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Instituto Belém
Visão
	 O Instituto Belém pretende ser uma instituição de
ensino superior associada à visão afetiva e comprometida
da nossa igreja que se esforça para proclamar uma men-
sagem centrada em Deus, que busca glorificar a Cristo, e
ao Espírito Santo. Que se utiliza das Santas Escrituras para
auxiliar na formação espiritual de homens e mulheres eq-
uipando-os para cumprir os propósitos do Reino de Jesus
Cristo no século 21 e forjar discípulos fiéis para ele de toda
raça, tribo, língua, povo e nação.
	 Propomos espalhar o conhecimento de Deus, que
desperta não apenas o intelecto, ou o conhecimento in-
telectual, mas principalmente o amor e o desejo de viver
numa intensa e apaixonante busca por Cristo. Esta é a
razão da existência da nossa escola. E é esta a visão que
desejamos compartilhar com todos.
Autor
Moisés Carneiro
Você pode fazer uma doação para ajudar a manter
esse projeto. Deposite o valor que desejar! Caixa E.
Federal - Ag. 0314 - Op. 013 - C.P. 119429-0
em nome de Moisés P. Carneiro
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Profetas Maiores
Curso Básico em Teologia
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Aplicação no estudo deste livro
	
	 Você deve estar perguntando qual a melhor maneira de es-
tudar este livro e extrair o máximo possível de proveito. Ao pensar
nisso, elaboramos alguns métodos que poderão lhe ser úteis.
Seja Motivado
	 Motivação é um princípio peculiar na vida de todos os que
anseiam alcançar um objetivo. É impossível alguém atingir o ápice
de um grande sonho sem ter em sua bagagem o item motivação.
Muitos já iniciaram alguma coisa, mas só obtiveram o êxito aque-
les que se mantiveram motivados até o final.
	 Seja motivado para orar, para ler, para meditar, para pes-
quisar, para elaborar trabalhos e estudos bíblicos. Se sentir-se sem
motivação busque-a através do Espírito Santo. Faça petições a
Deus e leia sua Palavra, pois são fontes inesgotáveis para sua reno-
vação, e por final procure mantê-la acesa até findar o curso.
“Se não existe esforço, não existe progresso.” Fredrick Douglas
Seja Organizado e Disciplinado
a) Ore a Deus ao iniciar seus estudos e peça que lhe ajude a ter
um maior proveito do assunto em pauta.
b) Estude em lugares reservados.
c) Evite ambientes com sons, ruídos e falatórios. Pois você pode
perder sua concentração no estudo.
d) Procure adicionar outros importantes materiais à cada lição a
ser estudada, como por exemplo:
• Bíblias de Estudos: se possível, com traduções que sejam difer-
entes.
• Dicionários.
• Concordância Bíblica.
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• Livros: cujos assuntos sejam relacionados ao tema de cada lição.
• Lápis e bloco para anotações.
e)	 Leia e estude cada matéria durante a semana, reserve pelo
menos 1 hora por dia para fazer isso.
f)	 Faça anotações, especialmente àquelas que lhe causarem
dúvidas.
g)	 Responda aos questionários assim que terminar de es-
tudar cada lição. Eles irão fortalecer o assunto em sua mente.
h)	 Reserve períodos da semana para você elaborar trabalhos
voltados à matéria estudada em cada mês.
i) Formule perguntas ao professor, assim tanto você como ele fi-
carão cada vez mais abalizados no aprendizado.
	 Em suma, todos esses itens elaborados cuidadosamente
pelo departamento de pedagogia do IB, são de um valor ines-
timável para você, desde que procure segui-los conforme se seg-
uem.
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Índice
Introdução
Lição 1
Isaías - O Profeta Messiânico...........................................................06
Lição 2
Jeremias - O Profeta Chorão............................................................38
Lição 3
Ezequiel - O Profeta das Visões.......................................................58
Lição 4
Daniel - O Profeta da Oração..........................................................77
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Isaías – O profeta Messiânico
Sua chamada e vocação (Isaías 1 a 6)
	 Pouco se sabe sobre a vida desse profeta, cujo nome sig-
nifica “salvação de Javé”, contudo, sabe-se que ele foi nascido de
uma nobre família, muito influente por freqüentar a corte e por
diversas vezes ter oportunidade de se envolver na diplomacia do
seu tempo (Is 7:3,4). Foi casado com uma profetiza (Is 8:3) e teve
pelo menos dois filhos. A tradição diz ter sido primo do rei Uzias.
	 O profeta messiânico, como assim é conhecido, desen-
volveu seu ministério basicamente entre os anos 740 a 700 a.C.
Viveu a maior parte de sua vida em Judá, Reino do Sul, tendo sido
contemporâneo da destruição de Israel, Reino do Norte, feita pe-
los assírios em 721 a.C. Essa é também a época da fundação de
Roma, Esparta e Atenas. Vale observar que Isaías foi contemporâ-
neo dos profetas Jeremias, Oséias, Amós e Miquéias.
	 Sua obra é considerada uma Mini-Bíblia, ou uma com-
pilação de divinas revelações, profecias e relatos que procuram
exortar o povo a colocar sua confiança em Deus para a as profe-
cias em geral que ocupam grande parte da Bíblia e eventualmente,
predizem o futuro. Aliás, prever o futuro não era exatamente a
missão principal do profeta, e sim revelar a palavra de Deus a
seus filhos o que, eventualmente, poderia conter elementos ref-
erentes ao futuro. Os profetas muitas vezes, eram vistos de forma
impopular porque tinham que exortar e repreender	 o povo o que
obviamente desagradava a muitos, especialmente quando estavam
se afastando de Deus. O próprio Isaías, possivelmente, terminou
seus dias sendo perseguido e talvez até morto por conta das ver-
dades que pregava.
	 Seu manuscrito pode ser separado em duas grandes
seções. O pano de fundo da primeira parte é Judá nos dias da As-
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síria dominadora. Já na segunda parte, o pano de fundo é o fu-
turo cativeiro na Babilônia e o retorno do povo em dias que ainda
viriam.
Autoria
	 Pouca objeção se faz quanto à pessoa do profeta Isaías
como o autor deste livro. Ainda que seja questionado por um
pequeno grupo o fato de sido escrito por mais de uma pessoa,
uma vez que se argumenta que uma só pessoa não poderia es-
crever com tanta precisão sobre ambas as libertação e salvação,
mostrando partes, tendo vivido apenas na primeira, historica-
mente o julgamento sobre os que não crêem e as bênçãos sobre os
que crêem. O povo vivia a realidade da destruição de Israel pelos
assírios e a expectativa da conquista de Judá pelos babilônicos, o
que viria efetivamente a acontecer cerca de 100 anos mais tarde,
em 606 a.C., conforme previsto por Isaías.
Geralmente os arautos “profetas”, eram chamados por Deus para
cuidar da vida moral e religiosa do povo. Eram homens corajosos
que falavam da parte de Deus ao povo e a governantes, denun-
ciando os pecados de seus dias e apontando para os demais que
haveriam de vir. Verifica-se que como foi o caso de Isaías. O as-
sunto da multiautoria na realidade, não é relevante em presença
da unidade, conteúdo e mensagem do livro. Deus poderia ter us-
ado mais de um profeta para escrever o livro ou mesmo uma só
pessoa, nesse caso, dotando-a da visão de futuro suficientemente
detalhada para exortar, mostrar os Seus propósitos para o povo
e por fim, autenticar a autoridade do profeta através de profecias
altamente precisas.
	 Esta primeira parte é uma das principais apresentações do
livro não estando em ordem cronológica em relação ao capítulo
6, por exemplo, onde se encontra a chamada de Isaías. Há quem
diga que esse episódio não foi exatamente uma chamada para ser
um profeta de Deus, pois Isaías já o era, mas uma chamada para
redirecionar a sua missão.
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Ressalto quatro coisas importantes que esse texto de hoje nos trás,
e gostaria de nesta oportunidade destacá-los, pontos que trazem
desdobramentos práticos para a nossa realidade atual:
	 1. Jeová se revelou ao profeta (6:1,4): a descrição de que
Deus é sagrado uma constante no livro de Isaías. O que o profeta
procura mostrar é que não há nenhum outro Deus como Javé em
todo o universo. Ele é uma Pessoa que se relaciona com pessoas e
se preocupa com elas. Essa revelação apresenta-se de forma pro-
gressiva no Antigo Testamento. Inicia-se com Deus se revelando
mais diretamente e quase que exclusivamente aos seus profetas
e vai alcançar seu clímax quando Javé toma a forma de carne,
através do Messias, o Ungido Sofredor e Salvador, que veio para
se relacionar pessoalmente com cada um de nós, para carregar as
nossas iniqüidades e sarar as nossas dores.
	 2. Sua revelação trouxe arrependimento ao profeta (6:5):
só conseguimos nos aproximar de Deus à medida que nós nos
inspiramos com a visão da glória Dele. Precisamos perceber Deus
corretamente. Se isso ocorrer, Ele nos estará inspirando e nos
mostrando “quão impuros são os nossos lábios” e quão necessário
é mudarmos a nossa própria vontade e talvez o rumo de nossa
vida. Ele nos estará dando direção e não medo.
	 3. Sua revelação mudou a vida do profeta (6:6,7): “con-
hecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. O conhecimento da
verdade é a revelação transformadora, na vida da pessoa. Quan-
do se recebe a revelação de Deus em sua majestade, soberania e
glória, a tendência é a pessoa se convencer de sua condição pec-
aminosa. Quando isso ocorre, ela encontra purificação. E após
isso, quando ela se propõe a colocar a sua própria vontade nas
mãos de Deus, respondendo à Sua chamada para o serviço, Deus
passa a realizar Sua obra através daquela pessoa. Deus realiza coi-
sas não só através de grandes profetas como Isaías, mas através de
pessoas simples como nós.
	 4. Sua revelação convenceu o profeta de sua chamada
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(6:8): para que Isaías pudesse receber o chamado do Senhor ele
primeiro teve que ter sua iniqüidade retirada e seus pecados per-
doados pelo toque da brasa em sua boca. O profeta só conseguiu
ouvir a voz de Deus porque se colocou disponível. A vontade de
Deus se revela à medida que nós nos predispomos a fazer a von-
tade de Deus que já conhecemos.
	 Esta cena da chamada do profeta Isaías, nos ensina tam-
bém que nunca estamos suficientemente prontos para realizarmos
sua obra. É necessário, primeiro que Deus se revele a nós, que nos
mostre sua glória, seu respendlor, que toque em nossos lábios, em
nossa palavra, em nossa vida e em nossa vontade para que seja-
mos salvos e comissionados. É Ele quem nos chama, nos perdoa
e nos convida a colocarmos nossa vontade à disposição Dele. Só
assim poderemos dizer: “eis me aqui Senhor, envia-me a mim”.
	 A vida no reino do Messias (Isaías 7 a 12)
Vislumbramos os esforços e a comoção mundial em prol da paz
neste século, contudo, percebe-se que esse anseio é muito antigo e
que permanece insolúvel para o homem. Em algumas regiões do
globo, onde ocorrem guerras, este desejo de paz é ansiosamente
buscado. Em outros lugares, onde não se têm tensões de ordem
política, encontram-se. Porém, conflitos diversos, da violência
urbana às crises nos relacionamentos interpessoais. O resultado
acaba sendo o mesmo: dor, às vezes medo, desconforto e inse-
gurança. O que se verifica na verdade, é que os conflitos, sejam
eles entre países, facções ou pessoas, têm a sua origem vinculada
à presença do mal.
	 Contra o pano de fundo de guerra e destruição do Reino
de Israel pelos Assírios, Isaías nos apresenta no capítulo 9, uma
profecia sobre a vinda do Messias. O termo, de origem hebraica,
significa o “Ungido” e tem a palavra “Cristo” no Novo Testamento,
como a tradução grega da palavra “Messias”.
	 O ponto central apresentado por Isaías é que a paz com-
pleta e duradoura na vida da nação bem como na vida de cada
pessoa, só poderá vir com o reino de justiça do Messias divino. Ele
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é Maravilhoso, é Conselheiro, é Deus Forte, é Pai da Eternidade e
Príncipe da Paz.
Os versos 2 a 5 nos fazem observar dois pontos interessantes:
	 A luz raiou sobre um povo que andava em trevas: “O povo
que andava em trevas viu uma grande luz”. A linguagem poética
do verso 2 fala daqueles que andavam em trevas a qual nos traz a
idéia de adversidade, de desespero e de tristeza. Fala em seguida
daqueles que viram uma grande luz que simboliza a paz, a alegria
e a salvação. O povo de Israel que estava sofrendo com o domínio
Assírio poderia enxergar à frente um maravilhoso novo começo.
	 Alegria e paz com o fim das guerras: nos versos 4 e 5 o
profeta prevê um tempo em que o Senhor quebraria a opressão do
inimigo e faria cessar a guerra. Quando olhamos, porém a história
política de Israel e dos demais povos nos anos subseqüentes, bem
como a realidade de nosso século e da nossa vida cotidiana, vem-
nos a pergunta se efetivamente essa profecia de Isaías foi cum-
prida.
	 A profecia de Isaías vai apresentar não apenas um Messias
que traz a paz política, mas, sobretudo que Alguém que promove
a paz dentro do coração do ser humano que, em conseqüência,
contribui para a paz política. O profeta fala que o governo estaria
sobre os ombros do Messias. A paz completa um dia seria trazida
a terra. Isaías previu com razoável precisão que o Messias seria
Jesus de Nazareth, como será visto em estudo futuro desta série.
É interessante notar, porém que Isaías não chegou a ver que esse
tempo se completaria com duas vindas do Messias. Somente após
a chegada histórica	 do Messias,	 Jesus	 de Nazareth, ocor-
rida 700 anos depois, é que se compreendeu um pouco mais so-
bre o tempo de Deus e sobre a segunda vinda do seu Ungido. O
governo sobre “seus ombros” se completará na segunda vinda do
Messias, quando o mal será vencido definitivamente.
	 Se compreendermos que a natureza do Messias transcende
o papel político e ampliarmos nosso entendimento sobre Ele,
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como aquele que veio ao mundo para carregar sobre si as nossas
iniqüidades e nos salvar, passamos a ter uma relação pessoal com
Ele e não apenas uma relação histórica. O Ungido pode fazer ces-
sar as guerras que cada pessoa trava dentro de seu coração, o ódio,
as invejas, as discórdias, os ciúmes e toda sorte de sentimentos
negativos que traz a infelicidade. E isso pode ocorrer nesse tempo
e não apenas em um futuro distante. O Messias pode reinar hoje
no coração de qualquer pessoa que o reconheça e o aceite como
Salvador e Senhor, trazendo-lhe plenitude e vida.
	 O Prometido Ungido é a nossa paz: o conceito de um Mes-
sias não apenas político e histórico mas de um Messias Salvador
e pessoal, vai progressivamente sendo revelado nas várias profe-
cias de Isaías e em muitos outros textos da Bíblia, tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento. Em Efésios 2:14 a 17 por exemplo,
encontramos uma abordagem que nos ajuda a compreender o al-
cance da natureza do Ungido. Jesus, o Messias não traz apenas a
paz, mas Ele é a paz (v14). O texto diz que ele também faz a paz
(v15) e também, que Ele proclama a paz. Ele nos dá acesso à ela.
Ele derruba as barreiras que nos impedem de encontrá-la e de
permanecer nela.
	 A paz interior não remove simplesmente todas as dificul-
dades que temos à nossa frente como se fosse um passe de mágica,
mas ela contribui para superá-las e nos ensina a suportá-las e viver
com elas se necessário.
	 A vida de gozo no Reino pode ser alcançada integral-
mente quando alguém resolve ter um encontro pessoal com Jesus,
o Messias de Deus, o Príncipe da Paz. Aceitá-lo como Salvador é
ter compromisso sério com Ele. É renunciar a si mesmo, é negar o
próprio “eu” e deixar que a própria Paz dirija os próprios passos.
A Autoridade do Governo de Deus (Isaías 13 a 18)
	 É descrito nos capítulos a seguir (13 a 23) de Isaías o en-
frentamento das profecias e julgamentos contra as nações desafios
dos inimigos em um tempo anterior aos conquistadores seria es-
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tabelecimento do reinado do Messias. A época histórica desses ju-
lgamentos corresponde às invasões dos assírios e babilônicos, que
ocorreram durante os anos de vida de Isaías ou logo após, dentro
de uma janela de 100 anos. É importante notar porém, que apesar
do cumprimento dessas profecias terem ocorrido antes da vinda
do Messias histórico, Jesus de Nazareth, elas se aplicam também
a um tempo mais escatológico, à medida que espera-se haver uma
segunda vinda do Messias (não claramente prevista pelo profeta),
levando portanto, a aplicabilidade dessas profecias não só para os
tempos antigos mas também para aqueles ainda localizados em
nosso presente e em nosso futuro.
Louvor pela queda da Babilônia (Isaías 14)
	 O nosso texto começa com palavras de conforto e esper-
ança para o justo, que deve buscar forças para suportar o sofri-
mento e a opressão daqueles que dominam. O verso três apresenta
promessa de livramento contra o cansaço das lutas, contra as an-
gustias e contra a servidão.
	 O cansaço, resultante do trabalho de resistência, da pre-
paração do campo e do enfrentamento dos desafios dos inimi-
gos conquistadores seria recompensada com o descanso. O termo
usado é comum em várias profecias e tem a ver com o “shabat”
de Gênesis 3, quando o descanso é encontrado	 pelo Senhor
após seu trabalho de seis dias de criação. Aqueles que confiam	
no Senhor poderão encontrar descanso de suas lutas no Messias
libertador.
	 As angústias e a servidão descritas neste verso têm a ver
com a agitação, a incerteza e a perda da liberdade advindas da
chegada dos invasores. Essas
	 seriam agonias que Israel terá que experimentar e somente
a intervenção do Senhor poderia resolvê-las. O profeta antecipa
o tempo em que não mais haveria motivo para tais angústias e
aprisionamentos e o povo poderia cantar um hino, ou um motejo
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contra a Babilônia opressora.
	 O verso 4 segue falando sobre esse motejo contra o colap-
so da Babilônia. Nesta oportunidade, vale destacar dois pontos:
1. Quem são os opressores do povo de Deus? A Assíria era a maior
ameaça nos tempos iniciais do ministério de Isaías, a partir de sua
chamada em 742 a.C. e até 721 a.C. quando o reino do Norte,
Israel, é destruído por
de resistência, da preparação do Senaqueribe.
2. A restauração não ficou restrita a um momento histórico. A
destruição de Judá pela Babilônia e o cativeiro do povo viria a
ser o caminho para a restauração de Israel 70 anos depois, em
536 a. C. Nessa época porém o Messias ainda não havia chegado.
Mais de 500 anos se passariam até que Jesus de Nazareth nascesse
em Belém	 da Judéia, trazendo libertação e salvação. O Mes-
sias histórico se foi fisicamente da terra mas prometeu voltar uma
segunda vez. O motejo contra a Babilônia deverá portanto, con-
tinuar a ser cantado por todo esse tempo, até que Ele volte. A
despeito da opressão continuar a existir, o livramento do Senhor
também continuará presente ao longo dos séculos.
Um dia cessará a opressão
O motejo ou hino de vitória continua com os versos 5 e 6 declar-
ando que Deus período de cativeiro. É quebra a vara dos perver-
sos e o cetro interessante notar que a História sempre mostra que
a opressão se alterna no poder, mas o fato é que ela está sempre
presente. Em nossas vidas hoje, talvez não tenhamos opressões
políticas como aquelas enfrentadas por Isaías e pelo povo de Deus
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mas continuamos a ter Assírias e Babilônias que continuam a nos
oprimir seja com a violência urbana, a miséria, as desavenças, os
falsos testemunhos, os enganos, os desentendimentos familiares,
o desemprego, a falta de oportunidades. Trazendo as palavras do
profeta para os nossos dias, somente a mão forte do Messias liber-
tador poderá nos curar da fadiga, das angústias e da opressão dos
dominadores que feriam os povos com furor. O verso 7 afirma
que o julgamento dos opressores trará grande alegria para o povo
e o verso 8 fala da segurança restaurada a ponto de até as árvores
se alegrarem. Um ponto curioso é que os versos 9 a 11 falam de
uma comoção no inferno pelo fato do opressor babilônico ter sido
atirado em suas profundezas.
	 O Senhor quebra a opressão do domínio do mal. Todo
aquele que o aceita como Salvador e Libertador poderá ter restau-
rada sua segurança e alegria, mesmo em meio às adversidades que
fazem parte da realidade humana.
	 Que possamos ter o Senhor, Rei dos exércitos conosco e
que possamos cantar como os antigos quando libertos da opressão
babilônica: “...como cessou o opressor ! Como acabou a tirania !
Quebrou o Senhor a vara dos perversos e o cetro dos domina-
dores” ... Já agora descansa e está sossegada toda a terra! Todos
exultam de júbilo”.
A rebelião humana (Isaías 19 a 24)
	 Como aludido no estudo anterior, os capítulos 13 a 23 de
Isaías apresentam um conjunto de profecias e julgamentos con-
tra as nações. Algumas delas são claramente nomeadas, tais como
Assíria, Babilônia, Egito, Tyro, Moabe, Edom, Amom e Arábia.
Como será visto ao longo desse estudo, o escopo dessas profecias,
entretanto, não se limita a essas nações ou povos mas alcançam
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dimensões maiores, tanto no tempo como geograficamente.
Passado ou futuro ?
	 Um dos desafios que encontramos ao estudar um texto
como o de Isaías, é poder separar com clareza o que se refere a
acontecimentos já ocorridos na História e aqueles que pertencem
a um futuro mais escatológico, isto é, que têm a ver com o final
dos tempos. Há vários casos inclusive, em que a profecia se aplica
a ambos os casos, especialmente, quando se identifica significados
também simbólicos para essas nações. É o caso da Babilônia, por
exemplo, que além de ter sido um império (e uma cidade fortifi-
cada) é também entendida como maldade espiritual e corrupção.
