Fernando Pessoa - Alberto Caeiro.pptx

Colégio Waldorf Micael
Colégio Waldorf MicaelProfessor em Colégio Waldorf Micael
Fernando Pessoa
1888 - 1935
Modernismo Europeu
Início do séc. XX
Portugal
Cada grupo de estados de alma
mais aproximados insensivelmente
se tornará uma personagem, com
estilo próprio, com sentimentos
porventura diferentes, até opostos
aos típicos do poeta na sua pessoa
viva.
Fernando Pessoa.
O que é um heterônimo?
• Ortônimo: eu empírico, o próprio poeta, sujeito real do mundo,
ideológico, que vive as experiências, o criador
• Heterônimo é a criação, com nome, biografia, obra e estilo próprios, como
se fosse um eu-empírico, mas, por ser criação, é eu lírico
• A heteronomia é um processo criativo pelo qual Pessoa cria seus outros
eus, e assim percorre os caminhos do auto-conhecimento
Teoria do Fingimento:
teoria da criação desenvolvida pelo filósofo alemão Friedrich
Nietzsche.
“somente o poeta que é capaz de mentir
conscientemente, voluntariamente, pode dizer a
verdade.”
Despersonalização:
teoria criada pelo filósofo alemão Friedrich Hegel. O ser
em si (eu empírico, real, o criador) torna-se outro ser
(eu lírico, a criação) e retorna a estar em si. É um
estado de consciência das infinitas possibilidades que
podemos ser de nós mesmos. Em Fernando Pessoa, a
busca por essa consciência alimentou e elevou sua
esquizofrenia ao grau máximo.
EU AUTOCONHECIMENTO
busca outros (eus líricos)
eu
eu
eu
eu
retorna a si (eu empírico)
Epicurismo.................
• Influência do filósofo romano Horácio
• Filosofia do Carpe Diem – aproveitar o momento e os
prazeres da vida, mas sem exagero
A morte é a única certeza. (fatalismo)
• Bucolismo: adoração da natureza na procura de
equilíbrio
A natureza é o único caminho para a tranquilidade
Epicuro de Samos: 341
a.C. Samos — 271 ou 270
a.C. Atenas. Foi um
filósofo grego do período
helenístico.
Carpe Diem
Viver o Dia
Locus
amoenus
Lugar ameno
NATUREZA
Aurea
mediocritas
Alma mediana
EQUILÍBRIO
N E O - P A G A N I S M O
Nada vale a pena
Abdicação de
tudo
Aceitação
resignada do
destino
Afastamento
de tudo que
pode causar
perturbação
e dor: sujeito
moderado
Viver
indiferente a
tudo
CARPE
DIEM
Contemplação
da natureza:
busca pela calma
e equilíbrio
ESTOICISMO EPICURISMO
Zona de intersecção
Quinto Horácio Flaco, 65
a.C. — Roma, 8 a.C. Foi um
poeta lírico e satírico
romano, além de filósofo.
É conhecido por ser um
dos maiores poetas da
Roma Antiga.
Alberto Caeiro
O Mestre
O que não pensa, nem sonha.
Temáticas:
 Mundo pastoril
 Bucolismo
 Simplicidade
 Objetividade
 O poder da visão
 Concreto/real
 Tudo é fruto da racionalidade, e sentir também
deve ser racional, e racional é não devanear, nem
imaginar, muito menos questionar.
 Como todo heterônimo, este possui nome,
biografia, profissão e estilo próprios.
 Nasceu em 1889, em Lisboa; faleceu em 1915
por tuberculose
 Vida rural
 Sem educação nem profissão
 Frágil, baixo, louro, olhos azuis
O Guardador de Rebanhos
dos seus grandes versos,
 É a reunião
composto de 49 poemas, teorizando e
praticando o simples olhar para as coisas,
sem nenhuma interrogação metafísica.
