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A HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
INTRODUÇÃO
E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao
caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e
eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o
qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para
adoração,Regressava e,assentado no seu carro,lia o profeta Isaías. E disse o Espírito
a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta
Isaías, e disse:Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender,se alguém
não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.
Atos 8:26-31- (Ci.cap.1 – Roy B. Zuck)
Este dialogo nos remetes a pensar e refletir em duas coisas: ler as escrituras não nos
garante. Que entenderemos a bíblia, e importante sabermos o que realmente as
escrituras nos dizem mediante estas observações podem, bom devem surgir variáveis
e podemos ficar confusos. Em segundo lugar este trecho das sagradas escrituras
mostra realmente o que devemos fazer, necessitamos de uma pessoa que nos ajude a
interpretar os escritos sagrados. A indagação “Entendes tu o que lês?” nos dão as
pistas necessárias para chegarmos na conclusão que alguém ao ler as escrituras pode
vir a não entender nada e que cabe sempre uma ajuda quando ao entender os
manuscritos divinos. No final deste capitulo vimos o poderoso poder da palavra de Deus
o poder transformador sem esforço apenas a palavra nua e crua. O eunuco ACEITA a
Jesus ele crê na palavra Filipe não tinha microfones nem amplificadores mas consegui
transmitir a essência da sabedoria de Deus, a genuína interpretação inspirada por
Deus. Esta e a verdadeira Hermenêutica. É fundamental olharmos para trás e
estudarmos o que as gerações anteriores nos deixaram de herança, nos termos da
hermenêutica. Iremos abranger neste trabalho os vários conceitos que guiaram desde
os escritas do Antigo Testamento, até os pós modernistas de hoje.
Poderemos aprender com os erros do passado, e nesta questão somos menos
desculpáveis do que eles, pois poderemos ver os rastros de uma interpretação bíblica
feita fora dos padrões que iremos estudar ao longo deste curso. Alguns destes rastros
permanecem até hoje, e deram vida (e continua dando) a um sem número de heresias.
Portanto, gostaria de salientar que teremos com base o livro de ZUCK, Roy B. A
Interpretação Bíblica, Editora Vida Nova que mostra a compreensão do que está
escrito é de suma importância para sabermos acerca da vontade de Deus para a vida
da comunidade cristã. A importância da compreensão correta do texto de faz
necessário para que uma correta hermenêutica, ou seja, uma correta interpretação e
aplicação aos nossos dias seja possível. Também citaremos os vídeos de ----------------
------
1 POR QUE INTERPRETARA BÍBLIA É IMPORTANTE?
Segundo Zuck, existem 3 maneiras para interpretamos a bíblia:
Primeiro é essencial ter conhecimento de seu significado para descobrir sua mensagem
aplicada em nossos dias. Sempre compreendendo seu sentido para aquela época
antes de nos aperceber de seu significado para hoje. Sem a Hermenêutica perderíamos
de seus benefícios. Começamos pela Observação: Realizamos então algumas
indagações ao observamos o texto
Que diz?
Que quer dizer?
Como se aplica a mim?
…no entanto, quando o estudo bíblico é reduzido neste aspecto, pode-se
incorrer em erros graves e em resultados distorcidos. Certas pessoas
"adulteram a Palavra de Deus" intencionalmente (2 Co 4.2). Outras há que até
mesmo "deturpam"as Escrituras "para a própria destruição deles"(2 Pe 3.16).
Outros, por sua vez, interpretam a Bíblia erroneamente sem o saber.Por quê?
(ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica, Editora Vida Nova,pag.11)
O que vemos em nossos dias quanto as interpretações que se divergem entre os
crentes atuais a falta de seguirem uma mesma regra ao diretriz para as suas
interpretações. Compreender a bíblia sem a hermenêutica correta leva a desastres e
difamações. Leva a um ensino errôneo da palavra de Deus “Existe apenas um
significado mas várias interpretações” (Vídeo professor …) A interpretação bíblica e
uma etapa essencial que sucede a observação alguns leem a bíblia a saltam da
observação e vão direto a aplicação. Interprestar e a sequência logica da observação.
Fazemos um sondagem, uma reflexão ao observar a bíblia, ...” Observar significa
descobrir, interpretar significa digerir”.
No texto bíblico (2 Tm 2.15) ,devemos então manejá-lo corretamente A oração
adjetiva "que maneja bem"é a tradução da palavra grega orthotomounta, que
é a combinação de "reto" {prtho) com "cortar" (toméõ). Um autor fornece a
seguinte explicação: Como Paulo fabricava tendas, é possível que estivesse
empregandoum termo relacionado a seu ofício.Quando fazia as tendas,usava
determinados moldes. Naquela época, as tendas eram feitas de retalhos de
peles de animais costurados uns aos outros.Cada pedaço teria de ser cortado
de tal forma que se encaixasse bem com os outros.Pauloestava simplesmente
dizendo: "Se os pedaços não forem bem cortados, o todo ficará
desconjuntado". O mesmo ocorre com as Escrituras. Se as diferentes partes
não forem interpretadas corretamente, a mensagem como um todo resultará
errónea.Tanto no estudo da Bíblia quanto na interpretação,o cristão deve ser
preciso. Deve ser minucioso [..John F. MACARTHUR, The charismatics, Grand
Rapids,Zondervan, 1970,p. 57..]
Nesta citação fica claro o papel de um estudo bíblico eficaz com determinação e foco.
A INTERPRETAÇÃO JUDAICA
1.1 Esdras e os escribas
Quando os judeus retornaram do cativeiro babilônico, tudo indicava que eles falavam
aramaico, não mais o hebraico. Portanto, quando Esdras leu a lei, os levitas tiveram
de traduzir do hebraico para o aramaico. Talvez este seja o sentido correto do termo
“entender” (Ne. 8:1-12). Temos dois termos nesta passagem: “explicando o sentido” e
“entendesse”. Então provavelmente pode ter havido a tradução do hebraico para
aramaico e também a explicação da lei propriamente dita.
