SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 41
HILDA HIRST
Prof. Esp. Ivan Lucas
BIOGRAFIA
 Nasceu em 21 de abril de 1930 em Jaú, São
Paulo;
 Faleceu em 04 de fevereiro de 2004 aos 73
anos em Campinas, São Paulo.
 Foi a única filha do fazendeiro de café,
jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de
Almeida Prado Hilst, filho de Eduardo Hilst,
imigrante originário da Alsácia-Lorena, e de
Maria do Carmo Ferraz de Almeida Prado.
BIOGRAFIA
 Sua mãe, Bedecilda Vaz Cardoso, era filha
de imigrantes portugueses. Em 1932, seus
pais se separaram. Em plena Revolução
Constitucionalista, Bedecilda mudou-se
para Santos, com Hilda e Ruy Vaz Cardoso,
filho do seu primeiro casamento. Em 1935,
Apolônio foi diagnosticado com esquizofrenia
paranoide.
BIOGRAFIA
 Em 1937, Hilda ingressou como aluna
interna do Colégio Santa Marcelina, em
São Paulo, onde cursou o primário e o
ginasial, com desempenho considerado
brilhante. Nesse ano, a mãe lhe revelou a
doença de seu pai.
BIOGRAFIA
 Em 1945, iniciou o curso secundário
no Instituto Presbiteriano Mackenzie, onde
permaneceu até a conclusão do curso.
 Em 1948, entrou para a Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo (Largo São
Francisco), onde conheceu aquela que seria
sua grande amiga ao longo da vida, a
escritora Lygia Fagundes Telles.
BIOGRAFIA
 Presságio, publicado em 1950, foi recebido com
grande entusiasmo pelos poetas Jorge de
Lima e Cecília Meireles.
 A partir de 1951, ano em que publicou seu
segundo livro de poesia, Balada de Alzira, foi
nomeada curadora do pai.
 Concluiu o curso de Direito em 1952. Depois da
leitura do livro Carta a El Greco, do escritor
grego Nikos Kazantzakis, Hilda decide afastar-se
da vida agitada de São Paulo e, em 1964, passa a
viver na sede da fazenda de sua mãe, próximo
a Campinas, durante a construção da sua casa
numa parte daquela propriedade.
BIOGRAFIA
 Em 1966, findos os trabalhos da construção,
Hilda muda-se para sua Casa do Sol, casa
planejada detalhadamente pela autora para ser
um espaço de inspiração e criação artística.
 Hilda Hilst viveu o resto de sua vida na Casa do
Sol e nela hospedou diversos escritores e
artistas por vários anos. Os escritores Bruno
Tolentino e Caio Fernando Abreu foram
hóspedes da Casa do Sol.
BIOGRAFIA
 Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo
sido agraciada com os mais importantes prêmios
literários do Brasil.
 Em 1962, recebeu o Prêmio PEN Clube de São Paulo,
por Sete Cantos do Poeta para o Anjo (Massao
Ohno Editor, 1962).
 Em 1969, a peça O Verdugo arrebatou o Prêmio
Anchieta, um dos mais importantes do país na época. No
mesmo ano, a cantata Pequenos Funerais Cantantes,
composta por seu primo, o compositor Almeida Prado,
sobre o poema homônimo de Hilda, dedicado ao poeta
português Carlos Maria Araújo, conquistou o primeiro
prêmio do I Festival de Música da Guanabara
BIOGRAFIA
 A escritora Hilda Hilst morreu na madrugada
do dia 04 de fevereiro de 2004, aos 73 anos,
em Campinas(interior de São Paulo).
Internada havia 35 dias no Hospital das
Clínicas da Unicamp para a realização de
uma cirurgia, após sofrer uma queda que
causou uma fratura no fêmur, a escritora
tinha deficiência crônica cardíaca e
pulmonar, o que agravou seu quadro clínico.
SUA OBRA...
 Assuntos tidos como socialmente
controversos foram temas abordados pela
autora em suas obras. No entanto, conforme
a própria escritora confessou em sua
entrevista ao Cadernos de Literatura
Brasileira, seu trabalho sempre buscou,
essencialmente, retratar a difícil relação
entre Deus e o homem.
SUA OBRA...
 Alguns de seus textos foram traduzidos para
o francês, inglês, italiano e alemão. Em
março de 1997, seus textos Com os meus
olhos de cão e A obscena senhora D foram
publicados pela Editora Gallimard, tradução
de Maryvonne Lapouge, que também
traduziu Grande Sertão: Veredas, de João
Guimarães Rosa.
POESIA
 Presságio - SP: Revista dos Tribunais, 1950.
 Balada de Alzira - SP: Edições Alarico, 1951.
 Balada do festival - RJ: Jornal de Letras, 1955.
 Roteiro do Silêncio - SP: Anhambi, 1959.
 Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959. SP: Massao Ohno, 1961.
 Ode Fragmentária - SP: Anhambi, 1961.
 Sete cantos do poeta para o anjo - SP: Massao Ohno, 1962. (Prêmio PEN Clube de São Paulo)
 Poesia (1959/1967) - SP: Editora Sal, 1967.
 Amado Hilst- SP: Editora Sal, 1969.
 Júbilo, memória, noviciado da paixão - SP: Massao Ohno, 1974.
