1) O documento apresenta informações sobre o profeta Isaías, incluindo sua vocação, vida e obra profética;
2) É destacado que Isaías predisse eventos futuros com precisão e exortou o povo a confiar em Deus;
3) São resumidas brevemente algumas das principais mensagens de Isaías sobre a vinda do Messias e a vida no Reino de Deus.
4. 4
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
• Livros: cujos assuntos sejam relacionados ao tema de cada lição.
• Lápis e bloco para anotações.
e) Leia e estude cada matéria durante a semana, reserve pelo
menos 1 hora por dia para fazer isso.
f) Faça anotações, especialmente àquelas que lhe causarem
dúvidas.
g) Responda aos questionários assim que terminar de es-
tudar cada lição. Eles irão fortalecer o assunto em sua mente.
h) Reserve períodos da semana para você elaborar trabalhos
voltados à matéria estudada em cada mês.
i) Formule perguntas ao professor, assim tanto você como ele fi-
carão cada vez mais abalizados no aprendizado.
Em suma, todos esses itens elaborados cuidadosamente
pelo departamento de pedagogia do IB, são de um valor ines-
timável para você, desde que procure segui-los conforme se seg-
uem.
6. 6
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
Isaías – O profeta Messiânico
Sua chamada e vocação (Isaías 1 a 6)
Pouco se sabe sobre a vida desse profeta, cujo nome sig-
nifica “salvação de Javé”, contudo, sabe-se que ele foi nascido de
uma nobre família, muito influente por freqüentar a corte e por
diversas vezes ter oportunidade de se envolver na diplomacia do
seu tempo (Is 7:3,4). Foi casado com uma profetiza (Is 8:3) e teve
pelo menos dois filhos. A tradição diz ter sido primo do rei Uzias.
O profeta messiânico, como assim é conhecido, desen-
volveu seu ministério basicamente entre os anos 740 a 700 a.C.
Viveu a maior parte de sua vida em Judá, Reino do Sul, tendo sido
contemporâneo da destruição de Israel, Reino do Norte, feita pe-
los assírios em 721 a.C. Essa é também a época da fundação de
Roma, Esparta e Atenas. Vale observar que Isaías foi contemporâ-
neo dos profetas Jeremias, Oséias, Amós e Miquéias.
Sua obra é considerada uma Mini-Bíblia, ou uma com-
pilação de divinas revelações, profecias e relatos que procuram
exortar o povo a colocar sua confiança em Deus para a as profe-
cias em geral que ocupam grande parte da Bíblia e eventualmente,
predizem o futuro. Aliás, prever o futuro não era exatamente a
missão principal do profeta, e sim revelar a palavra de Deus a
seus filhos o que, eventualmente, poderia conter elementos ref-
erentes ao futuro. Os profetas muitas vezes, eram vistos de forma
impopular porque tinham que exortar e repreender o povo o que
obviamente desagradava a muitos, especialmente quando estavam
se afastando de Deus. O próprio Isaías, possivelmente, terminou
seus dias sendo perseguido e talvez até morto por conta das ver-
dades que pregava.
Seu manuscrito pode ser separado em duas grandes
seções. O pano de fundo da primeira parte é Judá nos dias da As-
8. 8
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
Ressalto quatro coisas importantes que esse texto de hoje nos trás,
e gostaria de nesta oportunidade destacá-los, pontos que trazem
desdobramentos práticos para a nossa realidade atual:
1. Jeová se revelou ao profeta (6:1,4): a descrição de que
Deus é sagrado uma constante no livro de Isaías. O que o profeta
procura mostrar é que não há nenhum outro Deus como Javé em
todo o universo. Ele é uma Pessoa que se relaciona com pessoas e
se preocupa com elas. Essa revelação apresenta-se de forma pro-
gressiva no Antigo Testamento. Inicia-se com Deus se revelando
mais diretamente e quase que exclusivamente aos seus profetas
e vai alcançar seu clímax quando Javé toma a forma de carne,
através do Messias, o Ungido Sofredor e Salvador, que veio para
se relacionar pessoalmente com cada um de nós, para carregar as
nossas iniqüidades e sarar as nossas dores.
2. Sua revelação trouxe arrependimento ao profeta (6:5):
só conseguimos nos aproximar de Deus à medida que nós nos
inspiramos com a visão da glória Dele. Precisamos perceber Deus
corretamente. Se isso ocorrer, Ele nos estará inspirando e nos
mostrando “quão impuros são os nossos lábios” e quão necessário
é mudarmos a nossa própria vontade e talvez o rumo de nossa
vida. Ele nos estará dando direção e não medo.
3. Sua revelação mudou a vida do profeta (6:6,7): “con-
hecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. O conhecimento da
verdade é a revelação transformadora, na vida da pessoa. Quan-
do se recebe a revelação de Deus em sua majestade, soberania e
glória, a tendência é a pessoa se convencer de sua condição pec-
aminosa. Quando isso ocorre, ela encontra purificação. E após
isso, quando ela se propõe a colocar a sua própria vontade nas
mãos de Deus, respondendo à Sua chamada para o serviço, Deus
passa a realizar Sua obra através daquela pessoa. Deus realiza coi-
sas não só através de grandes profetas como Isaías, mas através de
pessoas simples como nós.
4. Sua revelação convenceu o profeta de sua chamada
10. 10
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
é Maravilhoso, é Conselheiro, é Deus Forte, é Pai da Eternidade e
Príncipe da Paz.
Os versos 2 a 5 nos fazem observar dois pontos interessantes:
A luz raiou sobre um povo que andava em trevas: “O povo
que andava em trevas viu uma grande luz”. A linguagem poética
do verso 2 fala daqueles que andavam em trevas a qual nos traz a
idéia de adversidade, de desespero e de tristeza. Fala em seguida
daqueles que viram uma grande luz que simboliza a paz, a alegria
e a salvação. O povo de Israel que estava sofrendo com o domínio
Assírio poderia enxergar à frente um maravilhoso novo começo.