No livro do Apocalipse, são vários os trechos que falam contra
a “Babilônia”, nesse caso, claramente uma menção não mais à
Babilônia histórica. Outras cidades também têm seu significado
histórico ampliado nesses capítulos de Isaías. É o caso de Mo-
abe, Edom, Amom e a “Arábia”, que são vistas como sinônimo
de ciúme, luxúria, raiva, inveja e todas as coisas que Gálatas 5:19
menciona como as “obras da carne”. Uma outra associação que
vamos encontrar, é aquela que se refere à cidade de Tyro, antiga
capital da Fenícia (hoje Beirute), que é vista como um sinônimo
de materialismo. Finalmente, o Egito é visto como sinônimo de
corrupção e profanação
Profecia contra o Egito (cap 19)
	 Verifica-se que os primeiros quinze versos deste capítulo
19 de Isaías se referem a eventos já ocorridos. Mas a partir do
verso 16, encontramos uma predição sobre uma mudança futura
no Egito. Essa mudança parece ocorrer em seis Fases, todas elas
começando com a expressão “naquele dia”. Será que o fato de so-
mente o Egito, dentre as nações árabes, ter assinado até hoje um
tratado de paz com Israel tem alguma ligação com esse texto ? O
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fato é que, de acordo com essa passagem, o Egito passaria a ser
uma nação temente à Deus que, juntamente com a Assíria, forma-
ria uma grande aliança com Israel no final dos tempos. Trata-se
de um caso histórico do futuro ou um caso simbólico ? Será que
a profecia não estaria apontando que povos, antes completamente
inimigos, poderiam vir a se unir tendo como elemento comum
a dependência e o reconhecimento do Deus Javé como Senhor e
Salvador ?
As etapas da transformação (Isaías 19:16 a 25):
	 Reconhecimento (v16):O Egito parece ser a primeira
nação que, reconhece que a volta do Messias irá restaurar o seu
povo Israel.
	 Unificação cultural (v18): naquele dia haverá cinco ci-
dades do Egito que falarão a língua de Israel.
	 Identidade religiosa (v19): naquele dia será construído um
altar no meio da terra do Egito. Os egípcios passarão a adorar o
Deus de Israel.
	 Salvação e livramento: A salvação não é exclusiva de Israel.
Deus também enviará ao Egito um salvador e defensor que há de
livrar aquele povo.
	 Integração geográfica (23): naquele dia, haverá uma estra-
da ligando o Egito e a Assíria através de Israel, com livre trânsito
na região.
	 Identidade religiosa ampliada (v24 e 25): naquele dia os
assírios também poderão cultuar a Deus juntamente com Israel
e o Egito. Os povos e aqueles que forem tementes à Deus serão
abençoados, independentemente de suas raças e de seus feitos ru-
ins do passado.
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As nações e as pessoas não mais estarão em guerra e a paz reinará
entre todos.
	 A humanidade não pode encontrar a paz em seus próp-
rios níveis de relacionamento porque “a nossa luta não é contra
o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades,
contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6:12)
	 O fracasso histórico da Babilônia não significou a extinção
do mal. A Babilônia ainda está presente hoje bem como as demais
nações com todo o mal e corrupção humana que elas represen-
tam, tais como o egoísmo, o materialismo, o ódio, a soberba e o se
achar tão auto-suficiente que não mais se precisa de Deus.
	 Só aqueles que admitem suas limitações humanas e sua
dependência de Deus poderão sentir os efeitos da obra redentora
do Deus Javé em suas vidas. Com isso, poderão se sentir incluídos
no refrão de Isaías 19:25 “porque o Senhor dos exércitos os aben-
çoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra
das minhas mãos, e Israel, minha herança”.
O Senhor é adorado por sua compaixão (Isaías 25 a 30)
	 O título do nosso estudo de hoje anuncia dois dos atribu-
tos de Deus: justiça e misericórdia. Nos capítulos 23 a 35 de Isaías
são apresentados diversos julgamentos sobre a terra. São encon-
tradas também palavras de misericórdia, encorajamento e avisos.
Neste estudo e no próximo, estaremos identificando algumas des-
sas palavras através das quais Deus mostra a Sua misericórdia.
	 No capítulo 28, Isaías na qualidade de profeta de Deus,
introduz uma série de seis “Ais” contra as nações. Eles funcionam
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como sinais mostrando alguns dos perigos que se seguem e as
oportunidades e formas de se evitá-los. Neste estudo, estaremos
abordando três desses seis “Ais”.
	 Além do desafio já mencionado em estudo anterior, ref-
erente ao tempo correto da aplicação da profecia, se passado ou
futuro, há um outro, que é a aplicabilidade do texto. Nesse caso,
busca-se entender se a profecia se aplica de forma literal a um
contexto histórico e geográfico ou a um contexto mais amplo de
experiência de vida, onde todos estamos inseridos. O que é literal
e físico para Israel, para nós, é uma figura que se aplica aos aspec-
tos espirituais do nosso dia-a-dia. Esse será o foco desse nosso
estudo.
	 O primeiro “Ai” – prioridades erradas (28:1-3): Este
primeiro “Ai” se refere à cidade de Samaria, a principal cidade da
tribo de Efraim e capital do Reino do Norte, Israel. Ela era bela e
cercada por um rico e fértil vale.
	 Era a glória, o orgulho e a alegria do povo daquele Reino.
Representa a condição moral daqueles que valorizavam os praz-
eres e a luxúria em primeiro lugar. A profecia é um aviso contra
priorizar as coisas materiais e os prazeres da vida, em detrimento
dos valores espirituais. A figura usada pelo profeta, para descrever
esse tipo de vida, que acaba levando ao descontrole pessoal, é a
do bêbado. O bêbado é aquele que decide colocar a bebida como
a prioridade de sua vida, a ponto de perder o controle das de-
mais coisas. Adotar prioridades erradas, desprezando as coisas de
Deus, era uma constante naqueles dias de Isaías e continua a ser
hoje também.
	 Em	 Mateus	6:31-34	vamos encontrar Jesus	exatamente
abordando esse mesmo tema de prioridades, quando ensina a
importância de buscar primeiramente o Reino de Deus e a sua
justiça para que as demais coisas nos possam ser acrescentadas.
	 O segundo “Ai” – religião mecânica e formal (29:1): Era
esperado que Jerusalém, aqui representando o povo escolhido,
falasse ao mundo como conseqüência do seu relacionamento com
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Deus. Mas o que Israel fez e o que isso acarreta ? Nos versos 13 a
14 o texto afirma “...já que esse povo diz que é meu mas não Me
obedece, já que o coração dessa gente está longe de Mim, já que a
sua religião não passa de um monte de leis feitas por homens, que
aprenderam de tanto repetir, Eu vou dar uma grande lição a esses
fingidos ...“ O problema de Israel era a religião externa, apenas
mecânica e ritualística. Em nosso caso, como vemos as coisas de
Deus ? Como parte de nossa vida diária ou apenas como formali-
dades e rituais a serem cumpridos ?
	 O terceiro “Ai” – Deus não se importa (29:15): O perigo
aqui se refere ao grave erro de pensar que Deus não vê o que ac-
ontece em nossa vida. “Pobres dos que procuram esconder os seus
planos de Deus, que tentam fazer tudo no escuro, pensando con-
sigo mesmo: Deus não vai nos ver. Deus não sabe nada do que está
acontecendo”, diz o verso 15.
	 Muitos não crentes pensam que Deus é apenas uma forma
de energia tão distante que não tem tempo e nem capacidade de
olhar cada pessoa. Por outro lado, há alguns crentes, que têm um
relacionamento pessoal com Deus, mas acham que podem ter
pensamentos maus, praticar maledicências, falso testemunho, in-
iqüidades diversas, ter atitudes de ódio ou simplesmente virar o
rosto para um outro crente e achar que Deus não vê essas atitudes
ou as vê, mas simplesmente não vai fazer nada à respeito. No verso
16 o profeta reage dizendo	 “Como vocês estão errados ! Como
são tolos ! Será que o oleiro que faz os jarros não é maior do que
o barro ?” Será que Deus não conhece em detalhes o que acontece
com cada um ?
	 O Deus de retidão e de justiça também é um Deus de no-
vas oportunidades e de perdão. Nos versos 18 e 19 que se segue,
vemos uma mudança de atitude naqueles que viviam no erro.
Em vez da confiança orgulhosa de que podem	 seguir suas	
vidas impunemente, eles mudam. Os surdos passam a ouvir as
palavras do livro e os cegos, ficam livres da tristeza e da escuridão,
passando a enxergar os planos de Deus. Esperamos que cada um
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de nós possamos ter sempre presente em nossas vidas o Deus de
paz, que está sempre pronto a nos perdoar, resgatar, salvar e aben-
çoar desde que O procuremos de verdade.
	 Que possamos deixar de lado as prioridades erradas, a re-
ligião mecânica e formal e o pensamento de que podemos errar à
vontade porque Deus pouco ou nada se importa.
A Visão do local do Reino do Messias (Isaías 31 a 36)
	 Como vimos um pouco antes em nossa lição, o profeta
Isaías introduz uma série de seis “Ais” contra as nações começan-
do no capítulo 28 e indo até o 35. Eles funcionam como sinais
mostrando alguns dos perigos que se seguem e as oportunidades
e formas de se evitá-los. No Estudo 5, abordamos três dos seis
“Ais” ou três avisos contra as prioridades erradas, contra a religião
mecânica e formal e contra o pensamento de que podemos errar
à vontade porque Deus pouco ou nada se importa. No presente
estudo, abordaremos os três “Ais” restantes que nos são trazidos
por Isaías.
	 O quarto “Ai” – a auto suficiência (30:1-2): Este é um aviso
ao perigo da auto confiança daqueles que desprezam as coisas de
Deus de forma rebelde e arrogante. Esta tipicamente é a condição
daqueles que não desejam ouvir a voz de Deus. São como “fil-
hos mentirosos, que não querem ouvir a Lei do Senhor” (v9). É
a condição também de muitos crentes que estão no ambiente da
igreja mas relutam em deixar que o Espírito Santo guie suas vidas.
Acham-se muito bons e superiores aos seus irmãos em Cristo. São
rebeldes em relação à voz do Pastor e às vezes nem sequer dão o
dízimo porque acham que a Igreja é incompetente no uso dos re-
cursos do Senhor e por isso resolvem eles mesmos o que fazer
com o seu dinheiro. O verso 15 mostra o que é necessário: con-
verter a sua autoconfiança em confiança no Eterno Deus. Em se
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voltando para o Senhor, o crente achará sossego e tranqüilidade.
	 Voltar-se para o Senhor significa colocar a própria vonta-
de nas mãos Dele. O resultado da entrega é poder sentir-se guiado
por Ele. A Palavra nos assegura no verso 21 que se entregarmos
nossa vida a Deus Ele nos estará orientando seja quando nos des-
viramos para a direita seja quando nos desviramos para a esquer-
da.
	 O quinto “Ai” – os conselhos do mundo (31-1-2): O verso
1 exclama “ai dos que descem ao Egito em busca de socorro”. O
Egito neste contexto é visto como símbolo da sabedoria do mun-
do. Aqui, o perigo não está na autoconfiança como visto anteri-
ormente mas em colocar a confiança e a solução dos desafios em
coisas materiais ou pessoas que não são de Deus. Não quer dizer
que não possamos depender de coisas e de pessoas mas a fonte da
nossa confiança deverá estar no Senhor e tais coisas e pessoas de-
verão estar primariamente alinhadas com a vontade de Deus para
nossas vidas ou simplesmente as deixaremos de lado. O que pre-
cisamos é um Rei em nossas vidas de quem possamos depender e
em quem possamos confiar. Esse Rei é o Senhor Jeová em pessoa.
É Ele quem reina com justiça e retidão como nos diz o verso 1 do
capítulo 32.
	 O sexto “Ai” – contra os destruidores (33:1): Este sexto
aviso é diferente dos anteriores no sentido de que ele não é con-
tra Judá, Jerusalém ou Israel, mas contra seus inimigos, especifi-
camente aqueles da região da Assíria. Isaías 33:1 fala em “per-
fídia” que significa deslealdade e traição. Tem a ver com o que
mente, que é enganador e traiçoeiro. Senaqueribe, rei da Assíria,
assolador de Judá e das nações vizinhas foi traiçoeiramente as-
sassinado pelos seus próprios filhos que desejavam usurpar seu
trono. Este aviso pode também se aplicar a muitos crentes que
têm atitudes de desamor através da maledicência, do falso teste-
munho, do não perdão, do preconceito, do julgar o próximo, da
inveja, da raiva e até mesmo do ódio. O que se pode fazer quanto
a isso ? Os versos 21 e 22 nos dizem que Deus será o nosso refugio.
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Como um rio que protege uma cidade da invasão, Deus poderá
nos proteger de cairmos no pecado de querermos destruir o nosso
próximo. O verso 24 finaliza que o povo que habita Jerusalém, ou
seja, aquele que buscar habitar na presença do Senhor, terá as suas
iniqüidades perdoadas.
	 Vimos como Isaías nos mostra seis avisos contra pecados
e atitudes erradas. O contexto histórico original considera o am-
biente de ameaça de invasão e conquista de Judá pelos Assírios.
A amplitude da profecia porém se estende no tempo alcançando
também o nosso contexto de hoje e o nosso futuro, à medida que
o profeta sinaliza claramente para o tempo em que o Messias esta-
belecerá o Seu Reino e irá restaurar a terra. O profeta nos fala con-
tra prioridades erradas, contra a religião mecânica e formal e con-
tra o pensamento de que podemos errar à vontade porque Deus
pouco ou nada se importa. Ele nos alerta ainda contra a nossa auto
suficiência, contra a seguirmos conselho do mundo e contra o fim
daqueles que têm no desamor uma prática chegando mesmo até a
buscar a destruição do próximo. No capítulo 35 o profeta aponta
claramente sobre o tempo quando o Eterno abrirá os olhos dos
cegos e desimpedirá os ouvidos dos surdos (v5); quando os coxos
saltarão como cervos e quando a língua dos mudos cantará; pois
naquele tempo, “águas arrebentarão no deserto e ribeiros surgirão
no descampado”. Esse é o tempo em que o Messias retornará para
estabelecer o Seu Reino. Será um tempo em que “a areia esbrase-
ada se transformará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de
águas; onde outrora viviam os chacais, crescerá a erva com canas
e juncos” (Isaías 35:7). Possamos cada um de nós ter a terra sed-
enta de nossas vidas de imperfeições e pecados transformados em
mananciais de perdão e vitórias.
Infortuno Humano e Graça Divina (Isaías 37 a 42)
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Dentre os capítulos propostos para essa lição, os de número 37
a 39 têm como pano de fundo o declínio do império assírio e o
surgimento do império babilônico como potência dominadora.
A Assíria havia sido a ameaça para o povo de Israel, dentro da
primeira metade do livro de Isaías, até o capítulo 39. Foi ela quem
derrotou o Reino do Norte, cuja capital era Samaria. Na segunda
metade do livro, a Babilônia se torna por sua vez, o grande in-
imigo do Reino do Sul, cuja capital, Jerusalém, seria finalmente
conquistada, conforme profecia de Isaías.
	 A época do presente estudo é exatamente aquela entre o
fim do domínio assírio e o início do domínio babilônico. Ezequias,
rei de Judá encontra três ameaças que comprometem sua situação
como líder do povo de Israel: sofre uma tentativa de invasão ainda
pelas forças assírias, é acometido por uma doença de morte e é
assediado por embaixadores babilônicos. Esses três pontos serão
abordados no decorrer deste estudo.
	 Uma tentativa de invasão: de acordo com o relato bíbli-
co ainda no capítulo 36, Senaqueribe, rei da Assíria já havia não
só conquistado todo o Reino do Norte mas já havia domina-
do	 todas as cidades fortificadas do Reino do Sul, Judá. Em
uma manobra final, envia seu general Rabsaqué para sitiar e ata-
car Jerusalém. Ele anuncia seu intento de destruir a cidade e ainda
afronta a Ezequias e a Jeová, dizendo que o Deus de Israel não
seria poderoso o suficiente para impedir aquela conquista (36:4-
5).
	 Aqui encontramos um interessante paralelo com a vida de
hoje quando crentes sofrem ameaças seja no trabalho, na	 e s -
cola,	 ou em ambientes diversos. A fé e as convicções cristãs são
criticadas ou ridicularizadas, a ponto de trazerem ansiedade, in-
justiças e sofrimento para o crente.
	 Quando o rei Ezequias ouve aquelas provocações do gen-
eral assírio, ele se cobre com roupa de saco (37:1) e procura con-
selho com o profeta Isaías. O rei de Judá demonstra sua humildade
perante o Senhor Jeová, e seu reconhecimento de que aquela crise
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se devia grandemente a ele mesmo, que não estivera andando se-
gundo os caminhos do Senhor. A resposta de Deus vem através
de uma profecia de Isaías. Judá seria livrado e os assírios seriam
derrotados.
	 Senaqueribe havia não só desafiado Judá mas havia de-
safiado ao Senhor Jeová. O restante do capítulo 37 mostra como
uma praga aniquilou o exército assírio e como Senaqueribe foi
assassinado pelos próprios filhos. A Assíria nunca mais seria uma
potência política.
	 Como reflexão para nossas vidas, é importante lembrar-
mos-nos que Deus não deseja que vivamos com medo, ameaçados
e ansiosos. Não é pela nossa força que iremos derrotar o exército
assírio que muitas vezes nos cerca, mas pelo poder do Senhor dos
Exércitos.
	 Dentro dos Seus propósitos, poderemos ser livrados. Nos-
sa busca sincera do conselho de Deus e de sua presença em nossas
vidas será a chave para a nossa vitória.
	 Uma doença mortal: o capítulo 38 de Isaías apresenta um
novo teste ou desafio à fé de Ezequias. Os versos 1 a 3 informam
que ele fica doente ao ponto de quase morrer. Com cerca de 39
anos, o rei de Judá clama ao Senhor Jeová pela sua vida. Deus não
só lhe concede mais 15 anos como lhe assegura que defenderá Je-
rusalém dos assírios (38:4-6). Teria Deus livrado Ezequias apenas
para encorajá-lo e beneficiá-lo individualmente ? É interessante
observar que este livramento de Deus foi autenticado por um
sinal em que a sombra do sol retrocedeu. Este fenômeno foi us-
ado por Deus para chamar a atenção dos babilônicos. A chegada
desses embaixadores seria o começo da futura invasão babilônica.
Deus livrou Ezequias de dois problemas mas tanto o rei como	
o povo	não estavam mantendo sua fidelidade a Jeová. A provação
do cativeiro na Babilônia finalmente acabaria por ser usada por
Deus como forma de correção e ensino do seu povo.
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	 A visita dos embaixadores: o capítulo 39 nos informa que
Ezequias, ao contrário do que ocorrera quando da ameaça dos as-
sírios, ignora a palavra do profeta Isaías quanto à forma de receber
esses embaixadores. Cheio de orgulho e	 autoconfiança ele
simplesmente exibe seus tesouros e seus segredos militares (39:2).
Como conseqüência, Isaías profetiza nos versos 5 e 7 que tudo
aquilo seria levado para a Babilônia. Nada seria deixado.
	 Este episódio nos ensina que quando estamos em crise,
somos atacados ou ameaçados, nossa tendência é buscarmos
o Senhor para que ele tenha misericórdia de nós e nos livre do
sofrimento. Quando porém, nos são oferecidas novas oportuni-
dades profissionais, um novo salário, presentes ou benefícios ma-
teriais, tendemos a nos achar muito valiosos, orgulhosos e auto
suficientes, a ponto de acharmos que podemos resolver o assunto
sem a ajuda ou o conselho de Deus.
	 No caso de Ezequias, onde houve sofrimento e onde houve
misericórdia ?
	 Vale ressaltar que a misericórdia de Deus caminha jun-
tamente com a sua justiça e dentro de seus propósitos. Seria um
erro de nossa parte achar que nada de mal ocorrerá conosco por
sermos crentes e por Deus ser misericordioso. Ezequias foi objeto
desta misericórdia quando Deus o livrou dos assírios e lhe deu
mais 15 anos de vida, mas não o manteve imune aos julgamentos
subseqüentes. A rebeldia do povo e o orgulho e autoconfiança de
Ezequias acabaram por levar os babilônios a destruírem Judá.
	 A despeito de nossos erros a misericórdia de Deus porém
sempre se mostrará disponível Ele nos provê o conforto, a segu-
rança e a esperança de que poderemos ser mais do que vence-
dores não pela nossa força mas pelo Seu poder.
Deus abençoa e guarda o seu povo (Isaías 43 a 48)
Deus é Senhor da História
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	 A Babilônia viria conquistar Jerusalém e levar cativos seus
habitantes em 606 aC. Além de profetizar esse fato histórico cerca
de 100 anos antes de sua ocorrência, o profeta Isaías mostra de
forma precisa, que a Babilônia, um dia, também seria conquis-
tada. O capítulo 45 inicia com uma declaração de Javé a Ciro, seu
“ungido”. Este comandaria as forças persas que derrubariam o im-
pério da Babilônia e libertaria o povo judeu cativo naquela terra.
O profeta aponta para a tragédia do cativeiro mas também aponta
para a esperança e a alegria da libertação do povo de Deus. Ciro
surge como um símbolo do Messias que haveria de vir e libertar
para sempre os oprimidos pelas forças do mal.
	 Em Isaías 45:4-5, a palavra nos diz que Ciro não conhe-
cia a Javé mas que Este o escolhera como um instrumento para
libertar Israel. É interessante notar como em várias circunstân-
cias, Deus realiza seu plano mesmo que seja através daqueles que
não O conhecem. Não se trata de pré determinar que alguém será
usado para um dado papel, violando assim o livre arbítrio mas
sim, que Deus é soberano quanto ao desenrolar da História. Caso
Ciro não respondesse à escolha de Javé para aquela missão, Deus
haveria de realizá-la de alguma outra forma. Deus usa o seu povo
como instrumento para realizar seus planos mas se este estiver em
rebeldia, distante, impedido ou mesmo não estiver responsivo ao
seu chamado, Ele terá suas alternativas. Seus planos serão reali-
zados. Vale à pena ressaltar porém, que, aqueles que são usados
por Deus, mas estão em sintonia consciente com Ele conhecendo
seus propósitos e seus planos, certamente experimentam grande
sentimento de realização e contentamento.
Deus salva e abençoa o seu povo
	 Ciro e os persas acreditavam que havia um deus da luz e
um deus das trevas. No verso 7 do capítulo 45, Javé afirma porém,
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que Ele mesmo forma a luz, cria as trevas e é Senhor de todas as
coisas. No verso 9,
	 Javé fala contra aqueles que, orgulhosos e arrogantes, se
acham senhores do seu próprio destino. Na feitura de um vaso,
como poderia o barro questionar aquele que lhe dá forma e define
a sua utilidade ? Como o homem poderia se opor ao seu Criador
? Como poderia querer seguir seu próprio caminho?
	 No verso 22, Javé afirma “olhai para mim, e sedes sal-
vos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus e não há
outro”.A proteção e bênção de Deus vêm e são para todos mas é
necessário que olhemos para o Senhor, despojemo-nos do nosso
“eu” deixando que o Deus Criador dirija nossos planos, nossa
visão e nossa vontade.
