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SIMBOLISMO
Turma: ADM3AM Prof: Chico
Arruda
Simbolismo
 O marco do simbolismo foi a publicação da
obra As flores do mal (1857), do poeta francês
Charles Baudelaire. O livro provocou
escândalo na época, pois mexeu em temas
que eram tabus tanto culturais, quanto
poéticos.
 O poeta questionou as estéticas que
enquadram temas fixos, como o ideal, a
natureza, a beleza feminina, a harmonia e o
bem. A beleza deveria ser extraída de
qualquer situação, inclusive do mal.
Contexto artístico e
literário
 No final do século XIX, enquanto ainda
vigorava a onda do cientificismo e do
materialismo, que possibilitou o
desenvolvimento das estéticas realistas e
naturalistas, surgia um grupo de artistas e
pensadores que questionava a capacidade
absoluta da ciência e da razão em explicar e
resolver todos os fenômenos em torno do
homem.
MONET, Claude. Impressão do Sol Nascente
(1873).
Pintura Impressionista
 Nas artes plásticas, a nova preocupação dos
pintores consistiu em captar o dinamismo que
a ciência, a técnica e a modernidade havia
introduzido no cotidiano das pessoas por meio
de obras que exprimem o efêmero, isto é, a
rapidez e a constante variação da realidade.
Essa nova percepção técnica é chamada de
Impressionismo.
RENOIR, Auguste. Mulher com para-sol no jardim
(1875).
MONET, Claude. Regata em Argenteuil (1872).
Pintura Simbolista
 A pintura simbolista surgida em 1890,
caracteriza-se pela abordagem alegórica e
mística de variados temas. Os pintores
tentavam demonstrar, na tela, a essência
sentimental das personagens e cenários. Há a
tentativa de representar o irracional e o
espiritual do ser humano. Os nomes mais
representativos são: Odilon Redon, Gustav
Klimt, Gustave Moreau, Carlos Schwabee
Maurice Denis.
REDON, Odilon. Velho alado com uma longa barba branca (1895).
Na tela uma aura sombria e
enigmática. O pintor francês
sugere-nos uma alegoria do
tempo com um homem
bastante velho e alado
(dotado de voar).
Simbolismo no Brasil
 O simbolismo iniciou-se em 1893 com a
publicação de Missal e Broquéis, de Cruz e
Sousa. Destaca-se alem de Cruz e Sousa o
poeta mineiro Alphonsus Guimaraens.
 Tem como características buscar a essência
do homem, faz uso de sinestesias, dicotomia
corpo e alma, aliterações e musicalidade.
Cruz e Sousa
 Estrutura formal (uso de sonetos, rimas ricas);
 Uso de tom mais musical;
 Riqueza de vocabulário;
 Jogo de sinestesias e antíteses;
 Temática existencial e filosófica;
 Pessimismo e tédio;
 Obsessão pela imprecisão, pela pureza;
 Preferência pela cor branca: neve, espuma,
nuvem, brilhante.
 Sensualidade e subjetividade;
ANTÍFONA
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz
resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
(...)
SCHWABE, Carlos. O ideal. (1902).
Alphonsus Guimaraens
 Temática religiosa, do amor, da morte;
 Versos melancólicos e musicais;
 Figura em seus versos, anjos, serafins, cores
roxas e virgens mortas;
 A morte como caminho de aproximação do
amor e de Maria (figura religiosa);
Alphonsus Guimaraens
Ismália
Quando Ismália
enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se
perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao
mar...
Augusto dos Anjos
 Não é, didaticamente, um poeta simbolista, mas
considerado um Pré-Modernista. Entretanto, a
escrita de Augusto dos Anjos mantém uma
relação muito forte com o simbolismo,
parnasianismo e outras estéticas literárias não
sendo possível encerrá-lo numa determinada
escola literária;
 Poesia existencial e filosófica;
 Utiliza de termos científicos e médicos na sua
poesia;
 Melancolia e pessimismo;
 Forma rígida, versos realistas;
 Cético quanto ao amor.
Versos Íntimos - Augusto
dos Anjos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que
apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua
chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Idealismo - Augusto dos
Anjos
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo
O amor na Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
— Alavanca desviada do seu fulcro —
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Idealismo - Augusto dos
Anjos
O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é
triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê em nada, pois, nada há que
traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a
chaga.
Idealismo - Augusto dos
Anjos
Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em
verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!
Conclusão
 O simbolismo é um movimento estético que se
manifesta em diversas formas artísticas. No
Brasil, em especial, começa em 1893 com
Cruz e Sousa, mas antes disso já se produzia
poesia com vertentes simbolista.
 Estética caracterizado pela sugestão que faz
da realidade e não a representação.
 Principais autores no Brasil são Cruz e Sousa,
Alphonsus Guimaraens e Augusto dos Anjos.

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Simbolismo na literatura e artes: Cruz e Sousa, Guimaraens e Augusto dos Anjos

  • 2. Simbolismo  O marco do simbolismo foi a publicação da obra As flores do mal (1857), do poeta francês Charles Baudelaire. O livro provocou escândalo na época, pois mexeu em temas que eram tabus tanto culturais, quanto poéticos.  O poeta questionou as estéticas que enquadram temas fixos, como o ideal, a natureza, a beleza feminina, a harmonia e o bem. A beleza deveria ser extraída de qualquer situação, inclusive do mal.
