1) O documento discute a mensagem do profeta Isaías sobre justiça social, exploração dos pobres e a necessidade de celebrar a justiça de Deus de forma ativa e comprometida com as lutas sociais.
2) Isaías pregava sobre a injustiça de regimes que privilegiavam uma minoria em detrimento da maioria despossuída, como no caso dos hebreus sob o faraó do Egito.
3) Celebrar a justiça de Deus significa agir para construir e executar a justiça, aliando-
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
32421 compromisso alu 4t13
1.
2. 4T13 COMPROMISSO 1
Encontro
A mensagem de justiça de
Isaías, ontem e hoje
Onde um pequeno grupo desfruta privilégios que seria direito de todos, a
partir da maioria despossuída, ali impera a injustiça. Como no caso dos hebreus,
sob regime de escravidão dos faraós, produziam bens e serviços para uma minoria
egípcia que se apropriava do seu trabalho. Como, também, ilustra a África do Sul
do apartheid, onde uma ínfima minoria branca explorava e massacrava uma imensa
maioria negra. Como ainda na atualidade, quando trabalhadores pobres ficam em
regime de semiescravidão, sob o controle de capangas armados em fazendas pelo
interior do Brasil, além de trabalhadores urbanos que ganham menos de um salário
mínimo, por mês, embora tenham uma carga horária semanal de mais 40 horas.
Muitos explorados em detrimento de uma minoria arrogantemente embevecida
com seu poder, privilégio e prestígio.
Em meio a essa tormenta contínua de injustiça, corrupção, maldade, violência,
somos paradoxalmente convidados a celebrar, com alegria e teimosa esperança, a
justiça de Deus. Pois ele, Yahweh, se compadece do pobre, faz justiça ao órfão e à
viúva, não aceita suborno, está sempre ao lado daqueles que mais sofrem, toma o
partido dos oprimidos, traz esperança e alegria para quem vive num contexto de
morte (Dt 10.17,18; Lc 4.18,19).
Celebrar a justiça de Deus não significa ter uma atitude contemplativa, alienada
ou passiva; antes, ativa e proativa, comprometida e transformadora. Que atua nas
lutas e movimentos pelo cumprimento do que é direito e alia-se a Deus e com seus
parceiros na tarefa de construir e executar a justiça. É esse comportamento, mar-
cado por uma espiritualidade litúrgico-transformadora, que exalta ao Senhor e o
celebra, de fato, como Deus da justiça. Do contrário, estamos fazendo coro – literal
e metaforicamente – com maiorias religiosas em suas celebrações cultuais que, além
de serem mera quimera, legitimam, dissimulam e perpetuam maldades e injustiças.
Este é o culto que não somente desagrada, mas é rejeitado e denunciado por Deus
(Is 1.10-20), afinal, culto e justiça, como há tempos afirmou Rowland Crouch,
são parte de uma mesma e verdadeira espiritualidade cristã.
Estes e muitos outros assuntos serão estudados na presente edição que enfo-
ca a mensagem do profeta Isaías, tão antiga e tão atual como é a Palavra de Deus!
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5. 4 COMPROMISSO 4T13
Ênfase do ano
Quinze motivos
para oração
Rogando a Deus pela nova geração,
principalmente por crianças em risco social
1
2 Porque Deus tem um cuidado especial para com os pequeninos (Mt
3 Porque Deus nos dá a responsabilidade de proteger os pequeninos
4 Porque as crianças são cidadãs do reino de Deus (Mc 10.14) e fazem
5 Porqueascriançassãonossosmodelosdeespiritualidade(Mt18.2-4)
6 Porque quando recebemos uma criança, recebemos o próprio Jesus
7 Porque a religião pura, que Deus aceita, é cuidar dos órfãos e das
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6. 4T13 COMPROMISSO 5
8 Porque a paz entre crianças, adultos e a natureza faz parte dos
9 Porqueascriançassãoasprimeirasasofrer,jáqueestãoemcondição
10
44,7% das crianças e adolescentes brasileiras de até 17 anos
viviam, em 2008, com uma renda familiar per capita de meio
11 Porque as crianças e os adolescentes são as maiores vítimas da
12
13 Porque quando oramos pelas crianças também estamos denuncian-
do a injustiça no mundo e, com o cântico dos recém-nascidos, silen-
14 Porque se as crianças se perderem na infância será mais difícil
15 Porque quando oramos por outros nos tornamos mais sensíveis a
sua causa.