Desde Esdras até Cristo, os escribas não só ensinavam a lei nas sinagogas, mas
também as copiavam. Tinham grande zelo por ela, porém logo cairam no exagero. O
Rabino Akiva, foi o líder de uma influente escola para rabinos na Palestina, e ele chegou
a afirmar que cada ponto, cada til, cada letra, cada figura de linguagem adotadas na lei
possuíam significado oculto, para ele cada versículo da Bíblia possuía muitas
explicações.
2 A alegorização judaica
Alegorizar é procurar algum significado oculto no texto. É como se o sentido literal fosse
apenas a superfície de um terreno, que devemos escavar até encontrarmos outros
significados, que muitas vezes estão dissociados do verdadeiro sentido. Desde a
conquista da Palestina por Alexandre Magno, os judeus sofreram a interferência grega
em sua cultura. Umas dessas interferências foi na área literária, onde a interpretação
judaica teve influência da alegorização grega. Os gregos, ao mesmo tempo que ficavam
maravilhados diante de obras como a de Homero, também ficavam constrangidos com
o comportamento dos deuses descrito nas obras gregas. Então para contornar este
problema acabaram criando a alegorização destes textos, ou seja, buscavam outros
significados para as coisas descritas ali. Desta forma os escritores gregos não seriam
ridicularizados em outros lugares onde a cultura grega avançava.
Os judeus que viviam em Alexandria tiveram este mesmo problema. Ficavam
constrangidos diante das imoralidades do Antigo Testamento. Então, alegorizando os
textos do Antigo Testamento, eles justificavam os seus escritos e também conviviam
pacificamente com a cultura e filosofia gregas.
A Septuaginta deliberadamente remove algumas coisas que trariam constrangimento
aos judeus, assim como alguns antropomorfismos de Deus. Veja como ficaram alguns
textos:
■ Êxodo 15:3
Substitui “O Senhor é homem de guerra” por “O Senhor esmaga as guerras”. Na Bíblia
católica atual (Bíblia Ave Maria) está como: “O Senhor é o herói das guerras”.
■ Números 12:8
Substitui “A forma do Senhor” por “a glória do Senhor”.
■ Êxodo 32:14
Substitui “Então se arrependeu o Senhor do mal..” por “Então o Senhor se
compadeceu”.
Filo, o mais importante alegorista judeu-alexandrino, disse que a alegorização é
necessária para eviar expressões aparentemente contraditórias ou impróprias de Deus.
Desde quando Deus precisa que indiquemos a Ele o que deve ser escrito ou
comunicado a nós?
Filo ensinava que Sara e Hagar representavam a virtude e a cultura, e Jacó e Esaú, a
prudência e a insensatez. O episódio em que Jacó se deita sobre uma pedra simboliza
a autodisciplina da alma e o candelabro de sete hásteas que havia no tabernáculo e no
templo representa sete planetas. Em outro exemplo, ele sugere que a expressão “se
escondeu de Deus”, se referindo a Adão desonra a Deus, que vê todas as coisas.
Portanto se trata de uma alegoria.
3 Os pais da igreja primitiva
Pouco se sabe sobre a hermenêutica dos pais da Igreja. Porém em muitos de seus
escritos continham numerosas citações do Antigo Testamento, e que este previa a
vinda de Cristo.
Clemente de Roma viveu entre 30 e 95 d.C. Citava o Novo Testamento com freqüência.
Inácio de Antioquia (35-107) escreveu sete cartas a Roma e também citava várias
vezes o Antigo Testamento e evidenciava a figura de Jesus .
Policarpo de Esmirna (70-155) fez diversas citações do Antigo e Novo Testamento em
sua carta aos Filipenses.
A epístola de Barnabé faz 119 menções ao Antigo Testamento. Utiliza alegorias
constantemente. Um exemplo clássico é a menção aos 318 servos de Abraão (Gn.
14:14). Existem 3 letras gregas que representam o número 318 e que cada uma tem
um significado. Altera grega T equivale a 300 e representa a cruz; as letras I e H
equivalem a 10 e 8 respectivamente e são respectivamente as duas primeiras letras de
IH(sous) (Jesus em grego). Portanto, os 318 servos representam Jesus na cruz.
Justino Mártir (100 – 164) fazia muitas citações das escrituras em suas obras, quase
sempre para mostrar que o Antigo Testamento prenunciava Cristo. Ele afirmava que
Lia representa os judeus, Raquel simboliza a Igreja e que Jacó simboliza a Cristo que
serve a ambos.
Ireneu (130-202) foi contra os gnósticos e outros hereges de sua época, e ressaltou
que a Bíblia deve ser entendida pelo seu sentido óbvio e verdadeiro. Afirmou também
que algumas vezes pode-se fazer uso de tipos, pois a Bíblia está repleta deles. Porém
algumas vezes sua tipologia chegava a ser uma alegoria. Ele afirmou, por exemplo,
que os três espias (e não dois) que Raabe escondeu representavam Deus-Pai, Deus-
Filho e Deus-Espírito Santo.
4 Os pais alexandrinos e antioquinos
4.1 Os pais alexandrinos
São representados principalmente por Clemente (não confundir com Clemente de
Roma) e Orígenes. Este primeiro afirmou que qualquer passagem da Bíblia pode ter
até 5 sentidos distintos:
■ histórico (histórias bíblicas)
■ doutrinário (ensinos teológicos e morais)
■ profético (inclui tipos e profecias)
■ filosófico (alegorias com personagens históricas)
■ místico (verdades morais e espirituais)
Algumas de suas alegorizações incluem ser Sara a verdadeira sabedoria, enquanto
Hagar representava a filosofia pagã.
Orígenes, foi discípulo de Clemente, e herdou deste o método alegórico de
interpretação das escrituras. Foi o mais ativo escritor cristão da antiguidade, grande
apologeta e excelentes trabalhos. Foi um dos que defenderam que o Espírito Santo era
uma pessoa, não simplesmente uma força ativa do Universo ou de Deus. Porém
defendeu a tese da virgindade perpétua de Maria, o primado de Pedro (Pedro foi o
primeiro Papa) e o batismo de crianças, doutrinas que não encontram apoio bíblico.
Defendeu a alegoria pois acreditava que a Bíblia estava repleta de enigmas, parábolas,
afirmações de sentido obscuro e problemas morais.
