O romance Porteira Fechada conta a história de João Guedes, um gaúcho pobre que é forçado a deixar sua pequena propriedade rural após ser vendida. Ele se muda para a periferia da cidade em condições degradantes e sem perspectivas. Sem emprego, João se entrega ao álcool e ao crime para alimentar sua família, sendo preso. Sua filha adoece e morre devido à pobreza. O romance retrata a marginalização dos gaúchos pela elite rural no Rio Grande do Sul dos anos
3. Biografia Resumida
• Nome: Cyro dos Santos Martins
• Nascimento: 5 de Agosto de 1908. Quaraí
• Morte: 15 de Dezembro de 1995. Porto
Alegre. (87 Anos)
• Nacionalidade: Brasileira
• Cônjugue: Zaira Meneghello
• Ocupação: Neurologista, Psiquiatra,
Psicanalista e Escritor
• Principais Trabalhos: Porteira Fechada,
Estrada Nova
4. Introdução
• Cyro dos Santos Martins foi um escritor e psicanalista brasileiro.
• Integrou o grupo dos romancistas da chamada "Geração de 30",
relacionado ao neorealismo, tanto pela temática quanto pela
linguagem.
• Foi responsável pela introdução, na literatura regional de seu
estado, do tipo gaúcho já influenciado por novos costumes.
5. Introdução
• Seu livro de estréia, Campo Fora (1934), já trazia a
temática que o autor desenvolveria posteriormente.
Suas três obras básicas, Sem rumo (1937), Porteira
fechada (1944) e Estrada nova (1954), compõem
a Trilogia do gaúcho a pé, retratam o homem
dos pampas, marginalizado pela nova ordem
econômica, social e cultural gerada pelo processo de
industrialização e concentração urbana.
6.
7. Biografia
• Cyro Martins era filho de Apolinário e Felícia dos Santos
Martins.
• Aos nove anos, inicia os estudos no Colégio Municipal
de Quaraí.
• Aos 20, continua os estudos em colégio interno de Porto
Alegre, o Ginásio Anchieta. Seu primeiro professor,
Lucílio Caravaca, é lembrado no personagem
homônimo em Rodeio (contos e estampas) - 1976. Em
1942, revive em Um menino vai para o colégio (novela)"
a vida no internato.
8. Biografia
• Escreve seus primeiros artigos e contos aos quinze anos.
• Em 1928, com dezenove anos, ingressa na Faculdade de
Medicina de Porto Alegre.
• Retorna a Quaraí, em 1934, já formado, para fazer a "prática da
medicina", como dizia, sobretudo nos bairros e vilas da cidade.
Nesse mesmo ano estréia com Campo fora (contos), impregnado
do imaginário da campanha e da fronteira. Morre seu pai, Bilo
Martins.
9. Biografia
• Em 1935, casa com Suely de Souza e utiliza, em conferência, pela
primeira vez, o termo gaúcho a pé, origem e leitmotiv de sua trilogia
(Sem rumo, Porteira fechada, Estrada nova).
• Em 1937, vai estudar Neurologia no Rio de Janeiro, onde
publica Sem rumo pela Ariel, primeiro romance da trilogia do
gaúcho a pé.
• Em 1938, já em Porto Alegre, presta concurso
para Psiquiatria do Hospital São Pedro e, no ano seguinte, participa
da fundação da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Medicina
Legal no Hospital São Pedro e vê publicado seu romance Enquanto
as águas correm, pela Globo. Também abre seu primeiro
consultório. Mensagem errante surge em 1942, em plena II Guerra
Mundial e, em 1944, Porteira fechada, segundo romance da trilogia
do gaúcho a pé.
10. Biografia
• Em 1949, casa com Zaira Meneghello. Dois anos após, vai fazer
sua formação psicanalítica em Buenos Aires.
• Em 1954 aparece o terceiro romance da trilogia do gaúcho a
pé, Estrada nova, que a crítica literária do Rio Grande do
Sul elegeu como o melhor e mais sólido romance do autor.
