SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 128
Bacteriologia e Análises
Bacteriológicas
Noção de Bacteriologia:
-Microbiota normal: Tem um papel de proteção. Tem uma natureza dinâmica. São
as bactérias que vivem em conjunto com o ser humano (ex: flora intestinal/microbiota
intestinal).

-Colonização: O nosso sistema Imune permite que as bactérias nos colonizem sem
que haja uma resposta imune. As bactérias são importantes para a nossa saúde, mas
podem ser oportunistas!

Jaime Oliveira 1
Jaime Oliveira
Colónias
• Existem na pele onde predominam as bactérias
gram + (têm mais peptidoglicano). 

• As bactérias gram - são mais susceptíveis ao meio
ambiente.

• Exemplos bactérias: staphylococci, micrococci,
diphtheroids
• Existem na boca e nas vias respiratórias superiores
tanto bactérias gram - como bactérias gram +.

• Exemplos de bactérias: Neisseria, Bordetella,
Corynebacterium, Streptococcus spp.
• Existem no tracto gastrointestinal em especial as
enterobactérias.

• Exemplos de bactérias: E. coli, anaeróbios,
enterococos, enterobactérias
• Existem na uretra e na vagina. 

• Na vagina temos lactobacilos que vão fermentar a
glucose e vão originar ácido que vai diminuir o pH
prevenindo a infeção por outras bactérias. 

• No microscópio visualizar uma amostra de conteúdo
vaginal com muitos bacilos gram - e poucos bacilos
gram + a pessoa pode ter uma infeção.

• Se houver um desequilíbrio, uma levedura, como a
candida albicans pode dar origem a uma candidiase. 

• A candida albicans existe em todas as vaginas, no
entanto só vai proliferar e causar infeção se houver
uma desregulação.
O corpo humana tem 10x mais células bacterianas do que células humanas!!

Infecção Bacteriana:
1) Agente etiológico:
- É o agente que causa a infeção. 

- Temos de isolar e identificar o agente patogénico e ver a sua susceptibilidade a
agentes antimicrobianos (ex: antibióticos).

-Patogenecidade:
- É a capacidade de um agente provocar doença. 

- O potencial patogénico de um microorganismo depende do seu número, da
virulência, da natureza e magnitude das defesas do hospedeiro.
-Estirpe:
- Dentro de uma espécie de bactérias temos várias estirpes. 

- As várias estirpes de bactérias expressam certas características fenotípicas que
são diferentes consoante a estirpe em questão.

Os antibióticos apenas atuam nas bactérias!! Eles não atuam nas leveduras, para
tal é necessário utilizar um anti-fúngico! Nem atuam nas toxinas!

2) Reservatório:
- É o local onde a bactéria vive e a partir do qual pode haver infeção.

- O reservatório da bactéria pode ser em humanos, animais, ou o meio ambiente.

Jaime Oliveira 2
Virulência: cada bactéria tem factores de virulência, tem mecanismos para causar virulência no
hospedeiro, é a capacidade quantitativa de causar doença.

As defesas do hospedeiro depende por exemplo da idade do indivíduo, uma pessoa com 25 anos tem
um sistema imune diferente de uma pessoa com 80 anos.
Uma espécie é definida por uma série de genes conservados - housekeeping genes
Primário: -Os patogénios primários causam sempre uma doença.

	 -Mycobacterium tuberculosis - tuberculose

-E. coli O157:H7 - estirpe muito infecciosa

-Salmonella typhi - febre tifóide (habita na vesícula)
Oportunistas: -Aproveitam-se da situação.

-A E. coli no intestino não provoca nenhuma doença,
no entanto se conseguir ir para a bexiga dá lugar a uma infeção.
Patogénio
Reservatório Vs Fonte da infecção:

- Em alguns casos os locais são diferentes.

- Neisseriae gonorrhoaea: O reservatório e fonte de infecção são os mesmos, o
corpo humano.

- Salmonella typhi: O reservatório é o corpo humano, a fonte da infecção são
alimentos ou água contaminados com fezes humanas.

Características da doença infecciosa:
- Doença infecciosa: a amplitude da infeção vai depender da virulência do
microorganismo e do estado imunológico do passageiro.

- Curso da doenças:

- Período de incubação (não há sinais nem sintomas)

- Doença (há sinais e sintomas)

- Convalescença (período de tempo em que a pessoa não está curada mas
está a recuperar)

O indivíduo como portador:
- Assintomático, aparentemente está saudável

- Ativo, com sinais e sintomas

- Durante o período de incubação (SIDA)

- Convalescente, normalmente não há transmissão com excepção da difteria

- Portadores Crónicos, transportam a bactéria mas não têm sintomas

- Passivo: contaminado, mas não está infectado

Jaime Oliveira 3
Sinal: Mudança objetiva no corpo notada pelo observador: febre, abcessos, anticorpos no soro

Sintoma: Evidência subjectiva da doença sentida pelo doente

Sinal + Sintoma = Síndrome
Animais como reservatórios:
- O tracto gastrointestinal das aves tem Campylobacter sp. e Salmonella sp. 

- O campylobacter habita no intestino dos animais. Quando eles são pequenos
podem estar infectados por esta bactéria e ter a doença, depois crescem e
passam a ser portadores crónicos.

- As zoonoses são doenças infecciosas de animais infectados por bactérias que
são transmitidas ao ser humano.

- A tuberculose, a brucelose e a salmonelose são exemplos de zoonoses.



Ambiente como reservatório:
- O clostridium botulinum provoca o botulismo, e o clostridium tetani que provoca
tétano são anaeróbios estritos e formam esporos de resistência.

- Os esporos bacterianos são formas de resistência encontrados no solo e podem
ficar anos no meio ambiente (por vezes até 30 anos!!!) 

Botulismo:
- Uma toxina do clostridium botulinum provoca o botulismo. O clostridium
botulinum é uma bactéria gram +, anaeróbica que consegue criar esporos de
resistência que aguentam no meio ambiente cerca de 30 anos! Os esporos são
muito resistente ao stress ambiental como o calor e a radiação UV. Quando
existirem condições propicias os esporos vão-se dividir.

- Quando as latas das conservas são fechadas, não há
oxigénio, é um meio anaeróbio. Se houver uma
contaminação com esporos do clostridium ele pode
crescer livremente. O seu metabolismo leva à formação de
gás! Dai não se poder comer latas que tenham uma
“barriga”.

- O clostridium botulinum sintetiza uma toxina que atua nas
terminações nervosas que promove a paralisia muscular, fazendo com que os
músculo não contraiam.

- A intoxicação não é tratada com antibiótico!! O que está a causar a doença é um
toxina que é uma proteína, temos de utilizar um soro anti proteína. 

- Trata-se de uma intoxicação alimentar quando a bactéria produz uma toxina e nos
ingerimos essa toxina.

- Como os músculos não vão contrair podemos utilizar isto a nosso favor - cirurgia
estética! Utilizamos o Botox - deixamos de ter rugas.

Jaime Oliveira 4
• Os animais podem
estar infectados
com mycobacterium
bovis
• Não podemos comer gemada, nem
queijo não pasteurizado!

• A brucelose é causada por uma
bactéria do género brucela.

• Nos animais provoca o aborto.

• É uma bactéria intracelular.

• Pode originar dores nas articulações
(mesmo muitos anos após ter sido
infetado)
• Pode ocorrer devido à
ingestão de alimentos
contaminados pelas
fezes de animais.

• Por exemplo ovos,
carne…
Tétano:
- O clostridium tetani é um bacilo que entra através de uma ferida e produz uma
toxina.

- Esta toxina atua no sistema nervoso e provoca a contração muito forte dos
músculos, o que provoca rigidez muscular em todo o corpo, dificuldade em abrir
a boca e engolir. A contração muscular pode afetar os músculos respiratórios e
colocar em risco a vida da pessoa. 

- O tétano pode ser transmitido por via acidental (por penetração de esporos
anaeróbicos na pele e mucosas, por contacto com fezes, terra, água putrefactas,
instrumentos enferrujados…) e por via neonatal (os objectos utilizados para cortar
o cordão umbilical podem estar contaminados).

3) Portas de Saída
- Tractos intestinal, fezes (ex:vibtio cholerae)

- Saliva, ar (tosse, espirro), vírus respiratórios (ex:Mycobacterium tuberculosis)

- Pele (ex: Staphylococcus aureus)

- Patogénios genitais: sémen,
secreções vaginais 

4) Como se transmite?
4.1) Pelo ar:
- Espirros

- Tosse

- Vocalização

- Partículas de pó 

Jaime Oliveira 5
4.2) Por contacto direto:
- Implica uma interação física com a fonte infecciosa

- Relações sexuais (DST)

- Secreções orais (saliva, beijos)

- Lesões do corpo (herpes e bolhas)

- Mães a amamentar (infeção por estafilococos)

- Através da placenta (SIDA, sífilis) - transmissão vertical (pais para os filhos)

4.3) Por veículos / fómites:
- Veículos de transmissão: água e alimentos

- Fómites: são objetos que transmitem as doenças como a roupa da cama, copos,
etc

4.4) Por vectores:
- Carraças / Moscas / Mosquitos / Pulgas

- O tifo vem da pulga dos ratos, a peste vem da pulga dos roedores, a doença de
lyme vem da carraça.

- Os vetores biológicos necessitam de passar pelo animal para completar o seu
ciclo de vida. Por exemplo a malária tem de passar pelo mosquito.

- Os vetores mecânicos são por exemplo a mosca pousa em fezes e depois vai a
alimentos nossos e anda lá por cima, contaminando-os.

5) Portas de entrada
- Vias de entrada são os orifícios do corpo humano por exemplo a pele danificada é
uma via de entrada, uma ferida é uma via de entrada.

- A infeção depende do microorganismo e da via de entrada.

- A via de entrada é muito importante no desenvolvimentos e disseminação da
doença, por exemplo na peste bubónica quando a pulga nos infeta ela deita
toxinas para o sistema circulatório, não é transmissível, no entanto na peste
pneumónica pode chegar aos pulmões, passa a ser contagiável. 

6) Saída do agente patogénico do hospedeiro
- Passiva: sai nas fezes, na urina, nas células de descamação

- Activa: através de parasitas

Processo infeccioso:
- Aderência

- Colonização

- Invasão de células e tecidos

- Produção de toxinas

Factores de virulência:
- Exotoxinas

- Capsula

- Enzimas virulentas

- Pili

- Proteínas ligadoras de Ferro

Jaime Oliveira 6
Identificação Bacteriana:

Classificação: É o processo de agrupar os organismos em grupos similares ou
relacionados de forma a ser mais fácil identificá-los ou estudá-los

Identificação: É o processo de caracterizar um isolado de forma a inclui-lo num
dado grupo (taxon)

Classificação de procariotas:
- Bactérias filamentosas (Actinomycetes)

- Bactérias verdadeiras (cocos e bacilos gram + e gram -)

- Espiroquetas - forma espiral

- Micoplasma - não tem parede celular

- Rickettsiae e Clamydiae - Intracelulares, possuem um ciclo celular estranho

• Os Bacilos gram - estão associados a infeção, em especial a família
Enterobacteriaceae, e também bacilos não fermentadores.

• Os Cocos gram + estão associados a infeção, em especial o Staphylococcus spp. e o
Streptococcus spp.

Identificação: 

Vamos investigar as características fenotípicas, tais como:

• Morfologia microscópica: forma, tamanho, reação ao gram (reação tinturial, indica
o tipo de parede celular).

• Capacidades metabólicas, onde vamos avaliar o produto da reação.

• Serologia, utilizada para bactérias cujo crescimento não é fácil no laboratório.

• Análise de ácidos gordos, é feita por cromatografia, porém não é muito utilizada.

Vamos investigar as características genotípicas, tais como:

• Sondas de ácidos nucleicos que detectam sequências específicas de uma dada
bactéria.

• Amplificar sequências específicas de DNA por PCR.

• Sequenciar genes de rRNA

Características fenotípicas:
- Amostra (geralmente é polimicrobiana)

- Isolamento (isolamento + coloração) tem o objetivo de identificar os microorganismos
de modo a escolher os meios de cultura.

- Identificação através de testes bioquímicos.

Jaime Oliveira 7
-A identificação das características genotípicas é menos utilizada, é uma caracterização por meios
moleculares que é útil quando a bactéria cresce muito pouco (o bacilo da tuberculose pode demorar
até 60 dias para começar a crescer).

-Na amplificação de sequências, vamos amplificar uma zona conservada de genes, que é uma zona
não susceptível a mutações. Se a bactéria tiver uma mutação nessa zona, ela não consegue sobreviver.
Identificação fenotípica:
- Características da cultura: temos de ter em conta o meio de cultura que vamos
utilizar, temos de ver se o meio vai ser seletivo ou não. 

- Um meio de isolamento / seletivo é um meio no qual algumas bactérias crescem e
outras não.

- Nestes meios de cultura vamos observar as colónias relativamente ao seu tamanho,
aspecto, forma, cor

Observação de colónias:
Jaime Oliveira 8
- O Mycobacterium tuberculosis é o bacilo da tuberculose, as suas colónias parecem
uma couve-flor.

-A
Klebsiella pneumoniae têm um aspeto muito mucoso que é característico de
bactérias que têm cápsula.

Jaime Oliveira 9
Testes Bioquímicos:
- Identificação com base numa chave dicotómica 

- Testes comerciais 

- Automatização

Características metabólicas de identificação das
Enterobacteriaceae:
- TODAS fermentam a glucose
- TODAS reduzem os nitratos a nitritos
- NENHUMA produz o citocromo-oxidase

A- Fermentação de Hidratos de Carbono:
- A glicólise transforma a glicose em ácido pirúvico, que vai baixar o pH do meio! Vai
haver uma viragem de pH que pode ser detetada com um indicador de pH. 

- O pH de um meio de cultura normal ronda os 7.

- Num meio vou colocar um açúcar, uma bactéria e um indicador de pH, se a bactéria
utilizar esse açúcar o meio fica mais ácido o que origina uma mudança de cor no
indicador!

- A fermentação do açúcar é dada pela viragem de cor do meio (detetada pelo
indicador).

Fermentação da glicose e da lactose:
Meio de Kligler
- É um meio semi-inclinado

- Este meio é constituído por 1g de glicose e 10g de lactose. 

- Vamos avaliar se a bactéria fermenta os dois açúcares ou se fermenta apenas um dos
açúcares. 

- Para a bactéria fermentar a lactose tem de ter enzimas que destruam a sua ligação
visto que a lactose = glucose + galactose.

- O indicador deste meio é o vermelho de fenol. (ácido=amarelo, básico=vermelho)

- Contém citrato férrico amoniacal e tiossulfato de sódio.(substratos para provas).

Jaime Oliveira 10
-Pode ser qualquer açúcar porque ele vai ser transformado em glicose que depois segue a via glicolítica
Glicólise
Leitura no meio de Kligler:
- Fermentação da glucose

- Fermentação da lactose

- Fermentação de H2S (tiossulfato redutase)

- Formação de gás (CO2 e H2)

TUBO 1: Todo o tubo está vermelho. A lactose e a glucose não foram fermentadas
porque não houve viragem na cor do indicador do meio. Então podemos concluir que a
bactéria inoculada no tubo 1 não é da família das Enterobacteriaceae porque não
fermenta a glucose.

TUBO 2: A parte inclinada está vermelha, logo não houve fermentação da lactose. A
parte direita está amarela, logo houve fermentação da glucose. A bactéria quando não
consegue fermentar a lactose, vai recorrer à glucose e quando a glucose acabar vai
recorrer às suas proteínas, vai haver um metabolismo oxidativo que vai levar à formação
de aminas que vão alcalinizar o meio. Então esta bactéria fermentou a glicose e não
fermentou a lactose (temos de confirmar se ela fermentou ou não a lactose pesquisando
uma enzima).

TUBO 3: A bactéria possui a enzima tiossulfato redutase porque o meio ficou com uma
cor preta. A bactéria fermenta a glucose, porque a reação que forma o precipitado negro
necessita de um meio ácido para ocorrer. Este meio ácido é dado pela fermentação da
glucose que resulta no ácido pirúvico.

TUBO 4: A parte inclinada e a parte direita estão amarelas, logo houve fermentação da
glucose e da lactose! A gelose levantou-se porque houve a formação de gás.

TUBO 4A: A parte inclinada e a parte direita estão amarelas, logo houve fermentação da
glucose e da lactose! Houve produção de CO2 e H2 (gás). A prova H2S é negativa.

TUBO 5: A bactéria possui a enzima tiossulfato redutase porque o meio ficou com uma
cor preta. A bactéria fermenta a glucose, porque a reação que forma o precipitado negro
necessita de um meio ácido para ocorrer. Fermenta a lactose.

Jaime Oliveira 11
Ler a lactose: parte inclinada 

Ler a glucose: parte direita
-Se a bactéria utilizar a glucose, o meio passa para a cor amarela. Então como vou saber
se ela utilizou a glucose ou a lactose? Elas estão em quantidades diferentes! As bactérias
vão utilizar primeiro a glucose e depois se tiverem capacidade disso vão utilizar a lactose
(que está numa quantidade 10x superior).

Pesquisa da tiossulfato redutase-1:

- Esta enzima tem como substrato aminoácidos como a metionina ou a cisteína
(fonte orgânica de enxofre) ou o tiossulfato de enxofre (fonte inorgânica de enxofre)

- Se a bactéria possuir a tiossulfato redutase-1 ela vai utilizar o tiossulfato de enxofre
e vai formar H2S que é um gás, no meio de kligler existe um composto que é o
citrato férrico amoniacal, os iões férrico deste composto vão reagir com o H2S e
vão formar o sulfureto ferroso que tem uma cor negra.

- Um indicador da produção de H2S bastante utilizado é o citrato férrico amoniacal,
com a consequente formação de sulfuretos de metais pesados.

Reação:

-Há libertação do sulfureto a partir do substrato por ação da enzima e reação com iões
hidrogénio (H+) para formar H2S

H2S + iões férrico (F3+) sulfureto ferroso (FeS, precipitado negro)



-Esta reação dá-se em meio ácido. Para o meio estar ácido, tem de haver a produção
de ácido. Então tem de haver a fermentação da glucose!

Fermentação da Lactose:

- Para uma bactéria utilizar a lactose ela necessita de enzimas para quebrar a ligação
entre a glicose e a galactose. 

- A bactéria necessita de ter duas enzimas:

- B-galactosido-permease: transporta a lactose para o interior da célula

- B-galactosidade: hidrolisa a lactose, hidrolisa a ligação B-galactosídica

-Todas as bactérias que fermentam a lactose
possuem a B-galactosidase

-Os fermentadores tardios da lactose possuem
a B-galactosidase mas não têm a 

B-galactosido-permease.

- Existem bactérias que têm a B-galactosido-permease que transporta a lactose
para o interior das células, é um processo rápido.

- Se as bactérias não tiverem esta permease, a lactose tem de passar por difusão
passiva. (mais lenta).

- Ou seja, passados as 24H do teste podemos não ter uma reação positiva para a
fermentação da lactose!

- Para comparar um fermentador tardio com um não fermentador vou ter de
investigar a B-galatosidase (teste ONPG) 

Jaime Oliveira 12
Teste de ONGP: orto-nitrofenol-galactopiranósido:

- A lactose tem um ligação glicosídica entre a
galactose e a glucose. O ONPG tem uma
ligação muito semelhante. 

- Se colocarmos o ONPG em conjunto com
uma bactéria que hidrolise a lactose, ela vai
conseguir romper a ligação do ONPG.

- Quando a bactéria hidrolisar o
ONPG vamos obter galactose e
ONP que é um composto com uma
cor amarelada. O ensaio dá positivo.
Confirmamos que a bactéria
hidrolisa a lactose, podendo utilizar
a mesma como uma fonte de
energia.

Estes testes são testes utilizados em bactérias que fermentam a glucose.

Teste de Voges-Proskauer:

- Este teste é feito num meio de Clark-Lubs, é um
meio com glucose. Temos um período de
incubação de 24h/35ºC e adicionamos alfa-naftol
e soda. Deixamos ao ar cerca de 10-15 segundos
para que ocorra a reação de oxidação.

- Se a reação ocorrer vai-se formar diacetil que
reage com o alfa-naftol e vai dar um composto
corado vermelho.

- A reação começa na zona onde há mais O2.

Jaime Oliveira 13
Teste do vermelho de metilo

- Este teste é feito num meio de Clark-Lubs, é um meio
com glucose. Após 48h a 72h/35ºC de incubação vamos
adicionar o vermelho de metilo (tem um ponto de viragem
baixo; >6 Amarelo; <4,4 Vermelho)

- Este teste não é utilizado nos métodos comerciais porque
demora muito tempo

- A prova dá positiva quando o meio fica vermelho, isto
indica um meio ácido constituído por ácidos orgânicos
fortes e estáveis, com pH<4,4

B- Redução de nitratos:
Caldo nitratado:
- Quando passa de nitritos para azoto molecular damos o nome de desnitrificação.

-As nitratases são enzimas que reduzem os
nitratos a nitritos.

-A Pseudomonas aeruginosa (bacilo gram -
não fermentador) reduz os nitratos até o azoto
molecular.

- Para revelar, temos de adicionar ao meio, após
incubação, alfa-naftilamina e ácido sulfanílico. 

- Se no meio houver nitritos eles vão originar um composto
cor de tijolo, a prova é positiva. 

- Se não houver formação de cor podemos não ter
nitratases ou pode-se ter formado N molecular.

- O teste pode ser negativo = a bactéria não produz
nitratases.

-As bactérias podem reduzir até o N
molecular.

-Para distinguir estes dois casos temos de
utilizar um agente redutor - pó de zinco. 

-Ao adicionar o agente redutor, se se formar
uma cor vermelha o teste é negativo porque
reduzimos os nitratos a azoto molecular, não
houve nitratases que fizessem isso antes.
Logo essa bactéria não possui nitratases.

-Se após adicionar o agente redutor não
houver cor, o teste é positivo, ou seja a
bactéria possui nitratases.

Jaime Oliveira 14
C- Teste da citocromo oxidase:

- É uma prova muito rápida. 

- As enterobacteriaceae não possuem esta enzima.

- A citocromo oxidase é uma enzima que atua na cadeia de electrões, vai oxidar o
citocromo c que está na forma reduzida passando a citocromo c oxidado.

- Como as enterobacteriaceae não possuem esta enzima o seu citocromo c está na
forma reduzida. 

- Então se o resultado do teste for corado, teste positivo, estamos na presença da
enzima citocromo oxidase.

- Em vez da p-fenilenodiamina podemos utilizar o tetrametil-p-fenilenodiamina que é
mais estável, sensível e menos tóxico.

- Temos de ter em atenção o tempo em que o teste decorre, pois como é uma prova
de oxidação o oxigénio do ar pode interferir com os resultados.

- Podem existir falsos positivos se forem utilizadas ansas de aço ou nicrómio devido
ao óxido de ferro que se forma no flamejamento. Devemos utilizar ansas de vidro ou
plástico.

Teste do Citrato
- Utilizamos o meio de Simmons, não tem nenhuma fonte de carbono a não ser o
citrato, o meio é praticamente constituído por sais.

- Vamos ver se a bactéria vai utilizar o citrato como fonte de energia (única fonte de
carbono disponível). O citrato entra no ciclo de krebs.

- O indicador do meio é o Azul de bromotimol, que tem a cor
verde. Quando o pH<6 é amarelo e quando o pH>7,6 é azul.

- O teste é positivo quando temos uma cor azulada, o que
significa que se utilizou o carbono, o pH do meio ficou alcalino.
O citrato vai fornecer C,O,H,N. Este N é importante para as
proteínas e para os ácidos nucleicos, sem N não se formam
novas proteínas nem novos ácidos nucleicos. 

- Para que a bacteria se divida ela tem de sintetizar novas
moléculas de DNA, tem de sintetizar proteínas, o que implica
um gasto de N. Ela tem ter de o ir buscar a algum lado. Neste
meio vai buscar ao di-hidrogenofosfato de amónia que vai
libertar iões amónia para o meio e vão alcalinizar dando um pH
básico. Dai o meio ter ficado com a cor azul.

Jaime Oliveira 15
Teste do Indol
- Um dos produtos do metabolismo do aminoácido triptofano é o
indol. Vamos pesquisar a triptofanase. 

- Temos uma água peptonada (1% de triptofano) 

- Vamos incubar 35ºC/18-24h, depois adicionamos p-
dimetilaminobenzaldeído dissolvido em álcool amílico ou isomílico
e HCl concentrado - reagente de Kovacs, dá origem a um
composto com cor de cereja que se concentra na fase superior.

Teste da urease
- Utilizamos um meio de cultura que tenha ureia como o meio ureia-indol, caldo stuart,
ou agar christensen.
- A ureia é o substrato da urease que vai degradar a ureia em amoniaco e CO2, de
seguida origina carbonato de amónia e aumenta o pH do meio.

- Quando temos uma infeção urinaria o pH aumenta porque as bacterias vão degradar
a ureia que é um dos constituintes da urina e os produtos de degradação vão
aumentar o pH do meio. 

- Teste positivo: cor de rosa / vermelho

- Teste negativo: cor amarela

- O Proteus spp. faz uma hidrólise rápida da ureia, é uma
enterobacteriaceae, está associada aos cálculos renais.

- O Helicobacter pylori não é uma enterobacteriaceae, habita no
estômago ao pé do piloro (porção que liga o estômago ao
intestino). Ela tem de ter uma urease muito forte para puder
neutralizar o pH ácido do estômago.

Pesquisa da Triptofano Desaminase (TDA)
- A TDA vai desaminar um aminoácido -o triptofano, e vai originar um cetoácido -ácido
indolpirúvico, e uma amina -NH2.

- Utilizamos um meio com ureia-indol, este meio tem de ter o triptofano, vai incubar
35ºC/18-24h. 

- Vamos revelar com cloreto férrico que vai reagir com o ácido indolpirúvico e vão
originar uma cor vermelha tipo vinho do porto. O resultado é positivo. 

- Se a cor for amarelada, o teste é negativo.

Jaime Oliveira 16
Descarboxilases
- A descarboxilação de um aminoácido faz com que saia um grupo CO2, fica o grupo
amina, o que vai alcalinizar o meio.