Alegria e paz com o fim das guerras: nos versos 4 e 5 o
profeta prevê um tempo em que o Senhor quebraria a opressão do
inimigo e faria cessar a guerra. Quando olhamos, porém a história
política de Israel e dos demais povos nos anos subseqüentes, bem
como a realidade de nosso século e da nossa vida cotidiana, vem-
nos a pergunta se efetivamente essa profecia de Isaías foi cum-
prida.
A profecia de Isaías vai apresentar não apenas um Messias
que traz a paz política, mas, sobretudo que Alguém que promove
a paz dentro do coração do ser humano que, em conseqüência,
contribui para a paz política. O profeta fala que o governo estaria
sobre os ombros do Messias. A paz completa um dia seria trazida
a terra. Isaías previu com razoável precisão que o Messias seria
Jesus de Nazareth, como será visto em estudo futuro desta série.
É interessante notar, porém que Isaías não chegou a ver que esse
tempo se completaria com duas vindas do Messias. Somente após
a chegada histórica do Messias, Jesus de Nazareth, ocor-
rida 700 anos depois, é que se compreendeu um pouco mais so-
bre o tempo de Deus e sobre a segunda vinda do seu Ungido. O
governo sobre “seus ombros” se completará na segunda vinda do
Messias, quando o mal será vencido definitivamente.
Se compreendermos que a natureza do Messias transcende
o papel político e ampliarmos nosso entendimento sobre Ele,
12. 12
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
tabelecimento do reinado do Messias. A época histórica desses ju-
lgamentos corresponde às invasões dos assírios e babilônicos, que
ocorreram durante os anos de vida de Isaías ou logo após, dentro
de uma janela de 100 anos. É importante notar porém, que apesar
do cumprimento dessas profecias terem ocorrido antes da vinda
do Messias histórico, Jesus de Nazareth, elas se aplicam também
a um tempo mais escatológico, à medida que espera-se haver uma
segunda vinda do Messias (não claramente prevista pelo profeta),
levando portanto, a aplicabilidade dessas profecias não só para os
tempos antigos mas também para aqueles ainda localizados em
nosso presente e em nosso futuro.
Louvor pela queda da Babilônia (Isaías 14)
O nosso texto começa com palavras de conforto e esper-
ança para o justo, que deve buscar forças para suportar o sofri-
mento e a opressão daqueles que dominam. O verso três apresenta
promessa de livramento contra o cansaço das lutas, contra as an-
gustias e contra a servidão.
O cansaço, resultante do trabalho de resistência, da pre-
paração do campo e do enfrentamento dos desafios dos inimi-
gos conquistadores seria recompensada com o descanso. O termo
usado é comum em várias profecias e tem a ver com o “shabat”
de Gênesis 3, quando o descanso é encontrado pelo Senhor
após seu trabalho de seis dias de criação. Aqueles que confiam
no Senhor poderão encontrar descanso de suas lutas no Messias
libertador.
As angústias e a servidão descritas neste verso têm a ver
com a agitação, a incerteza e a perda da liberdade advindas da
chegada dos invasores. Essas
seriam agonias que Israel terá que experimentar e somente
a intervenção do Senhor poderia resolvê-las. O profeta antecipa
o tempo em que não mais haveria motivo para tais angústias e
aprisionamentos e o povo poderia cantar um hino, ou um motejo
14. 14
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
mas continuamos a ter Assírias e Babilônias que continuam a nos
oprimir seja com a violência urbana, a miséria, as desavenças, os
falsos testemunhos, os enganos, os desentendimentos familiares,
o desemprego, a falta de oportunidades. Trazendo as palavras do
profeta para os nossos dias, somente a mão forte do Messias liber-
tador poderá nos curar da fadiga, das angústias e da opressão dos
dominadores que feriam os povos com furor. O verso 7 afirma
que o julgamento dos opressores trará grande alegria para o povo
e o verso 8 fala da segurança restaurada a ponto de até as árvores
se alegrarem. Um ponto curioso é que os versos 9 a 11 falam de
uma comoção no inferno pelo fato do opressor babilônico ter sido
atirado em suas profundezas.
O Senhor quebra a opressão do domínio do mal. Todo
aquele que o aceita como Salvador e Libertador poderá ter restau-
rada sua segurança e alegria, mesmo em meio às adversidades que
fazem parte da realidade humana.
Que possamos ter o Senhor, Rei dos exércitos conosco e
que possamos cantar como os antigos quando libertos da opressão
babilônica: “...como cessou o opressor ! Como acabou a tirania !
Quebrou o Senhor a vara dos perversos e o cetro dos domina-
dores” ... Já agora descansa e está sossegada toda a terra! Todos
exultam de júbilo”.
A rebelião humana (Isaías 19 a 24)
Como aludido no estudo anterior, os capítulos 13 a 23 de
Isaías apresentam um conjunto de profecias e julgamentos con-
tra as nações. Algumas delas são claramente nomeadas, tais como
Assíria, Babilônia, Egito, Tyro, Moabe, Edom, Amom e Arábia.
Como será visto ao longo desse estudo, o escopo dessas profecias,
entretanto, não se limita a essas nações ou povos mas alcançam
16. 16
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
fato é que, de acordo com essa passagem, o Egito passaria a ser
uma nação temente à Deus que, juntamente com a Assíria, forma-
ria uma grande aliança com Israel no final dos tempos. Trata-se
de um caso histórico do futuro ou um caso simbólico ? Será que
a profecia não estaria apontando que povos, antes completamente
inimigos, poderiam vir a se unir tendo como elemento comum
a dependência e o reconhecimento do Deus Javé como Senhor e
Salvador ?
As etapas da transformação (Isaías 19:16 a 25):
Reconhecimento (v16):O Egito parece ser a primeira
nação que, reconhece que a volta do Messias irá restaurar o seu
povo Israel.
Unificação cultural (v18): naquele dia haverá cinco ci-
dades do Egito que falarão a língua de Israel.