 Poesia (1959/1979) - SP: Quíron/INL, 1980.
 Da Morte. Odes mínimas - SP: Massao Ohno, Roswitha Kempf, 1980.
 Da Morte. Odes mínimas - SP: Nankin/Montréal: Noroît, 1998. (Edição bilíngüe, francês-
português.)
 Cantares de perda e predileção - SP: Massao Ohno/Lídia Pires e Albuquerque Editores, 1980.
(Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro. Prêmio Cassiano Ricardo/Clube de Poesia de São
Paulo.)
 Poemas malditos, gozosos e devotos - SP: Massao Ohno/Ismael Guarnelli Editores, 1984.
 Sobre a tua grande face - SP: Massao Ohno, 1986.
 Alcoólicas - SP: Maison de vins, 1990.
 Amavisse - SP: Massao Ohno, 1989.
 Bufólicas - SP: Massao Ohno, 1992.
 Do Desejo - Campinas, Pontes, 1992.
 Cantares do Sem Nome e de Partidas - SP: Massao Ohno, 1995.
 Do Amor - SP: Massao Ohno, 1999.
FICÇÃO
 Fluxo - Floema - SP: Perspectiva, 1970.
 Qadós - SP: Edart, 1973.
 Ficções - SP: Quíron, 1977. (Prêmio APCA/ Associação Paulista dos
Críticos de Arte. Melhor livro do ano.)
 Tu não te moves de ti - SP: Cultura, 1980.
 A obscena senhora D - SP: Massao Ohno, 1982.
 Com meus olhos de cão e outras novelas - SP: Brasiliense, 1986.
 O Caderno Rosa de Lory Lamby - SP: Massao Ohno, 1990.
 Contos D'Escárnio / Textos Grotescos - SP: Siciliano, 1990.
 Cartas de um sedutor - SP: Paulicéia, 1991.
 Rútilo Nada - Campinas: Pontes, 1993. (Prêmio Jabuti/Câmara
Brasileira do Livro.)
 Estar Sendo/ Ter Sido - SP: Nankin, 1997.
 Cascos e Carícias - crônicas reunidas (1992-1995) - SP: Nankin, 1998.
TEATRO
 A Possessa - 1967.
 O rato no muro - 1967.
 O visitante - 1968.
 Auto da Barca de Camiri - 1968.
 O novo sistema - 1968.
 Aves da Noite - 1968.
 O verdugo - 1969 (Prêmio Anchieta)
 A morte de patriarca - 1969
TRADUÇÕES
Para o francês:
 « Agda » (fragment). In : Brasileiras : voix, écrits du Brésil. Org. de Clelia Pisa e Maryvonne
Lapouge Petorelli. Paris, Des Femmes, 1977, p. 5-14e 341-358.
 Contes Sarcastiques - Fragments érotiques. Trad. de Maryvonne Lapouge-Petorelli. Paris,
Gallimard, 1994.
 L’obscène madame D suivi de Le Chien. Trad. de Maryvonne Lapouge-Petorelli. Paris,
Gallimard, Coll. Arpenteur, 1997.
 Sur ta grande face. Trad. de Michel Riaudel. In : Pleine Marge : cahiers de littérature, d’arts
plastiques & de critique. Paris, Éditions Peeters-France, 1997, p. 29-51.
 Cinq poèmes d’Hilda Hilst. In : Anthologie de la poésie brésilienne. Edição bilíngue. Prefácio e
seleção de Renata Pallottini; Trad. de Isabel Meyrelles. Paris, Ed. Chandeigne, 1998, p. 373-
381.
 Da morte. Odes mínimas. De la mort. Odes minimes. Edição bilíngue. Trad. de Álvaro Faleiros.
São Paulo, Nankin Editorial; Montréal: Ed. Noroît, 1998.
 Contes Sarcastiques - Fragments érotiques. Trad. de Maryvonne Lapouge-Petorelli. Paris, Le
Serpent à Plumes, 1999.
 De l'amour précédé de Poèmes maudits, jouissifs et dévots. Trad. Catherine Dumas. Paris,
Caractères, Coll. Planètes, 2005.
 Rutilant Néant - Et autres fictions. Trad. Ilda Mendes Dos Santos. Paris, Caractères, Coll.
Ailleurs-là-bas, 2005.
 L'âme de retour (crônica). Trad. Michel Riaudel. in EUROPE - Littérature du Brésil. Paris, La
Source, Nov-Déc. 2005. n 919-920. pp. 167–170.
TRADUÇÕES
Para o italiano:
 Il quaderno rosa di Lori Lamby. Trad. Adelina Aletti. Milano:
Sonzogno, 1992.
Para o alemão:
 Briefe Eines Verführers. Trad. Mechthild Blumberg. Bremen,
2000.
Para o inglês:
 The Obscene Madame D." Trans. Nathanaël and Rachel Gontijo
Araujo. Nightboat, NY, and A Bolha, Rio de Janeiro. USA. 2012
 Letters from a Seducer. Trans. John Keene. Nightboat, NY, and A
Bolha, Rio de Janeiro. USA. 2014
 With My Dog Eyes. Trans. Adam Morris. Melville House, NY.
2014
CURIOSIDADE
 Em 1957 namorou o ator americano Dean
Martin.
DOCUMENTÁRIOS E AUDIOVISUAIS
 ALMEIDA; BARBIN; RAZUK. Eu lambo, tu lambes, Lori Lamby.
Mackenzie-SP, 2005.
 CHIQUETTI; TROYA; RIOS. Hilda Hilst para virgens. PUC-
Campinas, 2001
 DEPOIMENTO da escritora Hilda Hilst. Setor de audiovisual do
Instituto de Estudos da Linguagem IEL-UNICAMP. Campinas,
1991.
 GRANDO & LOBO. Hilda Hilst: Casa do Sol Viva. Brasil, 2006.
26min.
 HILDA Humana Hilst. Programa Memória Expressa.
Departamento de Comunicação CCO-UNICAMP, Campinas,
2003.
 LAMBERT, Leandra & GWAZ, Alexandre. A Obscena Senhora
Silêncio. Rio de Janeiro, 2010. 15min.
 POETA Hilda Hilst investiga o fenômeno das vozes eletrônicas.
Programa Fantástico, 18 de mar. de 1979. 10min.
ACERVO FOTOGRÁFICO
“Te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara
me faça menos osso e mais verdade.”
ACERVO FOTOGRÁFICO
“Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.”
ACERVO FOTOGRÁFICO
Araras versáteis (Hilda Hilst)
Araras versáteis. Prato de anêmonas.
O efebo passou entre as meninas
trêfegas.
O rombudo bastão luzia na mornura das
calças e do dia.
Ela abriu as coxas de esmalte, louça e
umedecida laca
E vergastou a cona com minúsculo açoite.
O moço ajoelhou-se esfuçando-lhe os
meios
E uma língua de agulha, de fogo, de
molusco
Empapou-se de mel nos refolhos
robustos.
Ela gritava um êxtase de gosmas e de
lírios
Quando no instante alguém
Numa manobra ágil de jovem marinheiro
ACERVO FOTOGRÁFICO
E por que haverias de querer…
(Hilda Hilst)
E por que haverias de querer
minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas,
deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que
gostávamos.
Mas não menti gozo prazer
lascívia
Nem omiti que a alma está além,
buscando
Aquele Outro. E te repito: por que
haverias
De querer minha alma na tua
cama?
Jubila-te da memória de coitos e
de acertos.
ACERVO FOTOGRÁFICO
“Que canto há de cantar o que
perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os
lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos
indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?”
(Hilda Hilst)
ACERVO FOTOGRÁFICO
Poemas aos Homens do nosso
tempo
Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis,
ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.
CONCLUINDO...
 Enigmática, estranha e instigante: esses são alguns dos
adjetivos que bem descrevem Hilda Hilst, um dos grandes nomes
da Literatura brasileira e importante voz feminina em nossa
poesia.
 Hilda Hilst dedicou boa parte de sua vida à Literatura, tendo
deixado mais de quarenta livros publicados. Embora não tenha
caído nas graças do grande público e da crítica, que considera
ainda hoje seus textos herméticos.
 A temática de sua poesia circundou as ações humanas, a
inquietude do ser, a morte, o amor, o sexo, Deus e indagações
metafísicas, tema que a levou a flertar com a Física e com a
Filosofia.
CONCLUINDO...
 Entre suas experiências literárias, esteve
aquilo que ela chamou de
“Transcomunicação Instrumental”, quando
deixava gravadores ligados por sua chácara
(a Casa do Sol, hoje Instituto Hilda Hilst)
com o intuito de gravar vozes de espíritos,
demonstrando assim sua clara preocupação
com a sobrevivência da alma.
A CASA DO SOL
A CASA DO SOL
 Casa em estilo convento colonial onde
Hilda passou mais da metade de sua vida;
 É cercada de histórias famosas;
 Teve como morador o escritor Caio
Fernando Abreu;
 Possui no quintal uma figueira que,
segundo dizem, realiza desejos;
A CASA DO SOL
 Possui uma mesa de mármore quebrada,
décadas atrás, com o peso de Jô Soares,
outro amigo de Hilda;
 Foi lá que ela criou obras como “Júbilo,
Memória, Noviciado da Paixão” (1974), cujas
iniciais remetiam à paixão platônica por
Júlio Mesquita Neto (1922-1996), diretor de
“O Estado de S. Paulo;
A CASA DO SOL
 Foi onde também criou a trilogia erótica “O
Caderno Rosa de Lori Lamby”, “Contos d’
Escárnio/Textos Grotescos” e “Diário de Um
Sedutor” que lhe garantiu mais atenção nas
vendas nos anos 1990;
 Em 2013, foram localizados lá um livro
infantil, poemas, desenhos e textos em
prosa: material para ao menos quatro novos
livros;
A CASA DO SOL
 Após a morte de Hilda Hilst, em 2004, a casa
demorou a virar o que é hoje, o Instituto
Hilda Hilst, pois havia pendências - a maior
delas, uma de IPTU, desde 1990, que em
2011 superava R$3 milhões;
 Tombada em 2011, a casa teve sua dívida
renegociada e quitada em 2013
A CASA DO SOL
A CASA DO SOL
A CASA DO SOL
A CASA DO SOL
 Para os interessados em visitá-la:
Localização: Rua João Caetano Monteiro,
s/n, Parque Xangrilá, Campinas.
Telefone: (11) 9.9261-3068
Site: http://www.hildahilst.com.br/
ALGUMAS DAS MELHORES POESIAS DE HILDA
HILST
Dez chamamentos ao amigo
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
(I)
Árias Pequenas. Para Bandolim
Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores
Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.
Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.
Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.
Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.
Que este Amor não me Cegue
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
Porque Há Desejo em Mim
Porque há desejo em mim, é tudo
cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.
FIM