Javé e os deuses da Babilônia
	 Um outro ponto a considerar é que aqueles que leram ini-
cialmente as palavras do profeta sobre o cativeiro, talvez não ten-
ham compreendido como sua própria divindade permitiria que
fossem conquistados e escravizados. A cultura da época entendia
que os deuses estavam associados ao território ou região geográ-
fica onde o seu povo	 habitava. Quando um	povo conquistava a
terra de um outro povo, pressupunha-se que os deuses dos con-
quistadores derrotavam os deuses dos conquistados. Se o Povo de
Israel estava sendo derrotado pelos babilônicos Javé não estaria
também sendo derrotado?
	 Isaías mostra que à despeito da derrota futura do Povo de
Israel, Javé continuaria soberano. No capítulo 46 Isaías anuncia
que os deuses da Babilônia não apenas são falhos na salvação do
seu povo mas têm que ser resgatados e carregados por alguém
pois eles não têm como andar sozinhos. Trata-se de uma menção
às imagens de tais deuses. Em contraste, Javé não precisa ser car-
regado em procissão pois Ele tem existência própria e se move de
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forma independente.
	 Apesar de permitir a derrota e o exílio do seu povo,Javé
não o abandonaria. Ele, à seu tempo, salvaria seu povo. Apesar da
Assíria e depois a Babilônia deterem o poder de conquista, seus
deuses	não	 foram responsáveis por isso. Javé, sim, foi Aquele
que concedeu esse poder a eles.
Javé livra seu povo do cativeiro
	 O profeta enfatiza no capítulo 46 que o Povo de Deus, po-
deria ser conquistado e se tornar cativo apesar do poder soberano
de Javé. Na realidade, era o poder de Javé que permitiria que o
seu próprio povo fosse levado para a Babilônia. Seria um período
de castigo, de provação e de aprendizado. Fazendo um paralelo
com os nossos dias, pode-se afirmar que os crentes também po-
dem ser objeto de um exílio ou cativeiro em uma das Babilônias	
da nossa atualidade, seja a Babilônia da falta de saúde, falta de
emprego, de paz, de harmonia, de	 experiências	 duras oca-
sionadas por nossas próprias decisões erradas e de tantas outras
crises que nos cercam. O texto porém é rico no encorajamento
quanto ao livramento que Javé pode trazer a todos os que Nele
confiam. No verso 13 Isaías anuncia que a salvação não tardará.
No verso anterior porém, o profeta fala daqueles que têm coração
obstinado. Como se estivesse vendo o futuro, Isaías fala daqueles
que recebendo	o livramento de Javé permaneceriam no seu cati-
veiro. A História nos diz que, mesmo com a libertação que Ciro
trouxe ao Povo de Deus cativo na Babilônia, muitos permanecer-
am naquela terra recusando-se a voltar para Jerusalém. Como nos
dias de hoje, muitos crentes	 passam	por	 crises, recebem
bênçãos e livramento de Deus mas parece que não se apropriam
delas permanecendo em seus exílios, distanciados da Jerusalém
que podemos simbolicamente associar à
presença do Deus da salvação.
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Nós como crentes, vivemos em um mundo cercado por algum
tipo de paganismo com seus deuses e suas crenças muitas vezes
impositivas. É fácil às vezes achar que o mal prevalece porque
as coisas de Deus são minoria. Este texto de Isaías nos desafia a
lembrar que Deus é soberano e providencia livramento para o seu
povo. Poderá haver derrotas e exílios mas haverá também vitóri-
as, não porque necessariamente as merecemos ou porque somos
fortes em nós mesmos mas porque o Deus soberano protege e
abençoa o Seu povo, segundo a Sua vontade. Que Deus possa nos
dar forças e a certeza de que podemos, como Seu povo, nos apro-
priar da proteção e das bênçãos que Ele nos concede.
A dor e sofrimento do Messias (Isaías 49 a 54)
	 Quando corremos nossos olhos pelo Antigo Testamento
encontramos várias passagens que falam da esperança de um Mes-
sias Salvador. Verificamos também que, mais do que alguém que
viria libertar apenas o Povo de Israel, o Messias viria para todos
os povos através dos tempos. Ele haveria de nascer, crescer e, pelo
seu sofrimento, haveria de estabelecer um caminho de salvação
perfeito. Como um cordeiro que era sacrificado nos rituais dos
antigos cultos, o Messias seria agora um Cordeiro de Deus que,
com um único e suficiente sacrifício, haveria de tirar o pecado de
todos aqueles que Nele cressem.
Qual a expectativa dominante quanto à vinda do Messias?
	 O clima político da época de Isaías era o da realidade do
domínio assírio sobre o Reino de Israel e o potencial domínio dos
babilônicos sobre o Reino de Judá. A expectativa que os judeus
tiveram ao longo de sua história politicamente turbulenta foi a
de um Messias que além de rei, restaurador, profeta e juiz, seria
um libertador político que levaria Israel a ser uma grande nação.
Essa visão étnica e política, juntamente com a tradição e os rituais
(mais facilmente visíveis) explicam, de certa forma, porque Israel,
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não reconheceu Jesus de Nazareth como o Messias quando Ele
veio 7 séculos depois. Nessa época, isso tudo foi ainda agravado
pelos contrastes que Jesus expôs, entre os valores do Seu Reino e
os valores do mundo em geral.
	 Nesse caso o maior desses contrastes foi que Sua mais po-
derosa demonstração de força foi exatamente deixar-se crucificar.
Como é que um rei poderia ser preso, humilhado e crucificado ?
Aos judeus, faltou-lhes a visão mais simbólica de um Israel espir-
itual e de um Messias libertador sobre tudo dos pecados de todos
nós. O curioso é que a despeito da reação do povo em geral, essa
percepção, de teor mais espiritual e universal, era de conhecimen-
to dos grandes profetas de Deus e em particular, de Isaías, como
pode ser demonstrado nas seções seguintes.
Como Isaías vê o Messias
	 O profeta aponta para o Messias, suas ações, história, mis-
são e universalidade em várias partes do seu livro. Algumas das
lições anteriores exemplificam a abrangência da visão de Isaías
sobre o Messias. Nas referências a seguir, entretanto, encontramos
com precisão notável, profecias sobre eventos históricos que ha-
veriam de ocorrer cerca de 700 anos após. Em Isaías 7:14 vemos
por exemplo, que o Messias nasceria de uma virgem. Em 40:3, que
Ele seria precedido por João Batista. Em 11:2, que Ele seria un-
gido pelo Espírito Santo. Em 42:2 que a humildade seria uma de
suas características. Em 8:14, que Ele seria “pedra de escândalo”
para os judeus. Em 53:4-6, que Ele sofreria em lugar dos outros.
Em 52:14, Isaías nos fala de sua aparência, Em 50:6, que Ele seria
cuspido e flagelado. Em 53:9, que Ele seria sepultado com o rico.
Em 28:16, que Ele seria a pedra principal (sobre a qual sua Ig-
reja seria construída). Em Isaías 11:10 e 42:1 encontramos ainda
que o Messias viria também para a conversão dos gentios. Em 9:7
encontramos que seu reino seria para sempre. No capítulo 53, o
profeta nos oferece ainda uma visão do Messias como um Servo
sofredor que carregaria sobre si as nossas iniqüidades para nos
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salvar. É difícil entender como alguém pode ler todas essas pas-
sagens e especialmente Isaías 53, e não ver nelas claramente Jesus
de Nazareth como o Messias de Deus.
O servo sofredor
	 Uma das perguntas que me vinha à mente em minha ado-
lescência inquiridora era por que era necessário haver sacrifício
de sangue no Antigo Testamento. Por que um cordeiro tinha que
ser sacrificado e o seu sangue derramado? Por que lemos no livro
de Levítico que “sem sangue, não há salvação” ? Essas perguntas
ficaram sem resposta por um bom tempo. Alguns anos mais tarde,
porém, pude aprender que dentro da cultura do Antigo Testamen-
to, havia o entendimento de que a vida estava no sangue. Quando
alguém se esvaia em sangue, perdia a sua vida. Pude aprender
também que em várias culturas antigas a maneira da criatura
viver harmonicamente com a divindade era a criatura entregar a
sua vida à divindade. Se a criatura pudesse entregar seu sangue à
divindade, ou seja, sua própria vida, estaria se harmonizando com
ela. Como porém entregar sua vida sem perecer ? O conceito do
sacrifício substitutivo veio resolver essa questão. Um animal sem
mancha e perfeito seria sacrificado em lugar da criatura e aquele
sangue derramado do animal, simbolizaria a entrega da vida da
criatura à divindade. Portanto, ao se sacrificar um animal em um
altar de culto, o que se estava fazendo simbolicamente, era entre-
gar a vida à divindade.
	 O Messias de Deus apresenta-se como o Cordeiro perfeito
que veio substituir todos os cordeiros anteriores. De forma úni-
ca, completa e suficiente o Messias sofredor se deixou sacrificar
para que nossa vida fosse salva. A nossa salvação porém, requer
que O aceitemos como salvador e que nossa vontade, intelecto e
emoções sejam entregues a Ele. É dessa forma que conseguimos
desfrutar da presença e direção de Deus em nossas vidas. Isaías
53:13-14 descreve o aspecto “desfigurado”do Messias quando so-
brecarregado com os nossos pecados. Menciona também que Ele
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seria exaltado, numa possível referência à sua ressurreição. Esse
seria um fato notório e necessário para que sua condição de Cord-
eiro único e suficiente, prevalecesse. O Messias de Deus haveria de
vencer a morte.
	 Através da vinda do Messias, que carregou sobre si as nos-
sas iniqüidades e dores, como Cordeiro que toma o nosso lugar,
Deus promoveu o milagre mais espetacular que se tem conheci-
mento: a possibilidade de um pecador arrependido poder alcan-
çar a vida eterna ao lado do Criador mediante e fé no Messias, o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Um convite irresistível (Isaías 55 a 60)
	 Nesta oportunidade, em que damos seqüência ao nosso
estudo sobre o livro do profeta Isaías, estaremos estudando o capí-
tulo 55, quando destacaremos quatro pontos que esperamos ser
de interesse dos nossos prezados leitores e ouvintes.
1. Vinde e comprai sem dinheiro
	 Esse capítulo 55 de Isaías é todo ele um apelo para que
busquemos a salvação. Ele inicia com um convite inusitado para
os dias de hoje – “vinde às águas ... vinde comprai e comei sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite”. A água serve para desseden-
tar a sede da vida eterna. Esta é a mesma água que Jesus oferece
à mulher samaritana em João 4:14 – “aquele, porém que beber
da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre, pelo
contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para
a vida eterna”.
	 O profeta anuncia que o vinho, representando a alegria,
o pão e o leite, representando o alimento da Palavra de Deus, são
colocados gratuitamente pelo Senhor para todos aqueles que O
buscam.
Para aqueles que hesitam em vir beber está água, este vinho e o
leite, bem como hesitam em aceitar o pão oferecido gratuitamente,
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seja porque entendem em ser auto-suficientes em seus caminhos,
seja porque acham que têm coisas mais importantes para fazer,
o Senhor lhes pergunta no verso 2 “por que gastais o dinheiro
naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo que não satisfaz“?
Escrita há 700 anos antes de Cristo esta pergunta permanece ainda
atual hoje. Após dias e semanas de trabalho, às vezes nos achamos
perguntando: para que trabalhamos tanto ? Qual o nosso propósi-
to em levantarmos todos os dia se despendermos horas e horas
de nossa vida em uma roda viva de trabalho e atividades ? Não há
dúvida que o nosso sustento material deve vir de nosso trabalho,
mas será que ele deve ser tal que consuma todas as nossas energias
físicas, emocionais e espirituais? E ainda, o que fazer quando, após
todo esse empenho, sentimos que não estamos satisfeitos ? E as
nossas dúvidas quanto ao que devemos fazer ? E os nossos planos
para o futuro ? Temos algum ? E os nossos relacionamentos com
as pessoas ? Como devemos agir ? O que devemos fazer ? O Sen-
hor responde à essas questões no verso 3 quando nos diz “inclinai
os vossos ouvidos e vinde a mim, e a vossa alma viverá, porque
convosco farei uma aliança perpétua...”
	 Tal aliança se completou 700 anos após, através de Jesus, o
Messias de Nazareth, que até hoje, oferece vida abundante a todo
aquele que Nele crê e a Ele entrega suas decisões e sua vida.
	 O verso 6, talvez um dos mais conhecidos da Bíblia, com-
pleta o convite introduzindo uma dimensão de tempo de quando
fazer essa aliança perpétua: “Buscai o Senhor enquanto se pode
achar, invocai-o enquanto está perto”.
2. Os propósitos e pensamentos de Deus
	 Uma das dificuldades da vida cristã é o conflito entre sab-
er que uma aliança com Deus subentende entregar nossos pla-
nos e nossa vida a Ele, e o efetivo entregar. A tendência é cada
um procurar estabelecer seus próprios planos e simplesmente ir
seguindo a vida respondendo à sua própria vontade. Quanto aos
planos de Deus, pensamos muitas vezes que nem sempre con-
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seguimos conhecê-los. Até mesmo nos revoltamos ou reclamamos
de certos desdobramentos ou acontecimentos. Ás vezes, dizemos
que entregamos, mas não o fazemos. Ou entregamos, mas não
confiamos, o que é o mesmo que não entregar. Pior ainda, muitas
vezes tentamos impor a Deus o que Ele deve fazer. Nos versos 8 e
9 de Isaías 55 encontramos Deus nos dizendo que ele não age da
mesma forma que nós. Por isso, não devemos nos surpreender
quando não conseguirmos entender os planos Dele – “...os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos, diz o Senhor”.
3. A palavra que não volta vazia
	 Muitos crentes que costumam levar a palavra do Evangel-
ho para outros ou mesmo que assistem a um pregador fazer um
apelo e, em alguns casos, não encontram respostas visíveis à men-
sagem entregue, podem, por um instante, pensar que tudo aquilo
foi seus caminhos, seja porque acham que têm coisas mais im-
portantes para fazer, o Senhor lhes pergunta no verso 2 “por que
gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo
que não satisfaz“? Escrita há 700 anos antes de Cristo esta pergun-
ta permanece ainda atual hoje. Após dias e semanas de trabalho,
às vezes nos achamos perguntando: para que trabalhamos tanto ?
Qual o nosso propósito em levantarmos todos os dia se despend-
ermos horas e horas de nossa vida em uma roda viva de trabalho
e atividades ? Não há dúvida que o nosso sustento material deve
vir de nosso trabalho, mas será que ele deve ser tal que consuma
todas as nossas energias físicas, emocionais e espirituais? E ainda,
o que fazer quando, após todo esse empenho, sentimos que não
estamos satisfeitos? E as nossas dúvidas quanto ao que devemos
fazer?
E os nossos planos para o futuro?
	 Temos algum? E os nossos relacionamentos com as pes-
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soas? Como devemos agir ? O que devemos fazer ? O Senhor re-
sponde à essas questões no verso 3 quando nos diz “inclinai os
vossos ouvidos e vinde a mim, e a vossa alma viverá, porque con-
vosco farei uma aliança perpétua...” Tal aliança se completou 700
anos após, através de Jesus, o Messias de Nazareth, que até hoje,
oferece vida abundante a todo aquele que Nele crê e a Ele entrega
suas decisões e sua vida.
A Grandeza da Salvação (Isaías 61 a 66)
	 Neste 11o Estudo de nossa série sobre Isaías, estaremos
concentrando nossa atenção no capítulo 65 do livro deste grande
profeta de Deus. Ao examinarmos o texto, verificamos que ele se
desdobra em três partes principais: a) o julgamento do Senhor so-
bre os rebeldes; b) O Senhor salva aqueles que O buscam e destrói
aqueles que O rejeitam e c) O Senhor assegura um glorioso futuro
a seu povo em um novo mundo a ser criado por Ele.
O julgamento do Senhor sobre os rebeldes (Isaías 65:1-5)
	 No verso 1 Deus declara, através das palavras do profeta,
como Ele se manifestou a outros povos, além do Povo de Israel
histórico. Isto nos mostra com clareza que a salvação é para todas
as nações e não apenas para Israel. No verso 2, Javé chama a aten-
ção daqueles que andam por seus próprios caminhos e por isso, se
tornam rebeldes. Nos versos 3 a 5, o Senhor condena aqueles que
praticam a superstição. O texto faz menção a jardins, onde adora-
dores dos desuses cananeus faziam alguns tipos de cultos e sacrifí-
cios, todos condenados por Javé. O verso 4, se refere aqueles que
moram em sepulturas e passam a noite em lugares misteriosos,
numa alusão à necromacia, outra prática condenável aos olhos do
Senhor. Este verso também menciona o comer carne de animais
considerados “abomináveis”.
	 Povos pagãos acreditavam que, ao comerem a carne de al-
guns desses animais, poderiam receber certas virtudes. Mais do
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que condenar tais carnes, sob o ponto de vista da saúde, a palavra
do Senhor tinha como objetivo se contrapor à idolatria pois es-
ses animais eram usados como forma de relacionamento com o
sobrenatural.
	 Aqueles que se opunham a um correto relacionamento
com o Deus criador, buscando em lugar disso, outras divindades,
estavam sendo objeto de julgamento de Javé. Em tempos moder-
nos, poderíamos com certeza, identificar essas outras divindades
não somente dentro das religiões fetichistas mas também naque-
las práticas em que o Deus do dia-a-dia é substituído por coisas ou
pessoas tais como dinheiro, sexo, poder, ídolos etc.
2. O Senhor salva aqueles que O buscam e destrói aqueles que O
rejeitam (Isaías 65:6-10)
	 O verso 8 compara a nação a um cacho em que as uvas
estão bastante machucadas mas a existência de suco em algumas
delas é suficiente para evitar que todo o cacho seja desprezado.
Esta comparação nos permite constatar que Deus é Alguém que
nos restaura e sempre nos dá oportunidades de um novo começo.
É necessário porém, que estejamos prontos a aceitá-lo como Sal-
vador e também como Senhor de nossas vidas. Negá-lo ou sub-
stituí-lo pelos nossos próprios deuses pessoais é abrir caminho
para nosso afastamento do Deus verdadeiro, rumo à nossa própria
destruição. Os versos 11 e 12 ilustram bem as conseqüências
daqueles que abandonaram o Senhor para preparar uma mesa
para a deusa Fortuna e vinho para o deus Destino, ambos sim-
bolizando cultos, louvor ou dedicação a outros deuses, coisas ou
pessoas. Fortuna e Destino eram deuses associados às divindades
pagãs Gad e Menim para as quais, respectivamente, se faziam cul-
tos aos astros e onde se ofereciam alimentos em rituais de magia.
O verso 12 conclui que aqueles que participam de tais cultos e não
respondem ao chamado de Javé, são destinados à espada.
3. O Senhor assegura um glorioso futuro a seu povo em um novo
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mundo a ser criado por Ele (Isaías 65:17-25)
	 A palavra de Deus trazida pelo profeta Isaías nos afirma
ainda que a natureza e amplitude da salvação que Javé promete é
tal que uma completa transformação ocorrerá em nossa realidade
física e espiritual. A salvação em si ocorre no presente tempo,
ao nível individual de cada pessoa que aceita o Messias de Deus
como Salvador e Senhor. No final dos tempos, porém, o Senhor
haverá de criar um novo céu e uma nova terra.
	 Isaías nos afirma que ela será caracterizada pela seguran-
ça, prosperidade e grande comunhão com o Senhor. O profeta nos
descreve ainda a restauração da sociedade humana, quando não
haverá mais dor, tristezas, lágrimas e mesmo a morte, será banida.
Enquanto esse tempo futuro não chega, cabe-nos porém, consid-
erar nossa fé na soberania de Deus, na perfeição do seu plano de
restauração e salvação e aceitar o convite desta salvação, que Ele
nos oferece através do Messias.
	 O Deus que o profeta Isaías nos apresenta é Alguém atento
ao ser humano. Ele nos mostra um Deus que julga aqueles que O
rejeitam. Mas mostra também, um Deus que oferece oportuni-
dade de salvação a todos que se dispuserem a aceitar o seu convite
de vida abundante com Ele. Não se trata de vingança mas de con-
seqüência natural de causa e efeito. Deus é luz. Não estar na Luz, é
permanecer nas trevas.
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Jeremias
“Judá e Jerusalém – tristes quadros” Jeremias 1 a 10
	 Neste trimestre que hoje se inicia, estaremos conhecendo
um pouco melhor os livros de Jeremias, Lamentações, Ezequiel e
Daniel. Espero que, contando com a graça de Deus e com o nosso
próprio esforço e reverência, este trabalho não seja estéril mas sim
fértil, rendendo muitos e variados frutos.
	 Para começarmos a pensar quem foi Jeremias, eu pro-
ponho que você faça uma experiência: peça para algumas pessoas
definirem este profeta. Garanto que você ouvirá	 a l g u m a s
afirmações como: “Jeremias? Ah, ele ficou choramingando ao in-
vés de agir!” ou “Jeremias foi aquele que, quando Deus o chamou,
deu uma desculpa, dizendo ser ainda criança.” Agora vamos refle-
tir um pouco sobre esta impressão: será que se a vida de Jeremias
se resumisse mesmo a isso, teríamos hoje um livro inteiro com o
seu nome em nossas Bíblias? É claro que não! Mas então quem
será este profeta?
Para responder esta pergunta, só mesmo buscando, com bastante
atenção, pistas no texto bíblico. Só lá encontraremos a verdadeira
face de Jeremias, e assim poderemos sair de vez do campo das
impressões superficiais.
	 Eumencioneiotermo“pistas”,nãofoimesmo?Poisé,como
vocês já devem ter imaginado, o nosso trabalho será bem parecido
com o de um detetive. Isso porque não possuímos uma história
completa da vida deste profeta, mas sim fragmentos isolados e
muitas peças perdidas. Mas não há razão para desanimarmos. Jer-
emias é, talvez, o profeta cuja vida conhecemos melhor em todo
Antigo Testamento. Assim, mesmo que haja longos períodos de
sua vida sobre os quais não podemos dizer praticamente nada, há
também trechos muito bem conhecidos. Juntando estes períodos
mais conhecidos com algumas bem pensadas suposições, chega-
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mos à história que estaremos analisando nestas lições. Então, sem
mais delongas, vamos a ela.
	 Dos primeiros três versículos do livro aprendemos que Jer-
emias nasceu em Anatote, uma aldeia que ficava a seis quilômet-
ros de Jerusalém. Sua família pertencia à tribo de Benjamim que,
apesar de ser parte do reino de Judá, ainda mantinha muitos laços
com as tribos do norte. Aprendemos também que ele era filho do
sacerdote Helcias. Não há, contudo, nenhum indício em todo o
livro de que Jeremias tenha desempenhado, ele mesmo, a função
de sacerdote. Lemos que a palavra de Deus foi-lhe dirigida pela
primeira vez no 13º ano do reinado de Josias, rei de Judá. Este ano
foi o ano 627 a.C. Mais à frente, neste mesmo capítulo, encontra-
mos a descrição deste momento tão importante e a tão comen-
tada resposta de Jeremias: “sou ainda uma criança”. Não podemos
saber, ao certo, o que o profeta quis dizer com isso, mas a maioria
dos estudiosos afirmaria que provavelmente ele não estaria muito
longe dos vinte anos. Com isso, podemos assumir que Jeremias
nasceu por volta do ano 645 a.C.