(Fonte: maosdadas.org)
Tema: Valorizando a nova geração
Divisa:
Hino do trimestre: Hinário para o culto cristão
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8. 4T13 COMPROMISSO 7
Segunda
Isaías
1.1-15
Terça
Isaías
1.16-31
Quarta
Isaías 2
Quinta
Isaías 3
Sexta
Isaías 4
Sábado Domingo
Isaías 6
6 de outubro
O propósito de estudar o livro de
Isaías é sempre poder conhecer cada
vez mais o profeta, sua vida e obra.
Entender sua mensagem no contexto
em que viveu para, então, “recepcio-
ná-la” em nossos dias. Afinal, qual é
o sentido de ainda lermos a profecia
de quase 2.800 anos? Queremos cons-
truir uma interpretação de Isaías com
validade para o cotidiano, pois é fato
que muitas dificuldades nossas são se-
melhantes às dos contemporâneos do
profeta.
Os escritos do profeta Isaías estão
entre aqueles mais valorizados dentro
de nossa cultura. Os escritos de Isaías
começaram a ser produzidos no VIII
século a.C. Desde então, o Senhor os
usou para nos alimentar e também
para nos exortar. Isaías trata de tantos
temas de grande importância que cre-
mos que as igrejas cristãs não seriam as
mesmas se não os conhecessem.
A PRIMEIRA METADE DA
COLETÂNEA (Is 1 a 6)
O estudo de hoje parte de um
fragmento da chamada “Coleção in-
trodutória das visões de Isaías” (Is
1-12) (Schwantes). Neste material
encontramos o esforço de apresentar
o julgamento do Senhor sobre Judá e
Israel e também mostrar onde Isaías se
encaixa nesse contexto.
É possível fazer um enquadramen-
to do material que estamos estudando
(Oswalt). Os capítulos 1-5 tratam da
“Os meus olhos
viram o Senhor”
Texto áureo: Isaías 6.5
Isaías e sua vocação profética
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9. 8 COMPROMISSO 4T13
situação calamitosa de Judá. Falam
do pecado do povo, da majestade do
Senhor, da corrupção de Israel, da
interdição dos malfeitores etc. Assim
sobressai a pergunta: como reverter
a situação de pecado de Israel? A res-
posta é dada à medida que alguém as-
sume a tarefa de obedecer ao chamado
do Senhor.
Isaías 6.1-13 se encaixa neste frag-
mento da coleção. O Senhor reverterá
o estado de coisas em que Israel se en-
contra, chamando seu servo para fa-
zer parte da solução. Isaías é chamado
para fazer diferença no ambiente em
que estava vivendo.
UMA VISÃO DE DEUS (Is 6.1-3)
O capítulo 6 de Isaías é uma res-
posta programática à situação que
Judá estava vivendo. O cálice do pe-
cado de Israel está para transbordar.
Algo precisava ser feito. Desta manei-
ra, o Senhor decidiu-se intervir na his-
tória e chamar o seu servo para pregar
e profetizar.
O versículo 1 inaugura uma outra
angulação do texto de Isaías. Esta é a
primeira vez que Isaías é mencionado
na primeira pessoa do singular. Este é
um relato pessoal de uma testemunha
ocular. O texto diz: “eu vi também
o Senhor assentado sobre um alto e
sublime trono” (v. 1). Trata-se de um
relato de uma visão teofânica. Deus se
manifesta a Isaías.
Isaías tem uma magnífica experi-
ência com Deus, que muda a sua vida.
A visão de Isaías é realmente muito
significativa. A representação de Deus
que nos é descrita mostra-o assentado
em um trono. Isaías tem uma imagem
de Deus inequívoca. Deus é Senhor, é
rei. Sua majestade fica patente na vi-
são do profeta.
O complemento do texto fala da
grandeza da glória do Senhor quando
é dito: “e o seu séquito enchia o tem-
plo” (6.1b). Mas os dicionários da lín-
gua hebraica têm favorecido a seguin-
te tradução: “e as abas de suas vestes
enchiam o templo”.
O que se segue dentro da visão é a
afirmação de que Deus é santíssimo.
O texto diz: “kadosh, kadosh, kadosh
[santo, santo, santo]” (v. 3). Deste
modo, a visão de Deus completa-se.
Além de Isaías vê-lo como um rei,
o Senhor é um rei santo. A teofania
era marcante. A resposta adequada à
situação de descalabro por que passa-
va Israel somente poderia ser alterada
por Deus, o Senhor da história. Este
é quem, em sua santidade, comparece
a este mundo para transformá-lo con-
forme o seu querer.