Orígenes desconsiderou quase que totalmente o sentido literal e normal das escrituras.
4.2 Os pais antioquinos
Os líderes da igreja em Antioquia perceberam que o sentido literal das escrituras estava
se perdendo com o método de interpretação de Alexandria. Por isso eles incentivaram
o estudo das línguas originais e redigiram vários comentários sobre os livros da Bíblia.
O elo entre o Antigo Testamento e o Novo eram as profecias e a tipologia, ao invés da
alegoria. A interpretação para eles, também podia incluir a linguagem figurada. Dois
dos maiores intérpretes desta escola foram Teodoro (350-428) e João Crisóstomo (354-
407).
5 Os pais da igreja dos séculos V e VI
Os dois principais expoentes da Hermenêutica deste período foram Agostinho e
Jerônimo.
Jerônimo começou, influenciado pela escola de Alexandria, suas obras no sentido
alegórico. Porém, algum tempo mais tarde passou a usar um estilo mais literal de
interpretação. Porém, ainda acreditava em um sentido mais profundo de intrepretação,
ou quando não edificava em nada, alegorizava, por isso aplicou este estilo na história
de Judá e Tamar.
Agostinho adotara o sistema alegórico de interpretação das Escrituras. Dizia ele que o
grande teste para saber se uma passagem tem sentido alegórico é o do amor. Se uma
interpretação apresenta algum sentido contraditório, o texto deve ser alegorizado. Ele
ressaltou que a função do expositor é descobrir o sentido das Escrituras, não lhe atribuir
sentido. Porém acabou caindo no próprio erro que contestava, pois ele afirmou que o
texto bíblico possui mais de um sentido, justificando desta forma a interpretação
alegórica.
6 A idade média
Normalmente associamos a idade média a Gregório (540-604), que foi o primeiro papa
da Igreja Católica Romana. Gregório fundamentava todo sua interpretação em cima
dos trabalhos dos pais da igreja, por isso não devemos estranhar sua alegorização das
escrituras. Vejamos um exemplo.
No livro de Jó, os três amigos são os hereges, os sete filhos de Jó são os doze
apóstolos, as sete mil ovelhas são os pensamentos inocentes, os três mil camelos são
as concepções vãs da vida, as quinhentas juntas de bois são virtudes e os quinhentos
jumentos , tendências lascivas.
O mais famoso teólogo da Igreja Católica, na idade média, foi Tomás de Aquino (1225-
1274). Acreditava que o sentido literal das Escrituras era fundamental, porém, como ele
mesmo dizia, a Bíblia tem autoria humana e divina. Deste modo, o sentido literal era o
que o autor quis mostrar, mas deveríamos achar outros significados que Deus colocara
ali.
Nicolau de Lira (1270-1349) foi uma personagem essencial para o que ficou conhecido
como A Reforma Protestante. Nicolau de Lira trouxe novamente à tona a interpretação
literal da Bíblia. Isso foi primordial para que outros expoentes importantes também
retornassem a este estilo de interpretação, inclusive alguns séculos depois, um monge
por nome Lutero teria forte influência de Nicolau.
João Wycliffe (1320-1384) foi um extraordinário reformador e teólogo. Ensinava que a
Bíblia era a única fonte legítima de doutrina e vida cristã. Isto ia contra os ensinamentos
da Igreja Católica, que também privilegiava a sua tradição, muitas vezes em detrimento
da Palavra. Enfatizando a interpretação gramatical e histórica, escreveu que “tudo o
que é necessário na Bíblia está contido em seus devidos sentidos literal e histórico.”.
Foi o primeiro tradutor da Bíblia para o inglês. Também foi considerado um dos
responsáveis pelo movimento da Reforma, que começara já em sua própria época indo
contra o sistema papal.
7 A Reforma
Durante a reforma a Bíblia passou a ser a única fonte legítima de fé e prática. Os
reformadores se basearam no método literal de Antioquia. O interesse pelas línguas
originais também foi reavivado com o movimento da Renascença na Europa.
Martinho Lutero (1483-1546) foi um grande defensor do método literal, em
contraposição ao método alegórico que predominou na Idade Média. Disse Lutero: ” As
escrituras devem ser mantidas em seu significado mais simples possível e entendidas
em seu sentido gramatical e literal, a menos que o contexto claramente o impeça”.
Na opinião de Lutero, qualquer cristão devoto pode compreender a Bíblia; este ensino
ia de encontro à doutrina da Igreja Católica de que apenas a Igreja estava apta a
interpretar as Escrituras. Desta forma, a dependência das pessoas à Igreja Católica
ficou ameaçada.
O estilo alegórico estava arraigado à Igreja havia séculos. Vamos lembrar que o estilo
alegórico fora criado para disfarças os antropomorfismos de Deus e as supostas
imoralidades contidas na Bíblia, porém, este estilo continha inúmeros problemas:
■ A alegorização não obedece a nenhuma regra específica de interpretação
■ A imaginação do intérprete passa a ser o limite
■ Encobre o verdadeiro sentido dos textos
■ Tira toda a autoridade da Bíblia
■ Cada um fica com sua interpretação particular
Mas o apóstolo Paulo não usou de alegorias? Veja o texto em Gálatas 4:24-26. Bom,
neste caso, o apóstolo deixou claro que estava fazendo uma alegoria, ele literalmente
escreveu: “Estas coisas são alegóricas…”. Neste caso o termo allēgorēo significa “dar
um sentido diferente do que é expresso pelas palavras”. Ou seja, isto passa a ser um
complemento, não uma substituição do texto em seu sentido literal.
Ele usou a alegoria como forma de ilustração para destacar certos fatos relativos a
Hagar estão associados a não- cristãos, e certos fatos relativos a Sara estão
associados aos cristãos.
Vamos analisar então o método alegórico que foi utilizado durante séculos, e o método
alegórico que Paulo usou.
O método alegórico A alegorização de Paulo
1. O sentido histórico é irrelevante (se é
que seja verdadeiro).
1. O sentido histórico é relevante e
verdadeiro.
2. O significado mais “profundo” é o
verdadeiro.
2. Fazem-se paralelos para se chegar a
uma conclusão.
3. O significado mais “profundo” é a
“exposição” do que está registrado.