	 Passado o momento da sua vocação, a vida de Jeremias
pode então ser dividida em quatro fases principais: a fase do re-
inado de Josias, a fase do reinado de Jeoaquim, a fase do reinado
de Zedequias e a fase posterior à queda de Jerusalém. Hoje co-
briremos apenas a primeira fase, referente ao reinado de Josias,
já que os capítulos que lemos esta semana parecem ser oriundos
principalmente dela.
	 O rei Josias, neto de Manassés e filho de Amon, chegou
ao trono através de uma contra-revolução que derrotou aqueles
que haviam matado seu pai. Ele tinha apenas oito anos de idade
quando isso aconteceu, no ano 640 a.C., e, além da grande insta-
bilidade política, ainda teve de lidar com o legado que seu avô,
um rei ímpio e cruel, deixou-lhe. Contudo, Josias soube vencer
estas dificuldades e acabou tornando-se um dos reis mais impor-
tantes da história de Judá. A sua política externa foi marcada pela
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crescente autonomia do estado de Judá perante a Assíria. A sua
política interna, por outro lado, foi ainda mais crucial para a sub-
seqüente história do povo judeu. Josias, ainda no início do seu
reinado, começou uma reforma religiosa. Alguns	 dos obje-
tivos alcançados por esta reforma foram a purificação do culto e a
restauração da Páscoa, que havia sido esquecida pelo povo. Mas o
ponto alto foi, sem dúvida, a descoberta do livro da lei. Hoje, estu-
diosos pensam que este livro se tratava de um rolo contendo parte
considerável do Deuteronômio. Esta descoberta motivou o rei a
patrocinar a redação de um outro livro, que se tornou o restante
do Deuteronômio e os livros de Josué, Juízes, I e II Samuel e I e II
Reis. Dessa forma, tudo parecia ir muito bem até que, de forma
trágica, Josias morreu combatendo os Egípcios em Meguido, no
ano de 609 a.C.
	 O reinado de Josias é um daqueles períodos consideráveis
da vida de Jeremias sobre os quais temos poucas informações.
Não sabemos se Jeremias, após a sua vocação, foi imediatamente a
Jerusalém ou se permaneceu ainda por alguns anos em Anatote.
Não sabemos se ele foi para o norte ou não. Contudo, por se tra-
tarem de 18 anos, é provável que ele tenha desempenhado, neste
período, um papel importante em Jerusalém e no antigo reino
de Israel também. Quanto ao próprio reinado Josias, parece que
Jeremias o apoiou em parte, elogiando-o quando era merecido e
criticando-o, sem meias palavras, quando era o caso. De qualquer
forma, a profunda corrupção do reinado de Jeoaquim, que suce-
deu Joacaz, o sucessor de Josias que foi deportado para o Egito,
não pode ter surgido apenas em alguns breves meses, mas deve ter
lançado as suas raízes ainda no tempo de Josias.
	 Pois bem, espero não ter cansado ninguém com este relato
um pouco longo, é verdade, da história de Jeremias e do seu povo!
Contudo, torço para que vocês tenham saboreado este conheci-
mento percebendo como ele é enriquecedor paraa leitura do texto
bíblico. Para mim, parece que ler a Bíblia sabendo um pouco da
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história por detrás do que eu estou lendo é como ver um retrato
com cores mais vivas.
	 Mas não podemos nos despedir sem antes considerarmos
um trecho tão importante – e com tantas repercussões – da leitura
desta semana como a vocação de Jeremias, que está em Jr 1.4-10. Se
compararmos este relato de vocação com os de Isaías e Ezequiel,
por exemplo, encontraremos muitas diferenças, como aquela ref-
erente ao encontro do profeta com Deus. Enquanto Isaías descreve
o trono de Deus rodeado de serafins e Ezequiel fala de uma estra-
nha visão, Jeremias limita-se a dizer: “a palavra do Senhor veio
a mim”. Fica claro como, para Jeremias, mais importante do que
tudo mais é a Palavra de Deus. Diante da simples afirmação da sua
presença, elementos como o lugar e o modo parecem pequeni-
nos detalhes que não têm porque não serem omitidos. Com isto
em mente e levando em conta que Deus chama Jeremias para
ser “profeta às nações”, ou seja, o difusor desta Palavra, podemos
vislumbrar quem é o profeta Jeremias: um homem chamado por
Deus para deixar de ser ele mesmo.
	 Essa afirmação é de fato bastante estranha, mas pense
bem: se frente à Palavra de Deus a própria visão que Jeremias tem
do Senhor é algo que não vale a pena levar tempo para descrever,
será que Jeremias estaria disposto a dizer qualquer outra coisa que
não fosse a própria Palavra de Deus? Eu penso que não. E parece
que o Senhor concordaria comigo! Afinal, Jeremias não estava di-
zendo justamente algo que vinha do seu próprio coração quando
afirmou ser jovem demais? E Deus não o corrige, dizendo: “não
diga que é muito jovem”?
	 Desta forma podemos ver que Jeremias não tinha motivos
para ter medo porque, a partir daquele momento, ele deveria
passar a	 ser a própria Palavra de Deus. Suas ações e as con-
seqüências delas não mais deveriam ser medidas por parâmetros
humanos.
Mas é claro que isto não foi fácil para Jeremias – como não é fácil
para mim e nem para você. Pois é, pensando bem, eu e você não
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estamos tão longe de Jeremias assim. O mesmo Deus que o cham-
ou para destruir e construir não nos chama hoje para a mesma
tarefa?
O anúncio do castigo divino (Jeremias 11 a 20)
	 Nesta semana, lemos os capítulos 11 a 20 do livro de Jer-
emias. Alguns dos eventos que são descritos nestes capítulos ocor-
reram provavelmente no reinado de Jeoaquim. Observemos, en-
tão, como foi o reinado deste filho de Josias e como este reinado
afetou a mensagem de Jeremias.
	 Já no primeiro ano do reinado de Jeoaquim, Jeremias faz
um discurso contra a certeza que o povo de Jerusalém tem de que,
por serem habitantes da cidade onde está o Templo do Senhor,
não têm motivos para temer mal algum. O povo, preso ao seu
próprio pecado, recusa-se a escutá-lo e ainda tenta matá-lo. Jer-
emias escapa, mas ali começavam os tempos mais difíceis de sua
vida.
	 Alguns anos depois, em 605 a.C., contra todas as expec-
tativas, Nabucodonosor, rei da Babilônia, derrota os Egípcios na
batalha pela fortaleza de Carquemis. A partir de então, Jeremias
identifica o “inimigo do norte” com a Babilônia e, a fim de res-
saltar a função que este inimigo poderá ter nas mãos do Senhor,
vai até o portão, quebra um jarro e discursa sobre o fim de Judá,
como vemos nos capítulos 19 e 20. O comissário do Templo então
bate nele e prende-o. Quando isto acontece, Jeremias e Baruque
são obrigados a esconderem-se.
Leremos sobre estes acontecimentos no capítulo 36.
	 Foi também provavelmente no reinado de Jeoaquim que o
Senhor enviou Jeremias até a casa do oleiro e também para junto
do Eufrates, onde ele deixou o seu cinto. De qualquer forma, não
há necessidade de detalharmos ainda mais este período se com-
preendermos o seu principal significado: Jeremias passara de um
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observador crítico do rei e do povo, como fora no reinado de Jo-
sias, para um inimigo ferrenho e perseguido. Assim, a pregação
dele tornou-se cada vez mais um anúncio da destruição de Je-
rusalém e uma denúncia dos pecados do povo. Contudo, Jeremias
não se limitou a expressar a Palavra de Deus. Em alguns momen-
tos, ele também virou-se e dialogou com o Senhor. Vemos isto
em algumas passagens muito famosas, chamadas as confissões de
Jeremias.
	 Você ainda se lembra da fama de Jeremias? Pois é, ela vem
principalmente daqui. As confissões podem ser encontradas nos
capítulos 11, 12, 15, 17, 18 e 20.
	 Observemos, pelo menos, o trecho encontrado no capí-
tulo 20 – mais especificamente os versículos 14 a 18. “Maldito seja
o dia em que eu nasci!” diz o profeta. O seu rancor e a sua dor são
muito profundos. Ele afirma que gostaria de ter morrido no ven-
tre de sua mãe sem jamais ter visto a luz do dia. Afinal, pergunta
ele, “Por que saí do ventre materno? Só para ver dificuldades e
tristezas, e terminar os meus dias na maior decepção?” Por que
Jeremias disse estas coisas? De onde vem uma dor tão profunda
e amarga? E seu contato direto com o Senhor, não seria este sufi-
ciente para calar tais perguntas? Para responder estas indagações,
só mesmo buscando entender o que é, de fato, um profeta. To-
davia, mesmo levando estas diferenças em consideração, ainda é
possível traçar as linhas gerais que fazem com que um homem
seja, reconhecidamente, um profeta? Penso que sim. Segundo José
	 Luis Sicre, existem quatro pontos principais que dis-
tinguem o profeta dos demais homens. Vejamos quais são estes
pontos. Primeiro, o profeta é um homem inspirado. Ou seja, ele
tem plena convicção de que a mensagem que tem é a mensagem
do próprio Deus. Assim, ele não se baseia em documentos ou
mesmo puramente na experiência humana, mas diretamente na
Palavra de Deus que, segundo o próprio Jeremias, pode ser a sua
alegria e o seu júbilo (15.16) ou um fogo que ele não pode conter,
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por mais que tente (20.9). Segundo, ele é um homem público. Isso
quer dizer que o profeta está inserido em uma comunidade e está
profundamente imerso em seus problemas e sonhos. Por mais que
o profeta seja um solitário, ele não está completamente isolado, já
que a profecia não pode existir sem um contexto social. Terceiro,
o profeta recebeu um dom de Deus. Ele não precisa pertencer a
uma certa classe social ou ter recebido uma educação especial.
Basta que ele tenha sido escolhido por Deus.
	 Por fim, chegamos ao quarto item, justamente aquele que
mais nos ajudará a responder aquelas perguntas sobre a dor e a
atitude de Jeremias. O profeta é um homem ameaçado. Ameaçado
pelas autoridades, pelo povo, pelos seus próprios parentes, como
Jeremias foi (11.18-23). Certo. Mas aqui temos de parar e pergun-
tar: se fosse apenas isto, será que Jeremias teria se “confessado”
perante o Senhor daquela forma? Me parece que não. Portanto,
vemos que as ameaças não eram apenas estas. Temos que admitir
que a maior ameaça para o profeta não vem dos homens, mas do
próprio Deus. Leiamos Jr 20.7. O profeta diz: “Senhor, tu me per-
suadiste, e eu fui persuadido; foste mais forte do que eu e preva-
leceste. Sou ridicularizado o dia inteiro; todos zombam de mim.”
Vemos, desta forma, que o relacionamento entre o Senhor e o
profeta não era marcado apenas por carinhos e afagos. O profeta
tinha uma função a desempenhar e o Senhor o empurrava con-
stantemente nesta direção, às vezes para o grande sofrimento do
profeta.
	 Foi assim com Jeremias. O Senhor o fez andar por camin-
hos dificílimos e ele, não podendo compreender a razão daquilo,
perguntou-lhe: “Até quando?” Mas Deus lhe disse que não con-
vinha que ele tivesse aquela resposta – leia os primeiros seis ver-
sículos do capítulo 12 e veja novamente como isto aconteceu.
Agora, coloque-se no lugar de Jeremias. Talvez você sequer pre-
cise usar muito a sua imaginação – talvez o Senhor também es-
teja empurrando você por caminhos difíceis para que a Palavra
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dele possa ser ouvida. Dá vontade de reclamar? Jeremias não só
teve vontade, como reclamou. E o Senhor, apesar de não lhe dar
uma resposta que o satisfizesse, escutou, consciente da dor do seu
servo.
	 O Senhor de Jeremias – o nosso Senhor – é muito sábio.
Quem sabe se no fundo, no fundo, o que Jeremias realmente pre-
cisava não era de uma resposta, mas sim de um Deus que o amasse
e que o escutasse. No fundo, no fundo, talvez ele já soubesse que
não poderia ter uma resposta. Mas o Senhor escutou, Jeremias
confiou nele e foi o suficiente para que o profeta seguisse por seus
caminhos. Espero que a certeza de que temos um Deus que nos
ama e está sempre disposto a nos escutar também nos baste e as-
sim sigamos em frente, vivendo a cada instante a promessa que
em Jr 11.7: “Bendito é o homem cuja confiança está no Senhor,
cuja confiança nele está.”
O cativeiro e a sua causa (Jeremias 21 a 30)
	 Hoje, continuando o nosso estudo do livro de Jeremias,
iremos rever o conteúdo dos capítulos 21 a 30. Nestes capítulos as
admoestações e ameaças que Jeremias trouxe ao povo finalmente
tomam forma através de Nabucodonosor.
	 Este rei da Babilônia derrota os Egípcios e, no reinado de
Jeconias, sucessor de Jeoaquim, chega até Jerusalém. Após cercar
e invadir a cidade, ele leva para a Babilônia Jeconias, boa parte
dos poderosos de Jerusalém e muitos dos tesouros do Templo.
Zedquias é então coroado, tornando-se assim o terceiro dos filhos
de Josias a chegar ao trono.
	 Politicamente, os primeiros anos que se seguem à sua coro-
ação, que ocorreu em 597 a.C., são bastante tranqüilos para Zed-
equias. A Babilônia passara a ser inquestionavelmente o grande
poder da região e quem pagasse os seus tributos em dia não teria
muito o que temer. Contudo, Zedequias e o povo agora têm um
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grande problema teológico e social para resolver. Como explicar a
queda de Jerusalém e a profanação do Templo? O Templo não era
a casa do Senhor e Jerusalém a sua cidade? Assim, eles recebem
ainda mais uma chance para dar ouvidos a Jeremias e reconhecer
que o seu pecado anulou estas garantias. Mas, ao invés de fazerem
isto, eles colocam toda a culpa naqueles que haviam sido deporta-
dos.Opondo-seaeste posicionamento, Jeremias fala dos dois ces-
tos de figos, no capítulo 24.
	 Mas a mensagem de Jeremias não é apenas para o povo
que permaneceu em Judá. Ele escreve uma carta para os exilados,
que encontramos no capítulo 29, na qual os exorta a levarem uma
vida o mais normal possível, já que o eles permaneceriam na Ba-
bilônia por longos anos. Contudo, os exilados também optam por
permanecer com seus pecados e não lhe dão ouvidos, ansiando
acima de qualquer outra coisa pelo seu retorno a Jerusalém.
	 Alguns anos depois, em 593 a.C., Zedequias recebe, em
Jerusalém, embaixadores de diversos reinos da região. O assunto
desta conferência erauma possível coalizão contra a Babilônia.
	 Jeremias é contrário a esta proposta e o demonstra colo-
cando um jugo sobre o seu próprio pescoço, como vemos nos
capítulos 27 e 28. Não se sabe ao certo se por prudência política
ou se por haver ouvido, finalmente, a mensagem de Jeremias, mas
o fato é que Zedequias optou por permanecer subserviente à Ba-
bilônia. Contudo, a sabedoria de Zedequias não durou muito e,
cinco anos mais tarde, ele cedeu às pressões e se negou a pagar o
tributo. A partir de então foram iniciados os eventos que levaram
à segunda deportação e à destruição de Jerusalém.
	 Para nós, hoje em dia, todos estes eventos e os que os
seguiram sejam de fácil explicação. Não estamos satisfeitos em
dizer simplesmente que o povo pecou, não se arrependeu quando
teve a chance, e por isso o Senhor o levou cativo para a Babilônia?
Todavia, se pararmos um pouco para refletir, veremos que ler so-
bre este processo 2500 anos depois que ele aconteceu e chegar a
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algumas conclusões é uma coisa. Vivê-lo é outra, totalmente difer-
ente. Não que os eventos que culminaram no exílio não tenham
tido causas e conseqüências bem visíveis, mas nós jamais com-
preenderemos este processo completamente se assumirmos que o
povo tinha a mesma percepção dele que nós temos hoje. Portanto,
acho que vale a pena nos esforçarmos um pouco observando de
que forma Jeremias expunha a sua mensagem ao povo. Quem sabe
assim possamos compreender melhor a perspectiva que aquele
povo tinha dos eventos que culminaram no exílio babilônico.
	 A linguagem profética tem uma característica que é ao
mesmo tempo a sua grande força e a sua grande fraqueza. Esta
característica está na enorme capacidade do profeta de lançar mão
da cultura e dos valores do seu povo para falar de maneira vio-
lentamente clara e sincera. O profeta não apresentava uma lin-
guagem abstrata e conceitual, mas sim palavras absolutamente
concretas e de sentido inquestionável. Quem o ouvisse não po-
deria ficar indiferente – ou considerava-o um louco perigoso ou
permitia que aquelas palavras fortalecessem a sua consciência de
uma forma surpreendente.Contudo,é justamente aí que também
está a grande fraqueza da linguagem profética. Será que palavras
construídas com tanto cuidado para impactarem as mentes dos
cidadãos da Judá do século VII a.C. terão o mesmo efeito sobre
mim, um brasileiro vivendo em pleno século XXI? É claro que
não! Na verdade, este cuidado que o profeta teve para criar uma
linguagem tão forte para o seu povo funciona de maneira inversa
comigo – quanto mais claro ele for para o cidadão de Judá, menos
claro ele será para mim!
	 A fim de que possamos ver, na prática, como isto funcio-
na, vamos adaptar os versos de Jr 22.20 para o nosso contexto. O
texto original diz: Jerusalém, suba ao Líbano e clame, Seja ouvida
a sua voz em Basã, Clame desde Abarim, Pois todos os seus alia-
dos foram esmagados. Se estivesse falando hoje, Jeremias poderia
muito bem estar dizendo: Washington, suba a Londres e implore,
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Que todos te vejam em Madri, Implore desde Roma, pois todos os
teus aliados foram esmagados.
	 Independente do sentido desta passagem – pois o objetivo
aqui não é dar-lhe um novo sentido – estas palavras não ganham
uma nova vida ao serem adaptadas ao nosso mundo? E se conseg-
uíssemos fazer o mesmo com todos os textos proféticos, será que
os livros proféticos não teriam um apelo muito maior entre nós?
Ou será que esta adaptação tornaria o texto tão impactante que
muitos fugiriam dele, considerando-o, no mínimo, de mau gosto?
Mas os profetas, e Jeremias em especial, não falaram só através
de versos. Hoje em dia, quem não conhece aquele ditado que diz:
“uma imagem vale mais do que mil palavras”? Mas apesar de no
tempo de Jeremias provavelmente não ter sido assim, sem dúvida
este profeta sabia disto. Lembremos dele andando pelos pátios do
templo com um jugo – o aparato para prender o boi pelo pescoço
a um carro – sobre os seus ombros, ou quebrando um vaso junto
ao portão da cidade, ou indo buscar um cinto podre junto ao Eu-
frates. Todas estas ações tinham significados claríssimos para os
seus espectadores. Mais uma vez, o profeta não deixava a possibi-
lidade de permanecer indiferente a ninguém.
	 Dessa forma, podemos finalmente chegar a uma con-
clusão: a grande diferença entre a nossa perspectiva destes acon-
tecimentos e a perspectiva daqueles que ouviram o próprio Jer-
emias proferir estas palavras é a emoção. Nós observamos todos
estes eventos principalmente com a razão.
	 Aquele povo não podia fazer isto. Eles estavam tão imer-
sos naquele processo que simplesmente não podiam abrir mão
dos seus sentimentos. Mas o profeta não considerava isto ruim
– pelo contrário, ele incentivava essa tensão emocional com o in-
tuito de derrubar todas as certezas daquele povo pecador e assim
fazê-lo ver o quanto o seu Deus o amava.
	 A partir desta conclusão, para mim fica difícil continuar
olhando para este povo unicamente através de um breve resumo
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da sua história. Como poderíamos continuar fazendo isto uma vez
que percebemos que se tratam de muito mais do que nomes em
um folha – esse povo era feito de pessoas de carne e osso, como eu
e você! Pessoas que podiam ser amáveis ou indiferentes, generosas
ou mesquinhas. Assim, é preciso que nos esforcemos mais na hora
de ler o texto bíblico caso a sua mensagem não tenha superado
as barreiras que edificamos em nossas mentes. É preciso que esta
mensagem chegue aos nossos corações, assim como as palavras de
Jeremias chegaram ao coração daquele povo, pois cabe ao coração
escolher o caminho que iremos seguir.
	 Por fim, como Jeremias sabia tão bem, precisamos colocar
tanto as nossas emoções quanto a nossa razão diante do Senhor,
porque, como ele disse, “vocês me procurarão e me acharão quan-
do me procurarem de todo o coração” (29.13).
Deus revela o futuro (Jeremias 31 a 40)
	 Ao se recusar a pagar o tributo à Babilônia, Zedequias,
Nabucodonosor age de imediato e poucos meses depois fecha o
cerco em torno de Jerusalém. Nesta semana lemos sobre alguns
dos principais eventos que ocorreram neste período tão crucial da
história de Judá, que vai do dia em que o cerco começa – 5 de ja-
neiro de 587 a.C. – até o dia da invasão da cidade – 19 de julho de
586 a.C. Assim, vamos começar o nosso encontro revendo estes
acontecimentos.
	 Já no início do cerco, Jeremias anuncia ao rei que Je-
rusalém cairá. Pouco depois, um pequeno exército egípcio chega
à Judéia e Nabucodonosor é forçado a levantar o cerco para lidar
com ele. O povo, e principalmente os poderosos, vêem isso como
um ótimo sinal e resolvem até voltar atrás em sua promessa de
libertar os escravos hebreus. Jeremias então denuncia esta atitude
como mais um enorme desrespeito para com o Senhor e anuncia
que os babilônios voltarão para terminar o que haviam começado.
Ainda neste período em que o cerco havia sido levantado, Jer-
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emias tenta ir até a sua cidade natal, Anatote, para receber uma
herança, mas o chefe da guarda o vê e o prende sob a alegação de
estar desertando.
Algum tempo depois, a profecia de Jeremias se concretiza e o exé-
rcito de Nabucodonosor retorna vitorioso da batalha com os egíp-
cios para retomar o cerco. Zedequias então manda buscar Jeremi-
as e pergunta-lhe se ele tem alguma palavra do Senhor para ele.