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Semana de Arte Moderna 1922
Semana de Arte Moderna 1922Semana de Arte Moderna 1922
Semana de Arte Moderna 1922
seixasmarianas
 

Mais procurados (20)

Movimentos sociais
Movimentos sociaisMovimentos sociais
Movimentos sociais
 
Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)
 
O QUINZE, de Rachel de Queiroz
O QUINZE, de Rachel de QueirozO QUINZE, de Rachel de Queiroz
O QUINZE, de Rachel de Queiroz
 
Parnasianismo'
Parnasianismo'Parnasianismo'
Parnasianismo'
 
Globalização
GlobalizaçãoGlobalização
Globalização
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Guimarães rosa
Guimarães rosaGuimarães rosa
Guimarães rosa
 
Resumo do Livro Vidas Secas
Resumo do Livro Vidas Secas Resumo do Livro Vidas Secas
Resumo do Livro Vidas Secas
 
Literatura Piauiense
Literatura PiauienseLiteratura Piauiense
Literatura Piauiense
 
Semana de Arte Moderna 1922
Semana de Arte Moderna 1922Semana de Arte Moderna 1922
Semana de Arte Moderna 1922
 
2012 história do ceará
2012  história do ceará2012  história do ceará
2012 história do ceará
 
HISTÓRIA | 2ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13CHS104) D1/D4
HISTÓRIA | 2ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13CHS104) D1/D4HISTÓRIA | 2ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13CHS104) D1/D4
HISTÓRIA | 2ª SÉRIE | HABILIDADE DA BNCC - (EM13CHS104) D1/D4
 
Jorge Amado
Jorge AmadoJorge Amado
Jorge Amado
 
João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto
 
Poesia de 30
Poesia de 30Poesia de 30
Poesia de 30
 
Especial Clarice Lispector
Especial Clarice LispectorEspecial Clarice Lispector
Especial Clarice Lispector
 
Independencia brasil
Independencia brasilIndependencia brasil
Independencia brasil
 
Populações tradicionais
Populações tradicionaisPopulações tradicionais
Populações tradicionais
 
Formação do povo brasileiro
Formação do povo brasileiroFormação do povo brasileiro
Formação do povo brasileiro
 
Variação linguística no ENEM
Variação linguística no ENEMVariação linguística no ENEM
Variação linguística no ENEM
 

Semelhante a Hilda Hilst

Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel BandeiraAnalise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Mayara Maia
 
Tem gato na tuba e outros poemas
Tem gato na tuba e outros poemasTem gato na tuba e outros poemas
Tem gato na tuba e outros poemas
linguaefala
 
Eugénio de Andrade, Mário de Sá Carneiro
Eugénio de Andrade, Mário de Sá CarneiroEugénio de Andrade, Mário de Sá Carneiro
Eugénio de Andrade, Mário de Sá Carneiro
Rosário Cunha
 

Semelhante a Hilda Hilst (20)

Projeto poesia - 2015
Projeto poesia - 2015Projeto poesia - 2015
Projeto poesia - 2015
 
MauríCio Francelino De Jesus Mario De Quintana
MauríCio Francelino De Jesus   Mario De QuintanaMauríCio Francelino De Jesus   Mario De Quintana
MauríCio Francelino De Jesus Mario De Quintana
 
Resenha temática
Resenha temáticaResenha temática
Resenha temática
 
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel BandeiraAnalise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
 
Artigo martha
Artigo  marthaArtigo  martha
Artigo martha
 
Sophia De Mello Breyner Andresen Biografia
Sophia De Mello Breyner Andresen BiografiaSophia De Mello Breyner Andresen Biografia
Sophia De Mello Breyner Andresen Biografia
 
Tem gato na tuba e outros poemas
Tem gato na tuba e outros poemasTem gato na tuba e outros poemas
Tem gato na tuba e outros poemas
 
Os modernistas da 1º fase
Os modernistas da 1º faseOs modernistas da 1º fase
Os modernistas da 1º fase
 
Letria
LetriaLetria
Letria
 
João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo NetoJoão Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto
 
Modernismo e mail
Modernismo e mailModernismo e mail
Modernismo e mail
 
Autores gaúchos - Trabalho Mídias na Educação - 7° ano
Autores gaúchos - Trabalho Mídias na Educação - 7° anoAutores gaúchos - Trabalho Mídias na Educação - 7° ano
Autores gaúchos - Trabalho Mídias na Educação - 7° ano
 
Tr...pesquisa
Tr...pesquisaTr...pesquisa
Tr...pesquisa
 
Lygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes TellesLygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes Telles
 
Teorias da Tradução - Giuseppe Ungaretti
Teorias da Tradução - Giuseppe UngarettiTeorias da Tradução - Giuseppe Ungaretti
Teorias da Tradução - Giuseppe Ungaretti
 
Vinicius de Moraes
Vinicius de MoraesVinicius de Moraes
Vinicius de Moraes
 
Eugénio de Andrade, Mário de Sá Carneiro
Eugénio de Andrade, Mário de Sá CarneiroEugénio de Andrade, Mário de Sá Carneiro
Eugénio de Andrade, Mário de Sá Carneiro
 