(Leyla Perrone-Moisés)
OsPoemas
Neste excerto do poema I, o mestre se
apresenta, mostra como se comporta em
relação à vida, ao mundo, como enxerga
as coisas e o que pensar significa para si.
I
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove
mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
Aqui, Caeiro expressa a importância do
ver, enxergar como forma de acreditar
e de venerar o que é concreto, claro e
objetivo, bem como sua noção do
amor. II
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de
acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que
ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Este é o poema mais famoso do O Guardador
de Rebanhos, pois ele sintetiza todas as
características do heterônimo, expõe sua
crença somente no que vê, a natureza e a
essência das coisas e da vida.
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei.Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz
pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as
cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
O poema VIII é emblemático porque aqui
surge a personagem do menino Jesus,
que interage com o poeta e se comporta
como uma criança comum, que faz
travessuras, que é inteligente e goza de
plena vida, de forma simples, humilde e
sem responsabilidades, bem como o
poeta entende que deve ser sua poesia e
sua própria vida. Podemos entender que
o menino Jesus é a expressão da
natureza física, descompromissada com
o pensar, apenas interessada em existir
para o que deve existir, e que o Jesus
adulto é a expressão da natureza
humana, que é pensar, logo questionar
e, consequentemente, ser angustiado e
infeliz. Jesus menino apenas viveu, o
adulto morreu por se importar demais,
por se preocupar demais, por pensar
demais.
VIII
Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele
tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e
menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
(...)
................................................................
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?
Neste poema XXIV, é possível
observarmos a essência do neo-
pganismo, a ordem e disciplina que só a
visão pode oferecer ao mestre, que só o
concreto pode constituir, e sua total
abnegação ao que subjetivo.
XXIV
O que Nós Vemos
O que nós vemos das cousas são as cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse
outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma
vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma seqüestração na liberdade daquele
convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as
freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só
dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão
estrelas
Nem as flores senão flores.
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e
flores.
Alberto Caeiro desenvolve seu neo-paganismo existencial e humano, assumindo
uma postura egoísta de não se importar com o que os homens falam, sofrem, se
preocupam, pois só são assim porque pensam demais. Nos dois últimos versos, o
mestre não entende a subjetividade.
XXXII
Ontem à tarde um homem das cidades
Falava à porta da estalagem.
Falava comigo também.
Falava da justiça e da luta para haver justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos
olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia.
(Mas eu mal o estava ouvindo.
Que me importam a mim os homens
E o que sofrem ou supõem que sofrem?
Sejam como eu — não sofrerão.
Todo o mal do mundo vem de nos
importarmos uns com os outros,
Quer para fazer bem, quer para fazer mal.
A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.
Querer mais é perder isto, e ser infeliz)
(Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com florir e ir correndo.
É essa a única missão no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber faze-lo sem pensar nisso.
E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem com o poente quem odeia e
ama?
A natureza é real, concreta. A vida e as
objetividade e concretude. Nos
coisas devem ser naturais, com
dois
últimos versos do poema, não se
compreende a subjetividade.
Observação
filosofia, a transcendência e
No poema XXXIV, Caeiro propõe
que se viva pela percepção, não
pela racionalização, negando a
a
teologia. Essa é a sua antipoesia,
sem a evidência de um eu-lírico
subjetivo.
XXXIV
Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa...
Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas. . .
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...
Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que
tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.
CUIDADO!!!
Mas até que ponto o Mestre
Alberto Caeiro consegue praticar
o que teoriza, manter a postura
tão complexa de não pensar?
Talvez o próprio heterônimo não
consiga ser ele mesmo
completamente. Sentir é o que
basta, e sentir nem sempre é
pleno, claro e concreto. Aqui o
paradoxo pensar e sentir trava
suas batalhas internas na alma
humana.
XLVI
Deste modo ou daquele modo.
Conforme calha ou não calha.
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.
Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à idéia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras.