- A descarboxilação da Lisina dá Cadaverina, da Ornitina dá Putresceína, da Arginina
dá Citrulina (que por ação de uma dihidrolase vai retirar o grupo NH2, depois a
citrulina é convertida em ornitina, que por descarboxilação origina a putresceína). 

- O meio de cultura contém um aminoácido, glucose em pequena quantidade (que
serve para dar um pH ácido) e um indicador de pH (o pH vai aumentar e vai virar a
cor do indicador).

- As enzimas são favorecidas em meio anaeróbio e em pH ácido (dado pela
fermentação da glucose)

- A atividade das descarboxilases origina aminas, o pH do meio aumenta e há viragem
do indicador e da cor do meio.

Gelatinase
- A gelatinase é uma enzima que
degrada a gelatina.

- Vamos utilizar o método de Khon,
vamos incubar a 35ºC/24 a 72h.

- Utilizamos um disco de gelatina
com pó de carvão. 

- Se o teste for positivo a gelatina vai estar em suspensão.

- Existem outras enzimas como a DNAase, Amidase, que vão degradar
macromoléculas no exterior da bactéria para que possam passar para o
interior da célula porque o seu tamanho não permite que passem a
membrana.

Jaime Oliveira 17
Enterobacteriaceae
Habitat:
- São Ubíquos, existem em toda a natureza, no solo, nas plantas, na água

- Habitam também no tracto gastro-intestinal humanos e animais, por exemplo a E.
coli, a Klebsiella spp., a Enterobacter spp.
Família:

- A família das enterobactérias inclui mais de 40 géneros, apenas 20 espécies é que
são responsáveis por infeção.

Infeções:
- São responsáveis por 30-35% das septicémias, que é uma infeção no sangue que
pode começar a infectar outros orgãos

- São responsáveis por mais de 70% das infeções urinárias. 

- Se a infeção for uma cístite é na bexiga. 

- Se a infeção for uma pielonefrite é no
rins. A pielonefrite pode ser derivada
de uma septicémia.

- As infeções urinárias são mais
comuns nas mulheres, nos homens é
menos comum porque têm a uretra
mais comprida.

- A principal bactéria causadora de infeções bacterianas é a E. coli

- Os sintomas da infeção urinária são: ardor, dificuldade em urinar, vontade de
urinar e pouco volume de urina.

- As infeções urinárias podem ser provocadas pelo microbiota intestinal. Existem
muitas bactérias na zona perianal. A zona do períneo é mais curta (tecido que vai
da zona perianal até a entrada na uretra). Pode haver o arrastamento de
bactérias da zona perianal até à uretra. Se uma destas bactérias for
uropatogénica ela pode subir pela uretra e infetar a bexiga, ou os rins. 

- São responsáveis por infeções intestinais porque há géneros de E. coli que não
habitam o nosso intestino e que são patogénicas se formos inoculados com elas.

Significado clínico:
Patogéneos oportunistas: 

- Muitas destas bactérias aparecem no hospital.

- Fazem parte da flora comensal do intestino, e podem ser patogénicos se
estiverem fora do seu local.

- Podem fazer infeções oportunistas.
Patogéneos:
- São sempre más para o ser humano.

- Salmonella, Shigella, Yersinia enterocolitica, Yersinia pestis não fazem parte da
flora comensal gastrointestinal de humanos.

- Estão associados a infeções

Jaime Oliveira 18
Se alguém tiver uma infeção urinária deve beber
muita água, lavar com sabão azul a zona
infectada, limpar sempre da frente para trás (em
especial nas mulheres), após ter relações
sexuais deve limpar a uretra (por exemplo urinar)
Estirpes patogénicas
- Estirpe: 

- Dentro de uma espécie existe variabilidade genética, existem várias
estirpes. 

- As bactérias adquirem fatores de virulênica de outras bactérias, que são
adquiridos por transferência de material genético.

- Bactérias comensais, como a E. coli, tornam-se patogénicas devido à
aquisição de fatores de virulências por:

- Plasmídeos 

- Fagos

- Ilhas de patogenicidade

Transferência horizontal de genes: intra- e inter-espécies

- Na transformação a bactéria tem a capacidade de adquirir moléculas de DNA que
estão no exterior, quando uma bactéria morre o seu DNA vai ficar exposto e outra
bactéria pode utilizar esse DNA.

- A transdução é feita através de bacteriofagos (são vírus que infectam as bactérias).

- Na conjugação há um processo de transferencia de DNA por meio de plasmídeos.
Quando há conjugação estabelece-se um canal entre as bactérias, o pilus. O
plasmídeo replica-se, passa pelo pilus, e vai para a outra bactéria, na qual fica

- Por exemplo se tiver uma bactéria A que tenha um gene de resistência à
amoxicilina, e uma bactéria B que é susceptível à amoxicilina. Através da
conjugação a bactéria B passa a ser resistente à amoxicilina.

Jaime Oliveira 19
- É material genético que tem muitas
sequências idênticas, temos uma série de
genes consecutivos. 

- Estas ilhas se tiverem num plasmídeo
podem saltar para um cromossoma e vice
versa.
- Uma molécula de DNA circular com
capacidade de auto-replicação é um
plasmídeo conjugativo. 

- A conjugação é um processo de
transferência de DNA
- Há vírus que se inserem no cromossoma da
bacteria - prófago.

- Ele está associado a fatores de virulência.

- A bactéria adquire estes fatores de virulência
através da infeção por um vírus.
Morfologia e fisiologia das enterobactérias
- Elas são bacilos ou cocobacilos gram -

- Têm 0,5 - 2 micra de largura e 4 micra de comprimento.

- Crescem na presença e na ausência de oxigénio, são anaeróbios e aeróbios
facultativos.

- Não formam esporos.

- São móveis por flagelos perítricos (os flagelos cobrem toda a bactéria), exepto a
klebsiella sp, Shigella sp e Yersinia sp (imóveis).

ldentificação
- Temos de ter em conta as características morfológicas e as características das
colónias nos meios selecionados

- Utilizamos critérios bioquímicos 

Colónias
- Meios não seletivos: gelose nutritiva, agar chocolate, gelose sangue

- Meios seletivos são meios com certos constituintes que vão inibir o crescimento
de determinadas bactérias. Exemplo, a gelose de MacConkey.

-A klebsiella spp forma
colónias mucosas que são por
vezes difíceis de isolar. 

-O P r o t e u s t e m u m a
característica que é crescer às
ondas em meios não seletivos.

-O Proteus está relacionado
com as infeções urinárias.

Classificação serológica
Antigénios:
• O (somático, LPS da parede celular [só existe nas gram -])

• K (capsulares, proteínas ou polissacarídeos)

• H (flagelares)

Patogénese: fatores de virulência
- Endotoxina- lípido A, componentes do LPS

- Cápsula

- Sistema de secreção do tipo III

- Sideróferos

- Quando tenho uma infeção por uma bactéria intracelular tenho de ter um antibiótico
que consiga passar a membrana celular das células, por exemplo, os B-lactamicos não
passam. As tetraciclinas são mais hidrófobas e entram nas células.

Jaime Oliveira 20
Klebsiella 		 	 	 	 Proteus
Jaime Oliveira 21
- São porinas, são poros na
membrana pelos quais os solutos hidrofílicos
passam. Os hidrófobos passam através da
membrana.

- A maior parte dos antibióticos são hidrofílicos.

- Antibióticos de grande calibre não conseguem
passar pelas porinas.

- O antibiótico não serve para todas as infeções,
depende do tipo de infeção!
Esta região varia consoante a estirpe
- Se injectar apenas o lípido A do LPS em
ratinhos, eles vão ficar com febre. 

- O LPS é altamente antigénico

- O lípido A é a parte que está impregnada na
membrana
LPS ou endotoxina, está
presente em todas as
bactérias gram -Esta região varia consoante o antigénio
Sistema de secreção do tipo III
-Está ancorado no citoplasma e funciona como uma
agulha. 

-Os efetores são estabilizados por chaperonas que vão
ser libertadas para o espaço citoplasmático quando o
efetor for ejetado para a célula alvo. Os efetores vão ser
ejetados noutros microorganismos. São os fatores de
virulências.

-As bactérias sintetizam uma ponte proteica entre um
microorganismo e outro, pelo qual vão passar as
secreções.

Sideróforos
- São o conjunto de proteínas na parede celular
sintetizadas pela bactéria.

- Elas vão atrair o ferro para a bactéria que é
necessário para a sua sobrevivência.



Cápsula
-Bactérias mucosas têm
capsula, vão ser de difícil
fagocitose (por parte de
neutrófilos e macrófagos).

-A capsula confere resistência à
bactéria.

Mecanismos de patogénese
- Aderência: a bactéria vai aderir ao tecido, quando adere ao tecido vai haver uma
resposta imune

- Produção de toxinas: o aumento das toxinas vai levar ao aumento da água e dos
eletrólitos e podem levar à morte celular.

- Invasão dos tecidos

- Perda de microvilosidades

Jaime Oliveira 22
Escherichia coli - Enterobactéria
Fatores de virulência
- Adesinas - é a molécula que permite a adesão aos tecidos

- Exotocinas

- Hemolisinas, em estirpes uropatogénicas. As hemolisinas vão hemolisar o sangue, na
urina pode aparecer hemoglobina! (diferente de sangue)

Infeções por Escherichia coli
- Infeções urinárias
- Elas podem-se ligar ao tecido epitelial da bexiga (adesinas)

- Mais comuns com determinados serogrupos

- Podem lisar os glóbulos vermelhos e libertar citocinas estimulando a resposta
inflamatória
- Septicémias
- Geralmente aparecem a nível hospitalar

- É originada a partir de infeções urinárias, pode haver uma perfuração intestinal
o que pode levar a uma infeção intraabdominal.
- Meningite
- Ocorre em estirpes que têm o Ag capsular K1 (antigénio K)
- Pneumonia
- Gastrenterite
Estirpes da E.coli
- ETEC: enterotoxigénicas
- EIEC: enteroinvasivas
- EPEC: enteropatogénicas
- EHEC: enterohemorrágicas
- EAEC: enteroagregativa

- As bactérias sofrem alterações genéticas muito facilmente

-Como se pode ver pela figura,
uma fonte de comida para o
homem ficou contaminada com
uma E. coli que é patogénica para
o ser humano.

Jaime Oliveira 23
ETEC- E. coli enterotoxigénica
- Produz toxinas termoestaveis (toxinas ST) e termolaveis (toxinas LT)

- A LT-I tem uma estrutura semelhante à cólera.

- Dá a diarreia do viajante e a diarreia em crianças em países desenvolvidos.

-Tem uma transmissão oral-fecal e
não é transmissível de pessoa para
pessoa.

-A bactéria vai aderir ao enterócito e
vai produzir toxinas que é constituída
por duas partes, uma parte liga-se
aos recetores da membrana e outra
vai alterar o metabolismo da célula o
que vai provocar a saída de
eletrólitos e água para o intestino,
que vai provocar a diarreia (diarreia:
defecar 3 ou mais vezes por dia).

- Para que haja o desenvolvimento da infeção a bactéria tem de ter os genes LT-I e STa
num plasmídeo transferível, precisa também de genes de adesinas.

- Os sintomas são diarreia aquosa e dores abdominais após 1-2 dias de incubação,
raramente aparecem naúseas e vómitos. 

EPEC- E. coli enteropatogénica
- Origina a diarreia do recém nascido em países em desenvolvimento

- Esta E. coli adere à membrana citoplasmática do enterócito e destrói as
miscrovilosidades (servem para absorver nutrientes, vai ficar comprometida a
absorção)

- Os genes desta bactéria estão inseridos numa ilha de patogenicidade (são 40 genes
que codificam a aderência e destruição da superfície da mucosa)

- Estão equipadas com o sistema de secreção do tipo III-Tir (a própria bactéria vai
sintetizar o recetor e colocar o mesmo na célula alvo).

-A intimina liga-se ao recetor TIR. Este recetor é
sintetizado pela E. coli que o vai colocar no
enterócito.

Jaime Oliveira 24
EHEC- E. coli enterohemorrágica
- Tem uma dose infecciosa muito baixa, de apenas 100 bactérias! Ela não entra dentro
da célula.

- A diarreia leva a uma colite hemorrágica, com dor abdominal forte, sangue e com
pouco ou sem febre. Vai haver um destruição dos tecidos, há hemorragia.

- Elas produzem uma toxina que é muito nefrotoxica (má para os rins).

- O antibiótico contra esta bacteria não é eficaz, temos de ter um soro com um anticorpo
da toxina.

EHEC - Shiga toxina
- Stx-1 é idêntica à shiga toxina

- Stx-2 - 60% de homologia

- São adquiridas por fagos lisogénicos (fagos “enfiam” dentro do cromossoma)

- Têm plasmídeos com 60MDa com outros factores de virulência

- Toxinas citotóxicas que interrompem a síntese de proteínas

- Destroem o epitélio e microvilosidades.

-Existem 50 serótipos. 

-O E. coli O157:H7 está associado ao consumo de alimentos mal cozinhados. Esta
estirpe da E. coli não fermenta o sorbitol. 

EIEC- E. coli enteroinvasiva
-Rara nos países desenvolvidos

-As estirpes patogénicas estão associadas a alguns serótipos

-Invadem e destroem o epitélio do cólon 

-Alguns pacientes desenvolvem diarreia aquosa com sangue e leucócitos na fezes
(disenteria)

-Os genes responsáveis pela invasão estão no plasmídeo.

-Não fermentam a lactose. (é uma excepção).

EAEC- E. coli enteroagregativa
- Diarreia aguda e crónica (mais de 14 dias), especialmente em crianças

- Mediada por fímbrias

- Bactéria caracterizam-se por auto-aglutinação, tipo arranjo de “parede de tijolo” 

- Há uma aderência às células, lesão da mucosa, secreção de grandes quantidades de
muco.

- O muco mantém as bactérias num biofilme que recobre o epitélio intestinal.

Jaime Oliveira 25
Esta estirpe apareceu nos anos 70 e deu origem a um surto nos hambúrgueres mal passados.
Esta bactéria habita nos bovinos, no matadouro um animal tem a bactéria, vamos tirar o intestino
da vaca, pode haver contaminação para a carne da vaca. A pessoa fica infectada se comer o
hambúrguer dessa carne.
Biofilme:
-Estas bactérias (EAEC- E.coli enteagregativa) tendem a aderir às superfícies e formam
biofilmes. (ex: placa bacteriana nos dentes). Os biofilmes são problemáticos. Os biofilmes
são grandes, é difícil controlar esta infeção. As células mais interiores estão mais
protegidas do que as células mais exteriores. O sistema imune consegue fagocitar as
células mais externas, mas não consegue fagocitar as células mais internas. Estas células
mais internas podem proliferar novamente. Posso aplicar uma terapêutica antibiótica aos
biofilmes, no entanto a concentração do antibiótico quando chega às bactérias mais
internas está numa concentração sub mínima inibitória (não consegue matar nem inibir as
células). Com o passar do tempo estas bactérias conseguem criar resistência contra os
antibióticos. 

-Os antibióticos apenas atuam nas células que se estão a dividir! As células interiores têm
um metabolismo diferente, estão “adormecidas”, os antibióticos não conseguem atuar
nestas células!

-O biofilme é problemático. 

-Um dos alvos terapêuticos para evitar a formação de biofilmes é a eliminação das
moléculas do quorum sensing (bactérias comunicam umas com as outras).

Diagnóstico Laboratorial:
- E. coli crescem rapidamente na maioria dos meios de cultura.

- Os patogéneos entéricos  com excepção da EHEC são apenas detectados em laboratórios de
referência (a classificação das bactérias envolve serotipagem). 

Tratamento, prevenção e controlo:
- Tratamento sintomático, excepto se houver disseminação.

- Antibioterapia- de acordo com o antibiograma.

- Controlo de infecção hospitalar (antibióticos, catéteres urinários).

- Infecções GastroIntestinais: higiene e cozedura óptima dos alimentos. (bactérias morrem por
volta dos 50ºC).

Jaime Oliveira 26
Salmonella enterica - Enterobactéria
- A espécie associada à infecção é a Salmonella entérica.
- Conhecidos mais de 2500 serótipos da Salmonella entérica:
- Salmonella enterica serovar Typhimurium

- Salmonella enterica serovar Enteritidis

- Salmonella enterica serovar Typhi

- (e muitas outras serovariedades)
- Na prática, dependendo do reservatório, epidemiologia e infecção podemos ter:

- Salmonella Typhi (provoca a febre tifóide- passam para o sistema circulatório) 

- Salmonella não- Typhi (provoca salmonelose - elas não passam para o sistema
circulatório):

	 -Estes dois tipos de salmonella Typhi são caracterizados pelo seu serótipo.

	 	 -Caracterização dos antigénios O, H e Ag de superfície Vi

	 	 -Reacção de Widal: Quantificação dos anticorpos anti-O e anti-H no soro por
reacção de aglutinação com suspensões antigénicas de Salmonella. (Esta serotipagem não e
conseguida em laboratórios normais. Tem de ser em laboratórios de referência).

Patogénese:
- Ingestão de 106-109 bactérias ( a maioria)

- Sintomas variam com a virulência da estirpe e número de bactérias ingeridas.

- Multiplicação no intestino, excretadas assintomaticamente nas fezes, ou ocasionar
gastroenterite aguda, febre entérica ou bacteriémia.

- Podem penetrar nos enterócitos e passar aos vasos linfáticos.

- Portador assintomático: excrecção pela bílis (febre tifóide).

Doença Clínica:
-Gastroenterites:
-6-48H após o consumo aparecem náuseas, vómitos, diarreia, mialgias, dor de
cabeça, por vezes, febre. Podem ter uma resolução espontânea em 2 dias a 1 semana.

-Septicémias:
- S. cholerasuis, S typhi, S. paratyphi .
- Maior risco em imunodeprimidos

- Crianças e idosos. 

-Febre entérica:
	 -S typhi
	 -S. paratyphi
Infeção por salmonella:
Jaime Oliveira 27
-As salmonelas entram dentro dos enterócitos. Leva a uma resposta imune por parte da
IL-8, dos macrófagos. 

Salmonella Não Typhi:
-O reservatório destas salmonelas são os animais. O Reservatório de Salmonella não typhi são
aves, animais domésticos, répteis, tartarugas.

-Salmonelose: ingestão de alimentos ou água contaminados.

-Também podemos apanhar salmonella através de ovos contaminados!

-A salmonella tem capacidade invasiva. As galinhas podem não ter sintomas de gastroenterite.
Mas as galinhas podem ter salmonelas. As salmonelas podem passar para a corrente sanguínea
e infetar os ovos. Os ovos ficam com salmonelas lá dentro! Também pode haver penetração da
casca (elas são porosas, as salmonelas conseguem passar para dentro do ovo). 

-Comer os ovos crus é perigoso! Podemos apanhar uma salmonelose. 

Jaime Oliveira 28
Febre tifóide:
-A salmonella Typhi causa a febre tifóide. 

-O reservatório da Salmonella Typhi é o homem.
Podemos ter portadores crónicos. (Mary typhoid).
Eles têm a Salmonella Typhi dentro de si e não
apresentam sintomas!

-A Salmonella paratyphi A, B, C, D dá origem à
febre paratifóide.
-As bactérias vão entrar no enterócito,
vão ativar a resposta imune e vão ser
fagocitadas. 

-Elas não vão ser lisadas dentro dos
macrófagos. 

-A salmonella Typhi vai apanhar boleia
dos macrófagos, vão-se multiplicar
d e n t r o d e l e s , v ã o r e b e n t a r o s
macrófagos, vão entrar para a linfa e vão
entrar na circulação sanguínea. 

-A Salmonella Typhi entra sempre na
circulação sanguínea!

-Quando a salmonella está no sangue,
ela não se encontra nas fezes. A
salmonella é uma bactéria intracelular.
Apenas passados 3 semanas é que
aparecem nas fezes porque o seu
reservatório é nas vesícula biliar. Quando
a bílis é segregada, a salmonella vai sair
nas fezes.

Prevenção e controlo:
-O tratamento com antibiótico não é recomendável para enterites (inflamação do intestino)

-Recomenda-se uma cozedura completa dos animais

-Evitar ao máximo a contaminação, ter higiene pessoal

-Identificar portadores de S. typhi e S. paratyphi

Jaime Oliveira 29
Shigella spp.
-Estas 4 espécies de Shigella podem provocar gastroenteristes:

	 -S. sonnei – mais comum nos países desnvolvidos

	 -S. flexneri 

	 -S. dysenteriae – infecções mais graves

	 -S. boydii - rara
-A disenteria bacilar é uma diarreia abundante que tem sangue e muco e com dores abdominais
(íleon distal e cólon).

-A invasão e destruição epitelial caracteriza a disenteria por Shigella.

-Esta bactéria é patogénica porque produz uma toxina - a Shiga toxina (também é produzida
pela E. Coli enterohemorrágica). 

-A Shiga toxina vai inibir a síntese proteica, vai matar as células. Vai levar a uma lesão no
endotélio.

-Tem uma dose infecciosa de apenas 100 células!! 

-A shigella não é móvel, não tem flagelos. É uma bactéria intracelular. Ela consegue afetar as
células vizinhas. Destróis as paredes celulares.

Epidemiologia:
- A Transmissão é feita por via fecal-oral directa por ingestão de alimentos e água contaminada.

- Homem é o principal reservatório na Natureza.

- Incidência em Portugal é baixa (temos saneamento básico e água tratada).

Yersinia spp.
Yersinia pestis

-A Yersinia pestis é o agente etiológico da peste.

-A peste pode vir em duas formas: bubónica ou pneumónica

-O reservatório desta bactéria são os roedores.

-É transmitida aos homens pela pulga do rato (Xenopsylla cheopsis)
-A peste pode ser tratada com antibióticos
-A pulga do rato vai
morder o homem. A
bactéria entra na
circulação sanguínea,
e vai haver um inchaço
dos gânglios linfáticos
(ao nivel do pescoço,
axilas e virilhas). Isto é
a peste bubónica. Ela
não é transmissivel!
-Quando a bactéria
chega aos pulmões
t e m o s a p e s t e
pneumónica que é
transmissível.
Jaime Oliveira 30
Y. enterocolítica

- Dá gastroenterites que são caracterizadas por diarreia, febre, dores abdominais (1 a 2
semanas na fase aguda). 

- Pode-se tornar crónica: 1 mês a 1 ano

- Transmissão ao Homem por alimentos contaminados com fezes humanas. A transmissão faz-
se por via oral fecal. 

-São enterobactérias que podem provocar infeções. 

Jaime Oliveira 31
Bacilos Gram negativo não fermentadores
-Os bacilos gram negativos não fermentadores podem ter um metabolismo oxidativo, eles
utilizam os hidratos de carbono pela via oxidativa e não pela via fermentativa. Vão precisar de
oxigénio. Também podem ser bioquimicamente inertes, estes são muito difíceis de identificar
pelos método fenotípicos.

Características gerais:
-Os bacilos gram negativo não fermentadores são bacilos que existem na natureza.

-São ubíquos na natureza (solo, água, plantas)

-Podem existir nos hospitais, são bactérias oportunistas. 

-Alguns são intrinsecamente resistentes aos antibióticos! (antes de haver antibióticos já eram
resistentes aos antibióticos).

-Grupo heterogéneo, em que alguns estão associados a infecção hospitalar 

	 	 -Pseudomonas spp
	 	 -Stenotrophomonas maltophilia
	 	 -Acinetobacter spp
-São agentes patogénicos oportunistas

-Têm elevada resistência aos antibióticos

Identificação:
-Podem ser identificados pelo sistema API20NE (NE= não enterobactérias)

Infeções Clínicas:
-São responsáveis por mais de 15% das infeções hospitalares

-Nos hospitais há muitos fatores de risco como imunodeprimidos (cancro), pacientes com
traumas (cortes, queimaduras) e corpos estranhos (catéteres, próteses).

Jaime Oliveira 32
São os Enterobacteriaceae
Pseudomonas spp.
Características gerais:
-São ubíquas na natureza, habitam na água, no solo, nas plantas, encontram-se em amostras
clínicas. Preferem água.

-Têm um metabolismo oxidativo (não fermentam os hidratos de carbono)

-São oxidase positiva (as Enterobactérias são oxidase negativa porque elas seguem a via
fermentativa e não a via oxidativa).

-Reduzem os nitratos a azoto molecular: fazem a desnitrificação. (As enterobactérias apenas
reduzem os nitratos a nitritos). É positiva para a nitratase (quando é feito o ensaio temos de
adicionar pó de zinco).

-São aeróbios estritos (precisam de O2).

-São bacilos gram -

-São móveis (expeto a P. mallei)

-Têm flagelos polares (apenas de um polo da bactéria)

-Crescem bem em meios seletivos para enterobactérias.
Crescem bem em gelose MacConkey. Mas elas não
fermentam a lactose, ao contrário das enterobactérias.

Pigmentos:
-A maioria das estirpes da P. aeruginosa sintetizam pigmentos
que são a pioverdina e a piocianinca, que dão um tom verde
ás culturas. 

-Outras estirpes podem formar piorubina que tem um tom
castanho-avermelhado.

-Estes pigmentos quando estimulados com luz UV fluorescem.

-Estes pigmentos são fatores de virulência, são altamente
antigénios e estimulam o nosso sistema imunitário.

-P. putidae e a P.fluorescens não costumam causar infeções.

-Utilizamos o meio de Sellers, meio da cetrimida, meio
fluorescent-nitrate (FN) para ver melhor estes pigmentos.

Pseudomonas aeruginosa:
-É a mais comum.

-Não coloniza o ser humano. 

-São muito resistentes aos antibióticos.

-Tem várias infeções clínicas, como feridas cirurgias,
queimados, endocardites, doenças pulmonares, tracto urinário,
como a fibrose cística que dá origem a pneumonias. 

- Quem tem fibrose cística (doença genética) não forma
uma proteína essencial e vai acumular muco nos
pulmões. As pessoas que têm esta doença não
conseguem respirar bem. Esta patologia tem o perigo de
ser facilmente colonizada por uma bactéria (normalmente
P.aeruginosa). A bactéria forma biofilmes!! É de difícil
terapêutica anti-microbiana. 