Identidade religiosa (v19): naquele dia será construído um
altar no meio da terra do Egito. Os egípcios passarão a adorar o
Deus de Israel.
Salvação e livramento: A salvação não é exclusiva de Israel.
Deus também enviará ao Egito um salvador e defensor que há de
livrar aquele povo.
Integração geográfica (23): naquele dia, haverá uma estra-
da ligando o Egito e a Assíria através de Israel, com livre trânsito
na região.
Identidade religiosa ampliada (v24 e 25): naquele dia os
assírios também poderão cultuar a Deus juntamente com Israel
e o Egito. Os povos e aqueles que forem tementes à Deus serão
abençoados, independentemente de suas raças e de seus feitos ru-
ins do passado.
18. 18
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
como sinais mostrando alguns dos perigos que se seguem e as
oportunidades e formas de se evitá-los. Neste estudo, estaremos
abordando três desses seis “Ais”.
Além do desafio já mencionado em estudo anterior, ref-
erente ao tempo correto da aplicação da profecia, se passado ou
futuro, há um outro, que é a aplicabilidade do texto. Nesse caso,
busca-se entender se a profecia se aplica de forma literal a um
contexto histórico e geográfico ou a um contexto mais amplo de
experiência de vida, onde todos estamos inseridos. O que é literal
e físico para Israel, para nós, é uma figura que se aplica aos aspec-
tos espirituais do nosso dia-a-dia. Esse será o foco desse nosso
estudo.
O primeiro “Ai” – prioridades erradas (28:1-3): Este
primeiro “Ai” se refere à cidade de Samaria, a principal cidade da
tribo de Efraim e capital do Reino do Norte, Israel. Ela era bela e
cercada por um rico e fértil vale.
Era a glória, o orgulho e a alegria do povo daquele Reino.
Representa a condição moral daqueles que valorizavam os praz-
eres e a luxúria em primeiro lugar. A profecia é um aviso contra
priorizar as coisas materiais e os prazeres da vida, em detrimento
dos valores espirituais. A figura usada pelo profeta, para descrever
esse tipo de vida, que acaba levando ao descontrole pessoal, é a
do bêbado. O bêbado é aquele que decide colocar a bebida como
a prioridade de sua vida, a ponto de perder o controle das de-
mais coisas. Adotar prioridades erradas, desprezando as coisas de
Deus, era uma constante naqueles dias de Isaías e continua a ser
hoje também.
Em Mateus 6:31-34 vamos encontrar Jesus exatamente
abordando esse mesmo tema de prioridades, quando ensina a
importância de buscar primeiramente o Reino de Deus e a sua
justiça para que as demais coisas nos possam ser acrescentadas.
O segundo “Ai” – religião mecânica e formal (29:1): Era
esperado que Jerusalém, aqui representando o povo escolhido,
falasse ao mundo como conseqüência do seu relacionamento com
20. 20
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
de nós possamos ter sempre presente em nossas vidas o Deus de
paz, que está sempre pronto a nos perdoar, resgatar, salvar e aben-
çoar desde que O procuremos de verdade.
Que possamos deixar de lado as prioridades erradas, a re-
ligião mecânica e formal e o pensamento de que podemos errar à
vontade porque Deus pouco ou nada se importa.
A Visão do local do Reino do Messias (Isaías 31 a 36)
Como vimos um pouco antes em nossa lição, o profeta
Isaías introduz uma série de seis “Ais” contra as nações começan-
do no capítulo 28 e indo até o 35. Eles funcionam como sinais
mostrando alguns dos perigos que se seguem e as oportunidades
e formas de se evitá-los. No Estudo 5, abordamos três dos seis
“Ais” ou três avisos contra as prioridades erradas, contra a religião
mecânica e formal e contra o pensamento de que podemos errar
à vontade porque Deus pouco ou nada se importa. No presente
estudo, abordaremos os três “Ais” restantes que nos são trazidos
por Isaías.
O quarto “Ai” – a auto suficiência (30:1-2): Este é um aviso
ao perigo da auto confiança daqueles que desprezam as coisas de
Deus de forma rebelde e arrogante. Esta tipicamente é a condição
daqueles que não desejam ouvir a voz de Deus. São como “fil-
hos mentirosos, que não querem ouvir a Lei do Senhor” (v9). É
a condição também de muitos crentes que estão no ambiente da
igreja mas relutam em deixar que o Espírito Santo guie suas vidas.
Acham-se muito bons e superiores aos seus irmãos em Cristo. São
rebeldes em relação à voz do Pastor e às vezes nem sequer dão o
dízimo porque acham que a Igreja é incompetente no uso dos re-
cursos do Senhor e por isso resolvem eles mesmos o que fazer
com o seu dinheiro. O verso 15 mostra o que é necessário: con-
verter a sua autoconfiança em confiança no Eterno Deus. Em se
22. 22
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
Como um rio que protege uma cidade da invasão, Deus poderá
nos proteger de cairmos no pecado de querermos destruir o nosso
próximo. O verso 24 finaliza que o povo que habita Jerusalém, ou
seja, aquele que buscar habitar na presença do Senhor, terá as suas
iniqüidades perdoadas.
Vimos como Isaías nos mostra seis avisos contra pecados
e atitudes erradas. O contexto histórico original considera o am-
biente de ameaça de invasão e conquista de Judá pelos Assírios.