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O heterônimo, tão logo
percebe o pensamento, se
desfaz dele rapidamente.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me
ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem
sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego
teimoso.
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
UFRGS - 2013
Fernando Pessoa - Alberto Caeiro.pptx
43. Sobre a poesia do heterônimo Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa, assinale a
resposta correta:
(A) Alberto Caeiro problematiza tanto as angústias e problemas do mundo que
opta por negar esses pensamentos para fugir de todo e qualquer sofrimento.
(B) Não há, para o heterônimo, discernimento entre no que acreditar e não
acreditar, já que todos os sentidos do homem são formas de ludibriá-lo, de
distanciá-lo da verdade, do concreto.
(C) Num de seus mais famosos poemas, o mestre diz negar a metafísica porque já
sofrera demais com seus questionamentos e devaneios, tanto que ele
menciona que Há metafísica bastante em não pensar em nada (...)
(D) O mestre é conhecido por ser equilibrado, por não pensar nos porquês das
coisas e do mundo, e isso se dá graças ao seu neo-paganismo, pois aquele que
em nada acredita não cria expectativas, aceita e compreende tudo como
simplesmente é.
(E) O neo-paganismo, umas das características mais essenciais deste heterônimo,
implica apego e veneração à natureza porque só ela tem condições de ser o
que é, pura, real, concreta, objetiva e inquestionável.
Simulado PEAC – 2013/1
44. Leia o excerto do poema do heterônimo Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa, para
responder a questão.
Ontem à tarde um homem das cidades
Falava à porta da estalagem.
Falava comigo também.
Falava da justiça e da luta para haver
justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm
fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos
olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu
sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia.
(Mas eu mal o estava ouvindo.
Que me importam a mim os homens
E o que sofrem ou supõem que sofrem?
Sejam como eu — não sofrerão.
Todo o mal do mundo vem de nos
importarmos uns com os outros,
Quer para fazer bem, quer para fazer mal.
A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.
Querer mais é perder isto, e ser infeliz)
(...)
Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com florir e ir correndo.
É essa a única missão no Mundo,
Essa — existir claramente,
E saber fazê-lo sem pensar nisso.
E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem com o poente quem odeia e
ama?
Marque V (para verdadeiro) e F (para falso) para as afirmações que seguem sobre o
excerto acima e as características deste heterônimo:
( ) O heterônimo se mostra comovido, em certo momento, e pensa até em sentir-se
aflito e preocupado com os questionamentos trazidos pelo ingênuo homem.
( ) Alberto Caeiro ironiza o homem das cidades, pois este vive num caos, respira o
desequilíbrio dos problemas gerados pelo mundo dito civilizado, algo com que o
pastor nunca se abala porque vive o equilíbrio da natureza apenas.
( ) Nos últimos dois versos do poema, percebemos uma forte crítica do mestre àqueles
que teimam enxergar na natureza algo mais do que ser apenas natureza, já que nada
tem ela a ver com os desajustes dos homens e da sociedade.
( ) Na penúltima estrofe, o mestre assume sua crença em Deus naturalmente porque
somente ele é capaz de compreender a forma de pensar do pastor.
A alternativa que possui a sequência correta é:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
F – F – V – V
F – V – V – F
V – V – V – F
V – V – F – F
F – V – F – V
1 de 27

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Fernando Pessoa - Alberto Caeiro.pptx

  • 2. Modernismo Europeu Início do séc. XX Portugal Cada grupo de estados de alma mais aproximados insensivelmente se tornará uma personagem, com estilo próprio, com sentimentos porventura diferentes, até opostos aos típicos do poeta na sua pessoa viva. Fernando Pessoa.