Jaime Oliveira 33
-Tem vários fatores de virulência como endotoxinas (característico dos bacilos gram -), tem
hemolisinas (lisam o glóbulos vermelhos), produzem “slime” que depois ajuda na formação do
biofilmes, têm lecitinase que vai degradar a lecitina que está nas membranas celulares, têm
elastase, coagulase, DNase e exotoxinas.

Identificação:
-Podemos utilizar o meio de MacConkey

-No entanto cerca de 4% não produzem pigmentos, vamos ter de identificar
a bactéria por outras vias.

-Temos duas provas muito importantes: a prova da oxidase, que é positiva e
a prova da nitratase que é positiva.

-Estas bactérias crescem bem a 42ºC (não é muito comum entre as
bactérias)

-São cetrimida positiva e gelatinase positiva. 

Outros bacilos gram - não fermentadores:
Stenotrophomonas maltophilia
-Antes pertenciam ao género pseudomonas.

-Foi reclassificada para o género Xanthomonas que é um patogénio das plantas.

-São naturalmente resistente a vários antibióticos: penicilinas, cefalosporinas, carbapenemos,
aminoglícosídeos. A maioria dos antibióticos são sintetizados por bactérias ou fungos.

-Para a sua identificação podemos tirar partido do facto de serem bacilos de gram - não
fermentadores e de serem oxidase negativas.

-É uma bactéria que pode aparecer na água. Causa pneumonia em pessoas com fibrose cistica.

Complexo Bulkolderia cepacia
-Eram inicialmente conhecidas por Pseudomonas cepacia

-Há bactérias que são diferentes mas que são geneticamente semelhantes, elas são de difícil
identificação por provas bioquímicas. Podemos agrupar estas bactérias em complexos (várias
espécies próximas entre si).

-É um patogénio oportunistas. Está associado a doenças pulmonares, nomeadamente pessoas
com fibrose cística.

-São muito resistentes aos antibióticos: penicilinas, cefalosporinas, aminoglícosídeos, polimixina.

-Produzem um pigmento amarelo ou verde

-Podem ser oxidase negativa. -São bactérias gram -.

Acinetobacter spp.
-É da família das Neisseria
-É ubíquo na natureza. É uma bactéria ambiental.

-É a segunda bactéria mais comum a causar infeções nos hospitais porque é bastante resistente
aos antibióticos. 

-Aparece em indivíduos que estão nos cuidados intensivos. 

-25% dos adultos estão colonizados na pele. 7% estão na faringe. (pacientes hospitalizados).

-As pessoas saudáveis não estão colonizadas pelo acinetobacter.

-Não sabemos o seu reservatório.

-São espécies genómicas. (são de difícil identificação por testes fenotípicos).

Jaime Oliveira 34
Gelose MacConkey
Complexo Acinetobacter calcoaceticus - A. baumannii
-Este complexo tem 4 espécies (espécies genómicas / genoespécies).

	 	 -A. calcoaceticus (é uma espécie ambiental, não provoca infeção)
	 	 -Genoespécie 3

	 	 -Genoespécie 13TU

	 	 -Genoespécie 2 / Acinetobacter Baumannii

-A genoespécie mais comum é o Acinetobacter baumannii (genoespécie 2). É a mais
frequentemente isolada na Europa e na América. É a mais resistente aos antibióticos.

-Podemos conseguir chegar a um complexo por via dos métodos fenotípicos (API 20 NE, ID-
GNB card) mas para uma identificação definitiva temos de utilizar técnicas moleculares.

Identificação do Acinetobacter spp.
-São cocobacilos de gram -

-São imóveis (excepção)

-Crescem bem na maioria dos meios incluindo MacConkey.

-São oxidase negativo.

Infecções clínicas Acinetobacter spp.
-É um patogénio oportunista hospitalar especialmente na
unidade de cuidados intensivos.

-Está associado a pneumonias (associados a ventilação artificial), septicémias (infeções no
sangue), infeções urinárias, meningites, catéteres.

-Muito resistente ao meio ambiente (os
bacilos gram - não costumam ser muito
resistentes.)

-Têm uma elevada persistência ambiental

-Normalmente encontra-se em infeções
como: Meningite, endocardite, osteomielite,
artrite, abcessos pancreáticos e hepáticos,
infecções nos olhos, fascite necrosante

-Tem uma grande disseminação intra-
hospitalar. 

-Infecções em doentes imunodeprimidos:
complexo A.calcoaceticus-A. baumannii (A.
baumannii, mais frequente)

-Estirpes endémicas em hospitais
portugueses, multirresistentes

-Maior problema no tratamento: elevada
resistência aos antibióticos 

Jaime Oliveira 35
Staphylococcus spp
-Os staphylococcus pertencem à família Micrococcaceae (o género staphylococcus é o único
género da família que é patogénico).

-Os Staphylococcus podem-se dividir em dois grandes grupos ( a coagulase é um fator de
virulência).

Habitat
-São ubíquos na natureza

-São comensais da pele humana (em especial o S. epidermitis)

-Encontram-se na nasofaringe e no períneo

-Também se podem encontrar em animais

Características morfológicas e culturais
-Staphylococcus significa “cocos em cacho”

-Incluem patogéneos com enorme significado clínico que causam
desde infecções cutâneas superficiais a infecções sistémicas
graves 

-Os Staphylococcus são cocos de gram + (coloração roxa) 

-Geralmente estão agrupados em cacho de uva (cocos simples,
diplococos e algumas curtas cadeias (3-5cocos) em amostras clinicas).

-Não se mexem - são imóveis.

Cultura:
-São anaeróbios facultativos (crescem bem na presença e na ausência de oxigénio)

-São catalase positiva (todos os Staphylococcus têm esta catalase).

-Crescem a 10% de NaCl / crescem em meios hipertónicos (O meio de Chapman (ou Salt Agar)
tem uma concentração de 7,5%NaCl, os bacilos gram - não crescem neste meio. É um meio de
isolamento seletivo).

-Crescem entre os 18-40ºC

-Normalmente as bactérias costumam crescer bem em
meios com concentrações de 0,9% NaCl (é a concentração
que se aproxima ao soro fisiológico). 

-Quando uma célula está num meio hipertónico vai perder
água! O Staphylococcus consegue sobreviver nestas
condições. Porque? Ele vai sintetizar compostos com
grupos OH. Ela aumenta a concentração de certos produtos
no interior da célula de modo a que não saia água para o
exterior. Estes solutos denominam-se solutos compatíveis
(ex: glicerol).

Jaime Oliveira 36
Coagulase Positiva:
S. aureus
Coagulase Negativa:
S. epidermitis
S. saprophyticus
S. haemolyticus
Staphylococcus
-Algumas espécies, como o S. aureus, produzem
hemolisinas, que vão hemolisar o sangue. 

-Quando incubados numa gelose sangue, a gelose vai ficar
transparente na zona da cultura das bactérias. 

Infecções por Staphylococcus spp.
-Abcessos no cérebro

-Sinusite

-Endocardites

-Impetigo

-Erisipelas

-Osteomielite

-Abcessos dentários

-Intoxicações alimentares

-> Infeções da pele e mucosas e ossos
Staphylococcus com maior importância:
-S. aureus (coagulase positivo)
-S. epidermidis (coagulase negativo)
-S. saprophyticus (coagulase negativo)

Fatores de virulência do Staphylococcus Aureus:
-Toxinas:
	 	 -São hemolisinas que vão
lisar os glóbulos vermelhos-RBC lysis

	 	 -São leucocidinas que vão
lisar os glóbulos brancos (leucócitos).

-Proteina A:
-É específica do S.Aureus.
Esta proteína evita a fagocitose 

-Enzimas:
	 	 -Coagulase (provoca a
coagulação do plasma)

Jaime Oliveira 37
Plasma: tem fatores de coagulação	 	 	 Soro: não tem os fatores de coagulação

Proteína A:
-O S. epidermididis tem recetores na superfície da sua membrana ao qual se vão ligar os
anticorpos que vão ser reconhecidos pelo fagocito e que pode iniciar o processo de fagocitose.

-O S. aureus sintetiza na sua superfície uma proteína A que se liga ao anticorpo na porção Fc!
Esta porção Fc é a porção que se devia ligar ao fagocito! Assim o fagocito não consegue
fagocitar o S. aureus. É uma maneira de escapar à fagocitose.

Enzimas:

-Coagulase

-Catalase (o seu substrato é o H2O2).

-Hialuronidase (o ácido hialurónico existe na pele, nas cartilagens. Tem a capacidade de
degradar o ácido hialurónico).

-Fibrinolisina (vai lisar o fibrinogénio)

-Lipases (os lípidos existem nas membranas citoplasmáticas!)

-DNase

Tóxinas:

-Toxinas citoliticas: hemolisina alfa, beta, gama (estas 3 lisam glóbulos vermelhos) e leucocidina
(vai lisar glóbulos brancos).

-Enterotoxinas (A,B,C,D,E,G,H)- Intoxicação alimentar

-Enterotoxina F (sindrome do choque tóxico- TSST-1, Toxic shock syndrome toxin)

-Exfoliatinas A e B (toxina epidermolítica)

-Estas 3 últimas toxinas só são sintetizadas por alguns tipos de Staphylococcus
Jaime Oliveira 38
Cápsula:

-Inibe a fagocitose 

-O S. epidermidis vai produzir “slime” que aumenta a aderência às superfícies como catéteres ou
próteses.

-A formação de biofilmes ajuda na
p r o t e ç ã o d a b a c t é r i a c o n t r a
antibióticos e a ação do sistema
imunitário. 

-As bactérias começam a segregar o
“slime” e começam a multiplicar-se.

-As células mais exteriores podem sair,
estão livres (células planctónicas) e
podem dar origem a outra infeção. As
células que estão aderentes são as
células césseis. 

-O biofilme não é homogénio, as
células mais dentro do biofilme estão
“adormecidas”, têm um metabolismo
diferente! Isto é problemático para a
atuação do antibiótico.

-Temos biofilmes na boca! A placa dentária são muitas bactérias que aderem aos dentes e à
gengiva. (O fluor impede a adesão das bactérias).

-Também podemos encontra biofilmes no trato genitourinário, nos pulmões e nas otites. Os
implantes e catéteres são passíveis de serem colonizados por estas bactérias

Infecções causadas pelo Staphylococcus Aureus:
-As infeções dependem do estado imunitário do hospedeiro, dependem da virulência da estirpe
e da quantidade de inóculo.

-A infeção resulta da ação de toxinas e da invasão e lesão dos tecidos pela bactéria.

Origem das infeções do Staphylococcus Aureus:
-Tem origem endógena a partir do
nariz, pele ou lesões superficiais

-Pode ser a partir do contacto direto:
homem a homem

-Pode ser com o contacto indireto:
fómites

-Pode ser por vias aéreas

Jaime Oliveira 39
Infeções do Staphylococcus Aureus por toxinas:
-As enterotoxinas dão origem a intoxicações alimentares.

	 -Intoxicação alimentar: quando se ingere a toxina que está no alimento (ex:botulismo)

-A toxina esfoliativa atua ao nível da epiderme, dá origem ao Síndroma da pele escaldada ou
doença de Ritter.

-A enterotoxina F dá origem ao choque tóxico.

Enterotoxinas termoestáveis:

-Há uma contaminação dos alimentos por manipuladores de
alimentos (ex: cozinheiros) colonizados com estirpes de
estafilococos nas fossas nasais (cerca de 30% de portadores)
ou infecções na pele e dar-se condições para que o coco se
multiplique e produza toxina.

-Sintomas: após 1-8H, naúseas, vómitos, dores abdominais e
por vezes diarreia. Dura 24-48H.

-Ingerimos toxinas devido à multiplicação das bactérias nos
alimentos. Vamos ingerir a toxina presente nos alimentos.

Exfoliatina: SSSS - Staphylococcal scalded skin
sydrome

-Esta toxina dá origem ao Síndroma da pele escaldada ou doença de
Ritter.

-Algumas estirpes de S. aureus (5%) produzem estas exotoxinas 

-Ela atua na epiderme

-A exfoliatina é uma enzima epidermolítica, vai destruir a epiderme.
Esta enzima vai lisar as ligações entre as células, a pele vai levantar,
dando a sensação que a pele está queimada. 



Enterotoxina F: TSST-1

-É produzida por algumas estirpes de S. aureus.

-É conhecida por super antigénio

-Está associada ao uso prolongado de tampões.

-Causa febre elevada, hipotensão e choque.

-A hipotensão faz com que os orgão principais estejam bem
irrigados, não funcionam como deviam, a pessoa entra em
choque.

Jaime Oliveira 40
Infeções do Staphylococcus Aureus por invasão e lesão dos
tecidos:
-Infecções na pele e tecido subcutâneo:
	 -impétigo (infeção da pele superficial)

	 -foliculite (não é mt perigoso, as bactérias vão 

infetar o foliculo piloso. A zona da derme é irrigada,

os globulos brancos podem vir defender o foliculo piloso).

	 -furúnculo (+ pequeno)

	 -carbúnculo (+ extenso)

	 -celulite (infeção extensa, com muita inflamação ao nível da derme)

	 -abcessos

	 -Infecções de feridas ou queimaduras

-A derme é a zona irrigada.

-Quando há uma lesão de um tecido
como um corte, vão poder entrar
bactérias para essa ferida. 

-Ao entrarem bactérias o sistema
imune vai atuar.

-Vai-se formar pus.

Jaime Oliveira 41
-Infecções gerais:
	 -Endocardites

	 -artrites

	 -ostetomielites

	 -pneumonias

	 -meningites

	 -septicémias
Prevenção:
-Deveria ser feita uma identificação das pessoas que são portadoras assimtomáticas destas
estirpes. Sabe-se que 30% das pessoas têm a sua nasofaringe colonizada, o que constitui uma
fonte de transmissão. 

-Temos de controlar os surtos: evitar a sua disseminação

	 	 -Vigilância epidemiológica

	 	 -Isolamento de doentes

	 	 -Lavagem de mãos após contacto com o doente

Jaime Oliveira 42
Impétigo Furunculo
Carbunculo Celulite
Diagnóstico Laboratorial:
-Vamos ver a morfologia - coloração de gram

-Temos de ver as suas características de cultura. Estes cocos crescem facilmente.

-Uma prova bioquímica que indica que estamos na presença do género estafilococos é a prova
da catalase.

-O S.Aureus é a única espécie humana que é coagulase positiva!

Identificação:
-A catalase é positiva 

-A prova da coagulase se for positiva é um S.Aureus. Se for negativa temos de recorrer a outros
testes bioquímicos como provas enzimáticas: APIStaph ou então recorrer a técnicas de biologia
molecular.

Teste da Catalase:
-O peróxido de hidrogénio na presença da catalase, vai
libertar H2O e O2. 

-Quando coloco uma bacteria numa lamina e deitar um gota
de H2O2 em cima da bactéria, se verificar que se formaram bolhas, a
bactéria é catalase positiva.

-Se, ao colocar peróxido de hidrogénio, não se verificar a formação de
bolhas, a bactéria é catalase negativa.

-Não se deve fazer esta prova na gelose sangue! 

-A gelose de sangue tem uma enzima, a peroxidase, e pode
conter catalase, o que daria um falso positivo. 

Pesquisa da Coagulase:
-A coagulase é uma enzima. 

-É um fator de virulência

-O S. aureus é coagulase positiva.

-Fazemos uma mistura da cultura num meio liquido com
plasma de coelho (tem os fatores de coagulação!). Vamos
incubar durante 4h/37ºC e vamos verificar se houve a
formação de um coágulo. Se não houver a formação de
um coágulo vamos esperar até 24H à temperatura
ambiente.

-Com a prova da catalase consigo distinguir entre estafilococos e estreptococos! 

-Os estafilococos são catalase positiva. Os estreptococos são catalase negativa.

-Os micrococos também são catalase positiva!

-Preciso de um teste que me distinga os micrococos dos estafilococos!

-Vou fazer uma reação de oxidação/fermentação:

	 	 -Os micrococos têm metabolismo oxidativo!! Eles não fazem fermentação.

	 	 -Os estafilococos fermentam a glucose.

	 	 -Os micrococos oxidam a glucose.

Nota: os micrococos geralmente são colónias contaminantes.

Jaime Oliveira 43
-As colónias dos cocos são mais pequenas

-Os bacilos formam colónias maiores

-A E. Coli forma grandes colónias, são bacilos.

-O S. Epidermidis tem colónias mais pequenas.

Staphylococcus coagulase positiva:
-Existem mais estafilococos que são coagulase positiva, embora apenas aparecem nos animais.

-Vamos por a bactéria no meio de chapman, é um meio hipertónico. Os bacilos gram - não
crescem. Poucas bactérias crescem neste meio. Os estafilococos conseguem crescer neste
meio porque formam solutos compatíveis. A única que vira o meio amarelo é o S.Aureus porque
é o único que fermenta o manitol.

-Uma placa de chapman que esteja amarela é S.Aureus.
Jaime Oliveira 44
Staphylococcus coagulase negativa:
-São menos virulentos que os Staphylococcus coagulase positiva.

-Têm origem na flora do próprio doente, tem uma transmissão directa através das mãos dos
doentes colonizados e do pessoal clínico.

-São patogéneos oportunistas em ambiente hospitalar

-Estão relacionados com o aumento de técnicas de diagnóstico e tratamentos invasivos
(próteses, catéteres, enxertos).

-Aparecem em doentes imunodeprimidos

Staphylococcus Epidermidis:
-Aparecem associados a válvulas cardíacas-

-Produzem “slime”, têm capacidade de formar biofilmes.

-Aparecem em doentes imunodeprimidos.

-Estão também relacionados com o aumento das técnicas de diagnóstico e tratamentos
invasivos.

-Podemos ver as infeções que os estafilococos podem provocar nos tecidos e onde se podem
encontrar nos dispositivos médicos.

Jaime Oliveira 45
-As células planctónicas andam livres. Começam a aderir à superfície, começam a multiplicar-se
e começam a formar o filme. Começam a segregar o “slime” e formam o biofilme.

-O comportamento das bactérias no biofilme não são homogéneos.

-As células vão ter metabolismos diferentes.

-As células mais externas podem dar origem a outros biofilmes!

-Um biofilme é uma fonte de infeção!

-O antibiótico não consegue chegar às células mais internas do biofilme. Eles atuam em células
que se estão a multiplicar, estas células mais internas estão com um metabolismo diferente e não
são eliminadas pelos antibióticos. Isto significa que passado algum tempo, a infeção pode voltar 

Staphylococcus saprophyticus
-É um causador de infeções urinárias em mulheres
jovens. (geralmente as infeções urinárias são causadas
por enterobactérias)

-Aderem a células epiteliais do trato urogenital com
maior eficiência que os outros estafilococos coagulase
negativa.

-Se numa infeção urinária estiverem estafilococos gram
positivos pode-se tratar desta bactéria.

Jaime Oliveira 46
Existem estafilococos que produzem B-hemólise (ex: S. Aureus)
-Verifica-se que quando há B-hemólise o meio fica transparente.

Terapêutica
-95% da estirpes de S. Aureus são resistentes à penicilina porque produzem uma B-lactamase
plasmídica. Estas B-lactamases vão lisar o antibiótico e ele perde a sua atividade. 

-Damos Amoxicilina + Ácido Clavulânico (Clavamox). O Ácido clavulânico vai ligar-se à B-
lactamase. Assim a amoxicilina (derivado da penicilina) vai poder atuar nas bactérias.

-O fungo está a impedir o crescimento da bactéria. 

-A bactéria não consegue crescer à volta do fungo. 

-O fungo produz substâncias que não permitem o
desenvolvimento das bactérias (antibióticos).

-Este fungo está a produzir penicilina. 

-A industria farmacêutica conseguiu desenvolver um antibiótico específico para infeções por
estafilococos: Meticilina

	 -As bactérias começaram a ficar resistentes à meticilina. 

	 -As estirpes que são meticilina resistentes são resistentes a todos os antibióticos desta
classe.

-As estirpes resistente designam-se MRSA (methicillin resistant S. aureus) 

-Os meticilina resistentes têm um gene mecA que codifica um PBP2’ alterada com baixa
atividade para os B-lactamicos.

-A última linha de defesa é a vancomicina e a teicoplanina (são de último recurso, são apenas
para estafilococos aureus)

Jaime Oliveira 47
-O peptidoglicano é a molécula que forma a parede celular das bactérias. Ela é constituído por
NAM e NAG que estão intercalados. Estas banda intercaladas ligam-se entre si por pontes
peptídicas. São aminoacidos que formam uma espécie de uma rede. São ligações peptídicas.

-As enzimas necessárias para que estas
ligações aconteçam são Glicosiltransferases,
Transpeptidases, Carboxipeptidases. 

-Estas enzimas chama-se PBP - penicilin
binding proteins.

-A ligação PBP vista de uma forma tridimensional é muito semelhante à penicilina.

-Quando os B-lactâmicos
entram pelos poros da
membrana, eles vão se
ligar às PBP.

-Se as PBP vão estar
ocupadas, ela não vai estar
disponível para formar as
ligações peptídicas. 

- D e i x a d e h a v e r
peptidoglicano, a parede
fica fragilizada.

Jaime Oliveira 48
-A bactéria cria resistência quando
há mutação de um gene, que
codifica uma proteína. 

-A proteína vai alterar a sua
conformação e a penicilina já não
se vai poder ligar às PBP.

-Há uma mutação, a proteína deixa
de ter a conformação normal. A
bactéria torna-se resistente.

-A mutação ocorre no gene mecA e
temos uma PBP-2a (é a proteína
modificada) não permite que se
ligue a meticilina. Criou resistência.

-A PBP da esquerda é “normal” o antibiótico consegue ligar-se

-A PBP da direita sofreu uma mutação, o antibiótico não se consegue ligar.

Jaime Oliveira 49
Streptococcus spp
Morfologia:
-São cocos de gram positivo

-Estão agrupados em diplococos ou em cadeia

Fisiologia:
-São anaeróbios facultativos (vivem bem na presença e na ausência de O2).

-Têm crescimento capnofílico: atmosfera com elevado teor de CO2

-Têm necessidades nutricionais complexas: os meios de cultura têm de ser enriquecidos com
soro ou com sangue.

-São catalase negativa! (é uma prova que diferencia entre estafilococos e estreptococos).

Classificação dos Streptococcus spp
-São classificados seguindo os seguintes parâmetros:

	 -Tipo de hemólise

	 -Classificação de Lancefield ou serológica: antigénios de superfície (hidratos de carbono 	
	 da parede celular).

	 -Espécies: testes bioquímicos ou sequenciação molecular

Tipos de hemólise:
- β-hemólise : completa

- ⍺-hemólise : incompleta

- γ-hemólise : sem hemólise

Classificação de Lancefield:
-Detetar os hidratos de carbono na parede
celular

-É especialmente utilizado em Streptococcus B-
hemolíticos dos grupos A, B, C, F e G.

-As bactérias são classificadas com letras. Um
estreptococo classificado com grupo A é
diferente do estreptococo classificado com o
grupo B.

-outros: identificação por testes bioquímicos.

Jaime Oliveira 50
-O grupo A tem apenas uma espécie: S. pyogens

-O grupo B tem apenas uma espécie: S. agalactiae

-O grupo C e G são B-hemolíticos mas não possuem nome de espécie

-O S. pneumoniae têm alfa-hemólise (não tem grupo de lancefield)

-O grupo D é um grupo heterogénio, engloba os Enterococcos e o Streptococcos bovis

-O grupo D são bactérias que geralmente nos nos colonizam, são oportonistas

Jaime Oliveira 51
Características Fisiológicas
-Streptococci piogénicos

	 -produtores de pus, a maioria são B-hemolíticos ( Os B-hemolíticos são maior parte dos
grupos de Lancefield)

-Streptococci produtores de ác. láctico

	 -Não hemolíticos (iogurtes…)

-Enterococci
	 -Flora do intestino humano, parte do género Enterococcus

-Streptococci do grupo viridans
	 -Não fazem parte dos grupos de Lancefield, flora do tracto respiratório superior.

Estreptococos com significados clínico:
Streptococcus Pyogenes
Características:
-Existem estirpes que comem carne
-São cocos gram +
-São B-hemolíticos
-É muito virulento. Pode ser combatido
com a penicilina.
-São os únicos do grupo A
Fatores de Virulência:
-Alguns possuem capsula,
que evita que eles sejam
fagocitados.
- T ê m a n t i g é n i o s , a
proteína M é característica
desta espécie.
- E l e s s e g r e g a m
estreptolisinas, que são
substâncias extracelulares,
são enzimas que lisam
glóbulos vermelhos
-Algumas estirpes sintetiza
determinados tipos de
toxinas que originam
c e r t a s i n f e ç õ e s
(ex:escarlatina).
Jaime Oliveira 52
Infecções por S. Pyogens
-Faringite
-Escarlatina

-Pioderma (impetigo)
-Erisipela

-Celulite

-Fascite necrosante

-Síndroma de choque tóxico

-Febre puerperal

-Pneumonia

-Infeções invasivas
-Febre reumática

-Glomerulonefrite aguda

estas duas são infeções
pós-estreptocócicas

-Normalmente a via de entrada é a zona da nasofaringe ou a pele.

-A disseminação pode ser feita através do sangue.

-Se a infeções não forem bem tratadas podem originar sequelas para a vida! Como febre
reumática e glomerulonefrite aguda.

Jaime Oliveira 53
Nota: Ignaz Semmelwis, foi um médico que verificou que os partos feito por
parteiras tinhas mais sucesso do que os partos feitos por médicos. Porque
os médicos também faziam autopsias em cadáveres e não lavavam as
mãos. As bactérias passavam do cadáver para a grávida. Elas morriam.

Este senhor foi o grande instigador da lavagem das mãos
Faringites:
-Geralmente são causadas por vírus .

-Têm um período de incubação de 1 a 4 dias.

-Causa dores, febre, dores de cabeça.

-Dura 3 a 5 dias.

-Uma faringite também pode ser causada por bactérias.
As faringites que são causadas por bactérias dão febre.
As faringites que são causadas por vírus não dão febre.

-Quando são bactérias forma-se pus. As placas de pus
são o indicador de uma infeção bacteriana.

-É contagiosa!