  • 3. Contexto artístico e literário  No final do século XIX, enquanto ainda vigorava a onda do cientificismo e do materialismo, que possibilitou o desenvolvimento das estéticas realistas e naturalistas, surgia um grupo de artistas e pensadores que questionava a capacidade absoluta da ciência e da razão em explicar e resolver todos os fenômenos em torno do homem.
  • 4. MONET, Claude. Impressão do Sol Nascente (1873).
  • 5. Pintura Impressionista  Nas artes plásticas, a nova preocupação dos pintores consistiu em captar o dinamismo que a ciência, a técnica e a modernidade havia introduzido no cotidiano das pessoas por meio de obras que exprimem o efêmero, isto é, a rapidez e a constante variação da realidade. Essa nova percepção técnica é chamada de Impressionismo.
  • 6. RENOIR, Auguste. Mulher com para-sol no jardim (1875).
  • 7. MONET, Claude. Regata em Argenteuil (1872).
  • 8. Pintura Simbolista  A pintura simbolista surgida em 1890, caracteriza-se pela abordagem alegórica e mística de variados temas. Os pintores tentavam demonstrar, na tela, a essência sentimental das personagens e cenários. Há a tentativa de representar o irracional e o espiritual do ser humano. Os nomes mais representativos são: Odilon Redon, Gustav Klimt, Gustave Moreau, Carlos Schwabee Maurice Denis.
  • 9. REDON, Odilon. Velho alado com uma longa barba branca (1895). Na tela uma aura sombria e enigmática. O pintor francês sugere-nos uma alegoria do tempo com um homem bastante velho e alado (dotado de voar).
  • 10. Simbolismo no Brasil  O simbolismo iniciou-se em 1893 com a publicação de Missal e Broquéis, de Cruz e Sousa. Destaca-se alem de Cruz e Sousa o poeta mineiro Alphonsus Guimaraens.  Tem como características buscar a essência do homem, faz uso de sinestesias, dicotomia corpo e alma, aliterações e musicalidade.
  • 11. Cruz e Sousa  Estrutura formal (uso de sonetos, rimas ricas);  Uso de tom mais musical;  Riqueza de vocabulário;  Jogo de sinestesias e antíteses;  Temática existencial e filosófica;  Pessimismo e tédio;  Obsessão pela imprecisão, pela pureza;  Preferência pela cor branca: neve, espuma, nuvem, brilhante.  Sensualidade e subjetividade;
  • 12. ANTÍFONA Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras Formas do Amor, constelarmante puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas ... Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... Visões, salmos e cânticos serenos, Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... Dormências de volúpicos venenos Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ... Infinitos espíritos dispersos, Inefáveis, edênicos, aéreos, Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios. (...) SCHWABE, Carlos. O ideal. (1902).
  • 13. Alphonsus Guimaraens  Temática religiosa, do amor, da morte;  Versos melancólicos e musicais;  Figura em seus versos, anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas;  A morte como caminho de aproximação do amor e de Maria (figura religiosa);
  • 14. Alphonsus Guimaraens Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava longe do céu... E como um anjo pendeu As asas para voar. . . Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma, subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...
  • 15. Augusto dos Anjos  Não é, didaticamente, um poeta simbolista, mas considerado um Pré-Modernista. Entretanto, a escrita de Augusto dos Anjos mantém uma relação muito forte com o simbolismo, parnasianismo e outras estéticas literárias não sendo possível encerrá-lo numa determinada escola literária;  Poesia existencial e filosófica;  Utiliza de termos científicos e médicos na sua poesia;  Melancolia e pessimismo;  Forma rígida, versos realistas;  Cético quanto ao amor.
  • 16. Versos Íntimos - Augusto dos Anjos Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga,
  • 17. Idealismo - Augusto dos Anjos Falas de amor, e eu ouço tudo e calo O amor na Humanidade é uma mentira. É. E é por isto que na minha lira De amores fúteis poucas vezes falo. O amor! Quando virei por fim a amá-lo?! Quando, se o amor que a Humanidade inspira É o amor do sibarita e da hetaíra, De Messalina e de Sardanapalo? Pois é mister que, para o amor sagrado, O mundo fique imaterializado — Alavanca desviada do seu fulcro — E haja só amizade verdadeira Duma caveira para outra caveira, Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
  • 18. Idealismo - Augusto dos Anjos O homem por sobre quem caiu a praga Da tristeza do Mundo, o homem que é triste Para todos os séculos existe E nunca mais o seu pesar se apaga! Não crê em nada, pois, nada há que traga Consolo à Mágoa, a que só ele assiste. Quer resistir, e quanto mais resiste Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.
  • 19. Idealismo - Augusto dos Anjos Sabe que sofre, mas o que não sabe E que essa mágoa infinda assim não cabe Na sua vida, é que essa mágoa infinda Transpõe a vida do seu corpo inerme; E quando esse homem se transforma em verme É essa mágoa que o acompanha ainda!
  • 20. Conclusão  O simbolismo é um movimento estético que se manifesta em diversas formas artísticas. No Brasil, em especial, começa em 1893 com Cruz e Sousa, mas antes disso já se produzia poesia com vertentes simbolista.  Estética caracterizado pela sugestão que faz da realidade e não a representação.  Principais autores no Brasil são Cruz e Sousa, Alphonsus Guimaraens e Augusto dos Anjos.