  • 3. O que é um heterônimo? • Ortônimo: eu empírico, o próprio poeta, sujeito real do mundo, ideológico, que vive as experiências, o criador • Heterônimo é a criação, com nome, biografia, obra e estilo próprios, como se fosse um eu-empírico, mas, por ser criação, é eu lírico • A heteronomia é um processo criativo pelo qual Pessoa cria seus outros eus, e assim percorre os caminhos do auto-conhecimento Teoria do Fingimento: teoria da criação desenvolvida pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche. “somente o poeta que é capaz de mentir conscientemente, voluntariamente, pode dizer a verdade.”
  • 4. Despersonalização: teoria criada pelo filósofo alemão Friedrich Hegel. O ser em si (eu empírico, real, o criador) torna-se outro ser (eu lírico, a criação) e retorna a estar em si. É um estado de consciência das infinitas possibilidades que podemos ser de nós mesmos. Em Fernando Pessoa, a busca por essa consciência alimentou e elevou sua esquizofrenia ao grau máximo. EU AUTOCONHECIMENTO busca outros (eus líricos) eu eu eu eu retorna a si (eu empírico)
  • 5. Epicurismo................. • Influência do filósofo romano Horácio • Filosofia do Carpe Diem – aproveitar o momento e os prazeres da vida, mas sem exagero A morte é a única certeza. (fatalismo) • Bucolismo: adoração da natureza na procura de equilíbrio A natureza é o único caminho para a tranquilidade Epicuro de Samos: 341 a.C. Samos — 271 ou 270 a.C. Atenas. Foi um filósofo grego do período helenístico. Carpe Diem Viver o Dia Locus amoenus Lugar ameno NATUREZA Aurea mediocritas Alma mediana EQUILÍBRIO
  • 6. N E O - P A G A N I S M O Nada vale a pena Abdicação de tudo Aceitação resignada do destino Afastamento de tudo que pode causar perturbação e dor: sujeito moderado Viver indiferente a tudo CARPE DIEM Contemplação da natureza: busca pela calma e equilíbrio ESTOICISMO EPICURISMO Zona de intersecção Quinto Horácio Flaco, 65 a.C. — Roma, 8 a.C. Foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga.
  • 7. Alberto Caeiro O Mestre O que não pensa, nem sonha.
  • 8. Temáticas:  Mundo pastoril  Bucolismo  Simplicidade  Objetividade  O poder da visão  Concreto/real  Tudo é fruto da racionalidade, e sentir também deve ser racional, e racional é não devanear, nem imaginar, muito menos questionar.  Como todo heterônimo, este possui nome, biografia, profissão e estilo próprios.  Nasceu em 1889, em Lisboa; faleceu em 1915 por tuberculose  Vida rural  Sem educação nem profissão  Frágil, baixo, louro, olhos azuis
  • 9. O Guardador de Rebanhos dos seus grandes versos,  É a reunião composto de 49 poemas, teorizando e praticando o simples olhar para as coisas, sem nenhuma interrogação metafísica. (Leyla Perrone-Moisés)
  • 11. Neste excerto do poema I, o mestre se apresenta, mostra como se comporta em relação à vida, ao mundo, como enxerga as coisas e o que pensar significa para si. I Eu nunca guardei rebanhos, Mas é como se os guardasse. Minha alma é como um pastor, Conhece o vento e o sol E anda pela mão das Estações A seguir e a olhar. Toda a paz da Natureza sem gente Vem sentar-se a meu lado. Pensar incomoda como andar à chuva Quando o vento cresce e parece que chove mais. Não tenho ambições nem desejos Ser poeta não é uma ambição minha É a minha maneira de estar sozinho.
  • 12. Aqui, Caeiro expressa a importância do ver, enxergar como forma de acreditar e de venerar o que é concreto, claro e objetivo, bem como sua noção do amor. II Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele Porque pensar é não compreender... O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos) Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso, Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe por que ama, nem o que é amar... Amar é a eterna inocência, E a única inocência não pensar...