Escarlatina:
-É uma consequência da infeção da faringe

-Algumas estirpes produzem uma toxina que dá
origem a esta patologia.

-Escarlatina = vermelhidão

-As toxinas entram na circulação e aparecem
“rashes” vermelhas na pele 

-É mais comum em crianças

Febre Reumática:
-Complicação das infecções da faringe por S. pyogenes (não da pele).

-Sintomas aparecem 3 semanas depois da infeção.

-Envolvem processos inflamatórios nas articulações, pele, coração ou cérebro.

-Patogénese não está completamente esclarecida: processo auto-imune? anticorpos?

Glomerulonefrite Aguda:
-Podem ocorrer após uma infeção cutânea ou na faringe

-A Patogénese resulta de mecanismo imunológicos

-Deposição de complexos antigénio-anticorpo no glomérulo, causando inflamação e alteração
da função renal 

-Há uma inflamação ao nível do rim. 

-A bactéria tem antigénios, o nosso corpo produz antigénios. Os antigénios da bactéria são
semelhantes aos nossos, eles vão complexar.

Jaime Oliveira 54
Piodermas (ao nível da pele)
-Impetigo (também causado por S. aureus)

-Erisipela (aparece nos membros inferiores e na face)

-Celulite

-Infeções nas feridas

-Gangrena (necrose nos tecidos)

Fascite necrosante (“flesh eating bacteria”)
-Apena algumas estirpes têm esta capacidade.

-A bactéria faz uma invasão dos tecidos,
começam a produzir toxinas que vão necrosar os
tecidos.

-Deixa de haver músculo.

Síndroma do choque toxico:
-Após uma infecção inicial: faringite, peritonite, celulite, de feridas. Sintomas semelhantes aos do
SCT provocado por S. aureus. (SCT: diminuição PA, o sangue não chega aos orgãos)

-São toxinas que andam na circulação

Identificação:
-Fazer coloração de Gram

-Fazer cultura em gelose de sangue para se ver a B-hemólise

-É suscetível à bacitracina

-Tem uma enzima - a PYR - enzima L-pirrolidonil arilamidase 

-Teste ASO - Ac estreptolisina O (dão origem à B-hemólise)

-Teste andti-DNase

Tratamento:
-Sensivel à penicilina 

-Eritromicina ou cefalosporina oral-alergia à penicilina

-Infeções dos tecidos moles : recurso à cirurgia

-Antibiótico como profilaxia em doentes com febre reumática

Jaime Oliveira 55
Impetigo	 	 	 	 	 Celulite	 	 	 	 	 Erisipela
Choque tóxico: é provocado
por uma toxina

Choque sético: é provocado
por uma bactéria
Streptococcus Agalactiea:
-Pertence ao grupo B (é o único)

-É B-hemolitico

Fatores de Virulências:
-Capsula com ácido siálico (evitar a fagocitose)

-Hemolisinas (dão origem à B-hemolise)

-Tem o fator CAMP

-Hialuronidase, protese, Dnase

Teste do CAMP
-É um teste que diferencia o Streptococcus Agalactiea
dos outros estreptococos B-Hemolíticos.

-Os estreptococos que produzem o fator CAMP vão
aumentar a lise dos glóbulos vermelhos.

-A estria vertical é uma estria de Staphylococcus
aureus que é B-hemolítico.

-O estafilococos do grupo B ao produzirem o CAMP
vão ter uma hemólise mais forte, dai a sua seta ser
maior.

-Os estreptococos do grupo B vão produzir o fator CAMP que aumenta a lise dos GV pela B-
lisina estafilocócica. 

-A seta maior é a seta do estafilococos do grupo B.

Infecções:
-Mastite no gado

-Doença invasiva no recém-nascido 

-80% antes dos 7 dias: transmissão vertical (10-30% das mulheres
grávidas colonizadas na vagina ou zona perianal com Str. Grup B).

-Infecção associada a complicações do parto, prematuro

-Pneumonia ou meningite com bacteriémia

-Outras: após 1 semana a 3 meses depois do nascimento 

-Adultos é raro: mulheres doentes pós-parto ou com aborto
(endometrite e infeção de feridas) ou idosos imunodeprimidos 

Terapêutica:
-Utilizamos Penicilina

-São menos susceptíveis à penicilina em relação aos S. pyogens

-Geralmente fazemos uma combinação de ampicilina com um aminoglicosídeo

-Tem maior resistência aos antibióticos em relação ao S. Pyogens

Jaime Oliveira 56
Identificação:

-Hidrolisa o hipurato

-Produz CAMP
Streptococcus Pneumoniae:
Características:
-Agrupa-se em diplococos ou em curtas cadeias

-Têm capsula - é um fator de virulência

-São cocos, porém não são redondos. São mais ou menos
alongados.

-Podemos classificar estas bactérias de acordo com a capsula que
têm. 

-Os polissacarídeos da capsula são utilizados na classificação

serológica. (+ 80 serótipos)

Doenças:
-Pneumonia

-Sinusite

-Otite média

-Bacteriémia

-Meningite

Patogénese:
-Coloniza a nasofaringe de pessoas saudáveis (30%).

-O risco de desenvolvimento de pneumonia ocorre quando há fatores de risco: o sistema de
defesa muco-ciliar não é eficaz (causas: alcoolismo, má nutrição, infecção viral, diabetes, etc).

-A pneumonia pode não ser uma infeção primária.

-Em determinadas situações pode atingir pulmões, ouvido médio, coração ou transportado pelo
sangue até ao cérebro.

Colónias:
-Vamos inocular os estafilococos em gelose sangue.

-O tipo de hemólise é característico. É uma alfa hemólise. É uma
hemólise incompleta. O S. Pneumoniae tem uma enzima que vai
degradar a hemoglobina e dá um produto esverdeado.

-A enzima chama-se pneumolisina.

-As colónias são susceptíveis á optoquina (antibiótico). 

	 Nota: este antibiótico é de uso laboratorial apenas.

-Podemos utilizar o APIstrept.

Jaime Oliveira 57
Coloração para visualizar a capsula
(utilizando tinta da china)
Streptococcus do grupo Viridens:
Características:
-São todos oportunistas. Podem originar infeção.
-São bactérias que nos colonizam.
-É um grupo de bactérias. É um grupo heterogénio de estreptococos alfa e não-
hemolíticos
-Os estreptococos do grupo viridens colonizam a zona da nasofaringe, aparecem no
trato gastrointestinal, e trato genitourinário
-O S. mutans pode formar biofilmes. (Nota: um biofilme pode
ter várias bactérias)
-O S. mutans forma um biofilme = placa dentária.
-O S. mutans também causa as cáries.
-Se comer muito açúcar, as bactérias vão fermentar os açúcares
e vão formar ácidos. Os ácidos vão correr o esmalte do dente.
Temos um cárie.
-Com o tempo as bactérias podem chegar á raiz do dente.
Meio de cultura:
-Os estreptococos do grupo viridens são cultivados em gelose sangue: sangue com
5-10% CO2, por vezes com suplementado com piridoxal (vit. B6).
Infeções:
-Podem dar origem a Cáries, Endocardites, infecções intra-abdominais.
Tratamento:
-Penicilina com aminoglicosídeo ou cefalosporina de largo espectro, vancomicina

Jaime Oliveira 58
Streptococcus grupo D
Características:
-S. Bovis e S. Equinus
-Podem dar origem a cáries

-São patogénios oportonistas

Infeções:
-Endocardites

-Infeções urinárias

-Infeções em feridas e abcessos

-O S. Bovis no sangue tem uma relação com o desenvolvimento de tumores

Enterococcus spp
Características:
-Colonizam o intestino de humanos e de animais.
-E. faecalis, E. faecium. E. avium, E. durans são
oportunistas
-São resistentes ao antibióticos - importância do
antibiograma
-Aumento da resistencia à vancomicina
Resistência aos antibióticos:
-A avoparcina é utilizada nos animais, nas rações,
para que os animais cresçam mais rápido.
-Os animais com concentrações sub-inibitórias de
antibióticos que estão nas rações ficam gordos mais
rápido.
-Começou a aparecer resistência de enterococcos para a vancomicina (apenas
utilizado nas infeções por S.aureus penicilina resistentes).
-Isto acontece porque a avoparcina faz parte do mesmo grupo que a vancomicina.
São da mesma classe. Se eles são resistentes à avoparcina são também resistente à
vancomicina.
-Ao comer o animal, as bactérias desse animal podem colonizar-nos.
-Estas bactérias são muito resistentes aos antibióticos.
-Se esta resistência passa para o estafilococos aureus podemos ter graves
problemas, porque a vancomicina é a ultima linha de defesa contra as infeções
por S. aureus.
Jaime Oliveira 59
Neisseria spp:
Características gerais:
-Pertencem à família Neisseriaceae
-São diplococos (têm forma de rim / grão de café).

-São Gram negativos

-São imóveis e não esporulados

-Habitam as membranas mucosas do tracto urogenital e
respiratório de hospedeiros de sangue quente

-São Aeróbios (necessitam de oxigénio)

-São Oxidase positiva (há a produção de ácidos por oxidação dos hidratos de carbono).

-São Catalase positiva

-Crescem melhor em atmosfera húmida e com uma certa % de CO2 - são capnofílicos.

As espécies que são patogénicas para o homem são: Neisseria gonorrhoeae (DST) e
Neisseria meningitidis (meningites).

Fatores de virulência:
-Os fatores de virulência são mecanismos que fazem com
que as bactérias fiquem mais capazes de provocar doença.

-Possuem Cápsula - impede a fagocitose 

-Têm Pílis - permite uma melhor aderência às superfícies

-Têm proteínas na sua parede celular - PorA e PorB; Opa e
Rmp

-Têm lipooligossacarídeo (LOS) - é semelhante ao LPS mas
difere na região do oligassacárido.

Neisseria gonorrhoeae:
-É o agente etiológico da gonorreia. É uma doença sexualmente transmissível.

-Epidemiologicamente teve o seu tempo áureo nos anos 70, porém tem vindo a verificar-
se um decréscimo no séc. XXI

-A estirpe patogénica é a estirpe que tiver pílis.

-Na maioria dos casos é assimtomática (o indivíduo tem infeção mas não tem sintomas).

Jaime Oliveira 60
-Fatores de risco comportamentais:
.Relações sexuais sem preservativo
.Múltiplos parceiros
.Parceiros de elevado risco
.Uso de drogas
-Fatores de risco sociais: 

.Estado sócio-económico baixo

.Residência urbana
.Falta de educação
.Fraco acesso aos cuidados
básicos de saúde
.Raça/etnia
.Homossexualidade masculina
.Prostituição
.História de outras doenças
sexualmente transmissíveis
-No homem origina principalmente uretrites que se não forem tratadas podem originar
epidimites e prostatites.
-Na mulher origina endocervicites que se não forem tratadas podem originar a doença
pélvica inflamatória.
-A Neisseria gonorrhoeae pode encontrar-se noutros locais e originar:
-Gonorreia rectal
-Gonorreia faríngea
-Gonorreia conjuntival (gonorreia oftálmica neonatura)
-Gonorreia disseminada - bacteriémia
-O período de incubação da bactéria é de 1-3 dias.
Diagnóstico Laboratorial:
-Quando uma pessoa está infectada com N. gonorrhoeae forma-se um exsudado.
-Vamos fazer uma colheita deste exsudado com recurso a uma Zaragatoa de Dracon ou
de Rayon.
-As Zaragatoas (cotonetes gigantes) não podem ser de alginato porque essas inibem o
crescimento das Neisseria.
-No homem o exsudado é recolhido do pénis
com recurso de uma zaragatoa.
-Na mulher se não sair exsudado
temos de o recolher no endocervix.
Para tal temos de utilizar o espéculo.
Este objeto facilita a remoção do
exsudato. No entanto temos de ter
cuidado como vamos lubrificar o
espéculo porque o lubrificante pode
impedir o crescimento das Neisseria. É
recomendado passar por soro estéril
morno.
-As zaragatoas são guardadas sem refrigeração e têm de ser
analisadas até 6h após a colheita.
-As zaragatoas são transportadas com o meio de transporte de
Amies com carvão e meio de Stuart.
-Também existem meios de transporte com meios de cultura,
em que inoculamos logo com a zaragatoa o meio (JEMBEC,
InTray GC, Gono-Pak) e depois passamos com a ansa. Estes
meios têm uma fonte de produção de CO2.
Jaime Oliveira 61
-Quando a amostra chega ao laboratório vamos fazer um exame microscópico direto,
vamos fazer uma coloração de gram e vamos ver a morfologia das bactérias.
-No microscópio vou ver diplococos gram negativo intracelulares.
-Se no homem sintomático observar um gram com estas características podemos afirmar
que temos 95% de evidencias para que seja uma gonorreia. Para a mulher o mesmo não
se confirma. Precisamos de fazer uma confirmação no meio de cultura.
Cultura:
-Nas zonas de recolha de amostra temos
zonas onde habitam bactérias que pertencem
à nossa flora bacteriana! Elas vão atrapalhar
no diagnóstico.
-Temos de utilizar meios de isolamento para
isolar apenas as bactérias do género
Neisseria.
-Vou utilizar um meio base que é o meio de
gelose de chocolate ao qual vou adicionar
fatores de crescimento e vou adicionar
antibióticos (eles vão inibir o crescimento das
bactérias que não me interessam).
-Podemos utilizar vários meios como Thayer-Martin modificado, Martin Lewis, New York
City, Gelose de Chocolate +.
-Os meios estão armazenados a 4ºC, temos de os por à temperatura ambiente para evitar
o choque térmico!!
-Vamos incubar estes meios com 3-7% de CO2, a 35ºC, durante 24, 48, 72 horas.
-O CO2 pode vir, por exemplo, pela técnica da vela. (simples e barato).
-Vamos observar as culturas passados 24H, 48H e 72H. Se não houver crescimento
devemos manter as colónias mais 2 dias na estufa. Se não crescer após 2 dias podemos
dar o resultado como negativo.
Jaime Oliveira 62
Colónias:
-São pequenas, brilhantes,
acizentadas e sem hemólise.
Identificação:
-Antes de fazer as provas bioquímicas devemos passar as colónias para uma gelose
chocolate sem inibidores. A gelose anterior tinha muitos antibióticos.

-Testes a realizar: (estes testes dão-me uma identificação presuntiva)

	 -Coloração de gram

	 -Teste da oxidase

	 -Teste de catalase

-Tenho de ver diplococos gram negativo intracelulares, e a prova da oxidase e catalase
têm de dar positivo.

-Posso também realizar:

	 -Teste de acidificação dos hidratos de carbono 

	 -Teste de imunofluorescência direta

	 -Testes comercias (RapID NH, Vitek NHI, API NH)

	 -Técnicas moleculares 

Susceptibilidade aos antimicrobianos:
-A penicilina era o agente de eleição, porém ao longo do tempo tem se vindo a verificar
um aumento da resistência.

-Temos de fazer o teste do nitrocefin para ver se existem B-
lactamases. 

-Se existirem B-lactamases não podemos dar penicilina porque
ela não vai atuar.

-Devemos tambem fazer testes de susceptibilidade como o
método de difusão em disco, E-test e diluição em agar.

Agentes antimicrobianos: penicilina, cefalosporinas de espectro alargado, tetraciclina,
fluoroquinolona, azitromicina. 

Prevenção:
-Educação Sexual

-Rastreio de casos assintomáticos em indivíduos com comportamentos de risco

-Rastreio e diagnóstico dos parceiros sexuais

Jaime Oliveira 63
Neisseria meningitidis:
-Pode aparecer na flora normal da orofaringe e nasofaringe.

-Pode provocar:

	 -Meningite purulenta - é a mais frequente

	 -Bacteriémia	 

	 -Sepsia (25% de mortalidade)

-O polissacarídeo da capsula é o fator de virulência mais importante. 

-13 serogrupos são identificados a partir do polissacarídeo da cápsula. 

-Os mais infecciosos são o tipo A, B, C, Y e W135.

-Epidemiologicamente 3-30% dos indíviduos saudáveis são portadores de meningococos
na flora nasofaríngica. 

-É transmissível por aerossóis, por inalação das gotas respiratória aerossolizadas.

-Existem vários fatores que favorecem a transmissão como:

	 -Populações fechadas (infantários, quarteis, lares)

	 -Contacto direto com pessoas infectadas (aconselhado tratamento profilático)

	 -Susceptibilidade do hospedeiro.

Diagnóstico laboratorial:
-Vamos utilizar como amostras:

	 -LCR- líquido cefalorraquídeo 

	 -Sangue

-Estas são as amostras mais comuns. (nota: numa pessoa saudável é de esperar que
estes líquido sejam estéreis).

-Fazemos a recolha da nossa amostra com recurso a Zaragatoas nasofaríngieas ou
orofaríngeas. Utilizamos também os aspirados.

Exames microscópico:
-Vamos fazer uma coloração gram para ver a morfologia. A
coloração de gram deve incluir a quantificação de
polimorfonucleares (leucócitos). 

-Na preparação espero ver diplococos gram - nos quais
podemos ver um halo à sua volta. Eles são capsulados (para
melhor visualizar a capsula fazemos uma coloração com
tinta da china).

-Se na cultura tiver muitas bactérias e poucos leucócitos o
prognóstico é mau, se tiver poucas bactérias e muitos
leucócitos o prognóstico é bom.

Cultura:
-Quando se tratam de amostras de sangue e de LCR (são amostras estéreis apenas vão
conter a bactéria que estiver a provocar a infeção), vão ser incubadas em gelose sangue
ou gelose chocolate.

-As outras amostras podem conter bactérias que fazem parte da microbiota normal,
então tenho de utilizar meios seletivos, que são hayer-Martin modificado, Martin Lewis,
New York City, Gelose de Chocolate +.

Jaime Oliveira 64
-Vão ser incubados a 5-7% de CO2, a 35ºC durante 24, 48, 72 horas.

Colónias:
-Se tiverem capsula formam muco.

-No geral, as colónias da N. meningitidis são maiores do que as colónias da N.
gonorrhoeae.

Identificação:
-São oxidase positiva

-São catalase positiva, mas menos energéticas do que a N. gonorrhoeae

-Podemos utilizar sistemas comerciais.



-Podemos fazer o agrupamento serológico com Anti-soro
anti-meningococo

Prevenção:
-Há vacinas contra o serótipo A, C, Y e W135

-Aos 12 meses as crianças levam a vacina contra o serótipo C (MenC). Podem sofrer
infeções dos outros serótipos.

Susceptibilidade aos antimicrobianos:
-O fármaco de eleição para a meningite é a Penicilina G.

-É necessário fazer o teste do nitrocefin para ver se a bactéria possui ou não B-hemólise.

-Alternativas: cefalosporinas de espectro alargado, tetraciclinas, fluoroquinolonas.

Jaime Oliveira 65
Gelose sangue

	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 Gelose chocolate
-É recomendado fazer micro ou macro diluições dos antibióticos.

	 -Microdiluição em caldo Mueller-Hinton suplementado de 2 a 5% de sangue de
cavalo lisado e catiões. 

	 -Diluição em agar em Mueller-Hinton com 5% de sangue de ovelha desfibrinado 

	 -E-Test

Haemophilus
-Existem várias espécies dentro do género Haemophilus
-Fazem parte da flora bacteriana normal do tracto respiratório superior do Homem.

-Muitos dos membros deste género não são patogénicos ou produzem infeções
oportunistas.

-As espécies mais patogénicas são:

	 -H. influenzae que dá várias infeções no tracto respiratório

	 -H. influenzae biogrupo aegyptus que dá conjuntivites nas crianças (em especial
nos recém nascidos, pode levar à morte).

	 -H. ducreyi que é o agente etiológico do cancroide que é uma doença sexualmente
transmissível.

Características:
-São bacilos ou cocobacilos gram negativo.

-São pleomórficos (na amostra tanto podem
aparecer bacilos como cocobacilos).

-São imóveis.

-São aeróbios ou anaeróbios facultativos.

-São fermentadores dos hidratos de carbono,
produzem ácidos.

-São oxidase positiva

-São catalase positiva

-Reduzem os nitratos a nitritos - são nitratase positiva

-São parasitas obrigatórios das membranas mucosas do homem.

Haemophilus influenzae
Fatores de virulências:
-O principal fator de virulência é a cápsula.

	 -Existem 6 serótipos (a, b, c, d, e, f) baseados nos polissacarídeos capsulares

-São dotados de pílis - promove a sua aderência

-Tem proteases do tipo IgA

-Têm Lipooligossacarídeo (LOS) e proteínas da membrana exterior

Jaime Oliveira 66
-O H. influenzae capsulado, serótipo b causa
doenças invasivas. Esta bactéria habita nas nossas
mucosas. É responsável meningite, epiglote, artrite
e celulite. Estas infeções são mais comuns em
crianças.

-O H. influnzae não capsulado causa doenças
não invasivas como a pneumonia e a sinosite.
Especialmente em adultos.

Vacinação
-A partir de 2006 os recém nascidos são vacinados contra o H. influenzae tipo b.

2 meses-1ª dose; 4meses-2ª dose; 6 meses-3ª dose; 18 meses-4ª dose

Haemophilus ducreyi
-Agente etiológico do cancroide (cancro mole) que é uma DST

-Tem um período de incubação de 4-14 dias

-Começa com uma pápula inicial que se transforma em uma úlcera dolorosa, com orla
inflamada.

-Os sítios mais comuns desta infeção são o pénis, a vagina e os lábios vaginais.

-A nível do diagnóstico laboratorial devemos fazer um Gram e uma cultura do exsudado
da úlcera 

Haemophilus influenzae biogrupo aegyptus
-É um oportunista

-Está presente nas doenças pediátricas

-Pode originar conjuntivites seguidas de febre acompanhadas de vómito e dor
abdominal. Poderá ser fatal.

Diagnóstico laboratorial:
-As amostras biológicas mais comuns são:

	 -Sangue

	 -LCR (líquido cefalorraquidiano)

	 -Exsudados do ouvido médio

	 -Líquido de articulações

	 -Expectoração

	 -Zaragatoas das conjuntivas

	 -Zaragatoas vaginais

	 -Drenagem de abcessos

-Para fazer o diagnóstico de infeções do trato respiratório inferior em vez de utilizarmos a
expectoração devemos utilizar lavagens brônquicas ou aspiração traqueal.

-As espécies Haemophilus morrem rapidamente! O transporte e processamento das
amostras tem de ser rápido.

Jaime Oliveira 67
Processamento Laboratorial:
-Para dar um diagnóstico bacteriológico correcto devemos fazer exames diretos, exames
culturais, exigência em fatores X e V e ter em conta os dados clínicos mais relevantes.

-Em caso de dúvida, a diferenciação mais completa das espécies de Haemophilus pode
ser feita por micrométodos.

-Após a identificação devemos fazer o antibiograma e a pesquisa de B-lactamases (teste
do nitrocefim).

Exame direto:
-Fazemos uma coloração gram. Esperamos ver
pequenos cocobacilos de Gram negativo.

-Quando fazemos uma observação microscópica do
LCR é muito importante o diagnóstico presuntivo de
meningite por H. influenzae.

-Os produtos biológicos com flora bacteriana rica tem
uma exame direto com menor importância para o
diagnóstico. Por exemplo, na expectoração temos
haemophilus no trato respiratório superior, não
conseguimos distinguir o que está a causar a infeção. Ou
seja, produtos que tenham bactérias do trato respiratório superior dão um exame com
menor importância porque ele está contaminado com bactérias da nossa flora,
dificultando o diagnóstico.

Culturas
-As amostras clínicas são inoculadas em:

	 -gelose de Sangue

	 -gelose de Chocolate

	 -gelose de MacConkey

-Vão para a incubadora a 37ºC durante 18/24H com
5-10% de CO2.

-Haemophilus não cresce em MacConkey e em gelose
Sangue cresce mal ou não cresce.

-As colónias em gelose chocolate são translúcidas, lisas,
convexas com aspeto húmido. As colónias são muito
redondas porque são imóveis.

-As colónias do H. influenzae são mais cinzentas, as
estirpes capsuladas apresentam colónias maiores e mais
mucosas. 

-Colónias com capsulas são mais mucosas. 