Trabalho raquel luisa ducla
Trabalho raquel  luisa duclaTrabalho raquel  luisa ducla
Trabalho raquel luisa ducla
 
Antologia poética
Antologia poéticaAntologia poética
Antologia poética
 
Poemas Tem Gato na Tuba
Poemas Tem Gato na TubaPoemas Tem Gato na Tuba
Poemas Tem Gato na Tuba
 

Mais de Ivan Lucas

Mais de Ivan Lucas (20)

A arte do século xviii (moda)
A arte do século xviii (moda)A arte do século xviii (moda)
A arte do século xviii (moda)
 
Fallen - entre o céu e o inferno
Fallen -  entre o céu e o infernoFallen -  entre o céu e o inferno
Fallen - entre o céu e o inferno
 
Tolkien
TolkienTolkien
Tolkien
 
Anne rice, a rainha dos condenados
Anne rice, a rainha dos condenadosAnne rice, a rainha dos condenados
Anne rice, a rainha dos condenados
 
A garota com tatuagem de dragão
A garota com tatuagem de dragãoA garota com tatuagem de dragão
A garota com tatuagem de dragão
 
Rupi kaur
Rupi kaurRupi kaur
Rupi kaur
 
CURRÍCULOS
CURRÍCULOSCURRÍCULOS
CURRÍCULOS
 
Leitura de Gráficos
Leitura de GráficosLeitura de Gráficos
Leitura de Gráficos
 
Elvira Vigna
Elvira VignaElvira Vigna
Elvira Vigna
 
Milton Hatoum
Milton HatoumMilton Hatoum
Milton Hatoum
 
Anna Muylaert
Anna MuylaertAnna Muylaert
Anna Muylaert
 
Olívia Sarmento
Olívia SarmentoOlívia Sarmento
Olívia Sarmento
 
Cristóvão Tezza
Cristóvão TezzaCristóvão Tezza
Cristóvão Tezza
 
Xico Sá
Xico SáXico Sá
Xico Sá
 
ÍTalo Moriconi
ÍTalo MoriconiÍTalo Moriconi
ÍTalo Moriconi
 
Nélida Piñon
Nélida PiñonNélida Piñon
Nélida Piñon
 
Helena Morley
Helena MorleyHelena Morley
Helena Morley
 
Cyro Martins
Cyro MartinsCyro Martins
Cyro Martins
 
Charles Bukowski
Charles BukowskiCharles Bukowski
Charles Bukowski
 
Alberto da Costa e Silva
Alberto da Costa e SilvaAlberto da Costa e Silva
Alberto da Costa e Silva
 

Último

atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
Autonoma
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
azulassessoria9
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
PatriciaCaetano18
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 

Último (20)

Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
 
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União EuropeiaApresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
 
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa paraINTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
 
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LPQuestões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 