3. Paulo não disse que a alegoria era a
“exposição” de Gênesis 16.
4. Tudo no Antigo Testamento pode ser
alegorizado.
4. Quando Paulo utilizou o estilo alegórico,
ele informou que estava alegorizando.
João Calvino (1509-1564), assim como Lutero, rejeitava a interpretação alegórica das
Escrituras. Ressaltava o método histórico e gramatical, a natureza cristológica, o
ministério esclarecedor do Espírito Santo e o coreto tratamento das tipologias no Antigo
Testamento.
Willian Tyndale (1494-1536), famoso por sua tradução do Novo Testamento para o
inglês em 1525, também defendia o sentido literal da Bíblia.
Em resposta à Reforma protestante, a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento
(entre 1545 e 1563). Algumas resoluções do Concílio de Trento estão relacionadas
abaixo:
■ A Revelação divina se transmite pela Sagrada Escritura, mas está a Sagrada
Escritura abaixo da Tradição da Igreja, e a palavra do Papa é tida como infalivel acima
das Escrituras Sagradas e que estas devem ser interpretadas pelo Magistério da Igreja
e pela Tradição.
■ O Concílio, ainda, enfrentou o tema chave da questão da “justificação” e, contra as
teologias luterana e calvinistas, ensinou e declarou que a Salvação vem pelas Obras e
o perdão pelas penitências.
8 O pós-Reforma
8.1 A expansão do calvinismo
Os séculos XVII e XVIII transcorreram como uma extensão do que havia ocorrido na
época da Reforma, onde a Bíblia era fonte máxima de autoridade para fé e prática.
Podemos citar como fato importante a Confissão de Westminster, que foi aprovada pelo
Parlamento Inglês em 1647. Leia um trecho abaixo:
“A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando
houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura
(sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido
por outros textos que falem mais claramente”.
A Confissão de Westminster é usada até hoje nas Igrejas Presbiterianas.
8.2 As reações ao calvinismo
O arminianismo foi uma das correntes contrárias ao calvinismo. O teólogo holandês
Jacobus Arminius (1560-1609) pregava que o homem possui livre-arbítrio em
detrimento da soberania de Deus e sua chamada irresistível.
O misticismo surgiu no pós-reforma, e tinha a concepção de que o homem pode
adquirir conhecimento de Deus em uma experiência subjetiva, à parte da Bíblia.
O pietismo surgiu como um combate à doutrina ortodoxa do tempo da Reforma. Philipp
Jakob Spener (1635-1705) repelia o formalismo morto e a teologia de palavras apenas.
O tema central era a experiência do crente com Deus, sua condição de pecador e o
caminho para sua salvação. Defendia a experiência da fé, pela demonstração e
comprovação desta numa piedade prática, através da rejeição do espírito mundano e
pela participação ativa dos leigos nas reuniões. Os pietistas, por um lado,
desenvolveram uma moralidade por vezes áspera, especialmente no que tange à
alimentação, vestimenta e lazer.
8.3 Os estudos textuais e lingüísticos
No período dos séculos XVII ao XVIII começaram grandes iniciativas para descobrir o
texto original da Bíblia. Entre 1650 e 1751 surgiram vários comentários da Bíblia,
versículo por versículo, edições em grego e comentários críticos.
8.4 O racionalismo
O racionalismo sustentava que tudo deveria ser estudado à luz do intelecto humano.
Houve algum interesse pela Bíblia, mas apenas no campo dos ensinamentos morais
para a Europa. O restante da Bíblia, com seus milagres e doutrinas podia ser
descartado.
9 A era moderna
9.1 O século XIX
Três correntes distintas de pensamento podem ser vistas neste período: o subjetivismo,
a crítica histórica e os trabalhos exegéticos (estudos avançados).
No subjetivismo havia a idéia que o conhecimento vinha das experiências individuais.
Rejeitavam a autoridade da Bíblia e destacavam o papel dos sentimentos. Foi uma
reação ao racionalismo e ao formalismo. O cristianismo deveria ser encarado como
uma religião de emoções. A fé era apenas uma experiência subjetiva vivida em
momentos de desespero.
A crítica histórica contestava a natureza sobrenatural da Bíblia e sua inspiração.
Explicavam os milagres por meio da razão e ciência. Analisavam a Bíblia como um
biólogo examinava o cadáver de um animal, o interesse era puramente histórico e
intelectual.
Em contraste com essas duas correntes houveram muitos líderes conservadores e
eruditos que começaram a escrever comentários exegéticos sobre a Bíblia, neste
período surgiram algumas das “Teologias Sistemáticas” em uso até os dias de hoje.
9.2 O século XX
O liberalismo atravessou o século XIX e chegou ao século XX. Nele, a Bíblia é vista
como um livro humano, sem inspiração divina. Prega que todos os eventos
sobrenaturais podem ser explicados de forma racional. As doutrinas de pecado,
depravação total e inferno são rejeitadas pelos liberalistas.
Os neo-ortodoxos negam a inerrância e infalibilidade da Bíblia. A criação do homem,
ressurreição de Jesus, o dilúvio são interpretados como sendo mitos. Todos estes fatos
aconteceram num nível mitológico, e não na história de fato. Estes “mitos”
representavam uma realidade para as pessoas da época, porém não para as pessoas
de nossos dias, tais fatos são inaceitáveis hoje.
A nova hermenêutica diz que não devemos tentar achar o sentido dos textos bíblicos,
mas sim deixá-los falar conosco, permitir que modifiquem o entendimento que temos
de nós mesmos. O verdadeiro sentido da Bíblia nunca poderá ser desvendado, pois foi
escrito a muitos séculos, e nós não temos condições de entender totalmente aquele
mundo.
Temos ainda outras linhas de pensamento hoje em dia. A teologia da libertação, muito
forte na América Latina, interpreta a Bíblia pela ótica dos excluídos e oprimidos política
e economicamente. Teologia feminista, que interpreta a Bíblia a partir do ponto de vista
das vítimas de discriminação sexual.