Identificação Laboratorial:
-Os Haemophilus para crescerem precisam de fatores de crescimento:

	 -Fator X (Hemina)

	 -Fator V (NAD-Nicotinamida adenina dinucleótido)

Jaime Oliveira 68
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas
Bacteriologia e análises bacteriológicas

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculosecipasap
 
ICSA32 - História da vacinologia
ICSA32 - História da vacinologiaICSA32 - História da vacinologia
ICSA32 - História da vacinologiaRicardo Portela
 
Imunidade nas mucosas e secreções
Imunidade nas mucosas e secreçõesImunidade nas mucosas e secreções
Imunidade nas mucosas e secreçõesLABIMUNO UFBA
 
Sistema imunitário ppt
Sistema imunitário pptSistema imunitário ppt
Sistema imunitário pptanabela
 
Aula 1 conceitos gerais de parasitologia
Aula 1 conceitos gerais de parasitologiaAula 1 conceitos gerais de parasitologia
Aula 1 conceitos gerais de parasitologiaAdila Trubat
 
Pneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICID
Pneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICIDPneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICID
Pneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICIDLiga De Pediatria Med Unicid
 
Aula citologia 2011 2
Aula citologia 2011 2Aula citologia 2011 2
Aula citologia 2011 2Odonto ufrj
 
HTLV - Vírus linfotrópico de células T humano
HTLV - Vírus linfotrópico de células T humanoHTLV - Vírus linfotrópico de células T humano
HTLV - Vírus linfotrópico de células T humanoJuliana Carvalho
 
Fungos e biossegurança
Fungos e biossegurançaFungos e biossegurança
Fungos e biossegurançaRenato Santos
 
Protozoários - Parasitologia
Protozoários - ParasitologiaProtozoários - Parasitologia
Protozoários - ParasitologiaRaphael Machado
 
Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016
Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016
Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016Jaqueline Almeida
 

Mais procurados (20)

Sistema imune
Sistema imuneSistema imune
Sistema imune
 
Tuberculose
TuberculoseTuberculose
Tuberculose
 
Imunidade Inata
Imunidade InataImunidade Inata
Imunidade Inata
 
Autoimunidade
AutoimunidadeAutoimunidade
Autoimunidade
 
Parasitologia
ParasitologiaParasitologia
Parasitologia
 
ICSA32 - História da vacinologia
ICSA32 - História da vacinologiaICSA32 - História da vacinologia
ICSA32 - História da vacinologia
 
Imunidade nas mucosas e secreções
Imunidade nas mucosas e secreçõesImunidade nas mucosas e secreções
Imunidade nas mucosas e secreções
 
Sistema imunitário ppt
Sistema imunitário pptSistema imunitário ppt
Sistema imunitário ppt
 
Sistema Imunitário
Sistema ImunitárioSistema Imunitário
Sistema Imunitário
 
ICSA17 - Tolerância
ICSA17 - TolerânciaICSA17 - Tolerância
ICSA17 - Tolerância
 
Aula 1 conceitos gerais de parasitologia
Aula 1 conceitos gerais de parasitologiaAula 1 conceitos gerais de parasitologia
Aula 1 conceitos gerais de parasitologia
 
Pneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICID
Pneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICIDPneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICID
Pneumonias na Infância - Liga de Pediatria UNICID
 
Aula citologia 2011 2
Aula citologia 2011 2Aula citologia 2011 2
Aula citologia 2011 2
 
Microbiologia modulo1
Microbiologia modulo1Microbiologia modulo1
Microbiologia modulo1
 
HTLV - Vírus linfotrópico de células T humano
HTLV - Vírus linfotrópico de células T humanoHTLV - Vírus linfotrópico de células T humano
HTLV - Vírus linfotrópico de células T humano
 
Fungos e biossegurança
Fungos e biossegurançaFungos e biossegurança
Fungos e biossegurança
 
Protozoários - Parasitologia
Protozoários - ParasitologiaProtozoários - Parasitologia
Protozoários - Parasitologia
 
Imunologia
ImunologiaImunologia
Imunologia
 
3 monitorização
3 monitorização3 monitorização
3 monitorização
 
Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016
Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016
Aula de Parasitologia do dia: 08.09.2016
 

Semelhante a Bacteriologia e análises bacteriológicas

Trabalhoooocnjana
TrabalhoooocnjanaTrabalhoooocnjana
TrabalhoooocnjanaCarla Gomes
 
Trabalhoooocnjana
TrabalhoooocnjanaTrabalhoooocnjana
TrabalhoooocnjanaCarla Gomes
 
Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530Jerson Dos Santos
 
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptxMicrorganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptxMaria Céu Santos
 
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptxMicrorganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptxMaria Céu Santos
 
Sara, miriam e vivi (2)
Sara, miriam e vivi (2)Sara, miriam e vivi (2)
Sara, miriam e vivi (2)Carla Gomes
 
Biossegurança
BiossegurançaBiossegurança
Biossegurançaclinicansl
 
aula inicial sobre oque é Microbiologia
aula inicial sobre oque é  Microbiologiaaula inicial sobre oque é  Microbiologia
aula inicial sobre oque é Microbiologiapaulovitormacedo1
 
Parasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissão
Parasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissãoParasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissão
Parasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissãoIsadoraPereira32
 
Microbiologia Geral - Microbiota Normal
Microbiologia Geral - Microbiota NormalMicrobiologia Geral - Microbiota Normal
Microbiologia Geral - Microbiota NormalMICROBIOLOGIA-CSL-UFSJ
 
Apostila biologia
Apostila biologiaApostila biologia
Apostila biologiacicoutinho
 
Resumo sobre seres microscópicos
Resumo sobre seres microscópicosResumo sobre seres microscópicos
Resumo sobre seres microscópicosladyacp
 
AULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEM
AULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEMAULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEM
AULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEMizabellinurse
 

Semelhante a Bacteriologia e análises bacteriológicas (20)

Trabalhoooocnjana
TrabalhoooocnjanaTrabalhoooocnjana
Trabalhoooocnjana
 
Trabalhoooocnjana
TrabalhoooocnjanaTrabalhoooocnjana
Trabalhoooocnjana
 
Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530
 
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptxMicrorganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptx
 
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptxMicrorganismos_João Couto_6º CF.pptx
Microrganismos_João Couto_6º CF.pptx
 
Sara, miriam e vivi (2)
Sara, miriam e vivi (2)Sara, miriam e vivi (2)
Sara, miriam e vivi (2)
 
Biossegurança
BiossegurançaBiossegurança
Biossegurança
 
Vírus e reino monera
Vírus e reino moneraVírus e reino monera
Vírus e reino monera
 
aula inicial sobre oque é Microbiologia
aula inicial sobre oque é  Microbiologiaaula inicial sobre oque é  Microbiologia
aula inicial sobre oque é Microbiologia
 
Parasitologia.pptx
Parasitologia.pptxParasitologia.pptx
Parasitologia.pptx
 
Parasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissão
Parasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissãoParasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissão
Parasitologia. O que é, parasitas e formas de transmissão
 
Microrganismos
MicrorganismosMicrorganismos
Microrganismos
 
Trab de biologia
Trab de biologiaTrab de biologia
Trab de biologia
 
Microbiologia Geral - Microbiota Normal
Microbiologia Geral - Microbiota NormalMicrobiologia Geral - Microbiota Normal
Microbiologia Geral - Microbiota Normal
 
Biologia aula 1
Biologia aula 1Biologia aula 1
Biologia aula 1
 
Biologia aula 1
Biologia aula 1Biologia aula 1
Biologia aula 1
 
Apostila biologia
Apostila biologiaApostila biologia
Apostila biologia
 
Resumo sobre seres microscópicos
Resumo sobre seres microscópicosResumo sobre seres microscópicos
Resumo sobre seres microscópicos
 
Os microorganismos
Os microorganismosOs microorganismos
Os microorganismos
 
AULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEM
AULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEMAULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEM
AULA 3 MICROBIOLOGIA DA AREA DA ENFERMAGEM
 

Último

Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfzsasukehdowna
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeLviaResende3
 
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxNR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxWilliamPratesMoreira
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagemvaniceandrade1
 
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDECULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDEErikajosiane
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxEmanuellaFreitasDiog
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Eventowisdombrazil
 
Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.EndrewAcacio
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadojosianeavila3
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...kassiasilva1571
 
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfGuia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfVeronicaMauchle
 
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARdispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARBelinha Donatti
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologiaprofdeniseismarsi
 
Cosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislaçãoCosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislaçãos62vfyjhrm
 
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptxpatrcialibreloto
 

Último (15)

Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
 
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxNR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
 
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDECULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
CULMINANCIA DA ELETIVA BEM ESTAR E SAUDE
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
 
Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.Atlas de parasitologia clínica e médica.
Atlas de parasitologia clínica e médica.
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
 
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdfGuia Haihua para operação em acupuntura .pdf
Guia Haihua para operação em acupuntura .pdf
 
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARdispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
 
Cosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislaçãoCosmetologia estética - Definições, legislação
Cosmetologia estética - Definições, legislação
 