A amplitude da profecia porém se estende no tempo alcançando
também o nosso contexto de hoje e o nosso futuro, à medida que
o profeta sinaliza claramente para o tempo em que o Messias esta-
belecerá o Seu Reino e irá restaurar a terra. O profeta nos fala con-
tra prioridades erradas, contra a religião mecânica e formal e con-
tra o pensamento de que podemos errar à vontade porque Deus
pouco ou nada se importa. Ele nos alerta ainda contra a nossa auto
suficiência, contra a seguirmos conselho do mundo e contra o fim
daqueles que têm no desamor uma prática chegando mesmo até a
buscar a destruição do próximo. No capítulo 35 o profeta aponta
claramente sobre o tempo quando o Eterno abrirá os olhos dos
cegos e desimpedirá os ouvidos dos surdos (v5); quando os coxos
saltarão como cervos e quando a língua dos mudos cantará; pois
naquele tempo, “águas arrebentarão no deserto e ribeiros surgirão
no descampado”. Esse é o tempo em que o Messias retornará para
estabelecer o Seu Reino. Será um tempo em que “a areia esbrase-
ada se transformará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de
águas; onde outrora viviam os chacais, crescerá a erva com canas
e juncos” (Isaías 35:7). Possamos cada um de nós ter a terra sed-
enta de nossas vidas de imperfeições e pecados transformados em
mananciais de perdão e vitórias.
Infortuno Humano e Graça Divina (Isaías 37 a 42)
24. 24
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
se devia grandemente a ele mesmo, que não estivera andando se-
gundo os caminhos do Senhor. A resposta de Deus vem através
de uma profecia de Isaías. Judá seria livrado e os assírios seriam
derrotados.
Senaqueribe havia não só desafiado Judá mas havia de-
safiado ao Senhor Jeová. O restante do capítulo 37 mostra como
uma praga aniquilou o exército assírio e como Senaqueribe foi
assassinado pelos próprios filhos. A Assíria nunca mais seria uma
potência política.
Como reflexão para nossas vidas, é importante lembrar-
mos-nos que Deus não deseja que vivamos com medo, ameaçados
e ansiosos. Não é pela nossa força que iremos derrotar o exército
assírio que muitas vezes nos cerca, mas pelo poder do Senhor dos
Exércitos.
Dentro dos Seus propósitos, poderemos ser livrados. Nos-
sa busca sincera do conselho de Deus e de sua presença em nossas
vidas será a chave para a nossa vitória.
Uma doença mortal: o capítulo 38 de Isaías apresenta um
novo teste ou desafio à fé de Ezequias. Os versos 1 a 3 informam
que ele fica doente ao ponto de quase morrer. Com cerca de 39
anos, o rei de Judá clama ao Senhor Jeová pela sua vida. Deus não
só lhe concede mais 15 anos como lhe assegura que defenderá Je-
rusalém dos assírios (38:4-6). Teria Deus livrado Ezequias apenas
para encorajá-lo e beneficiá-lo individualmente ? É interessante
observar que este livramento de Deus foi autenticado por um
sinal em que a sombra do sol retrocedeu. Este fenômeno foi us-
ado por Deus para chamar a atenção dos babilônicos. A chegada
desses embaixadores seria o começo da futura invasão babilônica.
Deus livrou Ezequias de dois problemas mas tanto o rei como
o povo não estavam mantendo sua fidelidade a Jeová. A provação
do cativeiro na Babilônia finalmente acabaria por ser usada por
Deus como forma de correção e ensino do seu povo.
26. 26
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
A Babilônia viria conquistar Jerusalém e levar cativos seus
habitantes em 606 aC. Além de profetizar esse fato histórico cerca
de 100 anos antes de sua ocorrência, o profeta Isaías mostra de
forma precisa, que a Babilônia, um dia, também seria conquis-
tada. O capítulo 45 inicia com uma declaração de Javé a Ciro, seu
“ungido”. Este comandaria as forças persas que derrubariam o im-
pério da Babilônia e libertaria o povo judeu cativo naquela terra.
O profeta aponta para a tragédia do cativeiro mas também aponta
para a esperança e a alegria da libertação do povo de Deus. Ciro
surge como um símbolo do Messias que haveria de vir e libertar
para sempre os oprimidos pelas forças do mal.
Em Isaías 45:4-5, a palavra nos diz que Ciro não conhe-
cia a Javé mas que Este o escolhera como um instrumento para
libertar Israel. É interessante notar como em várias circunstân-
cias, Deus realiza seu plano mesmo que seja através daqueles que
não O conhecem. Não se trata de pré determinar que alguém será
usado para um dado papel, violando assim o livre arbítrio mas
sim, que Deus é soberano quanto ao desenrolar da História. Caso
Ciro não respondesse à escolha de Javé para aquela missão, Deus
haveria de realizá-la de alguma outra forma. Deus usa o seu povo
como instrumento para realizar seus planos mas se este estiver em
rebeldia, distante, impedido ou mesmo não estiver responsivo ao
seu chamado, Ele terá suas alternativas. Seus planos serão reali-
zados. Vale à pena ressaltar porém, que, aqueles que são usados
por Deus, mas estão em sintonia consciente com Ele conhecendo
seus propósitos e seus planos, certamente experimentam grande
sentimento de realização e contentamento.
Deus salva e abençoa o seu povo
Ciro e os persas acreditavam que havia um deus da luz e
um deus das trevas. No verso 7 do capítulo 45, Javé afirma porém,
28. 28
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
forma independente.
Apesar de permitir a derrota e o exílio do seu povo,Javé
não o abandonaria. Ele, à seu tempo, salvaria seu povo. Apesar da
Assíria e depois a Babilônia deterem o poder de conquista, seus
deuses não foram responsáveis por isso. Javé, sim, foi Aquele
que concedeu esse poder a eles.
Javé livra seu povo do cativeiro
O profeta enfatiza no capítulo 46 que o Povo de Deus, po-
deria ser conquistado e se tornar cativo apesar do poder soberano
de Javé. Na realidade, era o poder de Javé que permitiria que o
seu próprio povo fosse levado para a Babilônia. Seria um período
de castigo, de provação e de aprendizado. Fazendo um paralelo
com os nossos dias, pode-se afirmar que os crentes também po-
dem ser objeto de um exílio ou cativeiro em uma das Babilônias
da nossa atualidade, seja a Babilônia da falta de saúde, falta de
emprego, de paz, de harmonia, de experiências duras oca-
sionadas por nossas próprias decisões erradas e de tantas outras
crises que nos cercam. O texto porém é rico no encorajamento
quanto ao livramento que Javé pode trazer a todos os que Nele
confiam. No verso 13 Isaías anuncia que a salvação não tardará.