A CONSCIÊNCIA DO PECADO
E CORRUPÇÃO (Is 6.4,5)
Os versículos 4 e 5 falam de uma
importante consequência ao choque
da visão de Deus sobre o profeta
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10. 4T13 COMPROMISSO 9
Isaías. Depois de sofrer a impactante
experiência com Deus, o profeta tem
uma profunda percepção de si, um re-
conhecimento de que diante da santi-
dade do rei, nada mais lhe restava a não
ser prostrar-se: “Ai de mim! Pois estou
perdido; porque sou um homem de lá-
bios impuros, e habito no meio de um
povo de impuros lábios” (v. 5).
Isaías sente-se totalmente inadequa-
do diante de Deus. Seus pecados lhes
vêm à mente. Suas limitações estão in-
teiramente expostas diante de Deus. Só
lhe resta admitir: “sou um homem de
lábios impuros” (v. 5b). O descompasso
entre a santidade de Deus e a pequenez
do profeta era patente. Mas a sua perdi-
ção se dava também em razão de viver
num contexto que muitos viviam de
forma igual. Ao olhar em seu entorno,
Isaías não conseguia divisar quem po-
deria se salvar: “e habito no meio de um
povo de impuros lábios” (v. 5c).
Diante do Rei, o Senhor dos Exér-
citos, todos terão um fim certo. Esta é a
consciência que o profeta Isaías adqui-
riu no momento que viu Deus. Diante
da grandeza do Senhor, Isaías percebe
que a morte era certa, dele e dos seus
companheiros. Todavia, não havia o
que podia ser feito. Nada que estives-
se ao alcance das mãos do profeta faria
qualquer diferença. Este era o limite
extremo do ser humano. Nenhum dos
seus recursos poderia alterar a realida-
de, a não ser algo que lhe viesse de fora
e do alto.
A TRANSFORMAÇÃO (Is 6.6,7)
Este trecho da visão de Isaías é reves-
tidodeplenoineditismo.Natradiçãode
Israel não havia nada que indicasse que
talpoderiasedá.Semprequeopovope-
casse o caminho era o oferecimento de
holocaustos e sacrifícios (Lv 1.1-7,21;
Nm 7.1-89; 28.1-40). Nada semelhante
a isto já havia acontecido: “Porém um
dos serafins voou para mim (...) E com a
brasa tocou a minha boca, e disse: (...) e
expiado o teu pecado (v. 6,7).
O culto de Israel também tinha se
contaminado. Deus já havia questiona-
do: “De que me serve a mim a multidão
de vossos sacrifícios, diz o Senhor?” (Is
1.11a). O pecado de Israel era tão gran-
de que incorria em falta de legitimida-
de: “Já estou farto dos holocaustos” (Is
1.11b). Não seria nos termos usuais da
cultura de Israel que Isaías encontraria a
solução para os seus problemas e do seu
povo. Por isso, Isaías afirma: “um dos
serafins voou para mim. E com a brasa
tocou a minha boca, e disse expiado foi
o teu pecado (v. 6,7).
A transformação de Isaías teve a par-
ticipação direta do Senhor. Não havia
méritos na religiosidade, na cultura, na
posição de Isaías. Os próprios céus tive-
ram que participar da mudança que pre-
cisava se processar em sua vida. Este era
agoraumserhumanotransformadopelo
poder de Deus. Era o que textualmente
havia sido dito: “e a tua iniqüidade foi ti-
rada,eexpiadooteupecado”(v.7).
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11. 10 COMPROMISSO 4T13
CHAMADA, ENTREGA E
MISSÃO (Is 6.8-13)
A lógica apresentada pelo texto de
Isaías 1-6, desde o seu início, propu-
nha-se chegar a esse ponto. É nesse
momento que surge a pergunta que o
Senhor Deus faz: “A quem enviarei, e
quem há de ir por nós?” (v. 8a). A vo-
cação de Isaías é resultado direto deste
questionamento. Na verdade, a voca-
ção de Isaías não pode ser entendida
em contexto diferente daquele mane-
jado desde o capítulo 1.
Uma retrospectiva pode ser facil-
mente montada. Israel se mostrava
ingrato, tinha corrompido seu culto.
Apesar do convite que o Senhor lhe
fizera, Jerusalém mantivera-se corrup-
ta (Is 1.1-23). O Senhor mostrou a
sua majestade, atraindo as nações, mas
Israel preferiu confiar em sua riqueza,
arriscando-se a enfrentar o Dia do Se-
nhor (Is 1.24-2.22). Jerusalém estava
em meio ao caos. A anarquia lograva
êxito na cidade, o julgamento de Deus
era iminente. As filhas de Sião busca-
vam por socorro, mas nada disso impe-
diria a decadência (Is 3.1-4.6). A cole-
ção produz um interlúdio na narrativa
com o cântico da vinha do Senhor, que
é sucedido pelo castigo. Assim, os mal-
feitores serão castigados (Is 4.7-5.30).