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
 

Bacteriologia e análises bacteriológicas

  • 1. Bacteriologia e Análises Bacteriológicas Noção de Bacteriologia: -Microbiota normal: Tem um papel de proteção. Tem uma natureza dinâmica. São as bactérias que vivem em conjunto com o ser humano (ex: flora intestinal/microbiota intestinal). -Colonização: O nosso sistema Imune permite que as bactérias nos colonizem sem que haja uma resposta imune. As bactérias são importantes para a nossa saúde, mas podem ser oportunistas! Jaime Oliveira 1 Jaime Oliveira Colónias • Existem na pele onde predominam as bactérias gram + (têm mais peptidoglicano). • As bactérias gram - são mais susceptíveis ao meio ambiente. • Exemplos bactérias: staphylococci, micrococci, diphtheroids • Existem na boca e nas vias respiratórias superiores tanto bactérias gram - como bactérias gram +. • Exemplos de bactérias: Neisseria, Bordetella, Corynebacterium, Streptococcus spp. • Existem no tracto gastrointestinal em especial as enterobactérias. • Exemplos de bactérias: E. coli, anaeróbios, enterococos, enterobactérias • Existem na uretra e na vagina. • Na vagina temos lactobacilos que vão fermentar a glucose e vão originar ácido que vai diminuir o pH prevenindo a infeção por outras bactérias. • No microscópio visualizar uma amostra de conteúdo vaginal com muitos bacilos gram - e poucos bacilos gram + a pessoa pode ter uma infeção. • Se houver um desequilíbrio, uma levedura, como a candida albicans pode dar origem a uma candidiase. • A candida albicans existe em todas as vaginas, no entanto só vai proliferar e causar infeção se houver uma desregulação.
  • 2. O corpo humana tem 10x mais células bacterianas do que células humanas!! Infecção Bacteriana: 1) Agente etiológico: - É o agente que causa a infeção. - Temos de isolar e identificar o agente patogénico e ver a sua susceptibilidade a agentes antimicrobianos (ex: antibióticos). -Patogenecidade: - É a capacidade de um agente provocar doença. - O potencial patogénico de um microorganismo depende do seu número, da virulência, da natureza e magnitude das defesas do hospedeiro. -Estirpe: - Dentro de uma espécie de bactérias temos várias estirpes. - As várias estirpes de bactérias expressam certas características fenotípicas que são diferentes consoante a estirpe em questão. Os antibióticos apenas atuam nas bactérias!! Eles não atuam nas leveduras, para tal é necessário utilizar um anti-fúngico! Nem atuam nas toxinas! 2) Reservatório: - É o local onde a bactéria vive e a partir do qual pode haver infeção. - O reservatório da bactéria pode ser em humanos, animais, ou o meio ambiente. Jaime Oliveira 2 Virulência: cada bactéria tem factores de virulência, tem mecanismos para causar virulência no hospedeiro, é a capacidade quantitativa de causar doença. As defesas do hospedeiro depende por exemplo da idade do indivíduo, uma pessoa com 25 anos tem um sistema imune diferente de uma pessoa com 80 anos. Uma espécie é definida por uma série de genes conservados - housekeeping genes Primário: -Os patogénios primários causam sempre uma doença. -Mycobacterium tuberculosis - tuberculose -E. coli O157:H7 - estirpe muito infecciosa -Salmonella typhi - febre tifóide (habita na vesícula) Oportunistas: -Aproveitam-se da situação. -A E. coli no intestino não provoca nenhuma doença, no entanto se conseguir ir para a bexiga dá lugar a uma infeção. Patogénio
  • 3. Reservatório Vs Fonte da infecção: - Em alguns casos os locais são diferentes. - Neisseriae gonorrhoaea: O reservatório e fonte de infecção são os mesmos, o corpo humano. - Salmonella typhi: O reservatório é o corpo humano, a fonte da infecção são alimentos ou água contaminados com fezes humanas. Características da doença infecciosa: - Doença infecciosa: a amplitude da infeção vai depender da virulência do microorganismo e do estado imunológico do passageiro. - Curso da doenças: - Período de incubação (não há sinais nem sintomas) - Doença (há sinais e sintomas) - Convalescença (período de tempo em que a pessoa não está curada mas está a recuperar) O indivíduo como portador: - Assintomático, aparentemente está saudável - Ativo, com sinais e sintomas - Durante o período de incubação (SIDA) - Convalescente, normalmente não há transmissão com excepção da difteria - Portadores Crónicos, transportam a bactéria mas não têm sintomas - Passivo: contaminado, mas não está infectado Jaime Oliveira 3 Sinal: Mudança objetiva no corpo notada pelo observador: febre, abcessos, anticorpos no soro Sintoma: Evidência subjectiva da doença sentida pelo doente Sinal + Sintoma = Síndrome
  • 4. Animais como reservatórios: - O tracto gastrointestinal das aves tem Campylobacter sp. e Salmonella sp. - O campylobacter habita no intestino dos animais. Quando eles são pequenos podem estar infectados por esta bactéria e ter a doença, depois crescem e passam a ser portadores crónicos. - As zoonoses são doenças infecciosas de animais infectados por bactérias que são transmitidas ao ser humano. - A tuberculose, a brucelose e a salmonelose são exemplos de zoonoses. Ambiente como reservatório: - O clostridium botulinum provoca o botulismo, e o clostridium tetani que provoca tétano são anaeróbios estritos e formam esporos de resistência. - Os esporos bacterianos são formas de resistência encontrados no solo e podem ficar anos no meio ambiente (por vezes até 30 anos!!!) Botulismo: - Uma toxina do clostridium botulinum provoca o botulismo. O clostridium botulinum é uma bactéria gram +, anaeróbica que consegue criar esporos de resistência que aguentam no meio ambiente cerca de 30 anos! Os esporos são muito resistente ao stress ambiental como o calor e a radiação UV. Quando existirem condições propicias os esporos vão-se dividir. - Quando as latas das conservas são fechadas, não há oxigénio, é um meio anaeróbio. Se houver uma contaminação com esporos do clostridium ele pode crescer livremente. O seu metabolismo leva à formação de gás! Dai não se poder comer latas que tenham uma “barriga”. - O clostridium botulinum sintetiza uma toxina que atua nas terminações nervosas que promove a paralisia muscular, fazendo com que os músculo não contraiam. - A intoxicação não é tratada com antibiótico!! O que está a causar a doença é um toxina que é uma proteína, temos de utilizar um soro anti proteína. - Trata-se de uma intoxicação alimentar quando a bactéria produz uma toxina e nos ingerimos essa toxina. - Como os músculos não vão contrair podemos utilizar isto a nosso favor - cirurgia estética! Utilizamos o Botox - deixamos de ter rugas. Jaime Oliveira 4 • Os animais podem estar infectados com mycobacterium bovis • Não podemos comer gemada, nem queijo não pasteurizado! • A brucelose é causada por uma bactéria do género brucela. • Nos animais provoca o aborto. • É uma bactéria intracelular. • Pode originar dores nas articulações (mesmo muitos anos após ter sido infetado) • Pode ocorrer devido à ingestão de alimentos contaminados pelas fezes de animais. • Por exemplo ovos, carne…
  • 5. Tétano: - O clostridium tetani é um bacilo que entra através de uma ferida e produz uma toxina. - Esta toxina atua no sistema nervoso e provoca a contração muito forte dos músculos, o que provoca rigidez muscular em todo o corpo, dificuldade em abrir a boca e engolir. A contração muscular pode afetar os músculos respiratórios e colocar em risco a vida da pessoa. - O tétano pode ser transmitido por via acidental (por penetração de esporos anaeróbicos na pele e mucosas, por contacto com fezes, terra, água putrefactas, instrumentos enferrujados…) e por via neonatal (os objectos utilizados para cortar o cordão umbilical podem estar contaminados). 3) Portas de Saída - Tractos intestinal, fezes (ex:vibtio cholerae) - Saliva, ar (tosse, espirro), vírus respiratórios (ex:Mycobacterium tuberculosis) - Pele (ex: Staphylococcus aureus) - Patogénios genitais: sémen, secreções vaginais 4) Como se transmite? 4.1) Pelo ar: - Espirros - Tosse - Vocalização - Partículas de pó Jaime Oliveira 5
  • 6. 4.2) Por contacto direto: - Implica uma interação física com a fonte infecciosa - Relações sexuais (DST) - Secreções orais (saliva, beijos) - Lesões do corpo (herpes e bolhas) - Mães a amamentar (infeção por estafilococos) - Através da placenta (SIDA, sífilis) - transmissão vertical (pais para os filhos) 4.3) Por veículos / fómites: - Veículos de transmissão: água e alimentos - Fómites: são objetos que transmitem as doenças como a roupa da cama, copos, etc 4.4) Por vectores: - Carraças / Moscas / Mosquitos / Pulgas - O tifo vem da pulga dos ratos, a peste vem da pulga dos roedores, a doença de lyme vem da carraça. - Os vetores biológicos necessitam de passar pelo animal para completar o seu ciclo de vida. Por exemplo a malária tem de passar pelo mosquito. - Os vetores mecânicos são por exemplo a mosca pousa em fezes e depois vai a alimentos nossos e anda lá por cima, contaminando-os. 5) Portas de entrada - Vias de entrada são os orifícios do corpo humano por exemplo a pele danificada é uma via de entrada, uma ferida é uma via de entrada. - A infeção depende do microorganismo e da via de entrada. - A via de entrada é muito importante no desenvolvimentos e disseminação da doença, por exemplo na peste bubónica quando a pulga nos infeta ela deita toxinas para o sistema circulatório, não é transmissível, no entanto na peste pneumónica pode chegar aos pulmões, passa a ser contagiável. 6) Saída do agente patogénico do hospedeiro - Passiva: sai nas fezes, na urina, nas células de descamação - Activa: através de parasitas Processo infeccioso: - Aderência - Colonização - Invasão de células e tecidos - Produção de toxinas Factores de virulência: - Exotoxinas - Capsula - Enzimas virulentas - Pili - Proteínas ligadoras de Ferro Jaime Oliveira 6
  • 7. Identificação Bacteriana: Classificação: É o processo de agrupar os organismos em grupos similares ou relacionados de forma a ser mais fácil identificá-los ou estudá-los Identificação: É o processo de caracterizar um isolado de forma a inclui-lo num dado grupo (taxon) Classificação de procariotas: - Bactérias filamentosas (Actinomycetes) - Bactérias verdadeiras (cocos e bacilos gram + e gram -) - Espiroquetas - forma espiral - Micoplasma - não tem parede celular - Rickettsiae e Clamydiae - Intracelulares, possuem um ciclo celular estranho • Os Bacilos gram - estão associados a infeção, em especial a família Enterobacteriaceae, e também bacilos não fermentadores. • Os Cocos gram + estão associados a infeção, em especial o Staphylococcus spp. e o Streptococcus spp. Identificação: Vamos investigar as características fenotípicas, tais como: • Morfologia microscópica: forma, tamanho, reação ao gram (reação tinturial, indica o tipo de parede celular). • Capacidades metabólicas, onde vamos avaliar o produto da reação. • Serologia, utilizada para bactérias cujo crescimento não é fácil no laboratório. • Análise de ácidos gordos, é feita por cromatografia, porém não é muito utilizada. Vamos investigar as características genotípicas, tais como: • Sondas de ácidos nucleicos que detectam sequências específicas de uma dada bactéria. • Amplificar sequências específicas de DNA por PCR. • Sequenciar genes de rRNA Características fenotípicas: - Amostra (geralmente é polimicrobiana) - Isolamento (isolamento + coloração) tem o objetivo de identificar os microorganismos de modo a escolher os meios de cultura. - Identificação através de testes bioquímicos. Jaime Oliveira 7 -A identificação das características genotípicas é menos utilizada, é uma caracterização por meios moleculares que é útil quando a bactéria cresce muito pouco (o bacilo da tuberculose pode demorar até 60 dias para começar a crescer). -Na amplificação de sequências, vamos amplificar uma zona conservada de genes, que é uma zona não susceptível a mutações. Se a bactéria tiver uma mutação nessa zona, ela não consegue sobreviver.
  • 8. Identificação fenotípica: - Características da cultura: temos de ter em conta o meio de cultura que vamos utilizar, temos de ver se o meio vai ser seletivo ou não. - Um meio de isolamento / seletivo é um meio no qual algumas bactérias crescem e outras não. - Nestes meios de cultura vamos observar as colónias relativamente ao seu tamanho, aspecto, forma, cor Observação de colónias: Jaime Oliveira 8
  • 9. - O Mycobacterium tuberculosis é o bacilo da tuberculose, as suas colónias parecem uma couve-flor. -A Klebsiella pneumoniae têm um aspeto muito mucoso que é característico de bactérias que têm cápsula. Jaime Oliveira 9
  • 10. Testes Bioquímicos: - Identificação com base numa chave dicotómica - Testes comerciais - Automatização Características metabólicas de identificação das Enterobacteriaceae: - TODAS fermentam a glucose - TODAS reduzem os nitratos a nitritos - NENHUMA produz o citocromo-oxidase A- Fermentação de Hidratos de Carbono: - A glicólise transforma a glicose em ácido pirúvico, que vai baixar o pH do meio! Vai haver uma viragem de pH que pode ser detetada com um indicador de pH. - O pH de um meio de cultura normal ronda os 7. - Num meio vou colocar um açúcar, uma bactéria e um indicador de pH, se a bactéria utilizar esse açúcar o meio fica mais ácido o que origina uma mudança de cor no indicador! - A fermentação do açúcar é dada pela viragem de cor do meio (detetada pelo indicador). Fermentação da glicose e da lactose: Meio de Kligler - É um meio semi-inclinado - Este meio é constituído por 1g de glicose e 10g de lactose. - Vamos avaliar se a bactéria fermenta os dois açúcares ou se fermenta apenas um dos açúcares. - Para a bactéria fermentar a lactose tem de ter enzimas que destruam a sua ligação visto que a lactose = glucose + galactose. - O indicador deste meio é o vermelho de fenol. (ácido=amarelo, básico=vermelho) - Contém citrato férrico amoniacal e tiossulfato de sódio.(substratos para provas). Jaime Oliveira 10 -Pode ser qualquer açúcar porque ele vai ser transformado em glicose que depois segue a via glicolítica Glicólise
  • 11. Leitura no meio de Kligler: - Fermentação da glucose - Fermentação da lactose - Fermentação de H2S (tiossulfato redutase) - Formação de gás (CO2 e H2) TUBO 1: Todo o tubo está vermelho. A lactose e a glucose não foram fermentadas porque não houve viragem na cor do indicador do meio. Então podemos concluir que a bactéria inoculada no tubo 1 não é da família das Enterobacteriaceae porque não fermenta a glucose. TUBO 2: A parte inclinada está vermelha, logo não houve fermentação da lactose. A parte direita está amarela, logo houve fermentação da glucose. A bactéria quando não consegue fermentar a lactose, vai recorrer à glucose e quando a glucose acabar vai recorrer às suas proteínas, vai haver um metabolismo oxidativo que vai levar à formação de aminas que vão alcalinizar o meio. Então esta bactéria fermentou a glicose e não fermentou a lactose (temos de confirmar se ela fermentou ou não a lactose pesquisando uma enzima). TUBO 3: A bactéria possui a enzima tiossulfato redutase porque o meio ficou com uma cor preta. A bactéria fermenta a glucose, porque a reação que forma o precipitado negro necessita de um meio ácido para ocorrer. Este meio ácido é dado pela fermentação da glucose que resulta no ácido pirúvico. TUBO 4: A parte inclinada e a parte direita estão amarelas, logo houve fermentação da glucose e da lactose! A gelose levantou-se porque houve a formação de gás. TUBO 4A: A parte inclinada e a parte direita estão amarelas, logo houve fermentação da glucose e da lactose! Houve produção de CO2 e H2 (gás). A prova H2S é negativa. TUBO 5: A bactéria possui a enzima tiossulfato redutase porque o meio ficou com uma cor preta. A bactéria fermenta a glucose, porque a reação que forma o precipitado negro necessita de um meio ácido para ocorrer. Fermenta a lactose. Jaime Oliveira 11 Ler a lactose: parte inclinada Ler a glucose: parte direita
  • 12. -Se a bactéria utilizar a glucose, o meio passa para a cor amarela. Então como vou saber se ela utilizou a glucose ou a lactose? Elas estão em quantidades diferentes! As bactérias vão utilizar primeiro a glucose e depois se tiverem capacidade disso vão utilizar a lactose (que está numa quantidade 10x superior). Pesquisa da tiossulfato redutase-1: - Esta enzima tem como substrato aminoácidos como a metionina ou a cisteína (fonte orgânica de enxofre) ou o tiossulfato de enxofre (fonte inorgânica de enxofre) - Se a bactéria possuir a tiossulfato redutase-1 ela vai utilizar o tiossulfato de enxofre e vai formar H2S que é um gás, no meio de kligler existe um composto que é o citrato férrico amoniacal, os iões férrico deste composto vão reagir com o H2S e vão formar o sulfureto ferroso que tem uma cor negra. - Um indicador da produção de H2S bastante utilizado é o citrato férrico amoniacal, com a consequente formação de sulfuretos de metais pesados. Reação: -Há libertação do sulfureto a partir do substrato por ação da enzima e reação com iões hidrogénio (H+) para formar H2S H2S + iões férrico (F3+) sulfureto ferroso (FeS, precipitado negro) -Esta reação dá-se em meio ácido. Para o meio estar ácido, tem de haver a produção de ácido. Então tem de haver a fermentação da glucose! Fermentação da Lactose: - Para uma bactéria utilizar a lactose ela necessita de enzimas para quebrar a ligação entre a glicose e a galactose. - A bactéria necessita de ter duas enzimas: - B-galactosido-permease: transporta a lactose para o interior da célula - B-galactosidade: hidrolisa a lactose, hidrolisa a ligação B-galactosídica -Todas as bactérias que fermentam a lactose possuem a B-galactosidase -Os fermentadores tardios da lactose possuem a B-galactosidase mas não têm a B-galactosido-permease. - Existem bactérias que têm a B-galactosido-permease que transporta a lactose para o interior das células, é um processo rápido. - Se as bactérias não tiverem esta permease, a lactose tem de passar por difusão passiva. (mais lenta). - Ou seja, passados as 24H do teste podemos não ter uma reação positiva para a fermentação da lactose! - Para comparar um fermentador tardio com um não fermentador vou ter de investigar a B-galatosidase (teste ONPG) Jaime Oliveira 12
  • 13. Teste de ONGP: orto-nitrofenol-galactopiranósido: - A lactose tem um ligação glicosídica entre a galactose e a glucose. O ONPG tem uma ligação muito semelhante. - Se colocarmos o ONPG em conjunto com uma bactéria que hidrolise a lactose, ela vai conseguir romper a ligação do ONPG. - Quando a bactéria hidrolisar o ONPG vamos obter galactose e ONP que é um composto com uma cor amarelada. O ensaio dá positivo. Confirmamos que a bactéria hidrolisa a lactose, podendo utilizar a mesma como uma fonte de energia. Estes testes são testes utilizados em bactérias que fermentam a glucose. Teste de Voges-Proskauer: - Este teste é feito num meio de Clark-Lubs, é um meio com glucose. Temos um período de incubação de 24h/35ºC e adicionamos alfa-naftol e soda. Deixamos ao ar cerca de 10-15 segundos para que ocorra a reação de oxidação. - Se a reação ocorrer vai-se formar diacetil que reage com o alfa-naftol e vai dar um composto corado vermelho. - A reação começa na zona onde há mais O2. Jaime Oliveira 13
  • 14. Teste do vermelho de metilo - Este teste é feito num meio de Clark-Lubs, é um meio com glucose. Após 48h a 72h/35ºC de incubação vamos adicionar o vermelho de metilo (tem um ponto de viragem baixo; >6 Amarelo; <4,4 Vermelho) - Este teste não é utilizado nos métodos comerciais porque demora muito tempo - A prova dá positiva quando o meio fica vermelho, isto indica um meio ácido constituído por ácidos orgânicos fortes e estáveis, com pH<4,4 B- Redução de nitratos: Caldo nitratado: - Quando passa de nitritos para azoto molecular damos o nome de desnitrificação. -As nitratases são enzimas que reduzem os nitratos a nitritos. -A Pseudomonas aeruginosa (bacilo gram - não fermentador) reduz os nitratos até o azoto molecular. - Para revelar, temos de adicionar ao meio, após incubação, alfa-naftilamina e ácido sulfanílico. - Se no meio houver nitritos eles vão originar um composto cor de tijolo, a prova é positiva. - Se não houver formação de cor podemos não ter nitratases ou pode-se ter formado N molecular. - O teste pode ser negativo = a bactéria não produz nitratases. -As bactérias podem reduzir até o N molecular. -Para distinguir estes dois casos temos de utilizar um agente redutor - pó de zinco. -Ao adicionar o agente redutor, se se formar uma cor vermelha o teste é negativo porque reduzimos os nitratos a azoto molecular, não houve nitratases que fizessem isso antes. Logo essa bactéria não possui nitratases. -Se após adicionar o agente redutor não houver cor, o teste é positivo, ou seja a bactéria possui nitratases. Jaime Oliveira 14
  • 15. C- Teste da citocromo oxidase: - É uma prova muito rápida. - As enterobacteriaceae não possuem esta enzima. - A citocromo oxidase é uma enzima que atua na cadeia de electrões, vai oxidar o citocromo c que está na forma reduzida passando a citocromo c oxidado. - Como as enterobacteriaceae não possuem esta enzima o seu citocromo c está na forma reduzida. - Então se o resultado do teste for corado, teste positivo, estamos na presença da enzima citocromo oxidase. - Em vez da p-fenilenodiamina podemos utilizar o tetrametil-p-fenilenodiamina que é mais estável, sensível e menos tóxico. - Temos de ter em atenção o tempo em que o teste decorre, pois como é uma prova de oxidação o oxigénio do ar pode interferir com os resultados. - Podem existir falsos positivos se forem utilizadas ansas de aço ou nicrómio devido ao óxido de ferro que se forma no flamejamento. Devemos utilizar ansas de vidro ou plástico. Teste do Citrato - Utilizamos o meio de Simmons, não tem nenhuma fonte de carbono a não ser o citrato, o meio é praticamente constituído por sais. - Vamos ver se a bactéria vai utilizar o citrato como fonte de energia (única fonte de carbono disponível). O citrato entra no ciclo de krebs. - O indicador do meio é o Azul de bromotimol, que tem a cor verde. Quando o pH<6 é amarelo e quando o pH>7,6 é azul. - O teste é positivo quando temos uma cor azulada, o que significa que se utilizou o carbono, o pH do meio ficou alcalino. O citrato vai fornecer C,O,H,N. Este N é importante para as proteínas e para os ácidos nucleicos, sem N não se formam novas proteínas nem novos ácidos nucleicos. - Para que a bacteria se divida ela tem de sintetizar novas moléculas de DNA, tem de sintetizar proteínas, o que implica um gasto de N. Ela tem ter de o ir buscar a algum lado. Neste meio vai buscar ao di-hidrogenofosfato de amónia que vai libertar iões amónia para o meio e vão alcalinizar dando um pH básico. Dai o meio ter ficado com a cor azul. Jaime Oliveira 15
  • 16. Teste do Indol - Um dos produtos do metabolismo do aminoácido triptofano é o indol. Vamos pesquisar a triptofanase. - Temos uma água peptonada (1% de triptofano) - Vamos incubar 35ºC/18-24h, depois adicionamos p- dimetilaminobenzaldeído dissolvido em álcool amílico ou isomílico e HCl concentrado - reagente de Kovacs, dá origem a um composto com cor de cereja que se concentra na fase superior. Teste da urease - Utilizamos um meio de cultura que tenha ureia como o meio ureia-indol, caldo stuart, ou agar christensen. - A ureia é o substrato da urease que vai degradar a ureia em amoniaco e CO2, de seguida origina carbonato de amónia e aumenta o pH do meio. - Quando temos uma infeção urinaria o pH aumenta porque as bacterias vão degradar a ureia que é um dos constituintes da urina e os produtos de degradação vão aumentar o pH do meio. - Teste positivo: cor de rosa / vermelho - Teste negativo: cor amarela - O Proteus spp. faz uma hidrólise rápida da ureia, é uma enterobacteriaceae, está associada aos cálculos renais. - O Helicobacter pylori não é uma enterobacteriaceae, habita no estômago ao pé do piloro (porção que liga o estômago ao intestino). Ela tem de ter uma urease muito forte para puder neutralizar o pH ácido do estômago. Pesquisa da Triptofano Desaminase (TDA) - A TDA vai desaminar um aminoácido -o triptofano, e vai originar um cetoácido -ácido indolpirúvico, e uma amina -NH2. - Utilizamos um meio com ureia-indol, este meio tem de ter o triptofano, vai incubar 35ºC/18-24h. - Vamos revelar com cloreto férrico que vai reagir com o ácido indolpirúvico e vão originar uma cor vermelha tipo vinho do porto. O resultado é positivo. - Se a cor for amarelada, o teste é negativo. Jaime Oliveira 16
  • 17. Descarboxilases - A descarboxilação de um aminoácido faz com que saia um grupo CO2, fica o grupo amina, o que vai alcalinizar o meio. - A descarboxilação da Lisina dá Cadaverina, da Ornitina dá Putresceína, da Arginina dá Citrulina (que por ação de uma dihidrolase vai retirar o grupo NH2, depois a citrulina é convertida em ornitina, que por descarboxilação origina a putresceína). - O meio de cultura contém um aminoácido, glucose em pequena quantidade (que serve para dar um pH ácido) e um indicador de pH (o pH vai aumentar e vai virar a cor do indicador). - As enzimas são favorecidas em meio anaeróbio e em pH ácido (dado pela fermentação da glucose) - A atividade das descarboxilases origina aminas, o pH do meio aumenta e há viragem do indicador e da cor do meio. Gelatinase - A gelatinase é uma enzima que degrada a gelatina. - Vamos utilizar o método de Khon, vamos incubar a 35ºC/24 a 72h. - Utilizamos um disco de gelatina com pó de carvão. - Se o teste for positivo a gelatina vai estar em suspensão. - Existem outras enzimas como a DNAase, Amidase, que vão degradar macromoléculas no exterior da bactéria para que possam passar para o interior da célula porque o seu tamanho não permite que passem a membrana. Jaime Oliveira 17
  • 18. Enterobacteriaceae Habitat: - São Ubíquos, existem em toda a natureza, no solo, nas plantas, na água - Habitam também no tracto gastro-intestinal humanos e animais, por exemplo a E. coli, a Klebsiella spp., a Enterobacter spp. Família: - A família das enterobactérias inclui mais de 40 géneros, apenas 20 espécies é que são responsáveis por infeção. Infeções: - São responsáveis por 30-35% das septicémias, que é uma infeção no sangue que pode começar a infectar outros orgãos - São responsáveis por mais de 70% das infeções urinárias. - Se a infeção for uma cístite é na bexiga. - Se a infeção for uma pielonefrite é no rins. A pielonefrite pode ser derivada de uma septicémia. - As infeções urinárias são mais comuns nas mulheres, nos homens é menos comum porque têm a uretra mais comprida. - A principal bactéria causadora de infeções bacterianas é a E. coli - Os sintomas da infeção urinária são: ardor, dificuldade em urinar, vontade de urinar e pouco volume de urina. - As infeções urinárias podem ser provocadas pelo microbiota intestinal. Existem muitas bactérias na zona perianal. A zona do períneo é mais curta (tecido que vai da zona perianal até a entrada na uretra). Pode haver o arrastamento de bactérias da zona perianal até à uretra. Se uma destas bactérias for uropatogénica ela pode subir pela uretra e infetar a bexiga, ou os rins. - São responsáveis por infeções intestinais porque há géneros de E. coli que não habitam o nosso intestino e que são patogénicas se formos inoculados com elas. Significado clínico: Patogéneos oportunistas: - Muitas destas bactérias aparecem no hospital. - Fazem parte da flora comensal do intestino, e podem ser patogénicos se estiverem fora do seu local. - Podem fazer infeções oportunistas. Patogéneos: - São sempre más para o ser humano. - Salmonella, Shigella, Yersinia enterocolitica, Yersinia pestis não fazem parte da flora comensal gastrointestinal de humanos. - Estão associados a infeções Jaime Oliveira 18 Se alguém tiver uma infeção urinária deve beber muita água, lavar com sabão azul a zona infectada, limpar sempre da frente para trás (em especial nas mulheres), após ter relações sexuais deve limpar a uretra (por exemplo urinar)
  • 19. Estirpes patogénicas - Estirpe: - Dentro de uma espécie existe variabilidade genética, existem várias estirpes. - As bactérias adquirem fatores de virulênica de outras bactérias, que são adquiridos por transferência de material genético. - Bactérias comensais, como a E. coli, tornam-se patogénicas devido à aquisição de fatores de virulências por: - Plasmídeos - Fagos - Ilhas de patogenicidade Transferência horizontal de genes: intra- e inter-espécies - Na transformação a bactéria tem a capacidade de adquirir moléculas de DNA que estão no exterior, quando uma bactéria morre o seu DNA vai ficar exposto e outra bactéria pode utilizar esse DNA. - A transdução é feita através de bacteriofagos (são vírus que infectam as bactérias). - Na conjugação há um processo de transferencia de DNA por meio de plasmídeos. Quando há conjugação estabelece-se um canal entre as bactérias, o pilus. O plasmídeo replica-se, passa pelo pilus, e vai para a outra bactéria, na qual fica - Por exemplo se tiver uma bactéria A que tenha um gene de resistência à amoxicilina, e uma bactéria B que é susceptível à amoxicilina. Através da conjugação a bactéria B passa a ser resistente à amoxicilina. Jaime Oliveira 19 - É material genético que tem muitas sequências idênticas, temos uma série de genes consecutivos. - Estas ilhas se tiverem num plasmídeo podem saltar para um cromossoma e vice versa. - Uma molécula de DNA circular com capacidade de auto-replicação é um plasmídeo conjugativo. - A conjugação é um processo de transferência de DNA - Há vírus que se inserem no cromossoma da bacteria - prófago. - Ele está associado a fatores de virulência. - A bactéria adquire estes fatores de virulência através da infeção por um vírus.
  • 20. Morfologia e fisiologia das enterobactérias - Elas são bacilos ou cocobacilos gram - - Têm 0,5 - 2 micra de largura e 4 micra de comprimento. - Crescem na presença e na ausência de oxigénio, são anaeróbios e aeróbios facultativos. - Não formam esporos. - São móveis por flagelos perítricos (os flagelos cobrem toda a bactéria), exepto a klebsiella sp, Shigella sp e Yersinia sp (imóveis). ldentificação - Temos de ter em conta as características morfológicas e as características das colónias nos meios selecionados - Utilizamos critérios bioquímicos Colónias - Meios não seletivos: gelose nutritiva, agar chocolate, gelose sangue - Meios seletivos são meios com certos constituintes que vão inibir o crescimento de determinadas bactérias. Exemplo, a gelose de MacConkey. -A klebsiella spp forma colónias mucosas que são por vezes difíceis de isolar. -O P r o t e u s t e m u m a característica que é crescer às ondas em meios não seletivos. -O Proteus está relacionado com as infeções urinárias. Classificação serológica Antigénios: • O (somático, LPS da parede celular [só existe nas gram -]) • K (capsulares, proteínas ou polissacarídeos) • H (flagelares) Patogénese: fatores de virulência - Endotoxina- lípido A, componentes do LPS - Cápsula - Sistema de secreção do tipo III - Sideróferos - Quando tenho uma infeção por uma bactéria intracelular tenho de ter um antibiótico que consiga passar a membrana celular das células, por exemplo, os B-lactamicos não passam. As tetraciclinas são mais hidrófobas e entram nas células. Jaime Oliveira 20 Klebsiella Proteus