  • 13. Este é o poema mais famoso do O Guardador de Rebanhos, pois ele sintetiza todas as características do heterônimo, expõe sua crença somente no que vê, a natureza e a essência das coisas e da vida. V Há metafísica bastante em não pensar em nada. O que penso eu do mundo? Sei lá o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso. Que idéia tenho eu das cousas? Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criação do Mundo? Não sei.Para mim pensar nisso é fechar os olhos E não pensar. É correr as cortinas Da minha janela (mas ela não tem cortinas). O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério. Quem está ao sol e fecha os olhos, Começa a não saber o que é o sol E a pensar muitas cousas cheias de calor. Mas abre os olhos e vê o sol, E já não pode pensar em nada, Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos De todos os filósofos e de todos os poetas. A luz do sol não sabe o que faz E por isso não erra e é comum e boa. Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores? A de serem verdes e copadas e de terem ramos E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar, A nós, que não sabemos dar por elas. Mas que melhor metafísica que a delas, Que é a de não saber para que vivem Nem saber que o não sabem?
  • 14. Pensar no sentido íntimo das cousas É acrescentado, como pensar na saúde Ou levar um copo à água das fontes. O único sentido íntimo das cousas É elas não terem sentido íntimo nenhum. Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou! (Isto é talvez ridículo aos ouvidos De quem, por não saber o que é olhar para as cousas, Não compreende quem fala delas Com o modo de falar que reparar para elas ensina.) Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos. Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol. E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?). Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e vê, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora.
  • 15. O poema VIII é emblemático porque aqui surge a personagem do menino Jesus, que interage com o poeta e se comporta como uma criança comum, que faz travessuras, que é inteligente e goza de plena vida, de forma simples, humilde e sem responsabilidades, bem como o poeta entende que deve ser sua poesia e sua própria vida. Podemos entender que o menino Jesus é a expressão da natureza física, descompromissada com o pensar, apenas interessada em existir para o que deve existir, e que o Jesus adulto é a expressão da natureza humana, que é pensar, logo questionar e, consequentemente, ser angustiado e infeliz. Jesus menino apenas viveu, o adulto morreu por se importar demais, por se preocupar demais, por pensar demais. VIII Num meio-dia de fim de primavera Tive um sonho como uma fotografia. Vi Jesus Cristo descer à terra. Veio pela encosta de um monte Tornado outra vez menino, A correr e a rolar-se pela erva E a arrancar flores para as deitar fora E a rir de modo a ouvir-se de longe. Tinha fugido do céu. Era nosso demais para fingir De segunda pessoa da Trindade. No céu era tudo falso, tudo em desacordo Com flores e árvores e pedras. No céu tinha que estar sempre sério E de vez em quando de se tornar outra vez homem E subir para a cruz, e estar sempre a morrer Com uma coroa toda à roda de espinhos E os pés espetados por um prego com cabeça, E até com um trapo à roda da cintura Como os pretos nas ilustrações. Nem sequer o deixavam ter pai e mãe Como as outras crianças. O seu pai era duas pessoas Um velho chamado José, que era carpinteiro, E que não era pai dele; E o outro pai era uma pomba estúpida, A única pomba feia do mundo
  • 16. Porque não era do mundo nem era pomba. E a sua mãe não tinha amado antes de o ter. Não era mulher: era uma mala Em que ele tinha vindo do céu. E queriam que ele, que só nascera da mãe, E nunca tivera pai para amar com respeito, Pregasse a bondade e a justiça! Um dia que Deus estava a dormir E o Espírito Santo andava a voar, Ele foi à caixa dos milagres e roubou três. Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido. Com o segundo criou-se eternamente humano e menino. Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz E deixou-o pregado na cruz que há no céu E serve de modelo às outras. Depois fugiu para o sol E desceu pelo primeiro raio que apanhou. (...) ................................................................ Esta é a história do meu Menino Jesus. Por que razão que se perceba Não há de ser ela mais verdadeira Que tudo quanto os filósofos pensam E tudo quanto as religiões ensinam?