Esta retrospectiva nos mostra que devemos continuar a batalhar pela fé que uma vez
foi dada aos santos (Judas 1:3), e interpretar a Bíblia histórica, literal e gramaticalmente,
dependo da iluminação que o Espírito Santo concede aos crentes. Fazendo da Bíblia a
Palavra viva e eficaz de Deus para nossas vidas, única regra de fé e prática.
Leia mais em: A História da interpretação bíblica
http://milhoranza.com/2009/09/08/historia-da-interpretacao/#ixzz2b7hAfvFW
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  • 1. A HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA INTRODUÇÃO E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração,Regressava e,assentado no seu carro,lia o profeta Isaías. E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse:Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender,se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. Atos 8:26-31- (Ci.cap.1 – Roy B. Zuck) Este dialogo nos remetes a pensar e refletir em duas coisas: ler as escrituras não nos garante. Que entenderemos a bíblia, e importante sabermos o que realmente as escrituras nos dizem mediante estas observações podem, bom devem surgir variáveis e podemos ficar confusos. Em segundo lugar este trecho das sagradas escrituras mostra realmente o que devemos fazer, necessitamos de uma pessoa que nos ajude a interpretar os escritos sagrados. A indagação “Entendes tu o que lês?” nos dão as pistas necessárias para chegarmos na conclusão que alguém ao ler as escrituras pode vir a não entender nada e que cabe sempre uma ajuda quando ao entender os manuscritos divinos. No final deste capitulo vimos o poderoso poder da palavra de Deus o poder transformador sem esforço apenas a palavra nua e crua. O eunuco ACEITA a Jesus ele crê na palavra Filipe não tinha microfones nem amplificadores mas consegui transmitir a essência da sabedoria de Deus, a genuína interpretação inspirada por Deus. Esta e a verdadeira Hermenêutica. É fundamental olharmos para trás e estudarmos o que as gerações anteriores nos deixaram de herança, nos termos da hermenêutica. Iremos abranger neste trabalho os vários conceitos que guiaram desde os escritas do Antigo Testamento, até os pós modernistas de hoje. Poderemos aprender com os erros do passado, e nesta questão somos menos desculpáveis do que eles, pois poderemos ver os rastros de uma interpretação bíblica feita fora dos padrões que iremos estudar ao longo deste curso. Alguns destes rastros
  • 2. permanecem até hoje, e deram vida (e continua dando) a um sem número de heresias. Portanto, gostaria de salientar que teremos com base o livro de ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica, Editora Vida Nova que mostra a compreensão do que está escrito é de suma importância para sabermos acerca da vontade de Deus para a vida da comunidade cristã. A importância da compreensão correta do texto de faz necessário para que uma correta hermenêutica, ou seja, uma correta interpretação e aplicação aos nossos dias seja possível. Também citaremos os vídeos de ---------------- ------
  • 3. 1 POR QUE INTERPRETARA BÍBLIA É IMPORTANTE? Segundo Zuck, existem 3 maneiras para interpretamos a bíblia: Primeiro é essencial ter conhecimento de seu significado para descobrir sua mensagem aplicada em nossos dias. Sempre compreendendo seu sentido para aquela época antes de nos aperceber de seu significado para hoje. Sem a Hermenêutica perderíamos de seus benefícios. Começamos pela Observação: Realizamos então algumas indagações ao observamos o texto Que diz? Que quer dizer? Como se aplica a mim? …no entanto, quando o estudo bíblico é reduzido neste aspecto, pode-se incorrer em erros graves e em resultados distorcidos. Certas pessoas "adulteram a Palavra de Deus" intencionalmente (2 Co 4.2). Outras há que até mesmo "deturpam"as Escrituras "para a própria destruição deles"(2 Pe 3.16). Outros, por sua vez, interpretam a Bíblia erroneamente sem o saber.Por quê? (ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica, Editora Vida Nova,pag.11) O que vemos em nossos dias quanto as interpretações que se divergem entre os crentes atuais a falta de seguirem uma mesma regra ao diretriz para as suas interpretações. Compreender a bíblia sem a hermenêutica correta leva a desastres e difamações. Leva a um ensino errôneo da palavra de Deus “Existe apenas um significado mas várias interpretações” (Vídeo professor …) A interpretação bíblica e uma etapa essencial que sucede a observação alguns leem a bíblia a saltam da observação e vão direto a aplicação. Interprestar e a sequência logica da observação. Fazemos um sondagem, uma reflexão ao observar a bíblia, ...” Observar significa descobrir, interpretar significa digerir”. No texto bíblico (2 Tm 2.15) ,devemos então manejá-lo corretamente A oração adjetiva "que maneja bem"é a tradução da palavra grega orthotomounta, que é a combinação de "reto" {prtho) com "cortar" (toméõ). Um autor fornece a seguinte explicação: Como Paulo fabricava tendas, é possível que estivesse empregandoum termo relacionado a seu ofício.Quando fazia as tendas,usava determinados moldes. Naquela época, as tendas eram feitas de retalhos de peles de animais costurados uns aos outros.Cada pedaço teria de ser cortado de tal forma que se encaixasse bem com os outros.Pauloestava simplesmente dizendo: "Se os pedaços não forem bem cortados, o todo ficará desconjuntado". O mesmo ocorre com as Escrituras. Se as diferentes partes não forem interpretadas corretamente, a mensagem como um todo resultará
  • 4. errónea.Tanto no estudo da Bíblia quanto na interpretação,o cristão deve ser preciso. Deve ser minucioso [..John F. MACARTHUR, The charismatics, Grand Rapids,Zondervan, 1970,p. 57..] Nesta citação fica claro o papel de um estudo bíblico eficaz com determinação e foco. A INTERPRETAÇÃO JUDAICA 1.1 Esdras e os escribas Quando os judeus retornaram do cativeiro babilônico, tudo indicava que eles falavam aramaico, não mais o hebraico. Portanto, quando Esdras leu a lei, os levitas tiveram de traduzir do hebraico para o aramaico. Talvez este seja o sentido correto do termo “entender” (Ne. 8:1-12). Temos dois termos nesta passagem: “explicando o sentido” e “entendesse”. Então provavelmente pode ter havido a tradução do hebraico para aramaico e também a explicação da lei propriamente dita. Desde Esdras até Cristo, os escribas não só ensinavam a lei nas sinagogas, mas também as copiavam. Tinham grande zelo por ela, porém logo cairam no exagero. O Rabino Akiva, foi o líder de uma influente escola para rabinos na Palestina, e ele chegou a afirmar que cada ponto, cada til, cada letra, cada figura de linguagem adotadas na lei possuíam significado oculto, para ele cada versículo da Bíblia possuía muitas explicações. 2 A alegorização judaica Alegorizar é procurar algum significado oculto no texto. É como se o sentido literal fosse apenas a superfície de um terreno, que devemos escavar até encontrarmos outros significados, que muitas vezes estão dissociados do verdadeiro sentido. Desde a conquista da Palestina por Alexandre Magno, os judeus sofreram a interferência grega em sua cultura. Umas dessas interferências foi na área literária, onde a interpretação judaica teve influência da alegorização grega. Os gregos, ao mesmo tempo que ficavam maravilhados diante de obras como a de Homero, também ficavam constrangidos com o comportamento dos deuses descrito nas obras gregas. Então para contornar este problema acabaram criando a alegorização destes textos, ou seja, buscavam outros significados para as coisas descritas ali. Desta forma os escritores gregos não seriam ridicularizados em outros lugares onde a cultura grega avançava.