  • 21. Jaime Oliveira 21 - São porinas, são poros na membrana pelos quais os solutos hidrofílicos passam. Os hidrófobos passam através da membrana. - A maior parte dos antibióticos são hidrofílicos. - Antibióticos de grande calibre não conseguem passar pelas porinas. - O antibiótico não serve para todas as infeções, depende do tipo de infeção! Esta região varia consoante a estirpe - Se injectar apenas o lípido A do LPS em ratinhos, eles vão ficar com febre. - O LPS é altamente antigénico - O lípido A é a parte que está impregnada na membrana LPS ou endotoxina, está presente em todas as bactérias gram -Esta região varia consoante o antigénio
  • 22. Sistema de secreção do tipo III -Está ancorado no citoplasma e funciona como uma agulha. -Os efetores são estabilizados por chaperonas que vão ser libertadas para o espaço citoplasmático quando o efetor for ejetado para a célula alvo. Os efetores vão ser ejetados noutros microorganismos. São os fatores de virulências. -As bactérias sintetizam uma ponte proteica entre um microorganismo e outro, pelo qual vão passar as secreções. Sideróforos - São o conjunto de proteínas na parede celular sintetizadas pela bactéria. - Elas vão atrair o ferro para a bactéria que é necessário para a sua sobrevivência. Cápsula -Bactérias mucosas têm capsula, vão ser de difícil fagocitose (por parte de neutrófilos e macrófagos). -A capsula confere resistência à bactéria. Mecanismos de patogénese - Aderência: a bactéria vai aderir ao tecido, quando adere ao tecido vai haver uma resposta imune - Produção de toxinas: o aumento das toxinas vai levar ao aumento da água e dos eletrólitos e podem levar à morte celular. - Invasão dos tecidos - Perda de microvilosidades Jaime Oliveira 22
  • 23. Escherichia coli - Enterobactéria Fatores de virulência - Adesinas - é a molécula que permite a adesão aos tecidos - Exotocinas - Hemolisinas, em estirpes uropatogénicas. As hemolisinas vão hemolisar o sangue, na urina pode aparecer hemoglobina! (diferente de sangue) Infeções por Escherichia coli - Infeções urinárias - Elas podem-se ligar ao tecido epitelial da bexiga (adesinas) - Mais comuns com determinados serogrupos - Podem lisar os glóbulos vermelhos e libertar citocinas estimulando a resposta inflamatória - Septicémias - Geralmente aparecem a nível hospitalar - É originada a partir de infeções urinárias, pode haver uma perfuração intestinal o que pode levar a uma infeção intraabdominal. - Meningite - Ocorre em estirpes que têm o Ag capsular K1 (antigénio K) - Pneumonia - Gastrenterite Estirpes da E.coli - ETEC: enterotoxigénicas - EIEC: enteroinvasivas - EPEC: enteropatogénicas - EHEC: enterohemorrágicas - EAEC: enteroagregativa - As bactérias sofrem alterações genéticas muito facilmente -Como se pode ver pela figura, uma fonte de comida para o homem ficou contaminada com uma E. coli que é patogénica para o ser humano. Jaime Oliveira 23
  • 24. ETEC- E. coli enterotoxigénica - Produz toxinas termoestaveis (toxinas ST) e termolaveis (toxinas LT) - A LT-I tem uma estrutura semelhante à cólera. - Dá a diarreia do viajante e a diarreia em crianças em países desenvolvidos. -Tem uma transmissão oral-fecal e não é transmissível de pessoa para pessoa. -A bactéria vai aderir ao enterócito e vai produzir toxinas que é constituída por duas partes, uma parte liga-se aos recetores da membrana e outra vai alterar o metabolismo da célula o que vai provocar a saída de eletrólitos e água para o intestino, que vai provocar a diarreia (diarreia: defecar 3 ou mais vezes por dia). - Para que haja o desenvolvimento da infeção a bactéria tem de ter os genes LT-I e STa num plasmídeo transferível, precisa também de genes de adesinas. - Os sintomas são diarreia aquosa e dores abdominais após 1-2 dias de incubação, raramente aparecem naúseas e vómitos. EPEC- E. coli enteropatogénica - Origina a diarreia do recém nascido em países em desenvolvimento - Esta E. coli adere à membrana citoplasmática do enterócito e destrói as miscrovilosidades (servem para absorver nutrientes, vai ficar comprometida a absorção) - Os genes desta bactéria estão inseridos numa ilha de patogenicidade (são 40 genes que codificam a aderência e destruição da superfície da mucosa) - Estão equipadas com o sistema de secreção do tipo III-Tir (a própria bactéria vai sintetizar o recetor e colocar o mesmo na célula alvo). -A intimina liga-se ao recetor TIR. Este recetor é sintetizado pela E. coli que o vai colocar no enterócito. Jaime Oliveira 24
  • 25. EHEC- E. coli enterohemorrágica - Tem uma dose infecciosa muito baixa, de apenas 100 bactérias! Ela não entra dentro da célula. - A diarreia leva a uma colite hemorrágica, com dor abdominal forte, sangue e com pouco ou sem febre. Vai haver um destruição dos tecidos, há hemorragia. - Elas produzem uma toxina que é muito nefrotoxica (má para os rins). - O antibiótico contra esta bacteria não é eficaz, temos de ter um soro com um anticorpo da toxina. EHEC - Shiga toxina - Stx-1 é idêntica à shiga toxina - Stx-2 - 60% de homologia - São adquiridas por fagos lisogénicos (fagos “enfiam” dentro do cromossoma) - Têm plasmídeos com 60MDa com outros factores de virulência - Toxinas citotóxicas que interrompem a síntese de proteínas - Destroem o epitélio e microvilosidades. -Existem 50 serótipos. -O E. coli O157:H7 está associado ao consumo de alimentos mal cozinhados. Esta estirpe da E. coli não fermenta o sorbitol. EIEC- E. coli enteroinvasiva -Rara nos países desenvolvidos -As estirpes patogénicas estão associadas a alguns serótipos -Invadem e destroem o epitélio do cólon -Alguns pacientes desenvolvem diarreia aquosa com sangue e leucócitos na fezes (disenteria) -Os genes responsáveis pela invasão estão no plasmídeo. -Não fermentam a lactose. (é uma excepção). EAEC- E. coli enteroagregativa - Diarreia aguda e crónica (mais de 14 dias), especialmente em crianças - Mediada por fímbrias - Bactéria caracterizam-se por auto-aglutinação, tipo arranjo de “parede de tijolo” - Há uma aderência às células, lesão da mucosa, secreção de grandes quantidades de muco. - O muco mantém as bactérias num biofilme que recobre o epitélio intestinal. Jaime Oliveira 25 Esta estirpe apareceu nos anos 70 e deu origem a um surto nos hambúrgueres mal passados. Esta bactéria habita nos bovinos, no matadouro um animal tem a bactéria, vamos tirar o intestino da vaca, pode haver contaminação para a carne da vaca. A pessoa fica infectada se comer o hambúrguer dessa carne.
  • 26. Biofilme: -Estas bactérias (EAEC- E.coli enteagregativa) tendem a aderir às superfícies e formam biofilmes. (ex: placa bacteriana nos dentes). Os biofilmes são problemáticos. Os biofilmes são grandes, é difícil controlar esta infeção. As células mais interiores estão mais protegidas do que as células mais exteriores. O sistema imune consegue fagocitar as células mais externas, mas não consegue fagocitar as células mais internas. Estas células mais internas podem proliferar novamente. Posso aplicar uma terapêutica antibiótica aos biofilmes, no entanto a concentração do antibiótico quando chega às bactérias mais internas está numa concentração sub mínima inibitória (não consegue matar nem inibir as células). Com o passar do tempo estas bactérias conseguem criar resistência contra os antibióticos. -Os antibióticos apenas atuam nas células que se estão a dividir! As células interiores têm um metabolismo diferente, estão “adormecidas”, os antibióticos não conseguem atuar nestas células! -O biofilme é problemático. -Um dos alvos terapêuticos para evitar a formação de biofilmes é a eliminação das moléculas do quorum sensing (bactérias comunicam umas com as outras). Diagnóstico Laboratorial: - E. coli crescem rapidamente na maioria dos meios de cultura. - Os patogéneos entéricos  com excepção da EHEC são apenas detectados em laboratórios de referência (a classificação das bactérias envolve serotipagem). Tratamento, prevenção e controlo: - Tratamento sintomático, excepto se houver disseminação. - Antibioterapia- de acordo com o antibiograma. - Controlo de infecção hospitalar (antibióticos, catéteres urinários). - Infecções GastroIntestinais: higiene e cozedura óptima dos alimentos. (bactérias morrem por volta dos 50ºC). Jaime Oliveira 26
  • 27. Salmonella enterica - Enterobactéria - A espécie associada à infecção é a Salmonella entérica. - Conhecidos mais de 2500 serótipos da Salmonella entérica: - Salmonella enterica serovar Typhimurium - Salmonella enterica serovar Enteritidis - Salmonella enterica serovar Typhi - (e muitas outras serovariedades) - Na prática, dependendo do reservatório, epidemiologia e infecção podemos ter: - Salmonella Typhi (provoca a febre tifóide- passam para o sistema circulatório) - Salmonella não- Typhi (provoca salmonelose - elas não passam para o sistema circulatório): -Estes dois tipos de salmonella Typhi são caracterizados pelo seu serótipo. -Caracterização dos antigénios O, H e Ag de superfície Vi -Reacção de Widal: Quantificação dos anticorpos anti-O e anti-H no soro por reacção de aglutinação com suspensões antigénicas de Salmonella. (Esta serotipagem não e conseguida em laboratórios normais. Tem de ser em laboratórios de referência). Patogénese: - Ingestão de 106-109 bactérias ( a maioria) - Sintomas variam com a virulência da estirpe e número de bactérias ingeridas. - Multiplicação no intestino, excretadas assintomaticamente nas fezes, ou ocasionar gastroenterite aguda, febre entérica ou bacteriémia. - Podem penetrar nos enterócitos e passar aos vasos linfáticos. - Portador assintomático: excrecção pela bílis (febre tifóide). Doença Clínica: -Gastroenterites: -6-48H após o consumo aparecem náuseas, vómitos, diarreia, mialgias, dor de cabeça, por vezes, febre. Podem ter uma resolução espontânea em 2 dias a 1 semana. -Septicémias: - S. cholerasuis, S typhi, S. paratyphi . - Maior risco em imunodeprimidos - Crianças e idosos. -Febre entérica: -S typhi -S. paratyphi Infeção por salmonella: Jaime Oliveira 27
  • 28. -As salmonelas entram dentro dos enterócitos. Leva a uma resposta imune por parte da IL-8, dos macrófagos. Salmonella Não Typhi: -O reservatório destas salmonelas são os animais. O Reservatório de Salmonella não typhi são aves, animais domésticos, répteis, tartarugas. -Salmonelose: ingestão de alimentos ou água contaminados. -Também podemos apanhar salmonella através de ovos contaminados! -A salmonella tem capacidade invasiva. As galinhas podem não ter sintomas de gastroenterite. Mas as galinhas podem ter salmonelas. As salmonelas podem passar para a corrente sanguínea e infetar os ovos. Os ovos ficam com salmonelas lá dentro! Também pode haver penetração da casca (elas são porosas, as salmonelas conseguem passar para dentro do ovo). -Comer os ovos crus é perigoso! Podemos apanhar uma salmonelose. Jaime Oliveira 28
  • 29. Febre tifóide: -A salmonella Typhi causa a febre tifóide. -O reservatório da Salmonella Typhi é o homem. Podemos ter portadores crónicos. (Mary typhoid). Eles têm a Salmonella Typhi dentro de si e não apresentam sintomas! -A Salmonella paratyphi A, B, C, D dá origem à febre paratifóide. -As bactérias vão entrar no enterócito, vão ativar a resposta imune e vão ser fagocitadas. -Elas não vão ser lisadas dentro dos macrófagos. -A salmonella Typhi vai apanhar boleia dos macrófagos, vão-se multiplicar d e n t r o d e l e s , v ã o r e b e n t a r o s macrófagos, vão entrar para a linfa e vão entrar na circulação sanguínea. -A Salmonella Typhi entra sempre na circulação sanguínea! -Quando a salmonella está no sangue, ela não se encontra nas fezes. A salmonella é uma bactéria intracelular. Apenas passados 3 semanas é que aparecem nas fezes porque o seu reservatório é nas vesícula biliar. Quando a bílis é segregada, a salmonella vai sair nas fezes. Prevenção e controlo: -O tratamento com antibiótico não é recomendável para enterites (inflamação do intestino) -Recomenda-se uma cozedura completa dos animais -Evitar ao máximo a contaminação, ter higiene pessoal -Identificar portadores de S. typhi e S. paratyphi Jaime Oliveira 29
  • 30. Shigella spp. -Estas 4 espécies de Shigella podem provocar gastroenteristes: -S. sonnei – mais comum nos países desnvolvidos -S. flexneri -S. dysenteriae – infecções mais graves -S. boydii - rara -A disenteria bacilar é uma diarreia abundante que tem sangue e muco e com dores abdominais (íleon distal e cólon). -A invasão e destruição epitelial caracteriza a disenteria por Shigella. -Esta bactéria é patogénica porque produz uma toxina - a Shiga toxina (também é produzida pela E. Coli enterohemorrágica). -A Shiga toxina vai inibir a síntese proteica, vai matar as células. Vai levar a uma lesão no endotélio. -Tem uma dose infecciosa de apenas 100 células!! -A shigella não é móvel, não tem flagelos. É uma bactéria intracelular. Ela consegue afetar as células vizinhas. Destróis as paredes celulares. Epidemiologia: - A Transmissão é feita por via fecal-oral directa por ingestão de alimentos e água contaminada. - Homem é o principal reservatório na Natureza. - Incidência em Portugal é baixa (temos saneamento básico e água tratada). Yersinia spp. Yersinia pestis -A Yersinia pestis é o agente etiológico da peste. -A peste pode vir em duas formas: bubónica ou pneumónica -O reservatório desta bactéria são os roedores. -É transmitida aos homens pela pulga do rato (Xenopsylla cheopsis) -A peste pode ser tratada com antibióticos -A pulga do rato vai morder o homem. A bactéria entra na circulação sanguínea, e vai haver um inchaço dos gânglios linfáticos (ao nivel do pescoço, axilas e virilhas). Isto é a peste bubónica. Ela não é transmissivel! -Quando a bactéria chega aos pulmões t e m o s a p e s t e pneumónica que é transmissível. Jaime Oliveira 30
  • 31. Y. enterocolítica - Dá gastroenterites que são caracterizadas por diarreia, febre, dores abdominais (1 a 2 semanas na fase aguda). - Pode-se tornar crónica: 1 mês a 1 ano - Transmissão ao Homem por alimentos contaminados com fezes humanas. A transmissão faz- se por via oral fecal. -São enterobactérias que podem provocar infeções. Jaime Oliveira 31
  • 32. Bacilos Gram negativo não fermentadores -Os bacilos gram negativos não fermentadores podem ter um metabolismo oxidativo, eles utilizam os hidratos de carbono pela via oxidativa e não pela via fermentativa. Vão precisar de oxigénio. Também podem ser bioquimicamente inertes, estes são muito difíceis de identificar pelos método fenotípicos. Características gerais: -Os bacilos gram negativo não fermentadores são bacilos que existem na natureza. -São ubíquos na natureza (solo, água, plantas) -Podem existir nos hospitais, são bactérias oportunistas. -Alguns são intrinsecamente resistentes aos antibióticos! (antes de haver antibióticos já eram resistentes aos antibióticos). -Grupo heterogéneo, em que alguns estão associados a infecção hospitalar -Pseudomonas spp -Stenotrophomonas maltophilia -Acinetobacter spp -São agentes patogénicos oportunistas -Têm elevada resistência aos antibióticos Identificação: -Podem ser identificados pelo sistema API20NE (NE= não enterobactérias) Infeções Clínicas: -São responsáveis por mais de 15% das infeções hospitalares -Nos hospitais há muitos fatores de risco como imunodeprimidos (cancro), pacientes com traumas (cortes, queimaduras) e corpos estranhos (catéteres, próteses). Jaime Oliveira 32 São os Enterobacteriaceae
  • 33. Pseudomonas spp. Características gerais: -São ubíquas na natureza, habitam na água, no solo, nas plantas, encontram-se em amostras clínicas. Preferem água. -Têm um metabolismo oxidativo (não fermentam os hidratos de carbono) -São oxidase positiva (as Enterobactérias são oxidase negativa porque elas seguem a via fermentativa e não a via oxidativa). -Reduzem os nitratos a azoto molecular: fazem a desnitrificação. (As enterobactérias apenas reduzem os nitratos a nitritos). É positiva para a nitratase (quando é feito o ensaio temos de adicionar pó de zinco). -São aeróbios estritos (precisam de O2). -São bacilos gram - -São móveis (expeto a P. mallei) -Têm flagelos polares (apenas de um polo da bactéria) -Crescem bem em meios seletivos para enterobactérias. Crescem bem em gelose MacConkey. Mas elas não fermentam a lactose, ao contrário das enterobactérias. Pigmentos: -A maioria das estirpes da P. aeruginosa sintetizam pigmentos que são a pioverdina e a piocianinca, que dão um tom verde ás culturas. -Outras estirpes podem formar piorubina que tem um tom castanho-avermelhado. -Estes pigmentos quando estimulados com luz UV fluorescem. -Estes pigmentos são fatores de virulência, são altamente antigénios e estimulam o nosso sistema imunitário. -P. putidae e a P.fluorescens não costumam causar infeções. -Utilizamos o meio de Sellers, meio da cetrimida, meio fluorescent-nitrate (FN) para ver melhor estes pigmentos. Pseudomonas aeruginosa: -É a mais comum. -Não coloniza o ser humano. -São muito resistentes aos antibióticos. -Tem várias infeções clínicas, como feridas cirurgias, queimados, endocardites, doenças pulmonares, tracto urinário, como a fibrose cística que dá origem a pneumonias. - Quem tem fibrose cística (doença genética) não forma uma proteína essencial e vai acumular muco nos pulmões. As pessoas que têm esta doença não conseguem respirar bem. Esta patologia tem o perigo de ser facilmente colonizada por uma bactéria (normalmente P.aeruginosa). A bactéria forma biofilmes!! É de difícil terapêutica anti-microbiana. Jaime Oliveira 33
  • 34. -Tem vários fatores de virulência como endotoxinas (característico dos bacilos gram -), tem hemolisinas (lisam o glóbulos vermelhos), produzem “slime” que depois ajuda na formação do biofilmes, têm lecitinase que vai degradar a lecitina que está nas membranas celulares, têm elastase, coagulase, DNase e exotoxinas. Identificação: -Podemos utilizar o meio de MacConkey -No entanto cerca de 4% não produzem pigmentos, vamos ter de identificar a bactéria por outras vias. -Temos duas provas muito importantes: a prova da oxidase, que é positiva e a prova da nitratase que é positiva. -Estas bactérias crescem bem a 42ºC (não é muito comum entre as bactérias) -São cetrimida positiva e gelatinase positiva. Outros bacilos gram - não fermentadores: Stenotrophomonas maltophilia -Antes pertenciam ao género pseudomonas. -Foi reclassificada para o género Xanthomonas que é um patogénio das plantas. -São naturalmente resistente a vários antibióticos: penicilinas, cefalosporinas, carbapenemos, aminoglícosídeos. A maioria dos antibióticos são sintetizados por bactérias ou fungos. -Para a sua identificação podemos tirar partido do facto de serem bacilos de gram - não fermentadores e de serem oxidase negativas. -É uma bactéria que pode aparecer na água. Causa pneumonia em pessoas com fibrose cistica. Complexo Bulkolderia cepacia -Eram inicialmente conhecidas por Pseudomonas cepacia -Há bactérias que são diferentes mas que são geneticamente semelhantes, elas são de difícil identificação por provas bioquímicas. Podemos agrupar estas bactérias em complexos (várias espécies próximas entre si). -É um patogénio oportunistas. Está associado a doenças pulmonares, nomeadamente pessoas com fibrose cística. -São muito resistentes aos antibióticos: penicilinas, cefalosporinas, aminoglícosídeos, polimixina. -Produzem um pigmento amarelo ou verde -Podem ser oxidase negativa. -São bactérias gram -. Acinetobacter spp. -É da família das Neisseria -É ubíquo na natureza. É uma bactéria ambiental. -É a segunda bactéria mais comum a causar infeções nos hospitais porque é bastante resistente aos antibióticos. -Aparece em indivíduos que estão nos cuidados intensivos. -25% dos adultos estão colonizados na pele. 7% estão na faringe. (pacientes hospitalizados). -As pessoas saudáveis não estão colonizadas pelo acinetobacter. -Não sabemos o seu reservatório. -São espécies genómicas. (são de difícil identificação por testes fenotípicos). Jaime Oliveira 34 Gelose MacConkey
  • 35. Complexo Acinetobacter calcoaceticus - A. baumannii -Este complexo tem 4 espécies (espécies genómicas / genoespécies). -A. calcoaceticus (é uma espécie ambiental, não provoca infeção) -Genoespécie 3 -Genoespécie 13TU -Genoespécie 2 / Acinetobacter Baumannii -A genoespécie mais comum é o Acinetobacter baumannii (genoespécie 2). É a mais frequentemente isolada na Europa e na América. É a mais resistente aos antibióticos. -Podemos conseguir chegar a um complexo por via dos métodos fenotípicos (API 20 NE, ID- GNB card) mas para uma identificação definitiva temos de utilizar técnicas moleculares. Identificação do Acinetobacter spp. -São cocobacilos de gram - -São imóveis (excepção) -Crescem bem na maioria dos meios incluindo MacConkey. -São oxidase negativo. Infecções clínicas Acinetobacter spp. -É um patogénio oportunista hospitalar especialmente na unidade de cuidados intensivos. -Está associado a pneumonias (associados a ventilação artificial), septicémias (infeções no sangue), infeções urinárias, meningites, catéteres. -Muito resistente ao meio ambiente (os bacilos gram - não costumam ser muito resistentes.) -Têm uma elevada persistência ambiental -Normalmente encontra-se em infeções como: Meningite, endocardite, osteomielite, artrite, abcessos pancreáticos e hepáticos, infecções nos olhos, fascite necrosante -Tem uma grande disseminação intra- hospitalar. -Infecções em doentes imunodeprimidos: complexo A.calcoaceticus-A. baumannii (A. baumannii, mais frequente) -Estirpes endémicas em hospitais portugueses, multirresistentes -Maior problema no tratamento: elevada resistência aos antibióticos Jaime Oliveira 35
  • 36. Staphylococcus spp -Os staphylococcus pertencem à família Micrococcaceae (o género staphylococcus é o único género da família que é patogénico). -Os Staphylococcus podem-se dividir em dois grandes grupos ( a coagulase é um fator de virulência). Habitat -São ubíquos na natureza -São comensais da pele humana (em especial o S. epidermitis) -Encontram-se na nasofaringe e no períneo -Também se podem encontrar em animais Características morfológicas e culturais -Staphylococcus significa “cocos em cacho” -Incluem patogéneos com enorme significado clínico que causam desde infecções cutâneas superficiais a infecções sistémicas graves -Os Staphylococcus são cocos de gram + (coloração roxa) -Geralmente estão agrupados em cacho de uva (cocos simples, diplococos e algumas curtas cadeias (3-5cocos) em amostras clinicas). -Não se mexem - são imóveis. Cultura: -São anaeróbios facultativos (crescem bem na presença e na ausência de oxigénio) -São catalase positiva (todos os Staphylococcus têm esta catalase). -Crescem a 10% de NaCl / crescem em meios hipertónicos (O meio de Chapman (ou Salt Agar) tem uma concentração de 7,5%NaCl, os bacilos gram - não crescem neste meio. É um meio de isolamento seletivo). -Crescem entre os 18-40ºC -Normalmente as bactérias costumam crescer bem em meios com concentrações de 0,9% NaCl (é a concentração que se aproxima ao soro fisiológico). -Quando uma célula está num meio hipertónico vai perder água! O Staphylococcus consegue sobreviver nestas condições. Porque? Ele vai sintetizar compostos com grupos OH. Ela aumenta a concentração de certos produtos no interior da célula de modo a que não saia água para o exterior. Estes solutos denominam-se solutos compatíveis (ex: glicerol). Jaime Oliveira 36 Coagulase Positiva: S. aureus Coagulase Negativa: S. epidermitis S. saprophyticus S. haemolyticus Staphylococcus
  • 37. -Algumas espécies, como o S. aureus, produzem hemolisinas, que vão hemolisar o sangue. 
 -Quando incubados numa gelose sangue, a gelose vai ficar transparente na zona da cultura das bactérias. Infecções por Staphylococcus spp. -Abcessos no cérebro -Sinusite -Endocardites -Impetigo -Erisipelas -Osteomielite -Abcessos dentários -Intoxicações alimentares -> Infeções da pele e mucosas e ossos Staphylococcus com maior importância: -S. aureus (coagulase positivo) -S. epidermidis (coagulase negativo) -S. saprophyticus (coagulase negativo) Fatores de virulência do Staphylococcus Aureus: -Toxinas: -São hemolisinas que vão lisar os glóbulos vermelhos-RBC lysis -São leucocidinas que vão lisar os glóbulos brancos (leucócitos). -Proteina A: -É específica do S.Aureus. Esta proteína evita a fagocitose -Enzimas: -Coagulase (provoca a coagulação do plasma) Jaime Oliveira 37
  • 38. Plasma: tem fatores de coagulação Soro: não tem os fatores de coagulação Proteína A: -O S. epidermididis tem recetores na superfície da sua membrana ao qual se vão ligar os anticorpos que vão ser reconhecidos pelo fagocito e que pode iniciar o processo de fagocitose. -O S. aureus sintetiza na sua superfície uma proteína A que se liga ao anticorpo na porção Fc! Esta porção Fc é a porção que se devia ligar ao fagocito! Assim o fagocito não consegue fagocitar o S. aureus. É uma maneira de escapar à fagocitose. Enzimas: -Coagulase -Catalase (o seu substrato é o H2O2). -Hialuronidase (o ácido hialurónico existe na pele, nas cartilagens. Tem a capacidade de degradar o ácido hialurónico). -Fibrinolisina (vai lisar o fibrinogénio) -Lipases (os lípidos existem nas membranas citoplasmáticas!) -DNase Tóxinas: -Toxinas citoliticas: hemolisina alfa, beta, gama (estas 3 lisam glóbulos vermelhos) e leucocidina (vai lisar glóbulos brancos). -Enterotoxinas (A,B,C,D,E,G,H)- Intoxicação alimentar -Enterotoxina F (sindrome do choque tóxico- TSST-1, Toxic shock syndrome toxin) -Exfoliatinas A e B (toxina epidermolítica) -Estas 3 últimas toxinas só são sintetizadas por alguns tipos de Staphylococcus Jaime Oliveira 38
  • 39. Cápsula: -Inibe a fagocitose -O S. epidermidis vai produzir “slime” que aumenta a aderência às superfícies como catéteres ou próteses. -A formação de biofilmes ajuda na p r o t e ç ã o d a b a c t é r i a c o n t r a antibióticos e a ação do sistema imunitário. -As bactérias começam a segregar o “slime” e começam a multiplicar-se. -As células mais exteriores podem sair, estão livres (células planctónicas) e podem dar origem a outra infeção. As células que estão aderentes são as células césseis. -O biofilme não é homogénio, as células mais dentro do biofilme estão “adormecidas”, têm um metabolismo diferente! Isto é problemático para a atuação do antibiótico. -Temos biofilmes na boca! A placa dentária são muitas bactérias que aderem aos dentes e à gengiva. (O fluor impede a adesão das bactérias). -Também podemos encontra biofilmes no trato genitourinário, nos pulmões e nas otites. Os implantes e catéteres são passíveis de serem colonizados por estas bactérias Infecções causadas pelo Staphylococcus Aureus: -As infeções dependem do estado imunitário do hospedeiro, dependem da virulência da estirpe e da quantidade de inóculo. -A infeção resulta da ação de toxinas e da invasão e lesão dos tecidos pela bactéria. Origem das infeções do Staphylococcus Aureus: -Tem origem endógena a partir do nariz, pele ou lesões superficiais -Pode ser a partir do contacto direto: homem a homem -Pode ser com o contacto indireto: fómites -Pode ser por vias aéreas Jaime Oliveira 39
  • 40. Infeções do Staphylococcus Aureus por toxinas: -As enterotoxinas dão origem a intoxicações alimentares. -Intoxicação alimentar: quando se ingere a toxina que está no alimento (ex:botulismo) -A toxina esfoliativa atua ao nível da epiderme, dá origem ao Síndroma da pele escaldada ou doença de Ritter. -A enterotoxina F dá origem ao choque tóxico. Enterotoxinas termoestáveis: -Há uma contaminação dos alimentos por manipuladores de alimentos (ex: cozinheiros) colonizados com estirpes de estafilococos nas fossas nasais (cerca de 30% de portadores) ou infecções na pele e dar-se condições para que o coco se multiplique e produza toxina. -Sintomas: após 1-8H, naúseas, vómitos, dores abdominais e por vezes diarreia. Dura 24-48H. -Ingerimos toxinas devido à multiplicação das bactérias nos alimentos. Vamos ingerir a toxina presente nos alimentos. Exfoliatina: SSSS - Staphylococcal scalded skin sydrome -Esta toxina dá origem ao Síndroma da pele escaldada ou doença de Ritter. -Algumas estirpes de S. aureus (5%) produzem estas exotoxinas -Ela atua na epiderme -A exfoliatina é uma enzima epidermolítica, vai destruir a epiderme. Esta enzima vai lisar as ligações entre as células, a pele vai levantar, dando a sensação que a pele está queimada. Enterotoxina F: TSST-1 -É produzida por algumas estirpes de S. aureus. -É conhecida por super antigénio -Está associada ao uso prolongado de tampões. -Causa febre elevada, hipotensão e choque. -A hipotensão faz com que os orgão principais estejam bem irrigados, não funcionam como deviam, a pessoa entra em choque. Jaime Oliveira 40
  • 41. Infeções do Staphylococcus Aureus por invasão e lesão dos tecidos: -Infecções na pele e tecido subcutâneo: -impétigo (infeção da pele superficial) -foliculite (não é mt perigoso, as bactérias vão infetar o foliculo piloso. A zona da derme é irrigada, os globulos brancos podem vir defender o foliculo piloso). -furúnculo (+ pequeno) -carbúnculo (+ extenso) -celulite (infeção extensa, com muita inflamação ao nível da derme) -abcessos -Infecções de feridas ou queimaduras -A derme é a zona irrigada. -Quando há uma lesão de um tecido como um corte, vão poder entrar bactérias para essa ferida. -Ao entrarem bactérias o sistema imune vai atuar. -Vai-se formar pus. Jaime Oliveira 41 -Infecções gerais: -Endocardites -artrites -ostetomielites -pneumonias -meningites -septicémias
  • 42. Prevenção: -Deveria ser feita uma identificação das pessoas que são portadoras assimtomáticas destas estirpes. Sabe-se que 30% das pessoas têm a sua nasofaringe colonizada, o que constitui uma fonte de transmissão. -Temos de controlar os surtos: evitar a sua disseminação -Vigilância epidemiológica -Isolamento de doentes -Lavagem de mãos após contacto com o doente Jaime Oliveira 42 Impétigo Furunculo Carbunculo Celulite
  • 43. Diagnóstico Laboratorial: -Vamos ver a morfologia - coloração de gram -Temos de ver as suas características de cultura. Estes cocos crescem facilmente. -Uma prova bioquímica que indica que estamos na presença do género estafilococos é a prova da catalase. -O S.Aureus é a única espécie humana que é coagulase positiva! Identificação: -A catalase é positiva -A prova da coagulase se for positiva é um S.Aureus. Se for negativa temos de recorrer a outros testes bioquímicos como provas enzimáticas: APIStaph ou então recorrer a técnicas de biologia molecular. Teste da Catalase: -O peróxido de hidrogénio na presença da catalase, vai libertar H2O e O2. -Quando coloco uma bacteria numa lamina e deitar um gota de H2O2 em cima da bactéria, se verificar que se formaram bolhas, a bactéria é catalase positiva. -Se, ao colocar peróxido de hidrogénio, não se verificar a formação de bolhas, a bactéria é catalase negativa. -Não se deve fazer esta prova na gelose sangue! -A gelose de sangue tem uma enzima, a peroxidase, e pode conter catalase, o que daria um falso positivo. Pesquisa da Coagulase: -A coagulase é uma enzima. -É um fator de virulência -O S. aureus é coagulase positiva. -Fazemos uma mistura da cultura num meio liquido com plasma de coelho (tem os fatores de coagulação!). Vamos incubar durante 4h/37ºC e vamos verificar se houve a formação de um coágulo. Se não houver a formação de um coágulo vamos esperar até 24H à temperatura ambiente. -Com a prova da catalase consigo distinguir entre estafilococos e estreptococos! -Os estafilococos são catalase positiva. Os estreptococos são catalase negativa. -Os micrococos também são catalase positiva! -Preciso de um teste que me distinga os micrococos dos estafilococos! -Vou fazer uma reação de oxidação/fermentação: -Os micrococos têm metabolismo oxidativo!! Eles não fazem fermentação. -Os estafilococos fermentam a glucose. -Os micrococos oxidam a glucose. Nota: os micrococos geralmente são colónias contaminantes. Jaime Oliveira 43