  • 17. Neste poema XXIV, é possível observarmos a essência do neo- pganismo, a ordem e disciplina que só a visão pode oferecer ao mestre, que só o concreto pode constituir, e sua total abnegação ao que subjetivo. XXIV O que Nós Vemos O que nós vemos das cousas são as cousas. Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra? Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos Se ver e ouvir são ver e ouvir? O essencial é saber ver, Saber ver sem estar a pensar, Saber ver quando se vê, E nem pensar quando se vê Nem ver quando se pensa. Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!), Isso exige um estudo profundo, Uma aprendizagem de desaprender E uma seqüestração na liberdade daquele convento De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas E as flores as penitentes convictas de um só dia, Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas Nem as flores senão flores. Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.
  • 18. Alberto Caeiro desenvolve seu neo-paganismo existencial e humano, assumindo uma postura egoísta de não se importar com o que os homens falam, sofrem, se preocupam, pois só são assim porque pensam demais. Nos dois últimos versos, o mestre não entende a subjetividade. XXXII Ontem à tarde um homem das cidades Falava à porta da estalagem. Falava comigo também. Falava da justiça e da luta para haver justiça E dos operários que sofrem, E do trabalho constante, e dos que têm fome, E dos ricos, que só têm costas para isso. E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos E sorriu com agrado, julgando que eu sentia O ódio que ele sentia, e a compaixão Que ele dizia que sentia. (Mas eu mal o estava ouvindo. Que me importam a mim os homens E o que sofrem ou supõem que sofrem? Sejam como eu — não sofrerão. Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros, Quer para fazer bem, quer para fazer mal. A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos. Querer mais é perder isto, e ser infeliz) (Louvado seja Deus que não sou bom, E tenho o egoísmo natural das flores E dos rios que seguem o seu caminho Preocupados sem o saber Só com florir e ir correndo. É essa a única missão no Mundo, Essa — existir claramente, E saber faze-lo sem pensar nisso. E o homem calara-se, olhando o poente. Mas que tem com o poente quem odeia e ama?
  • 19. A natureza é real, concreta. A vida e as objetividade e concretude. Nos coisas devem ser naturais, com dois últimos versos do poema, não se compreende a subjetividade. Observação
  • 20. filosofia, a transcendência e No poema XXXIV, Caeiro propõe que se viva pela percepção, não pela racionalização, negando a a teologia. Essa é a sua antipoesia, sem a evidência de um eu-lírico subjetivo. XXXIV Acho tão natural que não se pense Que me ponho a rir às vezes, sozinho, Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa Que tem que ver com haver gente que pensa... Que pensará o meu muro da minha sombra? Pergunto-me às vezes isto até dar por mim A perguntar-me cousas. . . E então desagrado-me, e incomodo-me Como se desse por mim com um pé dormente... Que pensará isto de aquilo? Nada pensa nada. Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem? Se ela a tiver, que a tenha... Que me importa isso a mim? Se eu pensasse nessas cousas, Deixaria de ver as árvores e as plantas E deixava de ver a Terra, Para ver só os meus pensamentos... Entristecia e ficava às escuras. E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.
  • 21. CUIDADO!!! Mas até que ponto o Mestre Alberto Caeiro consegue praticar o que teoriza, manter a postura tão complexa de não pensar? Talvez o próprio heterônimo não consiga ser ele mesmo completamente. Sentir é o que basta, e sentir nem sempre é pleno, claro e concreto. Aqui o paradoxo pensar e sentir trava suas batalhas internas na alma humana. XLVI Deste modo ou daquele modo. Conforme calha ou não calha. Podendo às vezes dizer o que penso, E outras vezes dizendo-o mal e com misturas, Vou escrevendo os meus versos sem querer, Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos, Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse Como dar-me o sol de fora. Procuro dizer o que sinto Sem pensar em que o sinto. Procuro encostar as palavras à idéia E não precisar dum corredor Do pensamento para as palavras. Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir. O heterônimo, tão logo percebe o pensamento, se desfaz dele rapidamente. O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
  • 22. Procuro despir-me do que aprendi, Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, Mas um animal humano que a Natureza produziu. E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem, Mas como quem sente a Natureza, e mais nada. E assim escrevo, ora bem ora mal, Ora acertando com o que quero dizer ora errando, Caindo aqui, levantando-me acolá, Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso. Ainda assim, sou alguém. Sou o Descobridor da Natureza. Sou o Argonauta das sensações verdadeiras. Trago ao Universo um novo Universo Porque trago ao Universo ele-próprio.