Israel tinha atraído sobre si o casti-
go de Deus, por isso, o Senhor pergun-
tou a Isaías: Quem deveria ir levando
a mensagem? Isaías, agora de forma,
convicta diz: “Eis-me aqui, envia-me a
mim” (v. 8b). O Senhor perguntou por
quem estaria pronto a fazer a diferença
em seu nome naquele inóspito contex-
to. A tarefa de Isaías era pregar até que
a “santa semente ficasse firme” (v. 13)
no meio da cidade de Jerusalém.
CONCLUSÃO
A vocação de Isaías tem como con-
texto o pecado e a corrupção de Israel.
Hoje,avocaçãocristãaindasedácomo
chamamento de Deus diante da cor-
rupção que grassa em nosso país. So-
mosaturdidosportodotipodenotícias
de como as autoridades, as instituições
se desgovernaram. O homem comum é
capaz das maiores atrocidades, mas das
páginas do livro do profeta Isaías ain-
da podemos ouvir o eloquente apelo:
“A quem enviarei, e quem há de ir por
nós”? E nós, como respondemos hoje?
Vamos fazer diferença?
"A resposta adequada à
por que passava Israel
somente poderia ser
alterada por Deus, o
Senhor da história. Este é
quem, em sua santidade,
para transformá-lo
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12. 4T13 COMPROMISSO 11
13 de outubro
Isaías, talvez, seja um dos livros do
AntigoTestamentomaisestudadopelas
igrejascristãs. Évistonestelivroumaes-
pécie de centro da esperança messiânica
por profetizar “700 anos antes de Cristo
a vinda do Salvador”. Mas será que um
texto com tantos séculos ainda apresen-
ta angulações não exploradas, pertinen-
tes à igreja de Jesus Cristo?
No estudo anterior observamos o
texto de Isaías 1-6 como um fragmento
da chamada “Coleção introdutória das vi-
sõesdeIsaías(1-12)”. Oestudodehojeé,
naverdade,asegundametadedacoleção.
Se pudéssemos propor uma imagem que
facilitasse o entendimento deste material
como um todo, diríamos que Isaías 7-12
seria a segunda metade da dobradiça da
porta que abre para o entendimento da
obra do profeta. A coletânea introdutó-
ria de Isaías é a porta de entrada do livro
Segunda
Isaías
7
Terça
Isaías
8
Quarta
Isaías
9
Quinta
Isaías
10.1-19
Sexta
Isaías
10.20-34
Sábado
Isaías
11
Domingo
Isaías
12
de Isaías, de modo que na “casa de Isaías”
chegamos apenas na porta. Estamos na
varandadacasa.
A SEGUNDA METADE DA
COLETÂNEA (Is 7-12)
Nesta parte do livro introdutório de
Isaías estão as primeiras missões do pro-
feta em pregar a Palavra do Senhor a Is-
rael e Judá. A pregação do profeta Isaías
é particularmente difícil por implicar
anúncio do castigo de Deus a seu povo.
Mas, como certo estudioso do profeta
Amós disse a respeito daquela literatu-
ra: “existem espinhos que precisam ser
encontrados para quem quer colher a
rosa” (Wolff). O fragmento de Isaías
7-12 menciona a correção de Senhor,
mas encontramos também trechos da
esperança.
“Seu nome será Emanuel”
Plenitude de vida no reino do Messias
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13. 12 COMPROMISSO 4T13
PRIMEIRA MISSÃO
Ocapítulo7deIsaíaséiniciadopelo
contexto em que as relações interna-
cionais de Judá e de Jerusalém estavam
conflituosas. Os reis da Síria e de Israel
decidiram colocar-se contra Judá para
guerrear. É nesse ambiente que Isaías
expõe o seu estilo profético. Se sua vo-
cação era profética e seu dom era o da
palavra, seu estilo era de ocupar a cena
do palácio.
Deus dá o direcionamento que Isaí-
astinhaquerealizar:“saíaoencontrode
Acaz” (v. 3). Isaías tinha sido chamado
para ir e ser “boca de Deus”, falando do
queDeustinhaaensinaraseupovo.To-
davia, o local que Isaías tinha de atuar
revestia-se de uma importância espe-
cial. Isaías precisava falar com o rei. É
bastante comum que os estudiosos qua-
lifiquem Isaías como um profeta “pala-
ciano”, ou seja, um profeta que tratava
das coisas do Estado. Isaías tinha acesso
à família real e, por isso, Deus manda-o
falar com o rei.