  • 44. -As colónias dos cocos são mais pequenas -Os bacilos formam colónias maiores -A E. Coli forma grandes colónias, são bacilos. -O S. Epidermidis tem colónias mais pequenas. Staphylococcus coagulase positiva: -Existem mais estafilococos que são coagulase positiva, embora apenas aparecem nos animais. -Vamos por a bactéria no meio de chapman, é um meio hipertónico. Os bacilos gram - não crescem. Poucas bactérias crescem neste meio. Os estafilococos conseguem crescer neste meio porque formam solutos compatíveis. A única que vira o meio amarelo é o S.Aureus porque é o único que fermenta o manitol. -Uma placa de chapman que esteja amarela é S.Aureus. Jaime Oliveira 44
  • 45. Staphylococcus coagulase negativa: -São menos virulentos que os Staphylococcus coagulase positiva. -Têm origem na flora do próprio doente, tem uma transmissão directa através das mãos dos doentes colonizados e do pessoal clínico. -São patogéneos oportunistas em ambiente hospitalar -Estão relacionados com o aumento de técnicas de diagnóstico e tratamentos invasivos (próteses, catéteres, enxertos). -Aparecem em doentes imunodeprimidos Staphylococcus Epidermidis: -Aparecem associados a válvulas cardíacas- -Produzem “slime”, têm capacidade de formar biofilmes. -Aparecem em doentes imunodeprimidos. -Estão também relacionados com o aumento das técnicas de diagnóstico e tratamentos invasivos. -Podemos ver as infeções que os estafilococos podem provocar nos tecidos e onde se podem encontrar nos dispositivos médicos. Jaime Oliveira 45
  • 46. -As células planctónicas andam livres. Começam a aderir à superfície, começam a multiplicar-se e começam a formar o filme. Começam a segregar o “slime” e formam o biofilme. -O comportamento das bactérias no biofilme não são homogéneos. -As células vão ter metabolismos diferentes. -As células mais externas podem dar origem a outros biofilmes!
 -Um biofilme é uma fonte de infeção! -O antibiótico não consegue chegar às células mais internas do biofilme. Eles atuam em células que se estão a multiplicar, estas células mais internas estão com um metabolismo diferente e não são eliminadas pelos antibióticos. Isto significa que passado algum tempo, a infeção pode voltar Staphylococcus saprophyticus -É um causador de infeções urinárias em mulheres jovens. (geralmente as infeções urinárias são causadas por enterobactérias) -Aderem a células epiteliais do trato urogenital com maior eficiência que os outros estafilococos coagulase negativa. -Se numa infeção urinária estiverem estafilococos gram positivos pode-se tratar desta bactéria. Jaime Oliveira 46
  • 47. Existem estafilococos que produzem B-hemólise (ex: S. Aureus) -Verifica-se que quando há B-hemólise o meio fica transparente. Terapêutica -95% da estirpes de S. Aureus são resistentes à penicilina porque produzem uma B-lactamase plasmídica. Estas B-lactamases vão lisar o antibiótico e ele perde a sua atividade. -Damos Amoxicilina + Ácido Clavulânico (Clavamox). O Ácido clavulânico vai ligar-se à B- lactamase. Assim a amoxicilina (derivado da penicilina) vai poder atuar nas bactérias. -O fungo está a impedir o crescimento da bactéria. -A bactéria não consegue crescer à volta do fungo. -O fungo produz substâncias que não permitem o desenvolvimento das bactérias (antibióticos). -Este fungo está a produzir penicilina. -A industria farmacêutica conseguiu desenvolver um antibiótico específico para infeções por estafilococos: Meticilina -As bactérias começaram a ficar resistentes à meticilina. -As estirpes que são meticilina resistentes são resistentes a todos os antibióticos desta classe. -As estirpes resistente designam-se MRSA (methicillin resistant S. aureus) -Os meticilina resistentes têm um gene mecA que codifica um PBP2’ alterada com baixa atividade para os B-lactamicos. -A última linha de defesa é a vancomicina e a teicoplanina (são de último recurso, são apenas para estafilococos aureus) Jaime Oliveira 47
  • 48. -O peptidoglicano é a molécula que forma a parede celular das bactérias. Ela é constituído por NAM e NAG que estão intercalados. Estas banda intercaladas ligam-se entre si por pontes peptídicas. São aminoacidos que formam uma espécie de uma rede. São ligações peptídicas. -As enzimas necessárias para que estas ligações aconteçam são Glicosiltransferases, Transpeptidases, Carboxipeptidases. -Estas enzimas chama-se PBP - penicilin binding proteins. -A ligação PBP vista de uma forma tridimensional é muito semelhante à penicilina. -Quando os B-lactâmicos entram pelos poros da membrana, eles vão se ligar às PBP. -Se as PBP vão estar ocupadas, ela não vai estar disponível para formar as ligações peptídicas. - D e i x a d e h a v e r peptidoglicano, a parede fica fragilizada. Jaime Oliveira 48
  • 49. -A bactéria cria resistência quando há mutação de um gene, que codifica uma proteína. -A proteína vai alterar a sua conformação e a penicilina já não se vai poder ligar às PBP. -Há uma mutação, a proteína deixa de ter a conformação normal. A bactéria torna-se resistente. -A mutação ocorre no gene mecA e temos uma PBP-2a (é a proteína modificada) não permite que se ligue a meticilina. Criou resistência. -A PBP da esquerda é “normal” o antibiótico consegue ligar-se -A PBP da direita sofreu uma mutação, o antibiótico não se consegue ligar. Jaime Oliveira 49
  • 50. Streptococcus spp Morfologia: -São cocos de gram positivo -Estão agrupados em diplococos ou em cadeia Fisiologia: -São anaeróbios facultativos (vivem bem na presença e na ausência de O2). -Têm crescimento capnofílico: atmosfera com elevado teor de CO2 -Têm necessidades nutricionais complexas: os meios de cultura têm de ser enriquecidos com soro ou com sangue. -São catalase negativa! (é uma prova que diferencia entre estafilococos e estreptococos). Classificação dos Streptococcus spp -São classificados seguindo os seguintes parâmetros: -Tipo de hemólise -Classificação de Lancefield ou serológica: antigénios de superfície (hidratos de carbono da parede celular). -Espécies: testes bioquímicos ou sequenciação molecular Tipos de hemólise: - β-hemólise : completa - ⍺-hemólise : incompleta - γ-hemólise : sem hemólise Classificação de Lancefield: -Detetar os hidratos de carbono na parede celular -É especialmente utilizado em Streptococcus B- hemolíticos dos grupos A, B, C, F e G. -As bactérias são classificadas com letras. Um estreptococo classificado com grupo A é diferente do estreptococo classificado com o grupo B. -outros: identificação por testes bioquímicos. Jaime Oliveira 50
  • 51. -O grupo A tem apenas uma espécie: S. pyogens -O grupo B tem apenas uma espécie: S. agalactiae -O grupo C e G são B-hemolíticos mas não possuem nome de espécie -O S. pneumoniae têm alfa-hemólise (não tem grupo de lancefield) -O grupo D é um grupo heterogénio, engloba os Enterococcos e o Streptococcos bovis -O grupo D são bactérias que geralmente nos nos colonizam, são oportonistas Jaime Oliveira 51
  • 52. Características Fisiológicas -Streptococci piogénicos -produtores de pus, a maioria são B-hemolíticos ( Os B-hemolíticos são maior parte dos grupos de Lancefield) -Streptococci produtores de ác. láctico -Não hemolíticos (iogurtes…) -Enterococci -Flora do intestino humano, parte do género Enterococcus -Streptococci do grupo viridans -Não fazem parte dos grupos de Lancefield, flora do tracto respiratório superior. Estreptococos com significados clínico: Streptococcus Pyogenes Características: -Existem estirpes que comem carne -São cocos gram + -São B-hemolíticos -É muito virulento. Pode ser combatido com a penicilina. -São os únicos do grupo A Fatores de Virulência: -Alguns possuem capsula, que evita que eles sejam fagocitados. - T ê m a n t i g é n i o s , a proteína M é característica desta espécie. - E l e s s e g r e g a m estreptolisinas, que são substâncias extracelulares, são enzimas que lisam glóbulos vermelhos -Algumas estirpes sintetiza determinados tipos de toxinas que originam c e r t a s i n f e ç õ e s (ex:escarlatina). Jaime Oliveira 52
  • 53. Infecções por S. Pyogens -Faringite -Escarlatina -Pioderma (impetigo) -Erisipela -Celulite -Fascite necrosante -Síndroma de choque tóxico -Febre puerperal -Pneumonia -Infeções invasivas -Febre reumática -Glomerulonefrite aguda estas duas são infeções pós-estreptocócicas -Normalmente a via de entrada é a zona da nasofaringe ou a pele. -A disseminação pode ser feita através do sangue. -Se a infeções não forem bem tratadas podem originar sequelas para a vida! Como febre reumática e glomerulonefrite aguda. Jaime Oliveira 53 Nota: Ignaz Semmelwis, foi um médico que verificou que os partos feito por parteiras tinhas mais sucesso do que os partos feitos por médicos. Porque os médicos também faziam autopsias em cadáveres e não lavavam as mãos. As bactérias passavam do cadáver para a grávida. Elas morriam. Este senhor foi o grande instigador da lavagem das mãos
  • 54. Faringites: -Geralmente são causadas por vírus . -Têm um período de incubação de 1 a 4 dias. -Causa dores, febre, dores de cabeça. -Dura 3 a 5 dias. -Uma faringite também pode ser causada por bactérias. As faringites que são causadas por bactérias dão febre. As faringites que são causadas por vírus não dão febre. -Quando são bactérias forma-se pus. As placas de pus são o indicador de uma infeção bacteriana. -É contagiosa! Escarlatina: -É uma consequência da infeção da faringe -Algumas estirpes produzem uma toxina que dá origem a esta patologia. -Escarlatina = vermelhidão -As toxinas entram na circulação e aparecem “rashes” vermelhas na pele -É mais comum em crianças Febre Reumática: -Complicação das infecções da faringe por S. pyogenes (não da pele). -Sintomas aparecem 3 semanas depois da infeção. -Envolvem processos inflamatórios nas articulações, pele, coração ou cérebro. -Patogénese não está completamente esclarecida: processo auto-imune? anticorpos? Glomerulonefrite Aguda: -Podem ocorrer após uma infeção cutânea ou na faringe -A Patogénese resulta de mecanismo imunológicos -Deposição de complexos antigénio-anticorpo no glomérulo, causando inflamação e alteração da função renal -Há uma inflamação ao nível do rim. -A bactéria tem antigénios, o nosso corpo produz antigénios. Os antigénios da bactéria são semelhantes aos nossos, eles vão complexar. Jaime Oliveira 54
  • 55. Piodermas (ao nível da pele) -Impetigo (também causado por S. aureus) -Erisipela (aparece nos membros inferiores e na face) -Celulite -Infeções nas feridas -Gangrena (necrose nos tecidos) Fascite necrosante (“flesh eating bacteria”) -Apena algumas estirpes têm esta capacidade. -A bactéria faz uma invasão dos tecidos, começam a produzir toxinas que vão necrosar os tecidos. -Deixa de haver músculo. Síndroma do choque toxico: -Após uma infecção inicial: faringite, peritonite, celulite, de feridas. Sintomas semelhantes aos do SCT provocado por S. aureus. (SCT: diminuição PA, o sangue não chega aos orgãos) -São toxinas que andam na circulação Identificação: -Fazer coloração de Gram -Fazer cultura em gelose de sangue para se ver a B-hemólise -É suscetível à bacitracina -Tem uma enzima - a PYR - enzima L-pirrolidonil arilamidase -Teste ASO - Ac estreptolisina O (dão origem à B-hemólise) -Teste andti-DNase Tratamento: -Sensivel à penicilina -Eritromicina ou cefalosporina oral-alergia à penicilina -Infeções dos tecidos moles : recurso à cirurgia -Antibiótico como profilaxia em doentes com febre reumática Jaime Oliveira 55 Impetigo Celulite Erisipela Choque tóxico: é provocado por uma toxina Choque sético: é provocado por uma bactéria
  • 56. Streptococcus Agalactiea: -Pertence ao grupo B (é o único) -É B-hemolitico Fatores de Virulências: -Capsula com ácido siálico (evitar a fagocitose) -Hemolisinas (dão origem à B-hemolise) -Tem o fator CAMP -Hialuronidase, protese, Dnase Teste do CAMP -É um teste que diferencia o Streptococcus Agalactiea dos outros estreptococos B-Hemolíticos. -Os estreptococos que produzem o fator CAMP vão aumentar a lise dos glóbulos vermelhos. -A estria vertical é uma estria de Staphylococcus aureus que é B-hemolítico. -O estafilococos do grupo B ao produzirem o CAMP vão ter uma hemólise mais forte, dai a sua seta ser maior. -Os estreptococos do grupo B vão produzir o fator CAMP que aumenta a lise dos GV pela B- lisina estafilocócica. -A seta maior é a seta do estafilococos do grupo B. Infecções: -Mastite no gado -Doença invasiva no recém-nascido -80% antes dos 7 dias: transmissão vertical (10-30% das mulheres grávidas colonizadas na vagina ou zona perianal com Str. Grup B). -Infecção associada a complicações do parto, prematuro -Pneumonia ou meningite com bacteriémia -Outras: após 1 semana a 3 meses depois do nascimento -Adultos é raro: mulheres doentes pós-parto ou com aborto (endometrite e infeção de feridas) ou idosos imunodeprimidos Terapêutica: -Utilizamos Penicilina -São menos susceptíveis à penicilina em relação aos S. pyogens -Geralmente fazemos uma combinação de ampicilina com um aminoglicosídeo -Tem maior resistência aos antibióticos em relação ao S. Pyogens Jaime Oliveira 56 Identificação: -Hidrolisa o hipurato -Produz CAMP
  • 57. Streptococcus Pneumoniae: Características: -Agrupa-se em diplococos ou em curtas cadeias -Têm capsula - é um fator de virulência -São cocos, porém não são redondos. São mais ou menos alongados. -Podemos classificar estas bactérias de acordo com a capsula que têm. -Os polissacarídeos da capsula são utilizados na classificação serológica. (+ 80 serótipos) Doenças: -Pneumonia -Sinusite -Otite média -Bacteriémia -Meningite Patogénese: -Coloniza a nasofaringe de pessoas saudáveis (30%). -O risco de desenvolvimento de pneumonia ocorre quando há fatores de risco: o sistema de defesa muco-ciliar não é eficaz (causas: alcoolismo, má nutrição, infecção viral, diabetes, etc). -A pneumonia pode não ser uma infeção primária. -Em determinadas situações pode atingir pulmões, ouvido médio, coração ou transportado pelo sangue até ao cérebro. Colónias: -Vamos inocular os estafilococos em gelose sangue. -O tipo de hemólise é característico. É uma alfa hemólise. É uma hemólise incompleta. O S. Pneumoniae tem uma enzima que vai degradar a hemoglobina e dá um produto esverdeado. -A enzima chama-se pneumolisina. -As colónias são susceptíveis á optoquina (antibiótico). Nota: este antibiótico é de uso laboratorial apenas. -Podemos utilizar o APIstrept. Jaime Oliveira 57 Coloração para visualizar a capsula (utilizando tinta da china)
  • 58. Streptococcus do grupo Viridens: Características: -São todos oportunistas. Podem originar infeção. -São bactérias que nos colonizam. -É um grupo de bactérias. É um grupo heterogénio de estreptococos alfa e não- hemolíticos -Os estreptococos do grupo viridens colonizam a zona da nasofaringe, aparecem no trato gastrointestinal, e trato genitourinário -O S. mutans pode formar biofilmes. (Nota: um biofilme pode ter várias bactérias) -O S. mutans forma um biofilme = placa dentária. -O S. mutans também causa as cáries. -Se comer muito açúcar, as bactérias vão fermentar os açúcares e vão formar ácidos. Os ácidos vão correr o esmalte do dente. Temos um cárie. -Com o tempo as bactérias podem chegar á raiz do dente. Meio de cultura: -Os estreptococos do grupo viridens são cultivados em gelose sangue: sangue com 5-10% CO2, por vezes com suplementado com piridoxal (vit. B6). Infeções: -Podem dar origem a Cáries, Endocardites, infecções intra-abdominais. Tratamento: -Penicilina com aminoglicosídeo ou cefalosporina de largo espectro, vancomicina Jaime Oliveira 58
  • 59. Streptococcus grupo D Características: -S. Bovis e S. Equinus -Podem dar origem a cáries -São patogénios oportonistas Infeções: -Endocardites -Infeções urinárias -Infeções em feridas e abcessos -O S. Bovis no sangue tem uma relação com o desenvolvimento de tumores Enterococcus spp Características: -Colonizam o intestino de humanos e de animais. -E. faecalis, E. faecium. E. avium, E. durans são oportunistas -São resistentes ao antibióticos - importância do antibiograma -Aumento da resistencia à vancomicina Resistência aos antibióticos: -A avoparcina é utilizada nos animais, nas rações, para que os animais cresçam mais rápido. -Os animais com concentrações sub-inibitórias de antibióticos que estão nas rações ficam gordos mais rápido. -Começou a aparecer resistência de enterococcos para a vancomicina (apenas utilizado nas infeções por S.aureus penicilina resistentes). -Isto acontece porque a avoparcina faz parte do mesmo grupo que a vancomicina. São da mesma classe. Se eles são resistentes à avoparcina são também resistente à vancomicina. -Ao comer o animal, as bactérias desse animal podem colonizar-nos. -Estas bactérias são muito resistentes aos antibióticos. -Se esta resistência passa para o estafilococos aureus podemos ter graves problemas, porque a vancomicina é a ultima linha de defesa contra as infeções por S. aureus. Jaime Oliveira 59
  • 60. Neisseria spp: Características gerais: -Pertencem à família Neisseriaceae -São diplococos (têm forma de rim / grão de café). -São Gram negativos -São imóveis e não esporulados -Habitam as membranas mucosas do tracto urogenital e respiratório de hospedeiros de sangue quente -São Aeróbios (necessitam de oxigénio) -São Oxidase positiva (há a produção de ácidos por oxidação dos hidratos de carbono). -São Catalase positiva -Crescem melhor em atmosfera húmida e com uma certa % de CO2 - são capnofílicos. As espécies que são patogénicas para o homem são: Neisseria gonorrhoeae (DST) e Neisseria meningitidis (meningites). Fatores de virulência: -Os fatores de virulência são mecanismos que fazem com que as bactérias fiquem mais capazes de provocar doença. -Possuem Cápsula - impede a fagocitose -Têm Pílis - permite uma melhor aderência às superfícies -Têm proteínas na sua parede celular - PorA e PorB; Opa e Rmp -Têm lipooligossacarídeo (LOS) - é semelhante ao LPS mas difere na região do oligassacárido. Neisseria gonorrhoeae: -É o agente etiológico da gonorreia. É uma doença sexualmente transmissível. -Epidemiologicamente teve o seu tempo áureo nos anos 70, porém tem vindo a verificar- se um decréscimo no séc. XXI -A estirpe patogénica é a estirpe que tiver pílis. -Na maioria dos casos é assimtomática (o indivíduo tem infeção mas não tem sintomas). Jaime Oliveira 60 -Fatores de risco comportamentais: .Relações sexuais sem preservativo .Múltiplos parceiros .Parceiros de elevado risco .Uso de drogas -Fatores de risco sociais: .Estado sócio-económico baixo .Residência urbana .Falta de educação .Fraco acesso aos cuidados básicos de saúde .Raça/etnia .Homossexualidade masculina .Prostituição .História de outras doenças sexualmente transmissíveis
  • 61. -No homem origina principalmente uretrites que se não forem tratadas podem originar epidimites e prostatites. -Na mulher origina endocervicites que se não forem tratadas podem originar a doença pélvica inflamatória. -A Neisseria gonorrhoeae pode encontrar-se noutros locais e originar: -Gonorreia rectal -Gonorreia faríngea -Gonorreia conjuntival (gonorreia oftálmica neonatura) -Gonorreia disseminada - bacteriémia -O período de incubação da bactéria é de 1-3 dias. Diagnóstico Laboratorial: -Quando uma pessoa está infectada com N. gonorrhoeae forma-se um exsudado. -Vamos fazer uma colheita deste exsudado com recurso a uma Zaragatoa de Dracon ou de Rayon. -As Zaragatoas (cotonetes gigantes) não podem ser de alginato porque essas inibem o crescimento das Neisseria. -No homem o exsudado é recolhido do pénis com recurso de uma zaragatoa. -Na mulher se não sair exsudado temos de o recolher no endocervix. Para tal temos de utilizar o espéculo. Este objeto facilita a remoção do exsudato. No entanto temos de ter cuidado como vamos lubrificar o espéculo porque o lubrificante pode impedir o crescimento das Neisseria. É recomendado passar por soro estéril morno. -As zaragatoas são guardadas sem refrigeração e têm de ser analisadas até 6h após a colheita. -As zaragatoas são transportadas com o meio de transporte de Amies com carvão e meio de Stuart. -Também existem meios de transporte com meios de cultura, em que inoculamos logo com a zaragatoa o meio (JEMBEC, InTray GC, Gono-Pak) e depois passamos com a ansa. Estes meios têm uma fonte de produção de CO2. Jaime Oliveira 61
  • 62. -Quando a amostra chega ao laboratório vamos fazer um exame microscópico direto, vamos fazer uma coloração de gram e vamos ver a morfologia das bactérias. -No microscópio vou ver diplococos gram negativo intracelulares. -Se no homem sintomático observar um gram com estas características podemos afirmar que temos 95% de evidencias para que seja uma gonorreia. Para a mulher o mesmo não se confirma. Precisamos de fazer uma confirmação no meio de cultura. Cultura: -Nas zonas de recolha de amostra temos zonas onde habitam bactérias que pertencem à nossa flora bacteriana! Elas vão atrapalhar no diagnóstico. -Temos de utilizar meios de isolamento para isolar apenas as bactérias do género Neisseria. -Vou utilizar um meio base que é o meio de gelose de chocolate ao qual vou adicionar fatores de crescimento e vou adicionar antibióticos (eles vão inibir o crescimento das bactérias que não me interessam). -Podemos utilizar vários meios como Thayer-Martin modificado, Martin Lewis, New York City, Gelose de Chocolate +. -Os meios estão armazenados a 4ºC, temos de os por à temperatura ambiente para evitar o choque térmico!! -Vamos incubar estes meios com 3-7% de CO2, a 35ºC, durante 24, 48, 72 horas. -O CO2 pode vir, por exemplo, pela técnica da vela. (simples e barato). -Vamos observar as culturas passados 24H, 48H e 72H. Se não houver crescimento devemos manter as colónias mais 2 dias na estufa. Se não crescer após 2 dias podemos dar o resultado como negativo. Jaime Oliveira 62
  • 63. Colónias: -São pequenas, brilhantes, acizentadas e sem hemólise. Identificação: -Antes de fazer as provas bioquímicas devemos passar as colónias para uma gelose chocolate sem inibidores. A gelose anterior tinha muitos antibióticos. -Testes a realizar: (estes testes dão-me uma identificação presuntiva) -Coloração de gram -Teste da oxidase -Teste de catalase -Tenho de ver diplococos gram negativo intracelulares, e a prova da oxidase e catalase têm de dar positivo. -Posso também realizar: -Teste de acidificação dos hidratos de carbono -Teste de imunofluorescência direta -Testes comercias (RapID NH, Vitek NHI, API NH) -Técnicas moleculares Susceptibilidade aos antimicrobianos: -A penicilina era o agente de eleição, porém ao longo do tempo tem se vindo a verificar um aumento da resistência. -Temos de fazer o teste do nitrocefin para ver se existem B- lactamases. -Se existirem B-lactamases não podemos dar penicilina porque ela não vai atuar. -Devemos tambem fazer testes de susceptibilidade como o método de difusão em disco, E-test e diluição em agar. Agentes antimicrobianos: penicilina, cefalosporinas de espectro alargado, tetraciclina, fluoroquinolona, azitromicina. Prevenção: -Educação Sexual -Rastreio de casos assintomáticos em indivíduos com comportamentos de risco -Rastreio e diagnóstico dos parceiros sexuais Jaime Oliveira 63
  • 64. Neisseria meningitidis: -Pode aparecer na flora normal da orofaringe e nasofaringe. -Pode provocar: -Meningite purulenta - é a mais frequente -Bacteriémia -Sepsia (25% de mortalidade) -O polissacarídeo da capsula é o fator de virulência mais importante. -13 serogrupos são identificados a partir do polissacarídeo da cápsula. -Os mais infecciosos são o tipo A, B, C, Y e W135. -Epidemiologicamente 3-30% dos indíviduos saudáveis são portadores de meningococos na flora nasofaríngica. -É transmissível por aerossóis, por inalação das gotas respiratória aerossolizadas. -Existem vários fatores que favorecem a transmissão como: -Populações fechadas (infantários, quarteis, lares) -Contacto direto com pessoas infectadas (aconselhado tratamento profilático) -Susceptibilidade do hospedeiro. Diagnóstico laboratorial: -Vamos utilizar como amostras: -LCR- líquido cefalorraquídeo -Sangue -Estas são as amostras mais comuns. (nota: numa pessoa saudável é de esperar que estes líquido sejam estéreis). -Fazemos a recolha da nossa amostra com recurso a Zaragatoas nasofaríngieas ou orofaríngeas. Utilizamos também os aspirados. Exames microscópico: -Vamos fazer uma coloração gram para ver a morfologia. A coloração de gram deve incluir a quantificação de polimorfonucleares (leucócitos). -Na preparação espero ver diplococos gram - nos quais podemos ver um halo à sua volta. Eles são capsulados (para melhor visualizar a capsula fazemos uma coloração com tinta da china). -Se na cultura tiver muitas bactérias e poucos leucócitos o prognóstico é mau, se tiver poucas bactérias e muitos leucócitos o prognóstico é bom. Cultura: -Quando se tratam de amostras de sangue e de LCR (são amostras estéreis apenas vão conter a bactéria que estiver a provocar a infeção), vão ser incubadas em gelose sangue ou gelose chocolate. -As outras amostras podem conter bactérias que fazem parte da microbiota normal, então tenho de utilizar meios seletivos, que são hayer-Martin modificado, Martin Lewis, New York City, Gelose de Chocolate +. Jaime Oliveira 64
  • 65. -Vão ser incubados a 5-7% de CO2, a 35ºC durante 24, 48, 72 horas. Colónias: -Se tiverem capsula formam muco. -No geral, as colónias da N. meningitidis são maiores do que as colónias da N. gonorrhoeae. Identificação: -São oxidase positiva -São catalase positiva, mas menos energéticas do que a N. gonorrhoeae -Podemos utilizar sistemas comerciais. -Podemos fazer o agrupamento serológico com Anti-soro anti-meningococo Prevenção: -Há vacinas contra o serótipo A, C, Y e W135 -Aos 12 meses as crianças levam a vacina contra o serótipo C (MenC). Podem sofrer infeções dos outros serótipos. Susceptibilidade aos antimicrobianos: -O fármaco de eleição para a meningite é a Penicilina G. -É necessário fazer o teste do nitrocefin para ver se a bactéria possui ou não B-hemólise. -Alternativas: cefalosporinas de espectro alargado, tetraciclinas, fluoroquinolonas. Jaime Oliveira 65 Gelose sangue Gelose chocolate
  • 66. -É recomendado fazer micro ou macro diluições dos antibióticos. -Microdiluição em caldo Mueller-Hinton suplementado de 2 a 5% de sangue de cavalo lisado e catiões. -Diluição em agar em Mueller-Hinton com 5% de sangue de ovelha desfibrinado -E-Test Haemophilus -Existem várias espécies dentro do género Haemophilus -Fazem parte da flora bacteriana normal do tracto respiratório superior do Homem. -Muitos dos membros deste género não são patogénicos ou produzem infeções oportunistas. -As espécies mais patogénicas são: -H. influenzae que dá várias infeções no tracto respiratório -H. influenzae biogrupo aegyptus que dá conjuntivites nas crianças (em especial nos recém nascidos, pode levar à morte). -H. ducreyi que é o agente etiológico do cancroide que é uma doença sexualmente transmissível. Características: -São bacilos ou cocobacilos gram negativo. -São pleomórficos (na amostra tanto podem aparecer bacilos como cocobacilos). -São imóveis. -São aeróbios ou anaeróbios facultativos. -São fermentadores dos hidratos de carbono, produzem ácidos. -São oxidase positiva -São catalase positiva -Reduzem os nitratos a nitritos - são nitratase positiva -São parasitas obrigatórios das membranas mucosas do homem. Haemophilus influenzae Fatores de virulências: -O principal fator de virulência é a cápsula. -Existem 6 serótipos (a, b, c, d, e, f) baseados nos polissacarídeos capsulares -São dotados de pílis - promove a sua aderência -Tem proteases do tipo IgA -Têm Lipooligossacarídeo (LOS) e proteínas da membrana exterior Jaime Oliveira 66
  • 67. -O H. influenzae capsulado, serótipo b causa doenças invasivas. Esta bactéria habita nas nossas mucosas. É responsável meningite, epiglote, artrite e celulite. Estas infeções são mais comuns em crianças. -O H. influnzae não capsulado causa doenças não invasivas como a pneumonia e a sinosite. Especialmente em adultos. Vacinação -A partir de 2006 os recém nascidos são vacinados contra o H. influenzae tipo b. 2 meses-1ª dose; 4meses-2ª dose; 6 meses-3ª dose; 18 meses-4ª dose Haemophilus ducreyi -Agente etiológico do cancroide (cancro mole) que é uma DST -Tem um período de incubação de 4-14 dias -Começa com uma pápula inicial que se transforma em uma úlcera dolorosa, com orla inflamada. -Os sítios mais comuns desta infeção são o pénis, a vagina e os lábios vaginais. -A nível do diagnóstico laboratorial devemos fazer um Gram e uma cultura do exsudado da úlcera Haemophilus influenzae biogrupo aegyptus -É um oportunista -Está presente nas doenças pediátricas -Pode originar conjuntivites seguidas de febre acompanhadas de vómito e dor abdominal. Poderá ser fatal. Diagnóstico laboratorial: -As amostras biológicas mais comuns são: -Sangue -LCR (líquido cefalorraquidiano) -Exsudados do ouvido médio -Líquido de articulações -Expectoração -Zaragatoas das conjuntivas -Zaragatoas vaginais -Drenagem de abcessos -Para fazer o diagnóstico de infeções do trato respiratório inferior em vez de utilizarmos a expectoração devemos utilizar lavagens brônquicas ou aspiração traqueal. -As espécies Haemophilus morrem rapidamente! O transporte e processamento das amostras tem de ser rápido. Jaime Oliveira 67
  • 68. Processamento Laboratorial: -Para dar um diagnóstico bacteriológico correcto devemos fazer exames diretos, exames culturais, exigência em fatores X e V e ter em conta os dados clínicos mais relevantes. -Em caso de dúvida, a diferenciação mais completa das espécies de Haemophilus pode ser feita por micrométodos. -Após a identificação devemos fazer o antibiograma e a pesquisa de B-lactamases (teste do nitrocefim). Exame direto: -Fazemos uma coloração gram. Esperamos ver pequenos cocobacilos de Gram negativo. -Quando fazemos uma observação microscópica do LCR é muito importante o diagnóstico presuntivo de meningite por H. influenzae. -Os produtos biológicos com flora bacteriana rica tem uma exame direto com menor importância para o diagnóstico. Por exemplo, na expectoração temos haemophilus no trato respiratório superior, não conseguimos distinguir o que está a causar a infeção. Ou seja, produtos que tenham bactérias do trato respiratório superior dão um exame com menor importância porque ele está contaminado com bactérias da nossa flora, dificultando o diagnóstico. Culturas -As amostras clínicas são inoculadas em: -gelose de Sangue -gelose de Chocolate -gelose de MacConkey -Vão para a incubadora a 37ºC durante 18/24H com 5-10% de CO2. -Haemophilus não cresce em MacConkey e em gelose Sangue cresce mal ou não cresce. -As colónias em gelose chocolate são translúcidas, lisas, convexas com aspeto húmido. As colónias são muito redondas porque são imóveis. -As colónias do H. influenzae são mais cinzentas, as estirpes capsuladas apresentam colónias maiores e mais mucosas. -Colónias com capsulas são mais mucosas. Identificação Laboratorial: -Os Haemophilus para crescerem precisam de fatores de crescimento: -Fator X (Hemina) -Fator V (NAD-Nicotinamida adenina dinucleótido) Jaime Oliveira 68