  • 25. 43. Sobre a poesia do heterônimo Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa, assinale a resposta correta: (A) Alberto Caeiro problematiza tanto as angústias e problemas do mundo que opta por negar esses pensamentos para fugir de todo e qualquer sofrimento. (B) Não há, para o heterônimo, discernimento entre no que acreditar e não acreditar, já que todos os sentidos do homem são formas de ludibriá-lo, de distanciá-lo da verdade, do concreto. (C) Num de seus mais famosos poemas, o mestre diz negar a metafísica porque já sofrera demais com seus questionamentos e devaneios, tanto que ele menciona que Há metafísica bastante em não pensar em nada (...) (D) O mestre é conhecido por ser equilibrado, por não pensar nos porquês das coisas e do mundo, e isso se dá graças ao seu neo-paganismo, pois aquele que em nada acredita não cria expectativas, aceita e compreende tudo como simplesmente é. (E) O neo-paganismo, umas das características mais essenciais deste heterônimo, implica apego e veneração à natureza porque só ela tem condições de ser o que é, pura, real, concreta, objetiva e inquestionável. Simulado PEAC – 2013/1
  • 26. 44. Leia o excerto do poema do heterônimo Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa, para responder a questão. Ontem à tarde um homem das cidades Falava à porta da estalagem. Falava comigo também. Falava da justiça e da luta para haver justiça E dos operários que sofrem, E do trabalho constante, e dos que têm fome, E dos ricos, que só têm costas para isso. E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos E sorriu com agrado, julgando que eu sentia O ódio que ele sentia, e a compaixão Que ele dizia que sentia. (Mas eu mal o estava ouvindo. Que me importam a mim os homens E o que sofrem ou supõem que sofrem? Sejam como eu — não sofrerão. Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros, Quer para fazer bem, quer para fazer mal. A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos. Querer mais é perder isto, e ser infeliz) (...) Louvado seja Deus que não sou bom, E tenho o egoísmo natural das flores E dos rios que seguem o seu caminho Preocupados sem o saber Só com florir e ir correndo. É essa a única missão no Mundo, Essa — existir claramente, E saber fazê-lo sem pensar nisso. E o homem calara-se, olhando o poente. Mas que tem com o poente quem odeia e ama?
  • 27. Marque V (para verdadeiro) e F (para falso) para as afirmações que seguem sobre o excerto acima e as características deste heterônimo: ( ) O heterônimo se mostra comovido, em certo momento, e pensa até em sentir-se aflito e preocupado com os questionamentos trazidos pelo ingênuo homem. ( ) Alberto Caeiro ironiza o homem das cidades, pois este vive num caos, respira o desequilíbrio dos problemas gerados pelo mundo dito civilizado, algo com que o pastor nunca se abala porque vive o equilíbrio da natureza apenas. ( ) Nos últimos dois versos do poema, percebemos uma forte crítica do mestre àqueles que teimam enxergar na natureza algo mais do que ser apenas natureza, já que nada tem ela a ver com os desajustes dos homens e da sociedade. ( ) Na penúltima estrofe, o mestre assume sua crença em Deus naturalmente porque somente ele é capaz de compreender a forma de pensar do pastor. A alternativa que possui a sequência correta é: (A) (B) (C) (D) (E) F – F – V – V F – V – V – F V – V – V – F V – V – F – F F – V – F – V