A palavra que deveria ser dada ao
rei era: “Acautela-te e aquieta-te; não
temas, nem se desanime o teu cora-
ção” (v. 4). Os inimigos de Judá fize-
ram uma coalizão. Os dois reinos dos
norte mais próximos e prósperos se
uniram para derrotar Jerusalém. Isso
era bastante perturbador porque Sí-
ria e Israel eram oponentes históricos
e porque Israel era um clássico aliado
de Judá. Nesse episódio, a política não
fazia sentido. Se Israel apoiava a Síria,
com quem Judá deveria se aliar.
A Palavra por intermédio de Isa-
ías era para trazer paz ao coração. O
entorno do rei e do seu povo perdera
a racionalidade. O que estava acon-
tecendo era inominável, mas Deus
queria trazer a sua paz ao coração dos
homens e mulheres de Jerusalém.
A Síria e Efraim tinham realizado
uma aliança para trazer o mal sobre
Judá. Mas o Senhor estava ciente de
todas as coisas. O Senhor sabia de
suas maquinações: “Vamos subir con-
tra Judá, e atormentemo-lo, e reparta-
mo-lo entre nós, e façamos reinar no
meio dele o filho de Tabeal” (v. 6). Por
isso, mandou Isaías revelar ao rei.
ORÁCULO DO SENHOR (7.7-9)
Aqui acontece uma mudança de
forma no texto. Dos versículos 1 a 6
"O reino santo do
a mudança na vida
de seu povo. Uma
transformação que o
Senhor faz na vida
dos seus filhos"
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14. 4T13 COMPROMISSO 13
tínhamos um texto em prosa. Mas do
versículo 7 em diante passamos a ter
um texto em poesia. Segundo se pode
apurar com certa precisão, a palavra
profética sempre foi preservada em
poesia. Podemos chamar este arranjo
textual de oráculo, um dito do próprio
Senhor,tendoaseguinteconfiguração:
Assim diz o Senhor Deus:
Isto não subsistirá,
nem tampouco acontecerá.
Mas a cabeça da Síria será Damasco,
e o cabeça de Damasco, Rezim;
e, dentro de sessenta e cinco anos,
Efraim será quebrantado
e deixará de ser povo.
Entretanto, a cabeça de Efraim será
Samaria,
e a cabeça de Samaria, o filho de
Remalias;
se o não crerdes, certamente, não
ficareis firmes (v. 7-9).
O Senhor tinha uma palavra de es-
perança. Assim Isaías tornou-se o pro-
feta da esperança de Jerusalém (Cro-
atto). Uma palavra que os intentos dos
agressores não se confirmariam: “Isto
não subsistirá, nem tampouco acon-
tecerá” (v. 7). Na sequência, o texto
se apresenta de forma um tanto enig-
mática: “a cabeça da Síria... e o cabeça
de Damasco... a cabeça de Efraim... e a
cabeça de Samaria...” (v. 8,9).
A geopolítica da região é confirmada
peloSenhor.ÉoSenhorquemditaahis-
tória. Por isso, Acaz tinha que saber que
aquele coloca os reis sobre terra, os der-
ruba e os mantém. Cabe aos homens e
mulheresdeDeusconfiar.Porisso,Isaías
diz: “Isto não subsistirá, nem tampouco
acontecerá (...) se o não crerdes, certa-
mente,nãoficareisfirmes”(v.7,9).Afala
de Isaías era de encorajamento: “se cre-
des,ficareisfirmes”.Esteeraumconvitea
umaatitudeesperançosa.
(7.10-17)
O texto começa dizendo que se
trata de uma continuação. Deus conti-
nua falando com o rei. E faz a mesma
oferta que fez ao rei Salomão: “pede
o que quiseres que te dê” (1Rs 3.5).
Aqui a oferta é mais fechada: “Pede
para ti ao Senhor, teu Deus, um sinal”
(7.11). Acaz se nega a pedir qualquer
que seja o sinal. Alguns estudiosos
afirmam que o contexto ajuda a enten-
der o sinal do versículo 11. Este tem a
ver com a declaração do versículo 9:
“o não crerdes, certamente, não fica-
reis firmes”. O sinal teria a função de
ajudá-lo em sua incredulidade (Sch-
wantes). O rei se mostrava vacilante,
e o Senhor queria dar-lhe uma base
mais concreta de sua fé. Diante da re-
cusa do rei, o Senhor lhe deu sinal de
seu agrado: “Eis que uma virgem con-
ceberá, e dará à luz um filho, e será o
seu nome Emanuel (7.14).