Hilda Hilst

  • 2. BIOGRAFIA  Nasceu em 21 de abril de 1930 em Jaú, São Paulo;  Faleceu em 04 de fevereiro de 2004 aos 73 anos em Campinas, São Paulo.  Foi a única filha do fazendeiro de café, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst, filho de Eduardo Hilst, imigrante originário da Alsácia-Lorena, e de Maria do Carmo Ferraz de Almeida Prado.
  • 3. BIOGRAFIA  Sua mãe, Bedecilda Vaz Cardoso, era filha de imigrantes portugueses. Em 1932, seus pais se separaram. Em plena Revolução Constitucionalista, Bedecilda mudou-se para Santos, com Hilda e Ruy Vaz Cardoso, filho do seu primeiro casamento. Em 1935, Apolônio foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide.
  • 4. BIOGRAFIA  Em 1937, Hilda ingressou como aluna interna do Colégio Santa Marcelina, em São Paulo, onde cursou o primário e o ginasial, com desempenho considerado brilhante. Nesse ano, a mãe lhe revelou a doença de seu pai.
  • 5. BIOGRAFIA  Em 1945, iniciou o curso secundário no Instituto Presbiteriano Mackenzie, onde permaneceu até a conclusão do curso.  Em 1948, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco), onde conheceu aquela que seria sua grande amiga ao longo da vida, a escritora Lygia Fagundes Telles.
  • 6. BIOGRAFIA  Presságio, publicado em 1950, foi recebido com grande entusiasmo pelos poetas Jorge de Lima e Cecília Meireles.  A partir de 1951, ano em que publicou seu segundo livro de poesia, Balada de Alzira, foi nomeada curadora do pai.  Concluiu o curso de Direito em 1952. Depois da leitura do livro Carta a El Greco, do escritor grego Nikos Kazantzakis, Hilda decide afastar-se da vida agitada de São Paulo e, em 1964, passa a viver na sede da fazenda de sua mãe, próximo a Campinas, durante a construção da sua casa numa parte daquela propriedade.
  • 7. BIOGRAFIA  Em 1966, findos os trabalhos da construção, Hilda muda-se para sua Casa do Sol, casa planejada detalhadamente pela autora para ser um espaço de inspiração e criação artística.  Hilda Hilst viveu o resto de sua vida na Casa do Sol e nela hospedou diversos escritores e artistas por vários anos. Os escritores Bruno Tolentino e Caio Fernando Abreu foram hóspedes da Casa do Sol.
  • 8. BIOGRAFIA  Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil.  Em 1962, recebeu o Prêmio PEN Clube de São Paulo, por Sete Cantos do Poeta para o Anjo (Massao Ohno Editor, 1962).  Em 1969, a peça O Verdugo arrebatou o Prêmio Anchieta, um dos mais importantes do país na época. No mesmo ano, a cantata Pequenos Funerais Cantantes, composta por seu primo, o compositor Almeida Prado, sobre o poema homônimo de Hilda, dedicado ao poeta português Carlos Maria Araújo, conquistou o primeiro prêmio do I Festival de Música da Guanabara
  • 9. BIOGRAFIA  A escritora Hilda Hilst morreu na madrugada do dia 04 de fevereiro de 2004, aos 73 anos, em Campinas(interior de São Paulo). Internada havia 35 dias no Hospital das Clínicas da Unicamp para a realização de uma cirurgia, após sofrer uma queda que causou uma fratura no fêmur, a escritora tinha deficiência crônica cardíaca e pulmonar, o que agravou seu quadro clínico.
  • 10. SUA OBRA...  Assuntos tidos como socialmente controversos foram temas abordados pela autora em suas obras. No entanto, conforme a própria escritora confessou em sua entrevista ao Cadernos de Literatura Brasileira, seu trabalho sempre buscou, essencialmente, retratar a difícil relação entre Deus e o homem.
  • 11. SUA OBRA...  Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão. Em março de 1997, seus textos Com os meus olhos de cão e A obscena senhora D foram publicados pela Editora Gallimard, tradução de Maryvonne Lapouge, que também traduziu Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.
  • 12. POESIA  Presságio - SP: Revista dos Tribunais, 1950.  Balada de Alzira - SP: Edições Alarico, 1951.  Balada do festival - RJ: Jornal de Letras, 1955.  Roteiro do Silêncio - SP: Anhambi, 1959.  Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959. SP: Massao Ohno, 1961.  Ode Fragmentária - SP: Anhambi, 1961.  Sete cantos do poeta para o anjo - SP: Massao Ohno, 1962. (Prêmio PEN Clube de São Paulo)  Poesia (1959/1967) - SP: Editora Sal, 1967.  Amado Hilst- SP: Editora Sal, 1969.  Júbilo, memória, noviciado da paixão - SP: Massao Ohno, 1974.  Poesia (1959/1979) - SP: Quíron/INL, 1980.  Da Morte. Odes mínimas - SP: Massao Ohno, Roswitha Kempf, 1980.  Da Morte. Odes mínimas - SP: Nankin/Montréal: Noroît, 1998. (Edição bilíngüe, francês- português.)  Cantares de perda e predileção - SP: Massao Ohno/Lídia Pires e Albuquerque Editores, 1980. (Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro. Prêmio Cassiano Ricardo/Clube de Poesia de São Paulo.)  Poemas malditos, gozosos e devotos - SP: Massao Ohno/Ismael Guarnelli Editores, 1984.  Sobre a tua grande face - SP: Massao Ohno, 1986.  Alcoólicas - SP: Maison de vins, 1990.  Amavisse - SP: Massao Ohno, 1989.  Bufólicas - SP: Massao Ohno, 1992.  Do Desejo - Campinas, Pontes, 1992.  Cantares do Sem Nome e de Partidas - SP: Massao Ohno, 1995.  Do Amor - SP: Massao Ohno, 1999.