  • 5. Os judeus que viviam em Alexandria tiveram este mesmo problema. Ficavam constrangidos diante das imoralidades do Antigo Testamento. Então, alegorizando os textos do Antigo Testamento, eles justificavam os seus escritos e também conviviam pacificamente com a cultura e filosofia gregas. A Septuaginta deliberadamente remove algumas coisas que trariam constrangimento aos judeus, assim como alguns antropomorfismos de Deus. Veja como ficaram alguns textos: ■ Êxodo 15:3 Substitui “O Senhor é homem de guerra” por “O Senhor esmaga as guerras”. Na Bíblia católica atual (Bíblia Ave Maria) está como: “O Senhor é o herói das guerras”. ■ Números 12:8 Substitui “A forma do Senhor” por “a glória do Senhor”. ■ Êxodo 32:14 Substitui “Então se arrependeu o Senhor do mal..” por “Então o Senhor se compadeceu”. Filo, o mais importante alegorista judeu-alexandrino, disse que a alegorização é necessária para eviar expressões aparentemente contraditórias ou impróprias de Deus. Desde quando Deus precisa que indiquemos a Ele o que deve ser escrito ou comunicado a nós? Filo ensinava que Sara e Hagar representavam a virtude e a cultura, e Jacó e Esaú, a prudência e a insensatez. O episódio em que Jacó se deita sobre uma pedra simboliza a autodisciplina da alma e o candelabro de sete hásteas que havia no tabernáculo e no templo representa sete planetas. Em outro exemplo, ele sugere que a expressão “se escondeu de Deus”, se referindo a Adão desonra a Deus, que vê todas as coisas. Portanto se trata de uma alegoria. 3 Os pais da igreja primitiva Pouco se sabe sobre a hermenêutica dos pais da Igreja. Porém em muitos de seus escritos continham numerosas citações do Antigo Testamento, e que este previa a vinda de Cristo. Clemente de Roma viveu entre 30 e 95 d.C. Citava o Novo Testamento com freqüência. Inácio de Antioquia (35-107) escreveu sete cartas a Roma e também citava várias vezes o Antigo Testamento e evidenciava a figura de Jesus . Policarpo de Esmirna (70-155) fez diversas citações do Antigo e Novo Testamento em sua carta aos Filipenses.
  • 6. A epístola de Barnabé faz 119 menções ao Antigo Testamento. Utiliza alegorias constantemente. Um exemplo clássico é a menção aos 318 servos de Abraão (Gn. 14:14). Existem 3 letras gregas que representam o número 318 e que cada uma tem um significado. Altera grega T equivale a 300 e representa a cruz; as letras I e H equivalem a 10 e 8 respectivamente e são respectivamente as duas primeiras letras de IH(sous) (Jesus em grego). Portanto, os 318 servos representam Jesus na cruz. Justino Mártir (100 – 164) fazia muitas citações das escrituras em suas obras, quase sempre para mostrar que o Antigo Testamento prenunciava Cristo. Ele afirmava que Lia representa os judeus, Raquel simboliza a Igreja e que Jacó simboliza a Cristo que serve a ambos. Ireneu (130-202) foi contra os gnósticos e outros hereges de sua época, e ressaltou que a Bíblia deve ser entendida pelo seu sentido óbvio e verdadeiro. Afirmou também que algumas vezes pode-se fazer uso de tipos, pois a Bíblia está repleta deles. Porém algumas vezes sua tipologia chegava a ser uma alegoria. Ele afirmou, por exemplo, que os três espias (e não dois) que Raabe escondeu representavam Deus-Pai, Deus- Filho e Deus-Espírito Santo. 4 Os pais alexandrinos e antioquinos 4.1 Os pais alexandrinos São representados principalmente por Clemente (não confundir com Clemente de Roma) e Orígenes. Este primeiro afirmou que qualquer passagem da Bíblia pode ter até 5 sentidos distintos: ■ histórico (histórias bíblicas) ■ doutrinário (ensinos teológicos e morais) ■ profético (inclui tipos e profecias) ■ filosófico (alegorias com personagens históricas) ■ místico (verdades morais e espirituais) Algumas de suas alegorizações incluem ser Sara a verdadeira sabedoria, enquanto Hagar representava a filosofia pagã. Orígenes, foi discípulo de Clemente, e herdou deste o método alegórico de interpretação das escrituras. Foi o mais ativo escritor cristão da antiguidade, grande apologeta e excelentes trabalhos. Foi um dos que defenderam que o Espírito Santo era uma pessoa, não simplesmente uma força ativa do Universo ou de Deus. Porém defendeu a tese da virgindade perpétua de Maria, o primado de Pedro (Pedro foi o primeiro Papa) e o batismo de crianças, doutrinas que não encontram apoio bíblico. Defendeu a alegoria pois acreditava que a Bíblia estava repleta de enigmas, parábolas, afirmações de sentido obscuro e problemas morais.