Este texto é tão importante para a
fé cristã que ganhou duas recepções
neotestamentárias (Mt 1.23; Lc 1 e
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15. 14 COMPROMISSO 4T13
2). Esta compreensão é central ao cris-
tianismo. Todavia, não devemos ceder
à tentação de não entender o que tal
sinal significou no contexto da guerra
siro-efraimita.
Por vezes, ouvimos de europeus
sobre o impacto que as grandes
guerras provocaram sobre a sua cul-
tura. Um dos impactos de grande
significação foi um decréscimo na
taxa de natalidade de modo geral.
Assim, sabemos que povos que so-
frem os horrores das guerras têm a
tendência de deixar de procriar. Este
fato pode nos ajudar entender a im-
portância do sinal dado por Deus a
Acaz: “Eis que uma virgem concebe-
rá, e dará à luz um filho, e será o seu
nome Emanuel” (7.14). A bendita
criança nasceria no momento menos
indicado. E justamente esta serviria
de sinal de que “Deus está conosco”
(Mt 1.23). O Senhor tinha uma be-
nesse para Acaz e seu povo: “Mas
o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o
teu povo (...) dias tais, quais nunca
vieram” (7.17). O sinal confirmaria
isto. Era necessário apenas esperar.
ANÚNCIO DE UMA INVASÃO
E A SITUAÇÃO DOS
O texto que se segue adota uma
estrutura diferenciada outra vez, que
tem a seguinte: (7.18,19,20,21,22,23-
25). O texto é marcado pela expres-
são “naquele dia” (v. 18,20,21,23). Os
dois primeiros “naqueles dias” falam
de uma invasão da Assíria que iria
subjugar a Síria e Israel. Um enxame
de insetos e uma navalha cortante são
as imagens evocadas para falar desses
acontecimentos. Já os dois últimos
“naqueles dias” falam da situação dos
sobreviventes produzindo a ideia de
abundância de leite e manteiga e do
pasto virgem pisado por bois e ove-
lhas.
A invasão dos assírios e a situ-
ação dos que sobreviverem fazem
parte do que Deus tem a apresen-
tar como o conteúdo de esperança
para o seu povo. O reino santo do
Messias, capitaneado pela chegada
de Deus conosco, marca a mudança
na vida de seu povo. Uma transfor-
mação que o Senhor faz na vida dos
seus filhos.
CONCLUSÃO
Na profecia de Isaías, encontra-
mos a ambiência palaciana. Isaías foi
chamado pelo Senhor para pregar um
reino de paz. E reino somente pode
existir porque verdadeiramente o Se-
nhor é quem dirige a história. Este é
Senhor, é Emanuel, Deus conosco.
Assim o Senhor nos traz a futura vi-
são de um reino de fartura e seguran-
ça. Como servos, o que temos feito
em relação a esta grande visão que o
Senhor nos propôs? Isaías foi ao pa-
lácio. E nós, até onde temos ido para
pregar?
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16. 4T13 COMPROMISSO 15
Segunda
Isaías
13
Terça
Isaías
14.1-23
Quarta
Isaías
14.24-32
Quinta
Isaías
15
Sexta
Isaías
16
Sábado
Isaías
17
Domingo
Isaías
18
20 de outubro
Neste terceiro estudo da profecia
de Isaías nosso desafio é ultrapassar
a noção histórica do livro e pensar
em como “recepcioná-lo” em nossos
dias, produzindo uma interpretação
com validade para o nosso cotidia-
no. A mensagem do profeta Isaías
nos apresenta o Senhor, Deus Israel,
o Senhor da história, soberano em
toda a terra.
Após termos estudado a Coletânea
introdutória do livro de Isaías (Is 1-12),
enfocaremos a primeira metade de um
conjunto de textos que comumente
chamamos de Oráculos contra nações
(Is 13-18). Este é o conjunto de ditos
contra os povos, produzido por Isaí-
as. Todavia, o profeta Amós também
profetizou contra as nações (Am 1.3-
2.16). Na verdade, os oráculos contra
as nações prosseguem pelos capítulos
19-23. Todavia, estes somente serão
objetos de estudo na próxima lição.
Se em Isaías 1-12 era como se es-
tivéssemos na varanda da casa de Isa-
ías, desde já podemos nos considerar
como estando no saguão da entrada
da profecia, quando começamos a ob-
servar a movimentação do Senhor por
entre os povos.