Jeremias novamente anuncia-lhe a queda de Jerusalém, mas
aproveita para pedir a sua transferência para o pátio da guarda,
o que de fato acontece. Contudo, ao chegar lá Jeremias começa a
exortar os guerreiros a se renderem, o que causa a ira dos prínci-
pes de Judá. Estes então jogam-no dentro de uma cisterna, onde
o profeta certamente morreria se não tivesse sido salvo por Ebed-
Melec, que pedira a permissão do rei para libertá-lo.
	 É então que acontece um fato muito interessante na vida
de Jeremias, justamente neste momento em que, quase sem es-
peranças e tendo sofrido tanto, ele havia – literalmente – tocado
o fundo do poço. Seu primo Hanameel vem até ele, no pátio da
guarda, e pede que ele compre um campo em Anatote. É uma
proposta totalmente absurda; a cidade está cercada e a sua destru-
ição já é quase certa.
	 Jeremias definitivamente poderia ter pensado que melhor
seria investir em terrenos na lua. Contudo, ele percebe que através
daquela situação Deus estava oferecendo-lhe mais uma chance de
ter – e dar – esperança. Assim ele compra o terreno para que to-
dos soubessem que “de novo serão compradas propriedades nesta
terra, da qual vocês dizem: ‘É uma terra arrasada, sem homens
nem animais, pois foi entregue nas mãos dos babilônios.’” (32.43)
Após este evento Zedquias ainda vem falar com Jeremias mais
uma vez, e novamente Jeremias lhe repete que o único caminho é
a rendição. Mas mesmo assim o rei não lhe dá ouvidos. Por fim,
após seis meses de cerco, Jerusalém é invadida e o rei foge, sendo
capturado próximo a Jericó. Ele é então levado para a presença de
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  • 1.
  • 2. 2 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização Instituto Belém Visão O Instituto Belém pretende ser uma instituição de ensino superior associada à visão afetiva e comprometida da nossa igreja que se esforça para proclamar uma men- sagem centrada em Deus, que busca glorificar a Cristo, e ao Espírito Santo. Que se utiliza das Santas Escrituras para auxiliar na formação espiritual de homens e mulheres eq- uipando-os para cumprir os propósitos do Reino de Jesus Cristo no século 21 e forjar discípulos fiéis para ele de toda raça, tribo, língua, povo e nação. Propomos espalhar o conhecimento de Deus, que desperta não apenas o intelecto, ou o conhecimento in- telectual, mas principalmente o amor e o desejo de viver numa intensa e apaixonante busca por Cristo. Esta é a razão da existência da nossa escola. E é esta a visão que desejamos compartilhar com todos. Autor Moisés Carneiro Você pode fazer uma doação para ajudar a manter esse projeto. Deposite o valor que desejar! Caixa E. Federal - Ag. 0314 - Op. 013 - C.P. 119429-0 em nome de Moisés P. Carneiro © Direitos Reservados ao Instituto Belém Profetas Maiores Curso Básico em Teologia
  • 3. 3 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização Aplicação no estudo deste livro Você deve estar perguntando qual a melhor maneira de es- tudar este livro e extrair o máximo possível de proveito. Ao pensar nisso, elaboramos alguns métodos que poderão lhe ser úteis. Seja Motivado Motivação é um princípio peculiar na vida de todos os que anseiam alcançar um objetivo. É impossível alguém atingir o ápice de um grande sonho sem ter em sua bagagem o item motivação. Muitos já iniciaram alguma coisa, mas só obtiveram o êxito aque- les que se mantiveram motivados até o final. Seja motivado para orar, para ler, para meditar, para pes- quisar, para elaborar trabalhos e estudos bíblicos. Se sentir-se sem motivação busque-a através do Espírito Santo. Faça petições a Deus e leia sua Palavra, pois são fontes inesgotáveis para sua reno- vação, e por final procure mantê-la acesa até findar o curso. “Se não existe esforço, não existe progresso.” Fredrick Douglas Seja Organizado e Disciplinado a) Ore a Deus ao iniciar seus estudos e peça que lhe ajude a ter um maior proveito do assunto em pauta. b) Estude em lugares reservados. c) Evite ambientes com sons, ruídos e falatórios. Pois você pode perder sua concentração no estudo. d) Procure adicionar outros importantes materiais à cada lição a ser estudada, como por exemplo: • Bíblias de Estudos: se possível, com traduções que sejam difer- entes. • Dicionários. • Concordância Bíblica.
  • 4. 4 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização • Livros: cujos assuntos sejam relacionados ao tema de cada lição. • Lápis e bloco para anotações. e) Leia e estude cada matéria durante a semana, reserve pelo menos 1 hora por dia para fazer isso. f) Faça anotações, especialmente àquelas que lhe causarem dúvidas. g) Responda aos questionários assim que terminar de es- tudar cada lição. Eles irão fortalecer o assunto em sua mente. h) Reserve períodos da semana para você elaborar trabalhos voltados à matéria estudada em cada mês. i) Formule perguntas ao professor, assim tanto você como ele fi- carão cada vez mais abalizados no aprendizado. Em suma, todos esses itens elaborados cuidadosamente pelo departamento de pedagogia do IB, são de um valor ines- timável para você, desde que procure segui-los conforme se seg- uem.
  • 5. 5 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização Índice Introdução Lição 1 Isaías - O Profeta Messiânico...........................................................06 Lição 2 Jeremias - O Profeta Chorão............................................................38 Lição 3 Ezequiel - O Profeta das Visões.......................................................58 Lição 4 Daniel - O Profeta da Oração..........................................................77
  • 6. 6 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização Isaías – O profeta Messiânico Sua chamada e vocação (Isaías 1 a 6) Pouco se sabe sobre a vida desse profeta, cujo nome sig- nifica “salvação de Javé”, contudo, sabe-se que ele foi nascido de uma nobre família, muito influente por freqüentar a corte e por diversas vezes ter oportunidade de se envolver na diplomacia do seu tempo (Is 7:3,4). Foi casado com uma profetiza (Is 8:3) e teve pelo menos dois filhos. A tradição diz ter sido primo do rei Uzias. O profeta messiânico, como assim é conhecido, desen- volveu seu ministério basicamente entre os anos 740 a 700 a.C. Viveu a maior parte de sua vida em Judá, Reino do Sul, tendo sido contemporâneo da destruição de Israel, Reino do Norte, feita pe- los assírios em 721 a.C. Essa é também a época da fundação de Roma, Esparta e Atenas. Vale observar que Isaías foi contemporâ- neo dos profetas Jeremias, Oséias, Amós e Miquéias. Sua obra é considerada uma Mini-Bíblia, ou uma com- pilação de divinas revelações, profecias e relatos que procuram exortar o povo a colocar sua confiança em Deus para a as profe- cias em geral que ocupam grande parte da Bíblia e eventualmente, predizem o futuro. Aliás, prever o futuro não era exatamente a missão principal do profeta, e sim revelar a palavra de Deus a seus filhos o que, eventualmente, poderia conter elementos ref- erentes ao futuro. Os profetas muitas vezes, eram vistos de forma impopular porque tinham que exortar e repreender o povo o que obviamente desagradava a muitos, especialmente quando estavam se afastando de Deus. O próprio Isaías, possivelmente, terminou seus dias sendo perseguido e talvez até morto por conta das ver- dades que pregava. Seu manuscrito pode ser separado em duas grandes seções. O pano de fundo da primeira parte é Judá nos dias da As-
  • 7. 7 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização síria dominadora. Já na segunda parte, o pano de fundo é o fu- turo cativeiro na Babilônia e o retorno do povo em dias que ainda viriam. Autoria Pouca objeção se faz quanto à pessoa do profeta Isaías como o autor deste livro. Ainda que seja questionado por um pequeno grupo o fato de sido escrito por mais de uma pessoa, uma vez que se argumenta que uma só pessoa não poderia es- crever com tanta precisão sobre ambas as libertação e salvação, mostrando partes, tendo vivido apenas na primeira, historica- mente o julgamento sobre os que não crêem e as bênçãos sobre os que crêem. O povo vivia a realidade da destruição de Israel pelos assírios e a expectativa da conquista de Judá pelos babilônicos, o que viria efetivamente a acontecer cerca de 100 anos mais tarde, em 606 a.C., conforme previsto por Isaías. Geralmente os arautos “profetas”, eram chamados por Deus para cuidar da vida moral e religiosa do povo. Eram homens corajosos que falavam da parte de Deus ao povo e a governantes, denun- ciando os pecados de seus dias e apontando para os demais que haveriam de vir. Verifica-se que como foi o caso de Isaías. O as- sunto da multiautoria na realidade, não é relevante em presença da unidade, conteúdo e mensagem do livro. Deus poderia ter us- ado mais de um profeta para escrever o livro ou mesmo uma só pessoa, nesse caso, dotando-a da visão de futuro suficientemente detalhada para exortar, mostrar os Seus propósitos para o povo e por fim, autenticar a autoridade do profeta através de profecias altamente precisas. Esta primeira parte é uma das principais apresentações do livro não estando em ordem cronológica em relação ao capítulo 6, por exemplo, onde se encontra a chamada de Isaías. Há quem diga que esse episódio não foi exatamente uma chamada para ser um profeta de Deus, pois Isaías já o era, mas uma chamada para redirecionar a sua missão.
  • 8. 8 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização Ressalto quatro coisas importantes que esse texto de hoje nos trás, e gostaria de nesta oportunidade destacá-los, pontos que trazem desdobramentos práticos para a nossa realidade atual: 1. Jeová se revelou ao profeta (6:1,4): a descrição de que Deus é sagrado uma constante no livro de Isaías. O que o profeta procura mostrar é que não há nenhum outro Deus como Javé em todo o universo. Ele é uma Pessoa que se relaciona com pessoas e se preocupa com elas. Essa revelação apresenta-se de forma pro- gressiva no Antigo Testamento. Inicia-se com Deus se revelando mais diretamente e quase que exclusivamente aos seus profetas e vai alcançar seu clímax quando Javé toma a forma de carne, através do Messias, o Ungido Sofredor e Salvador, que veio para se relacionar pessoalmente com cada um de nós, para carregar as nossas iniqüidades e sarar as nossas dores. 2. Sua revelação trouxe arrependimento ao profeta (6:5): só conseguimos nos aproximar de Deus à medida que nós nos inspiramos com a visão da glória Dele. Precisamos perceber Deus corretamente. Se isso ocorrer, Ele nos estará inspirando e nos mostrando “quão impuros são os nossos lábios” e quão necessário é mudarmos a nossa própria vontade e talvez o rumo de nossa vida. Ele nos estará dando direção e não medo. 3. Sua revelação mudou a vida do profeta (6:6,7): “con- hecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. O conhecimento da verdade é a revelação transformadora, na vida da pessoa. Quan- do se recebe a revelação de Deus em sua majestade, soberania e glória, a tendência é a pessoa se convencer de sua condição pec- aminosa. Quando isso ocorre, ela encontra purificação. E após isso, quando ela se propõe a colocar a sua própria vontade nas mãos de Deus, respondendo à Sua chamada para o serviço, Deus passa a realizar Sua obra através daquela pessoa. Deus realiza coi- sas não só através de grandes profetas como Isaías, mas através de pessoas simples como nós. 4. Sua revelação convenceu o profeta de sua chamada
  • 9. 9 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização (6:8): para que Isaías pudesse receber o chamado do Senhor ele primeiro teve que ter sua iniqüidade retirada e seus pecados per- doados pelo toque da brasa em sua boca. O profeta só conseguiu ouvir a voz de Deus porque se colocou disponível. A vontade de Deus se revela à medida que nós nos predispomos a fazer a von- tade de Deus que já conhecemos. Esta cena da chamada do profeta Isaías, nos ensina tam- bém que nunca estamos suficientemente prontos para realizarmos sua obra. É necessário, primeiro que Deus se revele a nós, que nos mostre sua glória, seu respendlor, que toque em nossos lábios, em nossa palavra, em nossa vida e em nossa vontade para que seja- mos salvos e comissionados. É Ele quem nos chama, nos perdoa e nos convida a colocarmos nossa vontade à disposição Dele. Só assim poderemos dizer: “eis me aqui Senhor, envia-me a mim”. A vida no reino do Messias (Isaías 7 a 12) Vislumbramos os esforços e a comoção mundial em prol da paz neste século, contudo, percebe-se que esse anseio é muito antigo e que permanece insolúvel para o homem. Em algumas regiões do globo, onde ocorrem guerras, este desejo de paz é ansiosamente buscado. Em outros lugares, onde não se têm tensões de ordem política, encontram-se. Porém, conflitos diversos, da violência urbana às crises nos relacionamentos interpessoais. O resultado acaba sendo o mesmo: dor, às vezes medo, desconforto e inse- gurança. O que se verifica na verdade, é que os conflitos, sejam eles entre países, facções ou pessoas, têm a sua origem vinculada à presença do mal. Contra o pano de fundo de guerra e destruição do Reino de Israel pelos Assírios, Isaías nos apresenta no capítulo 9, uma profecia sobre a vinda do Messias. O termo, de origem hebraica, significa o “Ungido” e tem a palavra “Cristo” no Novo Testamento, como a tradução grega da palavra “Messias”. O ponto central apresentado por Isaías é que a paz com- pleta e duradoura na vida da nação bem como na vida de cada pessoa, só poderá vir com o reino de justiça do Messias divino. Ele
  • 10. 10 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização é Maravilhoso, é Conselheiro, é Deus Forte, é Pai da Eternidade e Príncipe da Paz. Os versos 2 a 5 nos fazem observar dois pontos interessantes: A luz raiou sobre um povo que andava em trevas: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”. A linguagem poética do verso 2 fala daqueles que andavam em trevas a qual nos traz a idéia de adversidade, de desespero e de tristeza. Fala em seguida daqueles que viram uma grande luz que simboliza a paz, a alegria e a salvação. O povo de Israel que estava sofrendo com o domínio Assírio poderia enxergar à frente um maravilhoso novo começo. Alegria e paz com o fim das guerras: nos versos 4 e 5 o profeta prevê um tempo em que o Senhor quebraria a opressão do inimigo e faria cessar a guerra. Quando olhamos, porém a história política de Israel e dos demais povos nos anos subseqüentes, bem como a realidade de nosso século e da nossa vida cotidiana, vem- nos a pergunta se efetivamente essa profecia de Isaías foi cum- prida. A profecia de Isaías vai apresentar não apenas um Messias que traz a paz política, mas, sobretudo que Alguém que promove a paz dentro do coração do ser humano que, em conseqüência, contribui para a paz política. O profeta fala que o governo estaria sobre os ombros do Messias. A paz completa um dia seria trazida a terra. Isaías previu com razoável precisão que o Messias seria Jesus de Nazareth, como será visto em estudo futuro desta série. É interessante notar, porém que Isaías não chegou a ver que esse tempo se completaria com duas vindas do Messias. Somente após a chegada histórica do Messias, Jesus de Nazareth, ocor- rida 700 anos depois, é que se compreendeu um pouco mais so- bre o tempo de Deus e sobre a segunda vinda do seu Ungido. O governo sobre “seus ombros” se completará na segunda vinda do Messias, quando o mal será vencido definitivamente. Se compreendermos que a natureza do Messias transcende o papel político e ampliarmos nosso entendimento sobre Ele,
  • 11. 11 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização como aquele que veio ao mundo para carregar sobre si as nossas iniqüidades e nos salvar, passamos a ter uma relação pessoal com Ele e não apenas uma relação histórica. O Ungido pode fazer ces- sar as guerras que cada pessoa trava dentro de seu coração, o ódio, as invejas, as discórdias, os ciúmes e toda sorte de sentimentos negativos que traz a infelicidade. E isso pode ocorrer nesse tempo e não apenas em um futuro distante. O Messias pode reinar hoje no coração de qualquer pessoa que o reconheça e o aceite como Salvador e Senhor, trazendo-lhe plenitude e vida. O Prometido Ungido é a nossa paz: o conceito de um Mes- sias não apenas político e histórico mas de um Messias Salvador e pessoal, vai progressivamente sendo revelado nas várias profe- cias de Isaías e em muitos outros textos da Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Em Efésios 2:14 a 17 por exemplo, encontramos uma abordagem que nos ajuda a compreender o al- cance da natureza do Ungido. Jesus, o Messias não traz apenas a paz, mas Ele é a paz (v14). O texto diz que ele também faz a paz (v15) e também, que Ele proclama a paz. Ele nos dá acesso à ela. Ele derruba as barreiras que nos impedem de encontrá-la e de permanecer nela. A paz interior não remove simplesmente todas as dificul- dades que temos à nossa frente como se fosse um passe de mágica, mas ela contribui para superá-las e nos ensina a suportá-las e viver com elas se necessário. A vida de gozo no Reino pode ser alcançada integral- mente quando alguém resolve ter um encontro pessoal com Jesus, o Messias de Deus, o Príncipe da Paz. Aceitá-lo como Salvador é ter compromisso sério com Ele. É renunciar a si mesmo, é negar o próprio “eu” e deixar que a própria Paz dirija os próprios passos. A Autoridade do Governo de Deus (Isaías 13 a 18) É descrito nos capítulos a seguir (13 a 23) de Isaías o en- frentamento das profecias e julgamentos contra as nações desafios dos inimigos em um tempo anterior aos conquistadores seria es-
  • 12. 12 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização tabelecimento do reinado do Messias. A época histórica desses ju- lgamentos corresponde às invasões dos assírios e babilônicos, que ocorreram durante os anos de vida de Isaías ou logo após, dentro de uma janela de 100 anos. É importante notar porém, que apesar do cumprimento dessas profecias terem ocorrido antes da vinda do Messias histórico, Jesus de Nazareth, elas se aplicam também a um tempo mais escatológico, à medida que espera-se haver uma segunda vinda do Messias (não claramente prevista pelo profeta), levando portanto, a aplicabilidade dessas profecias não só para os tempos antigos mas também para aqueles ainda localizados em nosso presente e em nosso futuro. Louvor pela queda da Babilônia (Isaías 14) O nosso texto começa com palavras de conforto e esper- ança para o justo, que deve buscar forças para suportar o sofri- mento e a opressão daqueles que dominam. O verso três apresenta promessa de livramento contra o cansaço das lutas, contra as an- gustias e contra a servidão. O cansaço, resultante do trabalho de resistência, da pre- paração do campo e do enfrentamento dos desafios dos inimi- gos conquistadores seria recompensada com o descanso. O termo usado é comum em várias profecias e tem a ver com o “shabat” de Gênesis 3, quando o descanso é encontrado pelo Senhor após seu trabalho de seis dias de criação. Aqueles que confiam no Senhor poderão encontrar descanso de suas lutas no Messias libertador. As angústias e a servidão descritas neste verso têm a ver com a agitação, a incerteza e a perda da liberdade advindas da chegada dos invasores. Essas seriam agonias que Israel terá que experimentar e somente a intervenção do Senhor poderia resolvê-las. O profeta antecipa o tempo em que não mais haveria motivo para tais angústias e aprisionamentos e o povo poderia cantar um hino, ou um motejo
  • 13. 13 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização contra a Babilônia opressora. O verso 4 segue falando sobre esse motejo contra o colap- so da Babilônia. Nesta oportunidade, vale destacar dois pontos: 1. Quem são os opressores do povo de Deus? A Assíria era a maior ameaça nos tempos iniciais do ministério de Isaías, a partir de sua chamada em 742 a.C. e até 721 a.C. quando o reino do Norte, Israel, é destruído por de resistência, da preparação do Senaqueribe. 2. A restauração não ficou restrita a um momento histórico. A destruição de Judá pela Babilônia e o cativeiro do povo viria a ser o caminho para a restauração de Israel 70 anos depois, em 536 a. C. Nessa época porém o Messias ainda não havia chegado. Mais de 500 anos se passariam até que Jesus de Nazareth nascesse em Belém da Judéia, trazendo libertação e salvação. O Mes- sias histórico se foi fisicamente da terra mas prometeu voltar uma segunda vez. O motejo contra a Babilônia deverá portanto, con- tinuar a ser cantado por todo esse tempo, até que Ele volte. A despeito da opressão continuar a existir, o livramento do Senhor também continuará presente ao longo dos séculos. Um dia cessará a opressão O motejo ou hino de vitória continua com os versos 5 e 6 declar- ando que Deus período de cativeiro. É quebra a vara dos perver- sos e o cetro interessante notar que a História sempre mostra que a opressão se alterna no poder, mas o fato é que ela está sempre presente. Em nossas vidas hoje, talvez não tenhamos opressões políticas como aquelas enfrentadas por Isaías e pelo povo de Deus
  • 14. 14 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização mas continuamos a ter Assírias e Babilônias que continuam a nos oprimir seja com a violência urbana, a miséria, as desavenças, os falsos testemunhos, os enganos, os desentendimentos familiares, o desemprego, a falta de oportunidades. Trazendo as palavras do profeta para os nossos dias, somente a mão forte do Messias liber- tador poderá nos curar da fadiga, das angústias e da opressão dos dominadores que feriam os povos com furor. O verso 7 afirma que o julgamento dos opressores trará grande alegria para o povo e o verso 8 fala da segurança restaurada a ponto de até as árvores se alegrarem. Um ponto curioso é que os versos 9 a 11 falam de uma comoção no inferno pelo fato do opressor babilônico ter sido atirado em suas profundezas. O Senhor quebra a opressão do domínio do mal. Todo aquele que o aceita como Salvador e Libertador poderá ter restau- rada sua segurança e alegria, mesmo em meio às adversidades que fazem parte da realidade humana. Que possamos ter o Senhor, Rei dos exércitos conosco e que possamos cantar como os antigos quando libertos da opressão babilônica: “...como cessou o opressor ! Como acabou a tirania ! Quebrou o Senhor a vara dos perversos e o cetro dos domina- dores” ... Já agora descansa e está sossegada toda a terra! Todos exultam de júbilo”. A rebelião humana (Isaías 19 a 24) Como aludido no estudo anterior, os capítulos 13 a 23 de Isaías apresentam um conjunto de profecias e julgamentos con- tra as nações. Algumas delas são claramente nomeadas, tais como Assíria, Babilônia, Egito, Tyro, Moabe, Edom, Amom e Arábia. Como será visto ao longo desse estudo, o escopo dessas profecias, entretanto, não se limita a essas nações ou povos mas alcançam
  • 15. 15 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização dimensões maiores, tanto no tempo como geograficamente. Passado ou futuro ? Um dos desafios que encontramos ao estudar um texto como o de Isaías, é poder separar com clareza o que se refere a acontecimentos já ocorridos na História e aqueles que pertencem a um futuro mais escatológico, isto é, que têm a ver com o final dos tempos. Há vários casos inclusive, em que a profecia se aplica a ambos os casos, especialmente, quando se identifica significados também simbólicos para essas nações. É o caso da Babilônia, por exemplo, que além de ter sido um império (e uma cidade fortifi- cada) é também entendida como maldade espiritual e corrupção. No livro do Apocalipse, são vários os trechos que falam contra a “Babilônia”, nesse caso, claramente uma menção não mais à Babilônia histórica. Outras cidades também têm seu significado histórico ampliado nesses capítulos de Isaías. É o caso de Mo- abe, Edom, Amom e a “Arábia”, que são vistas como sinônimo de ciúme, luxúria, raiva, inveja e todas as coisas que Gálatas 5:19 menciona como as “obras da carne”. Uma outra associação que vamos encontrar, é aquela que se refere à cidade de Tyro, antiga capital da Fenícia (hoje Beirute), que é vista como um sinônimo de materialismo. Finalmente, o Egito é visto como sinônimo de corrupção e profanação Profecia contra o Egito (cap 19) Verifica-se que os primeiros quinze versos deste capítulo 19 de Isaías se referem a eventos já ocorridos. Mas a partir do verso 16, encontramos uma predição sobre uma mudança futura no Egito. Essa mudança parece ocorrer em seis Fases, todas elas começando com a expressão “naquele dia”. Será que o fato de so- mente o Egito, dentre as nações árabes, ter assinado até hoje um tratado de paz com Israel tem alguma ligação com esse texto ? O
  • 16. 16 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização fato é que, de acordo com essa passagem, o Egito passaria a ser uma nação temente à Deus que, juntamente com a Assíria, forma- ria uma grande aliança com Israel no final dos tempos. Trata-se de um caso histórico do futuro ou um caso simbólico ? Será que a profecia não estaria apontando que povos, antes completamente inimigos, poderiam vir a se unir tendo como elemento comum a dependência e o reconhecimento do Deus Javé como Senhor e Salvador ? As etapas da transformação (Isaías 19:16 a 25): Reconhecimento (v16):O Egito parece ser a primeira nação que, reconhece que a volta do Messias irá restaurar o seu povo Israel. Unificação cultural (v18): naquele dia haverá cinco ci- dades do Egito que falarão a língua de Israel. Identidade religiosa (v19): naquele dia será construído um altar no meio da terra do Egito. Os egípcios passarão a adorar o Deus de Israel. Salvação e livramento: A salvação não é exclusiva de Israel. Deus também enviará ao Egito um salvador e defensor que há de livrar aquele povo. Integração geográfica (23): naquele dia, haverá uma estra- da ligando o Egito e a Assíria através de Israel, com livre trânsito na região. Identidade religiosa ampliada (v24 e 25): naquele dia os assírios também poderão cultuar a Deus juntamente com Israel e o Egito. Os povos e aqueles que forem tementes à Deus serão abençoados, independentemente de suas raças e de seus feitos ru- ins do passado.