  • 7. Orígenes desconsiderou quase que totalmente o sentido literal e normal das escrituras. 4.2 Os pais antioquinos Os líderes da igreja em Antioquia perceberam que o sentido literal das escrituras estava se perdendo com o método de interpretação de Alexandria. Por isso eles incentivaram o estudo das línguas originais e redigiram vários comentários sobre os livros da Bíblia. O elo entre o Antigo Testamento e o Novo eram as profecias e a tipologia, ao invés da alegoria. A interpretação para eles, também podia incluir a linguagem figurada. Dois dos maiores intérpretes desta escola foram Teodoro (350-428) e João Crisóstomo (354- 407). 5 Os pais da igreja dos séculos V e VI Os dois principais expoentes da Hermenêutica deste período foram Agostinho e Jerônimo. Jerônimo começou, influenciado pela escola de Alexandria, suas obras no sentido alegórico. Porém, algum tempo mais tarde passou a usar um estilo mais literal de interpretação. Porém, ainda acreditava em um sentido mais profundo de intrepretação, ou quando não edificava em nada, alegorizava, por isso aplicou este estilo na história de Judá e Tamar. Agostinho adotara o sistema alegórico de interpretação das Escrituras. Dizia ele que o grande teste para saber se uma passagem tem sentido alegórico é o do amor. Se uma interpretação apresenta algum sentido contraditório, o texto deve ser alegorizado. Ele ressaltou que a função do expositor é descobrir o sentido das Escrituras, não lhe atribuir sentido. Porém acabou caindo no próprio erro que contestava, pois ele afirmou que o texto bíblico possui mais de um sentido, justificando desta forma a interpretação alegórica. 6 A idade média Normalmente associamos a idade média a Gregório (540-604), que foi o primeiro papa da Igreja Católica Romana. Gregório fundamentava todo sua interpretação em cima dos trabalhos dos pais da igreja, por isso não devemos estranhar sua alegorização das escrituras. Vejamos um exemplo. No livro de Jó, os três amigos são os hereges, os sete filhos de Jó são os doze apóstolos, as sete mil ovelhas são os pensamentos inocentes, os três mil camelos são as concepções vãs da vida, as quinhentas juntas de bois são virtudes e os quinhentos jumentos , tendências lascivas. O mais famoso teólogo da Igreja Católica, na idade média, foi Tomás de Aquino (1225- 1274). Acreditava que o sentido literal das Escrituras era fundamental, porém, como ele mesmo dizia, a Bíblia tem autoria humana e divina. Deste modo, o sentido literal era o que o autor quis mostrar, mas deveríamos achar outros significados que Deus colocara ali. Nicolau de Lira (1270-1349) foi uma personagem essencial para o que ficou conhecido como A Reforma Protestante. Nicolau de Lira trouxe novamente à tona a interpretação
  • 8. literal da Bíblia. Isso foi primordial para que outros expoentes importantes também retornassem a este estilo de interpretação, inclusive alguns séculos depois, um monge por nome Lutero teria forte influência de Nicolau. João Wycliffe (1320-1384) foi um extraordinário reformador e teólogo. Ensinava que a Bíblia era a única fonte legítima de doutrina e vida cristã. Isto ia contra os ensinamentos da Igreja Católica, que também privilegiava a sua tradição, muitas vezes em detrimento da Palavra. Enfatizando a interpretação gramatical e histórica, escreveu que “tudo o que é necessário na Bíblia está contido em seus devidos sentidos literal e histórico.”. Foi o primeiro tradutor da Bíblia para o inglês. Também foi considerado um dos responsáveis pelo movimento da Reforma, que começara já em sua própria época indo contra o sistema papal. 7 A Reforma Durante a reforma a Bíblia passou a ser a única fonte legítima de fé e prática. Os reformadores se basearam no método literal de Antioquia. O interesse pelas línguas originais também foi reavivado com o movimento da Renascença na Europa. Martinho Lutero (1483-1546) foi um grande defensor do método literal, em contraposição ao método alegórico que predominou na Idade Média. Disse Lutero: ” As escrituras devem ser mantidas em seu significado mais simples possível e entendidas em seu sentido gramatical e literal, a menos que o contexto claramente o impeça”. Na opinião de Lutero, qualquer cristão devoto pode compreender a Bíblia; este ensino ia de encontro à doutrina da Igreja Católica de que apenas a Igreja estava apta a interpretar as Escrituras. Desta forma, a dependência das pessoas à Igreja Católica ficou ameaçada. O estilo alegórico estava arraigado à Igreja havia séculos. Vamos lembrar que o estilo alegórico fora criado para disfarças os antropomorfismos de Deus e as supostas imoralidades contidas na Bíblia, porém, este estilo continha inúmeros problemas: ■ A alegorização não obedece a nenhuma regra específica de interpretação ■ A imaginação do intérprete passa a ser o limite ■ Encobre o verdadeiro sentido dos textos ■ Tira toda a autoridade da Bíblia ■ Cada um fica com sua interpretação particular Mas o apóstolo Paulo não usou de alegorias? Veja o texto em Gálatas 4:24-26. Bom, neste caso, o apóstolo deixou claro que estava fazendo uma alegoria, ele literalmente escreveu: “Estas coisas são alegóricas…”. Neste caso o termo allēgorēo significa “dar um sentido diferente do que é expresso pelas palavras”. Ou seja, isto passa a ser um complemento, não uma substituição do texto em seu sentido literal.