ORÁCULOS CONTRA AS
NAÇÕES (Is 13)
O capítulo 13 de Isaías representa
uma espécie de introdução aos Orá-
culos contra as nações. Por meio de seu
profeta, Deus dirige aos povos uma
pesada palavra, uma sentença de de-
núncia e condenação.
"Naquele dia, olhará o
homem para o seu Criador"
A soberania do reino de Deus
Texto áureo
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17. 16 COMPROMISSO 4T13
O capítulo pode ser dividido de
forma simples com a seguinte estrutu-
ra: (1) um pequeno prólogo (v. 1); (2)
um longo oráculo propriamente dito
que vai do versículo 3 ao 22, assumin-
do a seguinte organização: Isaías 13.1-
2.22. Todavia, levando em conta os te-
mas e as pessoas dos verbos presentes
aqui, temos a seguinte forma literária:
Versículo 1 – O profeta como
narrador falando de Babilônia na 3ª
pessoa do singular;
Versículo 2 – O profeta assumin-
do a função de porta-voz de Deus fa-
zendo uma convocação aos soldados
e oficiais para guerra, estes estando na
2ª pessoa do plural;
Versículo 3 – O Senhor fala dos
preparativos da guerra na 1ª pessoa do
singular;
Versículos 4,5 – Fala-se da situa-
ção que mais parece campo de guerra;
Versículo 6 – Acontece uma clara
interrupção da narrativa, conclaman-
do a que os guerreiros gritem porque
o Dia do Senhor está próximo, assim
como a devastação do Todo-Podero-
so. Os guerreiros são mencionados na
2ª pessoa do plural;
Versículos 7-10 – O tema da
guerra é retomado, quando as mãos de
homens e mulheres fraquejam, o Dia
do Senhor se mostra implacável, o sol,
a lua e as estrelas se apagam;
Versículos 11-13 – O Senhor
fala de sua ação para punir a malda-
de, iniquidade, arrogância e altivez. O
Senhor fará tremer céus e terra com o
seu furor. Tudo isto na 1ª pessoa do
singular;
Versículos 14-16 – Assim como
acontece com rebanhos selvagens e
domésticos perdidos, também acon-
tecerá com o povo, que fugirá. Mas
cada um que for alcançado será mor-
to, isto acontecerá até com as mulhe-
res e crianças;
Versículos 17-22 – O Senhor fala
explicitamente para a Babilônia, quan-
do trará os medos (persas) para destru-
írem de maneira definitiva os caldeus.
Com base nas considerações aci-
ma, a disposição do capítulo se torna
muito mais complexa. O que perce-
bemos é que o Senhor entra em guer-
ra contra Babilônia. Deus move céus
e terra para puni-la por ter afligido
seu povo.
O Senhor convoca o seu exército
para a guerra, descreve o campo de
batalha. Ele traz devastação no Dia
do Senhor. Diante disso, homens
e mulheres fraquejam. Deus mos-
tra seu domínio sobre as estrelas, o
sol e a lua, para punir a iniquida-
de e presunção dos seres humanos,
pois estes são como rebanhos sem
pastor, totalmente desprotegidos,
fáceis de ser abatidos. Babilônia é
facilmente conquistada, porque o
Senhor é o verdadeiro Rei sobre a
terra.
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18. 4T13 COMPROMISSO 17
AS NAÇÕES (Is 14-16)
Deus reina sobre as nações. Os po-
vos que estão ao norte, leste e oeste são
mencionados nos capítulos 14 a 16 de
Isaías. Estes textos referem-se à pode-
rosa Assíria, os fortes filisteus e os obs-
curos moabitas. Mas Israel e Babilônia
também são citadas no capítulo 14.
O capítulo 14, em seus primeiros
versículos, fala de uma nova eleição de
Israel. Desta maneira, Israel subverte-
rá os poderes geopolíticos da região.
Mas isso acontecerá no Dia do Senhor.
Será o fim do árduo trabalho, dos dias
angustiantes e da dura servidão (v.
1-3). A partir daí, Isaías, dois séculos
antes do cativeiro babilônico, anun-
cia o fim dos caldeus (740-701 a.C.).
Babilônia não exercerá mais tirania e
opressão porque o Senhor quebrará o
cetro dos poderosos. Os impérios se-
rão atingidos pelo furor e os golpes di-
rigidos por Deus (v. 4-6). Assim, toda
a terra poderá descansar (v. 7).
A sequência deste texto tem sido
marcada por uma bifurcação de sen-
tidos: (1) interpretacão que se fala
de Babilônia; (2) outro aceita que se
fala de Satanás e sua queda (v. 8-21).