  • 17. 17 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização As nações e as pessoas não mais estarão em guerra e a paz reinará entre todos. A humanidade não pode encontrar a paz em seus próp- rios níveis de relacionamento porque “a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6:12) O fracasso histórico da Babilônia não significou a extinção do mal. A Babilônia ainda está presente hoje bem como as demais nações com todo o mal e corrupção humana que elas represen- tam, tais como o egoísmo, o materialismo, o ódio, a soberba e o se achar tão auto-suficiente que não mais se precisa de Deus. Só aqueles que admitem suas limitações humanas e sua dependência de Deus poderão sentir os efeitos da obra redentora do Deus Javé em suas vidas. Com isso, poderão se sentir incluídos no refrão de Isaías 19:25 “porque o Senhor dos exércitos os aben- çoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra das minhas mãos, e Israel, minha herança”. O Senhor é adorado por sua compaixão (Isaías 25 a 30) O título do nosso estudo de hoje anuncia dois dos atribu- tos de Deus: justiça e misericórdia. Nos capítulos 23 a 35 de Isaías são apresentados diversos julgamentos sobre a terra. São encon- tradas também palavras de misericórdia, encorajamento e avisos. Neste estudo e no próximo, estaremos identificando algumas des- sas palavras através das quais Deus mostra a Sua misericórdia. No capítulo 28, Isaías na qualidade de profeta de Deus, introduz uma série de seis “Ais” contra as nações. Eles funcionam
  • 18. 18 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização como sinais mostrando alguns dos perigos que se seguem e as oportunidades e formas de se evitá-los. Neste estudo, estaremos abordando três desses seis “Ais”. Além do desafio já mencionado em estudo anterior, ref- erente ao tempo correto da aplicação da profecia, se passado ou futuro, há um outro, que é a aplicabilidade do texto. Nesse caso, busca-se entender se a profecia se aplica de forma literal a um contexto histórico e geográfico ou a um contexto mais amplo de experiência de vida, onde todos estamos inseridos. O que é literal e físico para Israel, para nós, é uma figura que se aplica aos aspec- tos espirituais do nosso dia-a-dia. Esse será o foco desse nosso estudo. O primeiro “Ai” – prioridades erradas (28:1-3): Este primeiro “Ai” se refere à cidade de Samaria, a principal cidade da tribo de Efraim e capital do Reino do Norte, Israel. Ela era bela e cercada por um rico e fértil vale. Era a glória, o orgulho e a alegria do povo daquele Reino. Representa a condição moral daqueles que valorizavam os praz- eres e a luxúria em primeiro lugar. A profecia é um aviso contra priorizar as coisas materiais e os prazeres da vida, em detrimento dos valores espirituais. A figura usada pelo profeta, para descrever esse tipo de vida, que acaba levando ao descontrole pessoal, é a do bêbado. O bêbado é aquele que decide colocar a bebida como a prioridade de sua vida, a ponto de perder o controle das de- mais coisas. Adotar prioridades erradas, desprezando as coisas de Deus, era uma constante naqueles dias de Isaías e continua a ser hoje também. Em Mateus 6:31-34 vamos encontrar Jesus exatamente abordando esse mesmo tema de prioridades, quando ensina a importância de buscar primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça para que as demais coisas nos possam ser acrescentadas. O segundo “Ai” – religião mecânica e formal (29:1): Era esperado que Jerusalém, aqui representando o povo escolhido, falasse ao mundo como conseqüência do seu relacionamento com
  • 19. 19 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização Deus. Mas o que Israel fez e o que isso acarreta ? Nos versos 13 a 14 o texto afirma “...já que esse povo diz que é meu mas não Me obedece, já que o coração dessa gente está longe de Mim, já que a sua religião não passa de um monte de leis feitas por homens, que aprenderam de tanto repetir, Eu vou dar uma grande lição a esses fingidos ...“ O problema de Israel era a religião externa, apenas mecânica e ritualística. Em nosso caso, como vemos as coisas de Deus ? Como parte de nossa vida diária ou apenas como formali- dades e rituais a serem cumpridos ? O terceiro “Ai” – Deus não se importa (29:15): O perigo aqui se refere ao grave erro de pensar que Deus não vê o que ac- ontece em nossa vida. “Pobres dos que procuram esconder os seus planos de Deus, que tentam fazer tudo no escuro, pensando con- sigo mesmo: Deus não vai nos ver. Deus não sabe nada do que está acontecendo”, diz o verso 15. Muitos não crentes pensam que Deus é apenas uma forma de energia tão distante que não tem tempo e nem capacidade de olhar cada pessoa. Por outro lado, há alguns crentes, que têm um relacionamento pessoal com Deus, mas acham que podem ter pensamentos maus, praticar maledicências, falso testemunho, in- iqüidades diversas, ter atitudes de ódio ou simplesmente virar o rosto para um outro crente e achar que Deus não vê essas atitudes ou as vê, mas simplesmente não vai fazer nada à respeito. No verso 16 o profeta reage dizendo “Como vocês estão errados ! Como são tolos ! Será que o oleiro que faz os jarros não é maior do que o barro ?” Será que Deus não conhece em detalhes o que acontece com cada um ? O Deus de retidão e de justiça também é um Deus de no- vas oportunidades e de perdão. Nos versos 18 e 19 que se segue, vemos uma mudança de atitude naqueles que viviam no erro. Em vez da confiança orgulhosa de que podem seguir suas vidas impunemente, eles mudam. Os surdos passam a ouvir as palavras do livro e os cegos, ficam livres da tristeza e da escuridão, passando a enxergar os planos de Deus. Esperamos que cada um
  • 20. 20 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização de nós possamos ter sempre presente em nossas vidas o Deus de paz, que está sempre pronto a nos perdoar, resgatar, salvar e aben- çoar desde que O procuremos de verdade. Que possamos deixar de lado as prioridades erradas, a re- ligião mecânica e formal e o pensamento de que podemos errar à vontade porque Deus pouco ou nada se importa. A Visão do local do Reino do Messias (Isaías 31 a 36) Como vimos um pouco antes em nossa lição, o profeta Isaías introduz uma série de seis “Ais” contra as nações começan- do no capítulo 28 e indo até o 35. Eles funcionam como sinais mostrando alguns dos perigos que se seguem e as oportunidades e formas de se evitá-los. No Estudo 5, abordamos três dos seis “Ais” ou três avisos contra as prioridades erradas, contra a religião mecânica e formal e contra o pensamento de que podemos errar à vontade porque Deus pouco ou nada se importa. No presente estudo, abordaremos os três “Ais” restantes que nos são trazidos por Isaías. O quarto “Ai” – a auto suficiência (30:1-2): Este é um aviso ao perigo da auto confiança daqueles que desprezam as coisas de Deus de forma rebelde e arrogante. Esta tipicamente é a condição daqueles que não desejam ouvir a voz de Deus. São como “fil- hos mentirosos, que não querem ouvir a Lei do Senhor” (v9). É a condição também de muitos crentes que estão no ambiente da igreja mas relutam em deixar que o Espírito Santo guie suas vidas. Acham-se muito bons e superiores aos seus irmãos em Cristo. São rebeldes em relação à voz do Pastor e às vezes nem sequer dão o dízimo porque acham que a Igreja é incompetente no uso dos re- cursos do Senhor e por isso resolvem eles mesmos o que fazer com o seu dinheiro. O verso 15 mostra o que é necessário: con- verter a sua autoconfiança em confiança no Eterno Deus. Em se
  • 21. 21 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização voltando para o Senhor, o crente achará sossego e tranqüilidade. Voltar-se para o Senhor significa colocar a própria vonta- de nas mãos Dele. O resultado da entrega é poder sentir-se guiado por Ele. A Palavra nos assegura no verso 21 que se entregarmos nossa vida a Deus Ele nos estará orientando seja quando nos des- viramos para a direita seja quando nos desviramos para a esquer- da. O quinto “Ai” – os conselhos do mundo (31-1-2): O verso 1 exclama “ai dos que descem ao Egito em busca de socorro”. O Egito neste contexto é visto como símbolo da sabedoria do mun- do. Aqui, o perigo não está na autoconfiança como visto anteri- ormente mas em colocar a confiança e a solução dos desafios em coisas materiais ou pessoas que não são de Deus. Não quer dizer que não possamos depender de coisas e de pessoas mas a fonte da nossa confiança deverá estar no Senhor e tais coisas e pessoas de- verão estar primariamente alinhadas com a vontade de Deus para nossas vidas ou simplesmente as deixaremos de lado. O que pre- cisamos é um Rei em nossas vidas de quem possamos depender e em quem possamos confiar. Esse Rei é o Senhor Jeová em pessoa. É Ele quem reina com justiça e retidão como nos diz o verso 1 do capítulo 32. O sexto “Ai” – contra os destruidores (33:1): Este sexto aviso é diferente dos anteriores no sentido de que ele não é con- tra Judá, Jerusalém ou Israel, mas contra seus inimigos, especifi- camente aqueles da região da Assíria. Isaías 33:1 fala em “per- fídia” que significa deslealdade e traição. Tem a ver com o que mente, que é enganador e traiçoeiro. Senaqueribe, rei da Assíria, assolador de Judá e das nações vizinhas foi traiçoeiramente as- sassinado pelos seus próprios filhos que desejavam usurpar seu trono. Este aviso pode também se aplicar a muitos crentes que têm atitudes de desamor através da maledicência, do falso teste- munho, do não perdão, do preconceito, do julgar o próximo, da inveja, da raiva e até mesmo do ódio. O que se pode fazer quanto a isso ? Os versos 21 e 22 nos dizem que Deus será o nosso refugio.
  • 22. 22 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização Como um rio que protege uma cidade da invasão, Deus poderá nos proteger de cairmos no pecado de querermos destruir o nosso próximo. O verso 24 finaliza que o povo que habita Jerusalém, ou seja, aquele que buscar habitar na presença do Senhor, terá as suas iniqüidades perdoadas. Vimos como Isaías nos mostra seis avisos contra pecados e atitudes erradas. O contexto histórico original considera o am- biente de ameaça de invasão e conquista de Judá pelos Assírios. A amplitude da profecia porém se estende no tempo alcançando também o nosso contexto de hoje e o nosso futuro, à medida que o profeta sinaliza claramente para o tempo em que o Messias esta- belecerá o Seu Reino e irá restaurar a terra. O profeta nos fala con- tra prioridades erradas, contra a religião mecânica e formal e con- tra o pensamento de que podemos errar à vontade porque Deus pouco ou nada se importa. Ele nos alerta ainda contra a nossa auto suficiência, contra a seguirmos conselho do mundo e contra o fim daqueles que têm no desamor uma prática chegando mesmo até a buscar a destruição do próximo. No capítulo 35 o profeta aponta claramente sobre o tempo quando o Eterno abrirá os olhos dos cegos e desimpedirá os ouvidos dos surdos (v5); quando os coxos saltarão como cervos e quando a língua dos mudos cantará; pois naquele tempo, “águas arrebentarão no deserto e ribeiros surgirão no descampado”. Esse é o tempo em que o Messias retornará para estabelecer o Seu Reino. Será um tempo em que “a areia esbrase- ada se transformará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas; onde outrora viviam os chacais, crescerá a erva com canas e juncos” (Isaías 35:7). Possamos cada um de nós ter a terra sed- enta de nossas vidas de imperfeições e pecados transformados em mananciais de perdão e vitórias. Infortuno Humano e Graça Divina (Isaías 37 a 42)
  • 23. 23 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização Dentre os capítulos propostos para essa lição, os de número 37 a 39 têm como pano de fundo o declínio do império assírio e o surgimento do império babilônico como potência dominadora. A Assíria havia sido a ameaça para o povo de Israel, dentro da primeira metade do livro de Isaías, até o capítulo 39. Foi ela quem derrotou o Reino do Norte, cuja capital era Samaria. Na segunda metade do livro, a Babilônia se torna por sua vez, o grande in- imigo do Reino do Sul, cuja capital, Jerusalém, seria finalmente conquistada, conforme profecia de Isaías. A época do presente estudo é exatamente aquela entre o fim do domínio assírio e o início do domínio babilônico. Ezequias, rei de Judá encontra três ameaças que comprometem sua situação como líder do povo de Israel: sofre uma tentativa de invasão ainda pelas forças assírias, é acometido por uma doença de morte e é assediado por embaixadores babilônicos. Esses três pontos serão abordados no decorrer deste estudo. Uma tentativa de invasão: de acordo com o relato bíbli- co ainda no capítulo 36, Senaqueribe, rei da Assíria já havia não só conquistado todo o Reino do Norte mas já havia domina- do todas as cidades fortificadas do Reino do Sul, Judá. Em uma manobra final, envia seu general Rabsaqué para sitiar e ata- car Jerusalém. Ele anuncia seu intento de destruir a cidade e ainda afronta a Ezequias e a Jeová, dizendo que o Deus de Israel não seria poderoso o suficiente para impedir aquela conquista (36:4- 5). Aqui encontramos um interessante paralelo com a vida de hoje quando crentes sofrem ameaças seja no trabalho, na e s - cola, ou em ambientes diversos. A fé e as convicções cristãs são criticadas ou ridicularizadas, a ponto de trazerem ansiedade, in- justiças e sofrimento para o crente. Quando o rei Ezequias ouve aquelas provocações do gen- eral assírio, ele se cobre com roupa de saco (37:1) e procura con- selho com o profeta Isaías. O rei de Judá demonstra sua humildade perante o Senhor Jeová, e seu reconhecimento de que aquela crise
  • 24. 24 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização se devia grandemente a ele mesmo, que não estivera andando se- gundo os caminhos do Senhor. A resposta de Deus vem através de uma profecia de Isaías. Judá seria livrado e os assírios seriam derrotados. Senaqueribe havia não só desafiado Judá mas havia de- safiado ao Senhor Jeová. O restante do capítulo 37 mostra como uma praga aniquilou o exército assírio e como Senaqueribe foi assassinado pelos próprios filhos. A Assíria nunca mais seria uma potência política. Como reflexão para nossas vidas, é importante lembrar- mos-nos que Deus não deseja que vivamos com medo, ameaçados e ansiosos. Não é pela nossa força que iremos derrotar o exército assírio que muitas vezes nos cerca, mas pelo poder do Senhor dos Exércitos. Dentro dos Seus propósitos, poderemos ser livrados. Nos- sa busca sincera do conselho de Deus e de sua presença em nossas vidas será a chave para a nossa vitória. Uma doença mortal: o capítulo 38 de Isaías apresenta um novo teste ou desafio à fé de Ezequias. Os versos 1 a 3 informam que ele fica doente ao ponto de quase morrer. Com cerca de 39 anos, o rei de Judá clama ao Senhor Jeová pela sua vida. Deus não só lhe concede mais 15 anos como lhe assegura que defenderá Je- rusalém dos assírios (38:4-6). Teria Deus livrado Ezequias apenas para encorajá-lo e beneficiá-lo individualmente ? É interessante observar que este livramento de Deus foi autenticado por um sinal em que a sombra do sol retrocedeu. Este fenômeno foi us- ado por Deus para chamar a atenção dos babilônicos. A chegada desses embaixadores seria o começo da futura invasão babilônica. Deus livrou Ezequias de dois problemas mas tanto o rei como o povo não estavam mantendo sua fidelidade a Jeová. A provação do cativeiro na Babilônia finalmente acabaria por ser usada por Deus como forma de correção e ensino do seu povo.
  • 25. 25 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização A visita dos embaixadores: o capítulo 39 nos informa que Ezequias, ao contrário do que ocorrera quando da ameaça dos as- sírios, ignora a palavra do profeta Isaías quanto à forma de receber esses embaixadores. Cheio de orgulho e autoconfiança ele simplesmente exibe seus tesouros e seus segredos militares (39:2). Como conseqüência, Isaías profetiza nos versos 5 e 7 que tudo aquilo seria levado para a Babilônia. Nada seria deixado. Este episódio nos ensina que quando estamos em crise, somos atacados ou ameaçados, nossa tendência é buscarmos o Senhor para que ele tenha misericórdia de nós e nos livre do sofrimento. Quando porém, nos são oferecidas novas oportuni- dades profissionais, um novo salário, presentes ou benefícios ma- teriais, tendemos a nos achar muito valiosos, orgulhosos e auto suficientes, a ponto de acharmos que podemos resolver o assunto sem a ajuda ou o conselho de Deus. No caso de Ezequias, onde houve sofrimento e onde houve misericórdia ? Vale ressaltar que a misericórdia de Deus caminha jun- tamente com a sua justiça e dentro de seus propósitos. Seria um erro de nossa parte achar que nada de mal ocorrerá conosco por sermos crentes e por Deus ser misericordioso. Ezequias foi objeto desta misericórdia quando Deus o livrou dos assírios e lhe deu mais 15 anos de vida, mas não o manteve imune aos julgamentos subseqüentes. A rebeldia do povo e o orgulho e autoconfiança de Ezequias acabaram por levar os babilônios a destruírem Judá. A despeito de nossos erros a misericórdia de Deus porém sempre se mostrará disponível Ele nos provê o conforto, a segu- rança e a esperança de que poderemos ser mais do que vence- dores não pela nossa força mas pelo Seu poder. Deus abençoa e guarda o seu povo (Isaías 43 a 48) Deus é Senhor da História
  • 26. 26 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização A Babilônia viria conquistar Jerusalém e levar cativos seus habitantes em 606 aC. Além de profetizar esse fato histórico cerca de 100 anos antes de sua ocorrência, o profeta Isaías mostra de forma precisa, que a Babilônia, um dia, também seria conquis- tada. O capítulo 45 inicia com uma declaração de Javé a Ciro, seu “ungido”. Este comandaria as forças persas que derrubariam o im- pério da Babilônia e libertaria o povo judeu cativo naquela terra. O profeta aponta para a tragédia do cativeiro mas também aponta para a esperança e a alegria da libertação do povo de Deus. Ciro surge como um símbolo do Messias que haveria de vir e libertar para sempre os oprimidos pelas forças do mal. Em Isaías 45:4-5, a palavra nos diz que Ciro não conhe- cia a Javé mas que Este o escolhera como um instrumento para libertar Israel. É interessante notar como em várias circunstân- cias, Deus realiza seu plano mesmo que seja através daqueles que não O conhecem. Não se trata de pré determinar que alguém será usado para um dado papel, violando assim o livre arbítrio mas sim, que Deus é soberano quanto ao desenrolar da História. Caso Ciro não respondesse à escolha de Javé para aquela missão, Deus haveria de realizá-la de alguma outra forma. Deus usa o seu povo como instrumento para realizar seus planos mas se este estiver em rebeldia, distante, impedido ou mesmo não estiver responsivo ao seu chamado, Ele terá suas alternativas. Seus planos serão reali- zados. Vale à pena ressaltar porém, que, aqueles que são usados por Deus, mas estão em sintonia consciente com Ele conhecendo seus propósitos e seus planos, certamente experimentam grande sentimento de realização e contentamento. Deus salva e abençoa o seu povo Ciro e os persas acreditavam que havia um deus da luz e um deus das trevas. No verso 7 do capítulo 45, Javé afirma porém,
  • 27. 27 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização que Ele mesmo forma a luz, cria as trevas e é Senhor de todas as coisas. No verso 9, Javé fala contra aqueles que, orgulhosos e arrogantes, se acham senhores do seu próprio destino. Na feitura de um vaso, como poderia o barro questionar aquele que lhe dá forma e define a sua utilidade ? Como o homem poderia se opor ao seu Criador ? Como poderia querer seguir seu próprio caminho? No verso 22, Javé afirma “olhai para mim, e sedes sal- vos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus e não há outro”.A proteção e bênção de Deus vêm e são para todos mas é necessário que olhemos para o Senhor, despojemo-nos do nosso “eu” deixando que o Deus Criador dirija nossos planos, nossa visão e nossa vontade. Javé e os deuses da Babilônia Um outro ponto a considerar é que aqueles que leram ini- cialmente as palavras do profeta sobre o cativeiro, talvez não ten- ham compreendido como sua própria divindade permitiria que fossem conquistados e escravizados. A cultura da época entendia que os deuses estavam associados ao território ou região geográ- fica onde o seu povo habitava. Quando um povo conquistava a terra de um outro povo, pressupunha-se que os deuses dos con- quistadores derrotavam os deuses dos conquistados. Se o Povo de Israel estava sendo derrotado pelos babilônicos Javé não estaria também sendo derrotado? Isaías mostra que à despeito da derrota futura do Povo de Israel, Javé continuaria soberano. No capítulo 46 Isaías anuncia que os deuses da Babilônia não apenas são falhos na salvação do seu povo mas têm que ser resgatados e carregados por alguém pois eles não têm como andar sozinhos. Trata-se de uma menção às imagens de tais deuses. Em contraste, Javé não precisa ser car- regado em procissão pois Ele tem existência própria e se move de
  • 28. 28 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização forma independente. Apesar de permitir a derrota e o exílio do seu povo,Javé não o abandonaria. Ele, à seu tempo, salvaria seu povo. Apesar da Assíria e depois a Babilônia deterem o poder de conquista, seus deuses não foram responsáveis por isso. Javé, sim, foi Aquele que concedeu esse poder a eles. Javé livra seu povo do cativeiro O profeta enfatiza no capítulo 46 que o Povo de Deus, po- deria ser conquistado e se tornar cativo apesar do poder soberano de Javé. Na realidade, era o poder de Javé que permitiria que o seu próprio povo fosse levado para a Babilônia. Seria um período de castigo, de provação e de aprendizado. Fazendo um paralelo com os nossos dias, pode-se afirmar que os crentes também po- dem ser objeto de um exílio ou cativeiro em uma das Babilônias da nossa atualidade, seja a Babilônia da falta de saúde, falta de emprego, de paz, de harmonia, de experiências duras oca- sionadas por nossas próprias decisões erradas e de tantas outras crises que nos cercam. O texto porém é rico no encorajamento quanto ao livramento que Javé pode trazer a todos os que Nele confiam. No verso 13 Isaías anuncia que a salvação não tardará. No verso anterior porém, o profeta fala daqueles que têm coração obstinado. Como se estivesse vendo o futuro, Isaías fala daqueles que recebendo o livramento de Javé permaneceriam no seu cati- veiro. A História nos diz que, mesmo com a libertação que Ciro trouxe ao Povo de Deus cativo na Babilônia, muitos permanecer- am naquela terra recusando-se a voltar para Jerusalém. Como nos dias de hoje, muitos crentes passam por crises, recebem bênçãos e livramento de Deus mas parece que não se apropriam delas permanecendo em seus exílios, distanciados da Jerusalém que podemos simbolicamente associar à presença do Deus da salvação.