  • 9. Ele usou a alegoria como forma de ilustração para destacar certos fatos relativos a Hagar estão associados a não- cristãos, e certos fatos relativos a Sara estão associados aos cristãos. Vamos analisar então o método alegórico que foi utilizado durante séculos, e o método alegórico que Paulo usou. O método alegórico A alegorização de Paulo 1. O sentido histórico é irrelevante (se é que seja verdadeiro). 1. O sentido histórico é relevante e verdadeiro. 2. O significado mais “profundo” é o verdadeiro. 2. Fazem-se paralelos para se chegar a uma conclusão. 3. O significado mais “profundo” é a “exposição” do que está registrado. 3. Paulo não disse que a alegoria era a “exposição” de Gênesis 16. 4. Tudo no Antigo Testamento pode ser alegorizado. 4. Quando Paulo utilizou o estilo alegórico, ele informou que estava alegorizando. João Calvino (1509-1564), assim como Lutero, rejeitava a interpretação alegórica das Escrituras. Ressaltava o método histórico e gramatical, a natureza cristológica, o ministério esclarecedor do Espírito Santo e o coreto tratamento das tipologias no Antigo Testamento. Willian Tyndale (1494-1536), famoso por sua tradução do Novo Testamento para o inglês em 1525, também defendia o sentido literal da Bíblia. Em resposta à Reforma protestante, a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento (entre 1545 e 1563). Algumas resoluções do Concílio de Trento estão relacionadas abaixo: ■ A Revelação divina se transmite pela Sagrada Escritura, mas está a Sagrada Escritura abaixo da Tradição da Igreja, e a palavra do Papa é tida como infalivel acima das Escrituras Sagradas e que estas devem ser interpretadas pelo Magistério da Igreja e pela Tradição. ■ O Concílio, ainda, enfrentou o tema chave da questão da “justificação” e, contra as teologias luterana e calvinistas, ensinou e declarou que a Salvação vem pelas Obras e o perdão pelas penitências. 8 O pós-Reforma 8.1 A expansão do calvinismo Os séculos XVII e XVIII transcorreram como uma extensão do que havia ocorrido na época da Reforma, onde a Bíblia era fonte máxima de autoridade para fé e prática. Podemos citar como fato importante a Confissão de Westminster, que foi aprovada pelo Parlamento Inglês em 1647. Leia um trecho abaixo:
  • 10. “A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente”. A Confissão de Westminster é usada até hoje nas Igrejas Presbiterianas. 8.2 As reações ao calvinismo O arminianismo foi uma das correntes contrárias ao calvinismo. O teólogo holandês Jacobus Arminius (1560-1609) pregava que o homem possui livre-arbítrio em detrimento da soberania de Deus e sua chamada irresistível. O misticismo surgiu no pós-reforma, e tinha a concepção de que o homem pode adquirir conhecimento de Deus em uma experiência subjetiva, à parte da Bíblia. O pietismo surgiu como um combate à doutrina ortodoxa do tempo da Reforma. Philipp Jakob Spener (1635-1705) repelia o formalismo morto e a teologia de palavras apenas. O tema central era a experiência do crente com Deus, sua condição de pecador e o caminho para sua salvação. Defendia a experiência da fé, pela demonstração e comprovação desta numa piedade prática, através da rejeição do espírito mundano e pela participação ativa dos leigos nas reuniões. Os pietistas, por um lado, desenvolveram uma moralidade por vezes áspera, especialmente no que tange à alimentação, vestimenta e lazer. 8.3 Os estudos textuais e lingüísticos No período dos séculos XVII ao XVIII começaram grandes iniciativas para descobrir o texto original da Bíblia. Entre 1650 e 1751 surgiram vários comentários da Bíblia, versículo por versículo, edições em grego e comentários críticos. 8.4 O racionalismo O racionalismo sustentava que tudo deveria ser estudado à luz do intelecto humano. Houve algum interesse pela Bíblia, mas apenas no campo dos ensinamentos morais para a Europa. O restante da Bíblia, com seus milagres e doutrinas podia ser descartado. 9 A era moderna 9.1 O século XIX Três correntes distintas de pensamento podem ser vistas neste período: o subjetivismo, a crítica histórica e os trabalhos exegéticos (estudos avançados). No subjetivismo havia a idéia que o conhecimento vinha das experiências individuais. Rejeitavam a autoridade da Bíblia e destacavam o papel dos sentimentos. Foi uma reação ao racionalismo e ao formalismo. O cristianismo deveria ser encarado como uma religião de emoções. A fé era apenas uma experiência subjetiva vivida em momentos de desespero.
  • 11. A crítica histórica contestava a natureza sobrenatural da Bíblia e sua inspiração. Explicavam os milagres por meio da razão e ciência. Analisavam a Bíblia como um biólogo examinava o cadáver de um animal, o interesse era puramente histórico e intelectual. Em contraste com essas duas correntes houveram muitos líderes conservadores e eruditos que começaram a escrever comentários exegéticos sobre a Bíblia, neste período surgiram algumas das “Teologias Sistemáticas” em uso até os dias de hoje. 9.2 O século XX O liberalismo atravessou o século XIX e chegou ao século XX. Nele, a Bíblia é vista como um livro humano, sem inspiração divina. Prega que todos os eventos sobrenaturais podem ser explicados de forma racional. As doutrinas de pecado, depravação total e inferno são rejeitadas pelos liberalistas. Os neo-ortodoxos negam a inerrância e infalibilidade da Bíblia. A criação do homem, ressurreição de Jesus, o dilúvio são interpretados como sendo mitos. Todos estes fatos aconteceram num nível mitológico, e não na história de fato. Estes “mitos” representavam uma realidade para as pessoas da época, porém não para as pessoas de nossos dias, tais fatos são inaceitáveis hoje. A nova hermenêutica diz que não devemos tentar achar o sentido dos textos bíblicos, mas sim deixá-los falar conosco, permitir que modifiquem o entendimento que temos de nós mesmos. O verdadeiro sentido da Bíblia nunca poderá ser desvendado, pois foi escrito a muitos séculos, e nós não temos condições de entender totalmente aquele mundo. Temos ainda outras linhas de pensamento hoje em dia. A teologia da libertação, muito forte na América Latina, interpreta a Bíblia pela ótica dos excluídos e oprimidos política e economicamente. Teologia feminista, que interpreta a Bíblia a partir do ponto de vista das vítimas de discriminação sexual. Esta retrospectiva nos mostra que devemos continuar a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Judas 1:3), e interpretar a Bíblia histórica, literal e gramaticalmente, dependo da iluminação que o Espírito Santo concede aos crentes. Fazendo da Bíblia a Palavra viva e eficaz de Deus para nossas vidas, única regra de fé e prática. Leia mais em: A História da interpretação bíblica
  • 12. http://milhoranza.com/2009/09/08/historia-da-interpretacao/#ixzz2b7hAfvFW Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Follow us: @milhoranza on Twitter | milhoranza on Facebook