A história da interpretação tem man-
tido esta ambiguidade. Ou há uma
historicidade na queda dos inimigos
de Israel, ou o leitor contemporâneo
pode se fiar na força do Deus, que se
mostra vencedor sobre as obras de
Satanás. Mas dos versículos 22 a 24
fica muito claro que o Senhor está
falando de Babilônia que será total-
mente destruída em seus desígnios e
determinações.
Desde os anos 800, a Assíria é re-
almente a superpotência da região.
Neste tempo, nem o futuro império
neobabilônico poderia fazer frente a
Nínive e às poderosas cidades sumé-
rias. Por isso, Deus diz: “Quebranta-
rei a Assíria na minha terra e nas mi-
nhas montanhas a pisarei, para que o
seu jugo se aparte de Israel” (v. 25).
A mão do Senhor fará toda diferença
na região.
O Senhor reina sobre todos os po-
vos: “e esta é a mão que está estendida
sobre todas as nações” (v. 26). Mas o
Senhor também domina sobre os fi-
listeus. Mesmo em um momento em
que Israel aparentar fraqueza, ainda
assim a “Filistia tremerá” (v. 31). Nes-
te contexto se mostrará sólido refúgio
dos pobres do povo de Deus (v. 32).
Os moabitas são trazidos à baila
(Is 15 e 16). Estes são um dos povos
do Oriente Médio que menos conhe-
cemos hoje. Os moabitas assim como
os amonitas hoje ficam no território
da Jordânia. A arqueologia jordania-
na atesta a existência das cidades mo-
abidas: “Dibon (possível Dibom),
Hesebon, Arnom e outras cidades”
(Santos). Apesar de toda a glória pas-
sada, Moabe se tornará pequena e dé-
bil (Is 16.14).
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19. 18 COMPROMISSO 4T13
PALAVRAS CONTRA
Este trecho da profecia de Isaías
trata-se de um anúncio de castigo. Pos-
sivelmente, é uma referência à invasão
da Assíria em 732 a.C. O texto narra a
total destruição da Síria. Fala que “Da-
masco deixará de ser cidade”, que “as
cidades de Aroer serão abandonadas”,
que a “fortaleza de Efraim desapare-
cerá”, assim como o “reino e o restante
da Síria” (v. 1-3). Todavia, no final há
uma nota lúgubre: a da Síria será igual
à “glória dos filhos de Israel” (2Rs 17.1-
18). Eis a sentença contra Damasco.
O FIM DA GLÓRIA DE ISRAEL
(Is 17.4-6)
Israel não escaparia do juízo do
Senhor. O versículo 4 e seguintes são
confirmadores do destino de Jacó. Is-
rael será apequenado como o que res-
ta da colheita. Como também dizia o
profeta Amós (Am 7.1,2). Trata-se de
carne magra, safra dizimada, de uma
árvore frutífera que pouco produziu.
A glória de Jacó não frutificou.
O INSUCESSO DOS PLANOS
DOS HOMENS (Is 17.7-11)
O que sucede é tratado como um
reconhecimento tácito da grandeza do
Criador de todas as coisas. Mas não a
partir de aparatos e apetrechos que o ser
humano produziu. Haverá um dia em
que homens e mulheres olharão para o
Senhor desnudos de sua autossuficiên-
cia, quando finalmente perceberão que
seus esforços para alcançar a salvação,
ou coisa que o valha, são inúteis (v. 7,8).
Desta maneira aprenderão que o Se-
nhoréoquedásentidoatodasascoisas,
poistodoesforçoénadadiantedeDeus.
AI DOS POVOS (Is 17.12-14)
Neste dia, os povos se alvoroçarão.
Todo ímpeto pouco significará, pois
“Deus os repreenderá (v. 13). A força
das nações em nada se comparará com
o comando do Senhor. As nações são
como pó diante do poder do Senhor.
O profeta Isaías evoca uma visão do
descompasso da grandeza e soberania de
Deus em relação a pequenez dos povos.
Tanto as nações do entorno quanto o
próprio Israel representam pouco diante
dagrandezadoSenhor,oDeusdeIsrael.
CONCLUSÃO
Como Isaías, aprendemos também
que Deus é o Senhor da história e sobe-
ranoemtodaaterra.Asnaçõesestãosob
o seu domínio, antes, hoje e sempre. As
nações de toda a terra não se mostram
páreo para a sua autoridade. Mesmo
aqueles que se colocaram contra a von-
tade do Senhor tiveram que aprender às
duras penas que o Senhor é invencível.
O nosso Deus move céus e terra para
que sua vontade se estabeleça entre nós.
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