capacitá- lo a desenvolver sua força interior e autoconfiança.
  • 98. FIM