  • 29. 29 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização Nós como crentes, vivemos em um mundo cercado por algum tipo de paganismo com seus deuses e suas crenças muitas vezes impositivas. É fácil às vezes achar que o mal prevalece porque as coisas de Deus são minoria. Este texto de Isaías nos desafia a lembrar que Deus é soberano e providencia livramento para o seu povo. Poderá haver derrotas e exílios mas haverá também vitóri- as, não porque necessariamente as merecemos ou porque somos fortes em nós mesmos mas porque o Deus soberano protege e abençoa o Seu povo, segundo a Sua vontade. Que Deus possa nos dar forças e a certeza de que podemos, como Seu povo, nos apro- priar da proteção e das bênçãos que Ele nos concede. A dor e sofrimento do Messias (Isaías 49 a 54) Quando corremos nossos olhos pelo Antigo Testamento encontramos várias passagens que falam da esperança de um Mes- sias Salvador. Verificamos também que, mais do que alguém que viria libertar apenas o Povo de Israel, o Messias viria para todos os povos através dos tempos. Ele haveria de nascer, crescer e, pelo seu sofrimento, haveria de estabelecer um caminho de salvação perfeito. Como um cordeiro que era sacrificado nos rituais dos antigos cultos, o Messias seria agora um Cordeiro de Deus que, com um único e suficiente sacrifício, haveria de tirar o pecado de todos aqueles que Nele cressem. Qual a expectativa dominante quanto à vinda do Messias? O clima político da época de Isaías era o da realidade do domínio assírio sobre o Reino de Israel e o potencial domínio dos babilônicos sobre o Reino de Judá. A expectativa que os judeus tiveram ao longo de sua história politicamente turbulenta foi a de um Messias que além de rei, restaurador, profeta e juiz, seria um libertador político que levaria Israel a ser uma grande nação. Essa visão étnica e política, juntamente com a tradição e os rituais (mais facilmente visíveis) explicam, de certa forma, porque Israel,
  • 30. 30 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização não reconheceu Jesus de Nazareth como o Messias quando Ele veio 7 séculos depois. Nessa época, isso tudo foi ainda agravado pelos contrastes que Jesus expôs, entre os valores do Seu Reino e os valores do mundo em geral. Nesse caso o maior desses contrastes foi que Sua mais po- derosa demonstração de força foi exatamente deixar-se crucificar. Como é que um rei poderia ser preso, humilhado e crucificado ? Aos judeus, faltou-lhes a visão mais simbólica de um Israel espir- itual e de um Messias libertador sobre tudo dos pecados de todos nós. O curioso é que a despeito da reação do povo em geral, essa percepção, de teor mais espiritual e universal, era de conhecimen- to dos grandes profetas de Deus e em particular, de Isaías, como pode ser demonstrado nas seções seguintes. Como Isaías vê o Messias O profeta aponta para o Messias, suas ações, história, mis- são e universalidade em várias partes do seu livro. Algumas das lições anteriores exemplificam a abrangência da visão de Isaías sobre o Messias. Nas referências a seguir, entretanto, encontramos com precisão notável, profecias sobre eventos históricos que ha- veriam de ocorrer cerca de 700 anos após. Em Isaías 7:14 vemos por exemplo, que o Messias nasceria de uma virgem. Em 40:3, que Ele seria precedido por João Batista. Em 11:2, que Ele seria un- gido pelo Espírito Santo. Em 42:2 que a humildade seria uma de suas características. Em 8:14, que Ele seria “pedra de escândalo” para os judeus. Em 53:4-6, que Ele sofreria em lugar dos outros. Em 52:14, Isaías nos fala de sua aparência, Em 50:6, que Ele seria cuspido e flagelado. Em 53:9, que Ele seria sepultado com o rico. Em 28:16, que Ele seria a pedra principal (sobre a qual sua Ig- reja seria construída). Em Isaías 11:10 e 42:1 encontramos ainda que o Messias viria também para a conversão dos gentios. Em 9:7 encontramos que seu reino seria para sempre. No capítulo 53, o profeta nos oferece ainda uma visão do Messias como um Servo sofredor que carregaria sobre si as nossas iniqüidades para nos
  • 31. 31 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização salvar. É difícil entender como alguém pode ler todas essas pas- sagens e especialmente Isaías 53, e não ver nelas claramente Jesus de Nazareth como o Messias de Deus. O servo sofredor Uma das perguntas que me vinha à mente em minha ado- lescência inquiridora era por que era necessário haver sacrifício de sangue no Antigo Testamento. Por que um cordeiro tinha que ser sacrificado e o seu sangue derramado? Por que lemos no livro de Levítico que “sem sangue, não há salvação” ? Essas perguntas ficaram sem resposta por um bom tempo. Alguns anos mais tarde, porém, pude aprender que dentro da cultura do Antigo Testamen- to, havia o entendimento de que a vida estava no sangue. Quando alguém se esvaia em sangue, perdia a sua vida. Pude aprender também que em várias culturas antigas a maneira da criatura viver harmonicamente com a divindade era a criatura entregar a sua vida à divindade. Se a criatura pudesse entregar seu sangue à divindade, ou seja, sua própria vida, estaria se harmonizando com ela. Como porém entregar sua vida sem perecer ? O conceito do sacrifício substitutivo veio resolver essa questão. Um animal sem mancha e perfeito seria sacrificado em lugar da criatura e aquele sangue derramado do animal, simbolizaria a entrega da vida da criatura à divindade. Portanto, ao se sacrificar um animal em um altar de culto, o que se estava fazendo simbolicamente, era entre- gar a vida à divindade. O Messias de Deus apresenta-se como o Cordeiro perfeito que veio substituir todos os cordeiros anteriores. De forma úni- ca, completa e suficiente o Messias sofredor se deixou sacrificar para que nossa vida fosse salva. A nossa salvação porém, requer que O aceitemos como salvador e que nossa vontade, intelecto e emoções sejam entregues a Ele. É dessa forma que conseguimos desfrutar da presença e direção de Deus em nossas vidas. Isaías 53:13-14 descreve o aspecto “desfigurado”do Messias quando so- brecarregado com os nossos pecados. Menciona também que Ele
  • 32. 32 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização seria exaltado, numa possível referência à sua ressurreição. Esse seria um fato notório e necessário para que sua condição de Cord- eiro único e suficiente, prevalecesse. O Messias de Deus haveria de vencer a morte. Através da vinda do Messias, que carregou sobre si as nos- sas iniqüidades e dores, como Cordeiro que toma o nosso lugar, Deus promoveu o milagre mais espetacular que se tem conheci- mento: a possibilidade de um pecador arrependido poder alcan- çar a vida eterna ao lado do Criador mediante e fé no Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Um convite irresistível (Isaías 55 a 60) Nesta oportunidade, em que damos seqüência ao nosso estudo sobre o livro do profeta Isaías, estaremos estudando o capí- tulo 55, quando destacaremos quatro pontos que esperamos ser de interesse dos nossos prezados leitores e ouvintes. 1. Vinde e comprai sem dinheiro Esse capítulo 55 de Isaías é todo ele um apelo para que busquemos a salvação. Ele inicia com um convite inusitado para os dias de hoje – “vinde às águas ... vinde comprai e comei sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”. A água serve para desseden- tar a sede da vida eterna. Esta é a mesma água que Jesus oferece à mulher samaritana em João 4:14 – “aquele, porém que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre, pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”. O profeta anuncia que o vinho, representando a alegria, o pão e o leite, representando o alimento da Palavra de Deus, são colocados gratuitamente pelo Senhor para todos aqueles que O buscam. Para aqueles que hesitam em vir beber está água, este vinho e o leite, bem como hesitam em aceitar o pão oferecido gratuitamente,
  • 33. 33 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização seja porque entendem em ser auto-suficientes em seus caminhos, seja porque acham que têm coisas mais importantes para fazer, o Senhor lhes pergunta no verso 2 “por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo que não satisfaz“? Escrita há 700 anos antes de Cristo esta pergunta permanece ainda atual hoje. Após dias e semanas de trabalho, às vezes nos achamos perguntando: para que trabalhamos tanto ? Qual o nosso propósi- to em levantarmos todos os dia se despendermos horas e horas de nossa vida em uma roda viva de trabalho e atividades ? Não há dúvida que o nosso sustento material deve vir de nosso trabalho, mas será que ele deve ser tal que consuma todas as nossas energias físicas, emocionais e espirituais? E ainda, o que fazer quando, após todo esse empenho, sentimos que não estamos satisfeitos ? E as nossas dúvidas quanto ao que devemos fazer ? E os nossos planos para o futuro ? Temos algum ? E os nossos relacionamentos com as pessoas ? Como devemos agir ? O que devemos fazer ? O Sen- hor responde à essas questões no verso 3 quando nos diz “inclinai os vossos ouvidos e vinde a mim, e a vossa alma viverá, porque convosco farei uma aliança perpétua...” Tal aliança se completou 700 anos após, através de Jesus, o Messias de Nazareth, que até hoje, oferece vida abundante a todo aquele que Nele crê e a Ele entrega suas decisões e sua vida. O verso 6, talvez um dos mais conhecidos da Bíblia, com- pleta o convite introduzindo uma dimensão de tempo de quando fazer essa aliança perpétua: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. 2. Os propósitos e pensamentos de Deus Uma das dificuldades da vida cristã é o conflito entre sab- er que uma aliança com Deus subentende entregar nossos pla- nos e nossa vida a Ele, e o efetivo entregar. A tendência é cada um procurar estabelecer seus próprios planos e simplesmente ir seguindo a vida respondendo à sua própria vontade. Quanto aos planos de Deus, pensamos muitas vezes que nem sempre con-
  • 34. 34 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização seguimos conhecê-los. Até mesmo nos revoltamos ou reclamamos de certos desdobramentos ou acontecimentos. Ás vezes, dizemos que entregamos, mas não o fazemos. Ou entregamos, mas não confiamos, o que é o mesmo que não entregar. Pior ainda, muitas vezes tentamos impor a Deus o que Ele deve fazer. Nos versos 8 e 9 de Isaías 55 encontramos Deus nos dizendo que ele não age da mesma forma que nós. Por isso, não devemos nos surpreender quando não conseguirmos entender os planos Dele – “...os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor”. 3. A palavra que não volta vazia Muitos crentes que costumam levar a palavra do Evangel- ho para outros ou mesmo que assistem a um pregador fazer um apelo e, em alguns casos, não encontram respostas visíveis à men- sagem entregue, podem, por um instante, pensar que tudo aquilo foi seus caminhos, seja porque acham que têm coisas mais im- portantes para fazer, o Senhor lhes pergunta no verso 2 “por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo que não satisfaz“? Escrita há 700 anos antes de Cristo esta pergun- ta permanece ainda atual hoje. Após dias e semanas de trabalho, às vezes nos achamos perguntando: para que trabalhamos tanto ? Qual o nosso propósito em levantarmos todos os dia se despend- ermos horas e horas de nossa vida em uma roda viva de trabalho e atividades ? Não há dúvida que o nosso sustento material deve vir de nosso trabalho, mas será que ele deve ser tal que consuma todas as nossas energias físicas, emocionais e espirituais? E ainda, o que fazer quando, após todo esse empenho, sentimos que não estamos satisfeitos? E as nossas dúvidas quanto ao que devemos fazer? E os nossos planos para o futuro? Temos algum? E os nossos relacionamentos com as pes-
  • 35. 35 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização soas? Como devemos agir ? O que devemos fazer ? O Senhor re- sponde à essas questões no verso 3 quando nos diz “inclinai os vossos ouvidos e vinde a mim, e a vossa alma viverá, porque con- vosco farei uma aliança perpétua...” Tal aliança se completou 700 anos após, através de Jesus, o Messias de Nazareth, que até hoje, oferece vida abundante a todo aquele que Nele crê e a Ele entrega suas decisões e sua vida. A Grandeza da Salvação (Isaías 61 a 66) Neste 11o Estudo de nossa série sobre Isaías, estaremos concentrando nossa atenção no capítulo 65 do livro deste grande profeta de Deus. Ao examinarmos o texto, verificamos que ele se desdobra em três partes principais: a) o julgamento do Senhor so- bre os rebeldes; b) O Senhor salva aqueles que O buscam e destrói aqueles que O rejeitam e c) O Senhor assegura um glorioso futuro a seu povo em um novo mundo a ser criado por Ele. O julgamento do Senhor sobre os rebeldes (Isaías 65:1-5) No verso 1 Deus declara, através das palavras do profeta, como Ele se manifestou a outros povos, além do Povo de Israel histórico. Isto nos mostra com clareza que a salvação é para todas as nações e não apenas para Israel. No verso 2, Javé chama a aten- ção daqueles que andam por seus próprios caminhos e por isso, se tornam rebeldes. Nos versos 3 a 5, o Senhor condena aqueles que praticam a superstição. O texto faz menção a jardins, onde adora- dores dos desuses cananeus faziam alguns tipos de cultos e sacrifí- cios, todos condenados por Javé. O verso 4, se refere aqueles que moram em sepulturas e passam a noite em lugares misteriosos, numa alusão à necromacia, outra prática condenável aos olhos do Senhor. Este verso também menciona o comer carne de animais considerados “abomináveis”. Povos pagãos acreditavam que, ao comerem a carne de al- guns desses animais, poderiam receber certas virtudes. Mais do
  • 36. 36 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização que condenar tais carnes, sob o ponto de vista da saúde, a palavra do Senhor tinha como objetivo se contrapor à idolatria pois es- ses animais eram usados como forma de relacionamento com o sobrenatural. Aqueles que se opunham a um correto relacionamento com o Deus criador, buscando em lugar disso, outras divindades, estavam sendo objeto de julgamento de Javé. Em tempos moder- nos, poderíamos com certeza, identificar essas outras divindades não somente dentro das religiões fetichistas mas também naque- las práticas em que o Deus do dia-a-dia é substituído por coisas ou pessoas tais como dinheiro, sexo, poder, ídolos etc. 2. O Senhor salva aqueles que O buscam e destrói aqueles que O rejeitam (Isaías 65:6-10) O verso 8 compara a nação a um cacho em que as uvas estão bastante machucadas mas a existência de suco em algumas delas é suficiente para evitar que todo o cacho seja desprezado. Esta comparação nos permite constatar que Deus é Alguém que nos restaura e sempre nos dá oportunidades de um novo começo. É necessário porém, que estejamos prontos a aceitá-lo como Sal- vador e também como Senhor de nossas vidas. Negá-lo ou sub- stituí-lo pelos nossos próprios deuses pessoais é abrir caminho para nosso afastamento do Deus verdadeiro, rumo à nossa própria destruição. Os versos 11 e 12 ilustram bem as conseqüências daqueles que abandonaram o Senhor para preparar uma mesa para a deusa Fortuna e vinho para o deus Destino, ambos sim- bolizando cultos, louvor ou dedicação a outros deuses, coisas ou pessoas. Fortuna e Destino eram deuses associados às divindades pagãs Gad e Menim para as quais, respectivamente, se faziam cul- tos aos astros e onde se ofereciam alimentos em rituais de magia. O verso 12 conclui que aqueles que participam de tais cultos e não respondem ao chamado de Javé, são destinados à espada. 3. O Senhor assegura um glorioso futuro a seu povo em um novo
  • 37. 37 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização mundo a ser criado por Ele (Isaías 65:17-25) A palavra de Deus trazida pelo profeta Isaías nos afirma ainda que a natureza e amplitude da salvação que Javé promete é tal que uma completa transformação ocorrerá em nossa realidade física e espiritual. A salvação em si ocorre no presente tempo, ao nível individual de cada pessoa que aceita o Messias de Deus como Salvador e Senhor. No final dos tempos, porém, o Senhor haverá de criar um novo céu e uma nova terra. Isaías nos afirma que ela será caracterizada pela seguran- ça, prosperidade e grande comunhão com o Senhor. O profeta nos descreve ainda a restauração da sociedade humana, quando não haverá mais dor, tristezas, lágrimas e mesmo a morte, será banida. Enquanto esse tempo futuro não chega, cabe-nos porém, consid- erar nossa fé na soberania de Deus, na perfeição do seu plano de restauração e salvação e aceitar o convite desta salvação, que Ele nos oferece através do Messias. O Deus que o profeta Isaías nos apresenta é Alguém atento ao ser humano. Ele nos mostra um Deus que julga aqueles que O rejeitam. Mas mostra também, um Deus que oferece oportuni- dade de salvação a todos que se dispuserem a aceitar o seu convite de vida abundante com Ele. Não se trata de vingança mas de con- seqüência natural de causa e efeito. Deus é luz. Não estar na Luz, é permanecer nas trevas.