No verso anterior porém, o profeta fala daqueles que têm coração
obstinado. Como se estivesse vendo o futuro, Isaías fala daqueles
que recebendo o livramento de Javé permaneceriam no seu cati-
veiro. A História nos diz que, mesmo com a libertação que Ciro
trouxe ao Povo de Deus cativo na Babilônia, muitos permanecer-
am naquela terra recusando-se a voltar para Jerusalém. Como nos
dias de hoje, muitos crentes passam por crises, recebem
bênçãos e livramento de Deus mas parece que não se apropriam
delas permanecendo em seus exílios, distanciados da Jerusalém
que podemos simbolicamente associar à
presença do Deus da salvação.
30. 30
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
não reconheceu Jesus de Nazareth como o Messias quando Ele
veio 7 séculos depois. Nessa época, isso tudo foi ainda agravado
pelos contrastes que Jesus expôs, entre os valores do Seu Reino e
os valores do mundo em geral.
Nesse caso o maior desses contrastes foi que Sua mais po-
derosa demonstração de força foi exatamente deixar-se crucificar.
Como é que um rei poderia ser preso, humilhado e crucificado ?
Aos judeus, faltou-lhes a visão mais simbólica de um Israel espir-
itual e de um Messias libertador sobre tudo dos pecados de todos
nós. O curioso é que a despeito da reação do povo em geral, essa
percepção, de teor mais espiritual e universal, era de conhecimen-
to dos grandes profetas de Deus e em particular, de Isaías, como
pode ser demonstrado nas seções seguintes.
Como Isaías vê o Messias
O profeta aponta para o Messias, suas ações, história, mis-
são e universalidade em várias partes do seu livro. Algumas das
lições anteriores exemplificam a abrangência da visão de Isaías
sobre o Messias. Nas referências a seguir, entretanto, encontramos
com precisão notável, profecias sobre eventos históricos que ha-
veriam de ocorrer cerca de 700 anos após. Em Isaías 7:14 vemos
por exemplo, que o Messias nasceria de uma virgem. Em 40:3, que
Ele seria precedido por João Batista. Em 11:2, que Ele seria un-
gido pelo Espírito Santo. Em 42:2 que a humildade seria uma de
suas características. Em 8:14, que Ele seria “pedra de escândalo”
para os judeus. Em 53:4-6, que Ele sofreria em lugar dos outros.
Em 52:14, Isaías nos fala de sua aparência, Em 50:6, que Ele seria
cuspido e flagelado. Em 53:9, que Ele seria sepultado com o rico.
Em 28:16, que Ele seria a pedra principal (sobre a qual sua Ig-
reja seria construída). Em Isaías 11:10 e 42:1 encontramos ainda
que o Messias viria também para a conversão dos gentios. Em 9:7
encontramos que seu reino seria para sempre. No capítulo 53, o
profeta nos oferece ainda uma visão do Messias como um Servo
sofredor que carregaria sobre si as nossas iniqüidades para nos
32. 32
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
seria exaltado, numa possível referência à sua ressurreição. Esse
seria um fato notório e necessário para que sua condição de Cord-
eiro único e suficiente, prevalecesse. O Messias de Deus haveria de
vencer a morte.
Através da vinda do Messias, que carregou sobre si as nos-
sas iniqüidades e dores, como Cordeiro que toma o nosso lugar,
Deus promoveu o milagre mais espetacular que se tem conheci-
mento: a possibilidade de um pecador arrependido poder alcan-
çar a vida eterna ao lado do Criador mediante e fé no Messias, o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Um convite irresistível (Isaías 55 a 60)
Nesta oportunidade, em que damos seqüência ao nosso
estudo sobre o livro do profeta Isaías, estaremos estudando o capí-
tulo 55, quando destacaremos quatro pontos que esperamos ser
de interesse dos nossos prezados leitores e ouvintes.
1. Vinde e comprai sem dinheiro
Esse capítulo 55 de Isaías é todo ele um apelo para que
busquemos a salvação. Ele inicia com um convite inusitado para
os dias de hoje – “vinde às águas ... vinde comprai e comei sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite”. A água serve para desseden-
tar a sede da vida eterna. Esta é a mesma água que Jesus oferece
à mulher samaritana em João 4:14 – “aquele, porém que beber
da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre, pelo
contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para
a vida eterna”.
O profeta anuncia que o vinho, representando a alegria,
o pão e o leite, representando o alimento da Palavra de Deus, são
colocados gratuitamente pelo Senhor para todos aqueles que O
buscam.
Para aqueles que hesitam em vir beber está água, este vinho e o
leite, bem como hesitam em aceitar o pão oferecido gratuitamente,
34. 34
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
seguimos conhecê-los. Até mesmo nos revoltamos ou reclamamos
de certos desdobramentos ou acontecimentos. Ás vezes, dizemos
que entregamos, mas não o fazemos. Ou entregamos, mas não
confiamos, o que é o mesmo que não entregar. Pior ainda, muitas
vezes tentamos impor a Deus o que Ele deve fazer. Nos versos 8 e
9 de Isaías 55 encontramos Deus nos dizendo que ele não age da
mesma forma que nós. Por isso, não devemos nos surpreender
quando não conseguirmos entender os planos Dele – “...os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos, diz o Senhor”.
3. A palavra que não volta vazia
Muitos crentes que costumam levar a palavra do Evangel-
ho para outros ou mesmo que assistem a um pregador fazer um
apelo e, em alguns casos, não encontram respostas visíveis à men-
sagem entregue, podem, por um instante, pensar que tudo aquilo
foi seus caminhos, seja porque acham que têm coisas mais im-
portantes para fazer, o Senhor lhes pergunta no verso 2 “por que
gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo
que não satisfaz“? Escrita há 700 anos antes de Cristo esta pergun-
ta permanece ainda atual hoje. Após dias e semanas de trabalho,
às vezes nos achamos perguntando: para que trabalhamos tanto ?