  • 13. FICÇÃO  Fluxo - Floema - SP: Perspectiva, 1970.  Qadós - SP: Edart, 1973.  Ficções - SP: Quíron, 1977. (Prêmio APCA/ Associação Paulista dos Críticos de Arte. Melhor livro do ano.)  Tu não te moves de ti - SP: Cultura, 1980.  A obscena senhora D - SP: Massao Ohno, 1982.  Com meus olhos de cão e outras novelas - SP: Brasiliense, 1986.  O Caderno Rosa de Lory Lamby - SP: Massao Ohno, 1990.  Contos D'Escárnio / Textos Grotescos - SP: Siciliano, 1990.  Cartas de um sedutor - SP: Paulicéia, 1991.  Rútilo Nada - Campinas: Pontes, 1993. (Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro.)  Estar Sendo/ Ter Sido - SP: Nankin, 1997.  Cascos e Carícias - crônicas reunidas (1992-1995) - SP: Nankin, 1998.
  • 14. TEATRO  A Possessa - 1967.  O rato no muro - 1967.  O visitante - 1968.  Auto da Barca de Camiri - 1968.  O novo sistema - 1968.  Aves da Noite - 1968.  O verdugo - 1969 (Prêmio Anchieta)  A morte de patriarca - 1969
  • 15. TRADUÇÕES Para o francês:  « Agda » (fragment). In : Brasileiras : voix, écrits du Brésil. Org. de Clelia Pisa e Maryvonne Lapouge Petorelli. Paris, Des Femmes, 1977, p. 5-14e 341-358.  Contes Sarcastiques - Fragments érotiques. Trad. de Maryvonne Lapouge-Petorelli. Paris, Gallimard, 1994.  L’obscène madame D suivi de Le Chien. Trad. de Maryvonne Lapouge-Petorelli. Paris, Gallimard, Coll. Arpenteur, 1997.  Sur ta grande face. Trad. de Michel Riaudel. In : Pleine Marge : cahiers de littérature, d’arts plastiques & de critique. Paris, Éditions Peeters-France, 1997, p. 29-51.  Cinq poèmes d’Hilda Hilst. In : Anthologie de la poésie brésilienne. Edição bilíngue. Prefácio e seleção de Renata Pallottini; Trad. de Isabel Meyrelles. Paris, Ed. Chandeigne, 1998, p. 373- 381.  Da morte. Odes mínimas. De la mort. Odes minimes. Edição bilíngue. Trad. de Álvaro Faleiros. São Paulo, Nankin Editorial; Montréal: Ed. Noroît, 1998.  Contes Sarcastiques - Fragments érotiques. Trad. de Maryvonne Lapouge-Petorelli. Paris, Le Serpent à Plumes, 1999.  De l'amour précédé de Poèmes maudits, jouissifs et dévots. Trad. Catherine Dumas. Paris, Caractères, Coll. Planètes, 2005.  Rutilant Néant - Et autres fictions. Trad. Ilda Mendes Dos Santos. Paris, Caractères, Coll. Ailleurs-là-bas, 2005.  L'âme de retour (crônica). Trad. Michel Riaudel. in EUROPE - Littérature du Brésil. Paris, La Source, Nov-Déc. 2005. n 919-920. pp. 167–170.
  • 16. TRADUÇÕES Para o italiano:  Il quaderno rosa di Lori Lamby. Trad. Adelina Aletti. Milano: Sonzogno, 1992. Para o alemão:  Briefe Eines Verführers. Trad. Mechthild Blumberg. Bremen, 2000. Para o inglês:  The Obscene Madame D." Trans. Nathanaël and Rachel Gontijo Araujo. Nightboat, NY, and A Bolha, Rio de Janeiro. USA. 2012  Letters from a Seducer. Trans. John Keene. Nightboat, NY, and A Bolha, Rio de Janeiro. USA. 2014  With My Dog Eyes. Trans. Adam Morris. Melville House, NY. 2014
  • 17. CURIOSIDADE  Em 1957 namorou o ator americano Dean Martin.
  • 18. DOCUMENTÁRIOS E AUDIOVISUAIS  ALMEIDA; BARBIN; RAZUK. Eu lambo, tu lambes, Lori Lamby. Mackenzie-SP, 2005.  CHIQUETTI; TROYA; RIOS. Hilda Hilst para virgens. PUC- Campinas, 2001  DEPOIMENTO da escritora Hilda Hilst. Setor de audiovisual do Instituto de Estudos da Linguagem IEL-UNICAMP. Campinas, 1991.  GRANDO & LOBO. Hilda Hilst: Casa do Sol Viva. Brasil, 2006. 26min.  HILDA Humana Hilst. Programa Memória Expressa. Departamento de Comunicação CCO-UNICAMP, Campinas, 2003.  LAMBERT, Leandra & GWAZ, Alexandre. A Obscena Senhora Silêncio. Rio de Janeiro, 2010. 15min.  POETA Hilda Hilst investiga o fenômeno das vozes eletrônicas. Programa Fantástico, 18 de mar. de 1979. 10min.
  • 19. ACERVO FOTOGRÁFICO “Te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e mais verdade.”
  • 20. ACERVO FOTOGRÁFICO “Quem és? Perguntei ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.”
  • 21. ACERVO FOTOGRÁFICO Araras versáteis (Hilda Hilst) Araras versáteis. Prato de anêmonas. O efebo passou entre as meninas trêfegas. O rombudo bastão luzia na mornura das calças e do dia. Ela abriu as coxas de esmalte, louça e umedecida laca E vergastou a cona com minúsculo açoite. O moço ajoelhou-se esfuçando-lhe os meios E uma língua de agulha, de fogo, de molusco Empapou-se de mel nos refolhos robustos. Ela gritava um êxtase de gosmas e de lírios Quando no instante alguém Numa manobra ágil de jovem marinheiro
  • 22. ACERVO FOTOGRÁFICO E por que haverias de querer… (Hilda Hilst) E por que haverias de querer minha alma Na tua cama? Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas Obscenas, porque era assim que gostávamos. Mas não menti gozo prazer lascívia Nem omiti que a alma está além, buscando Aquele Outro. E te repito: por que haverias De querer minha alma na tua cama? Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
  • 23. ACERVO FOTOGRÁFICO “Que canto há de cantar o que perdura? A sombra, o sonho, o labirinto, o caos A vertigem de ser, a asa, o grito. Que mitos, meu amor, entre os lençóis: O que tu pensas gozo é tão finito E o que pensas amor é muito mais. Como cobrir-te de pássaros e plumas E ao mesmo tempo te dizer adeus Porque imperfeito és carne e perecível E o que eu desejo é luz e imaterial. Que canto há de cantar o indefinível? O toque sem tocar, o olhar sem ver A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis. Como te amar, sem nunca merecer?” (Hilda Hilst)