  • 38. 38 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização Jeremias “Judá e Jerusalém – tristes quadros” Jeremias 1 a 10 Neste trimestre que hoje se inicia, estaremos conhecendo um pouco melhor os livros de Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel. Espero que, contando com a graça de Deus e com o nosso próprio esforço e reverência, este trabalho não seja estéril mas sim fértil, rendendo muitos e variados frutos. Para começarmos a pensar quem foi Jeremias, eu pro- ponho que você faça uma experiência: peça para algumas pessoas definirem este profeta. Garanto que você ouvirá a l g u m a s afirmações como: “Jeremias? Ah, ele ficou choramingando ao in- vés de agir!” ou “Jeremias foi aquele que, quando Deus o chamou, deu uma desculpa, dizendo ser ainda criança.” Agora vamos refle- tir um pouco sobre esta impressão: será que se a vida de Jeremias se resumisse mesmo a isso, teríamos hoje um livro inteiro com o seu nome em nossas Bíblias? É claro que não! Mas então quem será este profeta? Para responder esta pergunta, só mesmo buscando, com bastante atenção, pistas no texto bíblico. Só lá encontraremos a verdadeira face de Jeremias, e assim poderemos sair de vez do campo das impressões superficiais. Eumencioneiotermo“pistas”,nãofoimesmo?Poisé,como vocês já devem ter imaginado, o nosso trabalho será bem parecido com o de um detetive. Isso porque não possuímos uma história completa da vida deste profeta, mas sim fragmentos isolados e muitas peças perdidas. Mas não há razão para desanimarmos. Jer- emias é, talvez, o profeta cuja vida conhecemos melhor em todo Antigo Testamento. Assim, mesmo que haja longos períodos de sua vida sobre os quais não podemos dizer praticamente nada, há também trechos muito bem conhecidos. Juntando estes períodos mais conhecidos com algumas bem pensadas suposições, chega-
  • 39. 39 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização mos à história que estaremos analisando nestas lições. Então, sem mais delongas, vamos a ela. Dos primeiros três versículos do livro aprendemos que Jer- emias nasceu em Anatote, uma aldeia que ficava a seis quilômet- ros de Jerusalém. Sua família pertencia à tribo de Benjamim que, apesar de ser parte do reino de Judá, ainda mantinha muitos laços com as tribos do norte. Aprendemos também que ele era filho do sacerdote Helcias. Não há, contudo, nenhum indício em todo o livro de que Jeremias tenha desempenhado, ele mesmo, a função de sacerdote. Lemos que a palavra de Deus foi-lhe dirigida pela primeira vez no 13º ano do reinado de Josias, rei de Judá. Este ano foi o ano 627 a.C. Mais à frente, neste mesmo capítulo, encontra- mos a descrição deste momento tão importante e a tão comen- tada resposta de Jeremias: “sou ainda uma criança”. Não podemos saber, ao certo, o que o profeta quis dizer com isso, mas a maioria dos estudiosos afirmaria que provavelmente ele não estaria muito longe dos vinte anos. Com isso, podemos assumir que Jeremias nasceu por volta do ano 645 a.C. Passado o momento da sua vocação, a vida de Jeremias pode então ser dividida em quatro fases principais: a fase do re- inado de Josias, a fase do reinado de Jeoaquim, a fase do reinado de Zedequias e a fase posterior à queda de Jerusalém. Hoje co- briremos apenas a primeira fase, referente ao reinado de Josias, já que os capítulos que lemos esta semana parecem ser oriundos principalmente dela. O rei Josias, neto de Manassés e filho de Amon, chegou ao trono através de uma contra-revolução que derrotou aqueles que haviam matado seu pai. Ele tinha apenas oito anos de idade quando isso aconteceu, no ano 640 a.C., e, além da grande insta- bilidade política, ainda teve de lidar com o legado que seu avô, um rei ímpio e cruel, deixou-lhe. Contudo, Josias soube vencer estas dificuldades e acabou tornando-se um dos reis mais impor- tantes da história de Judá. A sua política externa foi marcada pela
  • 40. 40 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização crescente autonomia do estado de Judá perante a Assíria. A sua política interna, por outro lado, foi ainda mais crucial para a sub- seqüente história do povo judeu. Josias, ainda no início do seu reinado, começou uma reforma religiosa. Alguns dos obje- tivos alcançados por esta reforma foram a purificação do culto e a restauração da Páscoa, que havia sido esquecida pelo povo. Mas o ponto alto foi, sem dúvida, a descoberta do livro da lei. Hoje, estu- diosos pensam que este livro se tratava de um rolo contendo parte considerável do Deuteronômio. Esta descoberta motivou o rei a patrocinar a redação de um outro livro, que se tornou o restante do Deuteronômio e os livros de Josué, Juízes, I e II Samuel e I e II Reis. Dessa forma, tudo parecia ir muito bem até que, de forma trágica, Josias morreu combatendo os Egípcios em Meguido, no ano de 609 a.C. O reinado de Josias é um daqueles períodos consideráveis da vida de Jeremias sobre os quais temos poucas informações. Não sabemos se Jeremias, após a sua vocação, foi imediatamente a Jerusalém ou se permaneceu ainda por alguns anos em Anatote. Não sabemos se ele foi para o norte ou não. Contudo, por se tra- tarem de 18 anos, é provável que ele tenha desempenhado, neste período, um papel importante em Jerusalém e no antigo reino de Israel também. Quanto ao próprio reinado Josias, parece que Jeremias o apoiou em parte, elogiando-o quando era merecido e criticando-o, sem meias palavras, quando era o caso. De qualquer forma, a profunda corrupção do reinado de Jeoaquim, que suce- deu Joacaz, o sucessor de Josias que foi deportado para o Egito, não pode ter surgido apenas em alguns breves meses, mas deve ter lançado as suas raízes ainda no tempo de Josias. Pois bem, espero não ter cansado ninguém com este relato um pouco longo, é verdade, da história de Jeremias e do seu povo! Contudo, torço para que vocês tenham saboreado este conheci- mento percebendo como ele é enriquecedor paraa leitura do texto bíblico. Para mim, parece que ler a Bíblia sabendo um pouco da
  • 41. 41 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização história por detrás do que eu estou lendo é como ver um retrato com cores mais vivas. Mas não podemos nos despedir sem antes considerarmos um trecho tão importante – e com tantas repercussões – da leitura desta semana como a vocação de Jeremias, que está em Jr 1.4-10. Se compararmos este relato de vocação com os de Isaías e Ezequiel, por exemplo, encontraremos muitas diferenças, como aquela ref- erente ao encontro do profeta com Deus. Enquanto Isaías descreve o trono de Deus rodeado de serafins e Ezequiel fala de uma estra- nha visão, Jeremias limita-se a dizer: “a palavra do Senhor veio a mim”. Fica claro como, para Jeremias, mais importante do que tudo mais é a Palavra de Deus. Diante da simples afirmação da sua presença, elementos como o lugar e o modo parecem pequeni- nos detalhes que não têm porque não serem omitidos. Com isto em mente e levando em conta que Deus chama Jeremias para ser “profeta às nações”, ou seja, o difusor desta Palavra, podemos vislumbrar quem é o profeta Jeremias: um homem chamado por Deus para deixar de ser ele mesmo. Essa afirmação é de fato bastante estranha, mas pense bem: se frente à Palavra de Deus a própria visão que Jeremias tem do Senhor é algo que não vale a pena levar tempo para descrever, será que Jeremias estaria disposto a dizer qualquer outra coisa que não fosse a própria Palavra de Deus? Eu penso que não. E parece que o Senhor concordaria comigo! Afinal, Jeremias não estava di- zendo justamente algo que vinha do seu próprio coração quando afirmou ser jovem demais? E Deus não o corrige, dizendo: “não diga que é muito jovem”? Desta forma podemos ver que Jeremias não tinha motivos para ter medo porque, a partir daquele momento, ele deveria passar a ser a própria Palavra de Deus. Suas ações e as con- seqüências delas não mais deveriam ser medidas por parâmetros humanos. Mas é claro que isto não foi fácil para Jeremias – como não é fácil para mim e nem para você. Pois é, pensando bem, eu e você não
  • 42. 42 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização estamos tão longe de Jeremias assim. O mesmo Deus que o cham- ou para destruir e construir não nos chama hoje para a mesma tarefa? O anúncio do castigo divino (Jeremias 11 a 20) Nesta semana, lemos os capítulos 11 a 20 do livro de Jer- emias. Alguns dos eventos que são descritos nestes capítulos ocor- reram provavelmente no reinado de Jeoaquim. Observemos, en- tão, como foi o reinado deste filho de Josias e como este reinado afetou a mensagem de Jeremias. Já no primeiro ano do reinado de Jeoaquim, Jeremias faz um discurso contra a certeza que o povo de Jerusalém tem de que, por serem habitantes da cidade onde está o Templo do Senhor, não têm motivos para temer mal algum. O povo, preso ao seu próprio pecado, recusa-se a escutá-lo e ainda tenta matá-lo. Jer- emias escapa, mas ali começavam os tempos mais difíceis de sua vida. Alguns anos depois, em 605 a.C., contra todas as expec- tativas, Nabucodonosor, rei da Babilônia, derrota os Egípcios na batalha pela fortaleza de Carquemis. A partir de então, Jeremias identifica o “inimigo do norte” com a Babilônia e, a fim de res- saltar a função que este inimigo poderá ter nas mãos do Senhor, vai até o portão, quebra um jarro e discursa sobre o fim de Judá, como vemos nos capítulos 19 e 20. O comissário do Templo então bate nele e prende-o. Quando isto acontece, Jeremias e Baruque são obrigados a esconderem-se. Leremos sobre estes acontecimentos no capítulo 36. Foi também provavelmente no reinado de Jeoaquim que o Senhor enviou Jeremias até a casa do oleiro e também para junto do Eufrates, onde ele deixou o seu cinto. De qualquer forma, não há necessidade de detalharmos ainda mais este período se com- preendermos o seu principal significado: Jeremias passara de um
  • 43. 43 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização observador crítico do rei e do povo, como fora no reinado de Jo- sias, para um inimigo ferrenho e perseguido. Assim, a pregação dele tornou-se cada vez mais um anúncio da destruição de Je- rusalém e uma denúncia dos pecados do povo. Contudo, Jeremias não se limitou a expressar a Palavra de Deus. Em alguns momen- tos, ele também virou-se e dialogou com o Senhor. Vemos isto em algumas passagens muito famosas, chamadas as confissões de Jeremias. Você ainda se lembra da fama de Jeremias? Pois é, ela vem principalmente daqui. As confissões podem ser encontradas nos capítulos 11, 12, 15, 17, 18 e 20. Observemos, pelo menos, o trecho encontrado no capí- tulo 20 – mais especificamente os versículos 14 a 18. “Maldito seja o dia em que eu nasci!” diz o profeta. O seu rancor e a sua dor são muito profundos. Ele afirma que gostaria de ter morrido no ven- tre de sua mãe sem jamais ter visto a luz do dia. Afinal, pergunta ele, “Por que saí do ventre materno? Só para ver dificuldades e tristezas, e terminar os meus dias na maior decepção?” Por que Jeremias disse estas coisas? De onde vem uma dor tão profunda e amarga? E seu contato direto com o Senhor, não seria este sufi- ciente para calar tais perguntas? Para responder estas indagações, só mesmo buscando entender o que é, de fato, um profeta. To- davia, mesmo levando estas diferenças em consideração, ainda é possível traçar as linhas gerais que fazem com que um homem seja, reconhecidamente, um profeta? Penso que sim. Segundo José Luis Sicre, existem quatro pontos principais que dis- tinguem o profeta dos demais homens. Vejamos quais são estes pontos. Primeiro, o profeta é um homem inspirado. Ou seja, ele tem plena convicção de que a mensagem que tem é a mensagem do próprio Deus. Assim, ele não se baseia em documentos ou mesmo puramente na experiência humana, mas diretamente na Palavra de Deus que, segundo o próprio Jeremias, pode ser a sua alegria e o seu júbilo (15.16) ou um fogo que ele não pode conter,
  • 44. 44 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização por mais que tente (20.9). Segundo, ele é um homem público. Isso quer dizer que o profeta está inserido em uma comunidade e está profundamente imerso em seus problemas e sonhos. Por mais que o profeta seja um solitário, ele não está completamente isolado, já que a profecia não pode existir sem um contexto social. Terceiro, o profeta recebeu um dom de Deus. Ele não precisa pertencer a uma certa classe social ou ter recebido uma educação especial. Basta que ele tenha sido escolhido por Deus. Por fim, chegamos ao quarto item, justamente aquele que mais nos ajudará a responder aquelas perguntas sobre a dor e a atitude de Jeremias. O profeta é um homem ameaçado. Ameaçado pelas autoridades, pelo povo, pelos seus próprios parentes, como Jeremias foi (11.18-23). Certo. Mas aqui temos de parar e pergun- tar: se fosse apenas isto, será que Jeremias teria se “confessado” perante o Senhor daquela forma? Me parece que não. Portanto, vemos que as ameaças não eram apenas estas. Temos que admitir que a maior ameaça para o profeta não vem dos homens, mas do próprio Deus. Leiamos Jr 20.7. O profeta diz: “Senhor, tu me per- suadiste, e eu fui persuadido; foste mais forte do que eu e preva- leceste. Sou ridicularizado o dia inteiro; todos zombam de mim.” Vemos, desta forma, que o relacionamento entre o Senhor e o profeta não era marcado apenas por carinhos e afagos. O profeta tinha uma função a desempenhar e o Senhor o empurrava con- stantemente nesta direção, às vezes para o grande sofrimento do profeta. Foi assim com Jeremias. O Senhor o fez andar por camin- hos dificílimos e ele, não podendo compreender a razão daquilo, perguntou-lhe: “Até quando?” Mas Deus lhe disse que não con- vinha que ele tivesse aquela resposta – leia os primeiros seis ver- sículos do capítulo 12 e veja novamente como isto aconteceu. Agora, coloque-se no lugar de Jeremias. Talvez você sequer pre- cise usar muito a sua imaginação – talvez o Senhor também es- teja empurrando você por caminhos difíceis para que a Palavra
  • 45. 45 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização dele possa ser ouvida. Dá vontade de reclamar? Jeremias não só teve vontade, como reclamou. E o Senhor, apesar de não lhe dar uma resposta que o satisfizesse, escutou, consciente da dor do seu servo. O Senhor de Jeremias – o nosso Senhor – é muito sábio. Quem sabe se no fundo, no fundo, o que Jeremias realmente pre- cisava não era de uma resposta, mas sim de um Deus que o amasse e que o escutasse. No fundo, no fundo, talvez ele já soubesse que não poderia ter uma resposta. Mas o Senhor escutou, Jeremias confiou nele e foi o suficiente para que o profeta seguisse por seus caminhos. Espero que a certeza de que temos um Deus que nos ama e está sempre disposto a nos escutar também nos baste e as- sim sigamos em frente, vivendo a cada instante a promessa que em Jr 11.7: “Bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está.” O cativeiro e a sua causa (Jeremias 21 a 30) Hoje, continuando o nosso estudo do livro de Jeremias, iremos rever o conteúdo dos capítulos 21 a 30. Nestes capítulos as admoestações e ameaças que Jeremias trouxe ao povo finalmente tomam forma através de Nabucodonosor. Este rei da Babilônia derrota os Egípcios e, no reinado de Jeconias, sucessor de Jeoaquim, chega até Jerusalém. Após cercar e invadir a cidade, ele leva para a Babilônia Jeconias, boa parte dos poderosos de Jerusalém e muitos dos tesouros do Templo. Zedquias é então coroado, tornando-se assim o terceiro dos filhos de Josias a chegar ao trono. Politicamente, os primeiros anos que se seguem à sua coro- ação, que ocorreu em 597 a.C., são bastante tranqüilos para Zed- equias. A Babilônia passara a ser inquestionavelmente o grande poder da região e quem pagasse os seus tributos em dia não teria muito o que temer. Contudo, Zedequias e o povo agora têm um
  • 46. 46 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização grande problema teológico e social para resolver. Como explicar a queda de Jerusalém e a profanação do Templo? O Templo não era a casa do Senhor e Jerusalém a sua cidade? Assim, eles recebem ainda mais uma chance para dar ouvidos a Jeremias e reconhecer que o seu pecado anulou estas garantias. Mas, ao invés de fazerem isto, eles colocam toda a culpa naqueles que haviam sido deporta- dos.Opondo-seaeste posicionamento, Jeremias fala dos dois ces- tos de figos, no capítulo 24. Mas a mensagem de Jeremias não é apenas para o povo que permaneceu em Judá. Ele escreve uma carta para os exilados, que encontramos no capítulo 29, na qual os exorta a levarem uma vida o mais normal possível, já que o eles permaneceriam na Ba- bilônia por longos anos. Contudo, os exilados também optam por permanecer com seus pecados e não lhe dão ouvidos, ansiando acima de qualquer outra coisa pelo seu retorno a Jerusalém. Alguns anos depois, em 593 a.C., Zedequias recebe, em Jerusalém, embaixadores de diversos reinos da região. O assunto desta conferência erauma possível coalizão contra a Babilônia. Jeremias é contrário a esta proposta e o demonstra colo- cando um jugo sobre o seu próprio pescoço, como vemos nos capítulos 27 e 28. Não se sabe ao certo se por prudência política ou se por haver ouvido, finalmente, a mensagem de Jeremias, mas o fato é que Zedequias optou por permanecer subserviente à Ba- bilônia. Contudo, a sabedoria de Zedequias não durou muito e, cinco anos mais tarde, ele cedeu às pressões e se negou a pagar o tributo. A partir de então foram iniciados os eventos que levaram à segunda deportação e à destruição de Jerusalém. Para nós, hoje em dia, todos estes eventos e os que os seguiram sejam de fácil explicação. Não estamos satisfeitos em dizer simplesmente que o povo pecou, não se arrependeu quando teve a chance, e por isso o Senhor o levou cativo para a Babilônia? Todavia, se pararmos um pouco para refletir, veremos que ler so- bre este processo 2500 anos depois que ele aconteceu e chegar a
  • 47. 47 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização algumas conclusões é uma coisa. Vivê-lo é outra, totalmente difer- ente. Não que os eventos que culminaram no exílio não tenham tido causas e conseqüências bem visíveis, mas nós jamais com- preenderemos este processo completamente se assumirmos que o povo tinha a mesma percepção dele que nós temos hoje. Portanto, acho que vale a pena nos esforçarmos um pouco observando de que forma Jeremias expunha a sua mensagem ao povo. Quem sabe assim possamos compreender melhor a perspectiva que aquele povo tinha dos eventos que culminaram no exílio babilônico. A linguagem profética tem uma característica que é ao mesmo tempo a sua grande força e a sua grande fraqueza. Esta característica está na enorme capacidade do profeta de lançar mão da cultura e dos valores do seu povo para falar de maneira vio- lentamente clara e sincera. O profeta não apresentava uma lin- guagem abstrata e conceitual, mas sim palavras absolutamente concretas e de sentido inquestionável. Quem o ouvisse não po- deria ficar indiferente – ou considerava-o um louco perigoso ou permitia que aquelas palavras fortalecessem a sua consciência de uma forma surpreendente.Contudo,é justamente aí que também está a grande fraqueza da linguagem profética. Será que palavras construídas com tanto cuidado para impactarem as mentes dos cidadãos da Judá do século VII a.C. terão o mesmo efeito sobre mim, um brasileiro vivendo em pleno século XXI? É claro que não! Na verdade, este cuidado que o profeta teve para criar uma linguagem tão forte para o seu povo funciona de maneira inversa comigo – quanto mais claro ele for para o cidadão de Judá, menos claro ele será para mim! A fim de que possamos ver, na prática, como isto funcio- na, vamos adaptar os versos de Jr 22.20 para o nosso contexto. O texto original diz: Jerusalém, suba ao Líbano e clame, Seja ouvida a sua voz em Basã, Clame desde Abarim, Pois todos os seus alia- dos foram esmagados. Se estivesse falando hoje, Jeremias poderia muito bem estar dizendo: Washington, suba a Londres e implore,
  • 48. 48 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização Que todos te vejam em Madri, Implore desde Roma, pois todos os teus aliados foram esmagados. Independente do sentido desta passagem – pois o objetivo aqui não é dar-lhe um novo sentido – estas palavras não ganham uma nova vida ao serem adaptadas ao nosso mundo? E se conseg- uíssemos fazer o mesmo com todos os textos proféticos, será que os livros proféticos não teriam um apelo muito maior entre nós? Ou será que esta adaptação tornaria o texto tão impactante que muitos fugiriam dele, considerando-o, no mínimo, de mau gosto? Mas os profetas, e Jeremias em especial, não falaram só através de versos. Hoje em dia, quem não conhece aquele ditado que diz: “uma imagem vale mais do que mil palavras”? Mas apesar de no tempo de Jeremias provavelmente não ter sido assim, sem dúvida este profeta sabia disto. Lembremos dele andando pelos pátios do templo com um jugo – o aparato para prender o boi pelo pescoço a um carro – sobre os seus ombros, ou quebrando um vaso junto ao portão da cidade, ou indo buscar um cinto podre junto ao Eu- frates. Todas estas ações tinham significados claríssimos para os seus espectadores. Mais uma vez, o profeta não deixava a possibi- lidade de permanecer indiferente a ninguém. Dessa forma, podemos finalmente chegar a uma con- clusão: a grande diferença entre a nossa perspectiva destes acon- tecimentos e a perspectiva daqueles que ouviram o próprio Jer- emias proferir estas palavras é a emoção. Nós observamos todos estes eventos principalmente com a razão. Aquele povo não podia fazer isto. Eles estavam tão imer- sos naquele processo que simplesmente não podiam abrir mão dos seus sentimentos. Mas o profeta não considerava isto ruim – pelo contrário, ele incentivava essa tensão emocional com o in- tuito de derrubar todas as certezas daquele povo pecador e assim fazê-lo ver o quanto o seu Deus o amava. A partir desta conclusão, para mim fica difícil continuar olhando para este povo unicamente através de um breve resumo
  • 49. 49 Curso básico de Teologia Pastor Moisés Carneiro Proibida a Comercialização © Direitos Reservados ao Instituto Belém Proibida a comercialização Proibida a comercialização da sua história. Como poderíamos continuar fazendo isto uma vez que percebemos que se tratam de muito mais do que nomes em um folha – esse povo era feito de pessoas de carne e osso, como eu e você! Pessoas que podiam ser amáveis ou indiferentes, generosas ou mesquinhas. Assim, é preciso que nos esforcemos mais na hora de ler o texto bíblico caso a sua mensagem não tenha superado as barreiras que edificamos em nossas mentes. É preciso que esta mensagem chegue aos nossos corações, assim como as palavras de Jeremias chegaram ao coração daquele povo, pois cabe ao coração escolher o caminho que iremos seguir. Por fim, como Jeremias sabia tão bem, precisamos colocar tanto as nossas emoções quanto a nossa razão diante do Senhor, porque, como ele disse, “vocês me procurarão e me acharão quan- do me procurarem de todo o coração” (29.13). Deus revela o futuro (Jeremias 31 a 40) Ao se recusar a pagar o tributo à Babilônia, Zedequias, Nabucodonosor age de imediato e poucos meses depois fecha o cerco em torno de Jerusalém. Nesta semana lemos sobre alguns dos principais eventos que ocorreram neste período tão crucial da história de Judá, que vai do dia em que o cerco começa – 5 de ja- neiro de 587 a.C. – até o dia da invasão da cidade – 19 de julho de 586 a.C. Assim, vamos começar o nosso encontro revendo estes acontecimentos. Já no início do cerco, Jeremias anuncia ao rei que Je- rusalém cairá. Pouco depois, um pequeno exército egípcio chega à Judéia e Nabucodonosor é forçado a levantar o cerco para lidar com ele. O povo, e principalmente os poderosos, vêem isso como um ótimo sinal e resolvem até voltar atrás em sua promessa de libertar os escravos hebreus. Jeremias então denuncia esta atitude como mais um enorme desrespeito para com o Senhor e anuncia que os babilônios voltarão para terminar o que haviam começado. Ainda neste período em que o cerco havia sido levantado, Jer-
  • 50. 50 Proibida a comercialização Instituto Belém - Desejando o Conhecimento de Deus Faça sua Doação: Ag. 0314 / Op. 013 / C.P. 119429-0 - Caixa E. Federal Proibida a comercialização emias tenta ir até a sua cidade natal, Anatote, para receber uma herança, mas o chefe da guarda o vê e o prende sob a alegação de estar desertando. Algum tempo depois, a profecia de Jeremias se concretiza e o exé- rcito de Nabucodonosor retorna vitorioso da batalha com os egíp- cios para retomar o cerco. Zedequias então manda buscar Jeremi- as e pergunta-lhe se ele tem alguma palavra do Senhor para ele. Jeremias novamente anuncia-lhe a queda de Jerusalém, mas aproveita para pedir a sua transferência para o pátio da guarda, o que de fato acontece. Contudo, ao chegar lá Jeremias começa a exortar os guerreiros a se renderem, o que causa a ira dos prínci- pes de Judá. Estes então jogam-no dentro de uma cisterna, onde o profeta certamente morreria se não tivesse sido salvo por Ebed- Melec, que pedira a permissão do rei para libertá-lo. É então que acontece um fato muito interessante na vida de Jeremias, justamente neste momento em que, quase sem es- peranças e tendo sofrido tanto, ele havia – literalmente – tocado o fundo do poço. Seu primo Hanameel vem até ele, no pátio da guarda, e pede que ele compre um campo em Anatote. É uma proposta totalmente absurda; a cidade está cercada e a sua destru- ição já é quase certa. Jeremias definitivamente poderia ter pensado que melhor seria investir em terrenos na lua. Contudo, ele percebe que através daquela situação Deus estava oferecendo-lhe mais uma chance de ter – e dar – esperança. Assim ele compra o terreno para que to- dos soubessem que “de novo serão compradas propriedades nesta terra, da qual vocês dizem: ‘É uma terra arrasada, sem homens nem animais, pois foi entregue nas mãos dos babilônios.’” (32.43) Após este evento Zedquias ainda vem falar com Jeremias mais uma vez, e novamente Jeremias lhe repete que o único caminho é a rendição. Mas mesmo assim o rei não lhe dá ouvidos. Por fim, após seis meses de cerco, Jerusalém é invadida e o rei foge, sendo capturado próximo a Jericó. Ele é então levado para a presença de