Qual o nosso propósito em levantarmos todos os dia se despend-
ermos horas e horas de nossa vida em uma roda viva de trabalho
e atividades ? Não há dúvida que o nosso sustento material deve
vir de nosso trabalho, mas será que ele deve ser tal que consuma
todas as nossas energias físicas, emocionais e espirituais? E ainda,
o que fazer quando, após todo esse empenho, sentimos que não
estamos satisfeitos? E as nossas dúvidas quanto ao que devemos
fazer?
E os nossos planos para o futuro?
Temos algum? E os nossos relacionamentos com as pes-
36. 36
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
que condenar tais carnes, sob o ponto de vista da saúde, a palavra
do Senhor tinha como objetivo se contrapor à idolatria pois es-
ses animais eram usados como forma de relacionamento com o
sobrenatural.
Aqueles que se opunham a um correto relacionamento
com o Deus criador, buscando em lugar disso, outras divindades,
estavam sendo objeto de julgamento de Javé. Em tempos moder-
nos, poderíamos com certeza, identificar essas outras divindades
não somente dentro das religiões fetichistas mas também naque-
las práticas em que o Deus do dia-a-dia é substituído por coisas ou
pessoas tais como dinheiro, sexo, poder, ídolos etc.
2. O Senhor salva aqueles que O buscam e destrói aqueles que O
rejeitam (Isaías 65:6-10)
O verso 8 compara a nação a um cacho em que as uvas
estão bastante machucadas mas a existência de suco em algumas
delas é suficiente para evitar que todo o cacho seja desprezado.
Esta comparação nos permite constatar que Deus é Alguém que
nos restaura e sempre nos dá oportunidades de um novo começo.
É necessário porém, que estejamos prontos a aceitá-lo como Sal-
vador e também como Senhor de nossas vidas. Negá-lo ou sub-
stituí-lo pelos nossos próprios deuses pessoais é abrir caminho
para nosso afastamento do Deus verdadeiro, rumo à nossa própria
destruição. Os versos 11 e 12 ilustram bem as conseqüências
daqueles que abandonaram o Senhor para preparar uma mesa
para a deusa Fortuna e vinho para o deus Destino, ambos sim-
bolizando cultos, louvor ou dedicação a outros deuses, coisas ou
pessoas. Fortuna e Destino eram deuses associados às divindades
pagãs Gad e Menim para as quais, respectivamente, se faziam cul-
tos aos astros e onde se ofereciam alimentos em rituais de magia.
O verso 12 conclui que aqueles que participam de tais cultos e não
respondem ao chamado de Javé, são destinados à espada.
3. O Senhor assegura um glorioso futuro a seu povo em um novo
38. 38
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
Jeremias
“Judá e Jerusalém – tristes quadros” Jeremias 1 a 10
Neste trimestre que hoje se inicia, estaremos conhecendo
um pouco melhor os livros de Jeremias, Lamentações, Ezequiel e
Daniel. Espero que, contando com a graça de Deus e com o nosso
próprio esforço e reverência, este trabalho não seja estéril mas sim
fértil, rendendo muitos e variados frutos.
Para começarmos a pensar quem foi Jeremias, eu pro-
ponho que você faça uma experiência: peça para algumas pessoas
definirem este profeta. Garanto que você ouvirá a l g u m a s
afirmações como: “Jeremias? Ah, ele ficou choramingando ao in-
vés de agir!” ou “Jeremias foi aquele que, quando Deus o chamou,
deu uma desculpa, dizendo ser ainda criança.” Agora vamos refle-
tir um pouco sobre esta impressão: será que se a vida de Jeremias
se resumisse mesmo a isso, teríamos hoje um livro inteiro com o
seu nome em nossas Bíblias? É claro que não! Mas então quem
será este profeta?
Para responder esta pergunta, só mesmo buscando, com bastante
atenção, pistas no texto bíblico. Só lá encontraremos a verdadeira
face de Jeremias, e assim poderemos sair de vez do campo das
impressões superficiais.
Eumencioneiotermo“pistas”,nãofoimesmo?Poisé,como
vocês já devem ter imaginado, o nosso trabalho será bem parecido
com o de um detetive. Isso porque não possuímos uma história
completa da vida deste profeta, mas sim fragmentos isolados e
muitas peças perdidas. Mas não há razão para desanimarmos. Jer-
emias é, talvez, o profeta cuja vida conhecemos melhor em todo
Antigo Testamento. Assim, mesmo que haja longos períodos de
sua vida sobre os quais não podemos dizer praticamente nada, há
também trechos muito bem conhecidos. Juntando estes períodos
mais conhecidos com algumas bem pensadas suposições, chega-
40. 40
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
crescente autonomia do estado de Judá perante a Assíria. A sua
política interna, por outro lado, foi ainda mais crucial para a sub-
seqüente história do povo judeu. Josias, ainda no início do seu
reinado, começou uma reforma religiosa. Alguns dos obje-
tivos alcançados por esta reforma foram a purificação do culto e a
restauração da Páscoa, que havia sido esquecida pelo povo. Mas o
ponto alto foi, sem dúvida, a descoberta do livro da lei. Hoje, estu-
diosos pensam que este livro se tratava de um rolo contendo parte
considerável do Deuteronômio. Esta descoberta motivou o rei a
patrocinar a redação de um outro livro, que se tornou o restante
do Deuteronômio e os livros de Josué, Juízes, I e II Samuel e I e II
Reis. Dessa forma, tudo parecia ir muito bem até que, de forma
trágica, Josias morreu combatendo os Egípcios em Meguido, no
ano de 609 a.C.
O reinado de Josias é um daqueles períodos consideráveis
da vida de Jeremias sobre os quais temos poucas informações.
Não sabemos se Jeremias, após a sua vocação, foi imediatamente a
Jerusalém ou se permaneceu ainda por alguns anos em Anatote.