  • 24. ACERVO FOTOGRÁFICO Poemas aos Homens do nosso tempo Amada vida, minha morte demora. Dizer que coisa ao homem, Propor que viagem? Reis, ministros E todos vós, políticos, Que palavra além de ouro e treva Fica em vossos ouvidos? Além de vossa RAPACIDADE O que sabeis Da alma dos homens? Ouro, conquista, lucro, logro E os nossos ossos E o sangue das gentes E a vida dos homens Entre os vossos dentes.
  • 25. CONCLUINDO...  Enigmática, estranha e instigante: esses são alguns dos adjetivos que bem descrevem Hilda Hilst, um dos grandes nomes da Literatura brasileira e importante voz feminina em nossa poesia.  Hilda Hilst dedicou boa parte de sua vida à Literatura, tendo deixado mais de quarenta livros publicados. Embora não tenha caído nas graças do grande público e da crítica, que considera ainda hoje seus textos herméticos.  A temática de sua poesia circundou as ações humanas, a inquietude do ser, a morte, o amor, o sexo, Deus e indagações metafísicas, tema que a levou a flertar com a Física e com a Filosofia.
  • 26. CONCLUINDO...  Entre suas experiências literárias, esteve aquilo que ela chamou de “Transcomunicação Instrumental”, quando deixava gravadores ligados por sua chácara (a Casa do Sol, hoje Instituto Hilda Hilst) com o intuito de gravar vozes de espíritos, demonstrando assim sua clara preocupação com a sobrevivência da alma.
  • 27. A CASA DO SOL
  • 28. A CASA DO SOL  Casa em estilo convento colonial onde Hilda passou mais da metade de sua vida;  É cercada de histórias famosas;  Teve como morador o escritor Caio Fernando Abreu;  Possui no quintal uma figueira que, segundo dizem, realiza desejos;
  • 29. A CASA DO SOL  Possui uma mesa de mármore quebrada, décadas atrás, com o peso de Jô Soares, outro amigo de Hilda;  Foi lá que ela criou obras como “Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão” (1974), cujas iniciais remetiam à paixão platônica por Júlio Mesquita Neto (1922-1996), diretor de “O Estado de S. Paulo;
  • 30. A CASA DO SOL  Foi onde também criou a trilogia erótica “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, “Contos d’ Escárnio/Textos Grotescos” e “Diário de Um Sedutor” que lhe garantiu mais atenção nas vendas nos anos 1990;  Em 2013, foram localizados lá um livro infantil, poemas, desenhos e textos em prosa: material para ao menos quatro novos livros;
  • 31. A CASA DO SOL  Após a morte de Hilda Hilst, em 2004, a casa demorou a virar o que é hoje, o Instituto Hilda Hilst, pois havia pendências - a maior delas, uma de IPTU, desde 1990, que em 2011 superava R$3 milhões;  Tombada em 2011, a casa teve sua dívida renegociada e quitada em 2013
  • 32. A CASA DO SOL
  • 33. A CASA DO SOL
  • 34. A CASA DO SOL
  • 35. A CASA DO SOL  Para os interessados em visitá-la: Localização: Rua João Caetano Monteiro, s/n, Parque Xangrilá, Campinas. Telefone: (11) 9.9261-3068 Site: http://www.hildahilst.com.br/
  • 36. ALGUMAS DAS MELHORES POESIAS DE HILDA HILST Dez chamamentos ao amigo Se te pareço noturna e imperfeita Olha-me de novo. Porque esta noite Olhei-me a mim, como se tu me olhasses. E era como se a água Desejasse Escapar de sua casa que é o rio E deslizando apenas, nem tocar a margem. Te olhei. E há tanto tempo Entendo que sou terra. Há tanto tempo Espero Que o teu corpo de água mais fraterno Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta Olha-me de novo. Com menos altivez. E mais atento. (I)
  • 37. Árias Pequenas. Para Bandolim Antes que o mundo acabe, Túlio, Deita-te e prova Esse milagre do gosto Que se fez na minha boca Enquanto o mundo grita Belicoso. E ao meu lado Te fazes árabe, me faço israelita E nos cobrimos de beijos E de flores Antes que o mundo se acabe Antes que acabe em nós Nosso desejo.
  • 38. Lobos? São muitos. Mas tu podes ainda A palavra na língua Aquietá-los. Mortos? O mundo. Mas podes acordá-lo Sortilégio de vida Na palavra escrita. Lúcidos? São poucos. Mas se farão milhares Se à lucidez dos poucos Te juntares. Raros? Teus preclaros amigos. E tu mesmo, raro. Se nas coisas que digo Acreditares.
  • 39. Que este Amor não me Cegue Que este amor não me cegue nem me siga. E de mim mesma nunca se aperceba. Que me exclua do estar sendo perseguida E do tormento De só por ele me saber estar sendo. Que o olhar não se perca nas tulipas Pois formas tão perfeitas de beleza Vêm do fulgor das trevas. E o meu Senhor habita o rutilante escuro De um suposto de heras em alto muro. Que este amor só me faça descontente E farta de fadigas. E de fragilidades tantas Eu me faça pequena. E diminuta e tenra Como só soem ser aranhas e formigas. Que este amor só me veja de partida.
  • 40. Porque Há Desejo em Mim Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas Buscando Aquele Outro decantado Surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo Tomas-me o corpo. E que descanso me dás Depois das lidas. Sonhei penhascos Quando havia o jardim aqui ao lado. Pensei subidas onde não havia rastros. Extasiada, fodo contigo Ao invés de ganir diante do Nada.
  • 41. FIM