Não sabemos se ele foi para o norte ou não. Contudo, por se tra-
tarem de 18 anos, é provável que ele tenha desempenhado, neste
período, um papel importante em Jerusalém e no antigo reino
de Israel também. Quanto ao próprio reinado Josias, parece que
Jeremias o apoiou em parte, elogiando-o quando era merecido e
criticando-o, sem meias palavras, quando era o caso. De qualquer
forma, a profunda corrupção do reinado de Jeoaquim, que suce-
deu Joacaz, o sucessor de Josias que foi deportado para o Egito,
não pode ter surgido apenas em alguns breves meses, mas deve ter
lançado as suas raízes ainda no tempo de Josias.
Pois bem, espero não ter cansado ninguém com este relato
um pouco longo, é verdade, da história de Jeremias e do seu povo!
Contudo, torço para que vocês tenham saboreado este conheci-
mento percebendo como ele é enriquecedor paraa leitura do texto
bíblico. Para mim, parece que ler a Bíblia sabendo um pouco da
42. 42
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
estamos tão longe de Jeremias assim. O mesmo Deus que o cham-
ou para destruir e construir não nos chama hoje para a mesma
tarefa?
O anúncio do castigo divino (Jeremias 11 a 20)
Nesta semana, lemos os capítulos 11 a 20 do livro de Jer-
emias. Alguns dos eventos que são descritos nestes capítulos ocor-
reram provavelmente no reinado de Jeoaquim. Observemos, en-
tão, como foi o reinado deste filho de Josias e como este reinado
afetou a mensagem de Jeremias.
Já no primeiro ano do reinado de Jeoaquim, Jeremias faz
um discurso contra a certeza que o povo de Jerusalém tem de que,
por serem habitantes da cidade onde está o Templo do Senhor,
não têm motivos para temer mal algum. O povo, preso ao seu
próprio pecado, recusa-se a escutá-lo e ainda tenta matá-lo. Jer-
emias escapa, mas ali começavam os tempos mais difíceis de sua
vida.
Alguns anos depois, em 605 a.C., contra todas as expec-
tativas, Nabucodonosor, rei da Babilônia, derrota os Egípcios na
batalha pela fortaleza de Carquemis. A partir de então, Jeremias
identifica o “inimigo do norte” com a Babilônia e, a fim de res-
saltar a função que este inimigo poderá ter nas mãos do Senhor,
vai até o portão, quebra um jarro e discursa sobre o fim de Judá,
como vemos nos capítulos 19 e 20. O comissário do Templo então
bate nele e prende-o. Quando isto acontece, Jeremias e Baruque
são obrigados a esconderem-se.
Leremos sobre estes acontecimentos no capítulo 36.
Foi também provavelmente no reinado de Jeoaquim que o
Senhor enviou Jeremias até a casa do oleiro e também para junto
do Eufrates, onde ele deixou o seu cinto. De qualquer forma, não
há necessidade de detalharmos ainda mais este período se com-
preendermos o seu principal significado: Jeremias passara de um
44. 44
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
por mais que tente (20.9). Segundo, ele é um homem público. Isso
quer dizer que o profeta está inserido em uma comunidade e está
profundamente imerso em seus problemas e sonhos. Por mais que
o profeta seja um solitário, ele não está completamente isolado, já
que a profecia não pode existir sem um contexto social. Terceiro,
o profeta recebeu um dom de Deus. Ele não precisa pertencer a
uma certa classe social ou ter recebido uma educação especial.
Basta que ele tenha sido escolhido por Deus.
Por fim, chegamos ao quarto item, justamente aquele que
mais nos ajudará a responder aquelas perguntas sobre a dor e a
atitude de Jeremias. O profeta é um homem ameaçado. Ameaçado
pelas autoridades, pelo povo, pelos seus próprios parentes, como
Jeremias foi (11.18-23). Certo. Mas aqui temos de parar e pergun-
tar: se fosse apenas isto, será que Jeremias teria se “confessado”
perante o Senhor daquela forma? Me parece que não. Portanto,
vemos que as ameaças não eram apenas estas. Temos que admitir
que a maior ameaça para o profeta não vem dos homens, mas do
próprio Deus. Leiamos Jr 20.7. O profeta diz: “Senhor, tu me per-
suadiste, e eu fui persuadido; foste mais forte do que eu e preva-
leceste. Sou ridicularizado o dia inteiro; todos zombam de mim.”
Vemos, desta forma, que o relacionamento entre o Senhor e o
profeta não era marcado apenas por carinhos e afagos. O profeta
tinha uma função a desempenhar e o Senhor o empurrava con-
stantemente nesta direção, às vezes para o grande sofrimento do
profeta.
Foi assim com Jeremias. O Senhor o fez andar por camin-
hos dificílimos e ele, não podendo compreender a razão daquilo,
perguntou-lhe: “Até quando?” Mas Deus lhe disse que não con-
vinha que ele tivesse aquela resposta – leia os primeiros seis ver-
sículos do capítulo 12 e veja novamente como isto aconteceu.
Agora, coloque-se no lugar de Jeremias. Talvez você sequer pre-
cise usar muito a sua imaginação – talvez o Senhor também es-
teja empurrando você por caminhos difíceis para que a Palavra
46. 46
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
grande problema teológico e social para resolver. Como explicar a
queda de Jerusalém e a profanação do Templo? O Templo não era
a casa do Senhor e Jerusalém a sua cidade? Assim, eles recebem
ainda mais uma chance para dar ouvidos a Jeremias e reconhecer
que o seu pecado anulou estas garantias. Mas, ao invés de fazerem
isto, eles colocam toda a culpa naqueles que haviam sido deporta-
dos.Opondo-seaeste posicionamento, Jeremias fala dos dois ces-
tos de figos, no capítulo 24.
Mas a mensagem de Jeremias não é apenas para o povo
que permaneceu em Judá. Ele escreve uma carta para os exilados,
que encontramos no capítulo 29, na qual os exorta a levarem uma
vida o mais normal possível, já que o eles permaneceriam na Ba-
bilônia por longos anos. Contudo, os exilados também optam por
permanecer com seus pecados e não lhe dão ouvidos, ansiando
acima de qualquer outra coisa pelo seu retorno a Jerusalém.
Alguns anos depois, em 593 a.C., Zedequias recebe, em
Jerusalém, embaixadores de diversos reinos da região. O assunto
desta conferência erauma possível coalizão contra a Babilônia.
Jeremias é contrário a esta proposta e o demonstra colo-
cando um jugo sobre o seu próprio pescoço, como vemos nos
capítulos 27 e 28. Não se sabe ao certo se por prudência política
ou se por haver ouvido, finalmente, a mensagem de Jeremias, mas
o fato é que Zedequias optou por permanecer subserviente à Ba-
bilônia. Contudo, a sabedoria de Zedequias não durou muito e,
cinco anos mais tarde, ele cedeu às pressões e se negou a pagar o
tributo. A partir de então foram iniciados os eventos que levaram
à segunda deportação e à destruição de Jerusalém.
Para nós, hoje em dia, todos estes eventos e os que os
seguiram sejam de fácil explicação. Não estamos satisfeitos em
dizer simplesmente que o povo pecou, não se arrependeu quando
teve a chance, e por isso o Senhor o levou cativo para a Babilônia?
Todavia, se pararmos um pouco para refletir, veremos que ler so-
bre este processo 2500 anos depois que ele aconteceu e chegar a
48. 48
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
Que todos te vejam em Madri, Implore desde Roma, pois todos os
teus aliados foram esmagados.
Independente do sentido desta passagem – pois o objetivo
aqui não é dar-lhe um novo sentido – estas palavras não ganham
uma nova vida ao serem adaptadas ao nosso mundo? E se conseg-
uíssemos fazer o mesmo com todos os textos proféticos, será que
os livros proféticos não teriam um apelo muito maior entre nós?
Ou será que esta adaptação tornaria o texto tão impactante que
muitos fugiriam dele, considerando-o, no mínimo, de mau gosto?
Mas os profetas, e Jeremias em especial, não falaram só através
de versos. Hoje em dia, quem não conhece aquele ditado que diz:
“uma imagem vale mais do que mil palavras”? Mas apesar de no
tempo de Jeremias provavelmente não ter sido assim, sem dúvida
este profeta sabia disto. Lembremos dele andando pelos pátios do
templo com um jugo – o aparato para prender o boi pelo pescoço
a um carro – sobre os seus ombros, ou quebrando um vaso junto
ao portão da cidade, ou indo buscar um cinto podre junto ao Eu-
frates. Todas estas ações tinham significados claríssimos para os
seus espectadores. Mais uma vez, o profeta não deixava a possibi-
lidade de permanecer indiferente a ninguém.
Dessa forma, podemos finalmente chegar a uma con-
clusão: a grande diferença entre a nossa perspectiva destes acon-
tecimentos e a perspectiva daqueles que ouviram o próprio Jer-
emias proferir estas palavras é a emoção. Nós observamos todos
estes eventos principalmente com a razão.
Aquele povo não podia fazer isto. Eles estavam tão imer-
sos naquele processo que simplesmente não podiam abrir mão
dos seus sentimentos. Mas o profeta não considerava isto ruim
– pelo contrário, ele incentivava essa tensão emocional com o in-
tuito de derrubar todas as certezas daquele povo pecador e assim
fazê-lo ver o quanto o seu Deus o amava.
A partir desta conclusão, para mim fica difícil continuar
olhando para este povo unicamente através de um breve resumo
50. 50
Proibida a comercialização
Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus
Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal
Proibida a comercialização
emias tenta ir até a sua cidade natal, Anatote, para receber uma
herança, mas o chefe da guarda o vê e o prende sob a alegação de
estar desertando.
Algum tempo depois, a profecia de Jeremias se concretiza e o exé-
rcito de Nabucodonosor retorna vitorioso da batalha com os egíp-
cios para retomar o cerco. Zedequias então manda buscar Jeremi-
as e pergunta-lhe se ele tem alguma palavra do Senhor para ele.
Jeremias novamente anuncia-lhe a queda de Jerusalém, mas
aproveita para pedir a sua transferência para o pátio da guarda,
o que de fato acontece. Contudo, ao chegar lá Jeremias começa a
exortar os guerreiros a se renderem, o que causa a ira dos prínci-
pes de Judá. Estes então jogam-no dentro de uma cisterna, onde
o profeta certamente morreria se não tivesse sido salvo por Ebed-
Melec, que pedira a permissão do rei para libertá-lo.
É então que acontece um fato muito interessante na vida
de Jeremias, justamente neste momento em que, quase sem es-
peranças e tendo sofrido tanto, ele havia – literalmente – tocado
o fundo do poço. Seu primo Hanameel vem até ele, no pátio da
guarda, e pede que ele compre um campo em Anatote. É uma
proposta totalmente absurda; a cidade está cercada e a sua destru-
ição já é quase certa.
Jeremias definitivamente poderia ter pensado que melhor
seria investir em terrenos na lua. Contudo, ele percebe que através
daquela situação Deus estava oferecendo-lhe mais uma chance de
ter – e dar – esperança. Assim ele compra o terreno para que to-
dos soubessem que “de novo serão compradas propriedades nesta
terra, da qual vocês dizem: ‘É uma terra arrasada, sem homens
nem animais, pois foi entregue nas mãos dos babilônios.’” (32.43)
Após este evento Zedquias ainda vem falar com Jeremias mais
uma vez, e novamente Jeremias lhe repete que o único caminho é
a rendição. Mas mesmo assim o rei não lhe dá ouvidos. Por fim,
após seis meses de cerco, Jerusalém é invadida e o rei foge, sendo
capturado próximo a Jericó. Ele é então levado para a presença de