• Retorna, em 1955, de Buenos Aires, já como membro
da Associação Psicanalítica Argentina. Traz a Porto Alegre, entre
outros, o analista argentino Arnaldo Rascovsky, de quem se
tornara amigo, para debates sobre psicoterapia analítica de grupo.
11. Biografia
• Em 1957, é eleito presidente da Sociedade de
Neurologia, Psiquiatria e Neurocirurgia, quando inicia
sua atividade como professor no Instituto de
Psicanálise.
• Ainda nesse ano sai Paz nos campos, reunindo contos
e novelas que depois ele desdobrará em outras
publicações.
• De 1958 a 1964 tem vários trabalhos científicos
traduzidos para o espanhol e o alemão.
12. Biografia
• Em 1990 realiza seu incomum livro de memórias, em
parceria com Abrão Slavutzky, Para início de conversa.
E, em 1991, seu último trabalho de ficção, a novela Um
sorriso para o destino. Ainda publicaria uma série de
ensaios psicanalíticos, em Caminhos. (1993) e, quando
seria de esperar que falasse de si mesmo, surpreende
discorrendo sobre seus amigos poetas, pintores e
ficcionistas, em Páginas soltas (1994).
13. Biografia
• A vida deu-lhe cancha para reformular,
com seu editor, toda a sua obra de ficção
e ciência, antes de falecer em 15 de
dezembro de 1995, em Porto Alegre.
14. Biografia
• Sua filha Maria Helena criou em 1997 o Centro de
Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins -
CELPCYRO,com o apoio de Zaira Meneghello, sua
mulher, da filha Cecília e do filho Cláudio,
acompanhados por amigos, médicos e escritores, com
o propósito de cuidar da vasta obra que Cyro Martins
nos legou e promover estudos a partir dela. É como se
estivéssemos cumprido a tarefa que ele, entre amável e
irônico, costumava vaticinar para sua filha Maria
Helena: "Não se preocupe: se ocupe"
15.
16. Obras
Ficção
• Campo fora (contos) – 1934
• Sem rumo (romance) – 1937
• Enquanto as águas correm (romance) -1939
• Um menino vai para o colégio (novela) – 1942
• Porteira fechada (romance) – 1944
• Estrada nova (romance) – 1954
• A entrevista (contos) – 1968
• Rodeio (contos e estampas) – 1976
• Um sorriso para o destino (novela) – 1991
• Você deve desistir, Osvaldo (contos) - 2000
17. Obras
Ensaios
• Do mito à verdade científica (Estudos Psicanalíticos) –
1964
• Perspectivas da Relação Médico-Paciente - 1979
• Escritores gaúchos - 1981
• O mundo em que vivemos - 1983
• A mulher na sociedade atual - 1984
• Caminhos (ensaios psicanalíticos) – 1993
• Páginas soltas - 1994
18. Obras
Memórias
• Para início de conversa - 1990 (com Abrão Slavutzky)
Obs.: A obra completa de Cyro Martins está disponível no
catálogo da Editora Movimento.
19. Trilogia Gaúcho a pé e A Porteira Fechada
• A obra Porteira fechada, de Cyro Martins, faz
parte da trilogia Gaúcho a pé, e configura a
tirania econômica da classe dominante sobre a
massa de trabalhadores rurais. O problema
básico é o da distribuição, o da exploração das
massas. A tirania econômica impõe um assalto
à pequena estância; ocasiona a crise, que se
traduz no êxodo contínuo às cidades do interior
e à capital.
20. • "Quero salientar que nunca quis contribuir
com a ampliação da mentira do monarca
das cochilas.
Nunca trarei o gaúcho como personagem
em estilo ufanista. Pelo contrário, procurei
ser realista, para poder ser útil de alguma
forma"
(Cyro Martins)
21. • A temática do Gaúcho a pé, cujo aspecto
básico é a lenta expulsão dos peões da
estância e sua inexorável pauperização
nos cinturões da miséria das cidades da
campanha, não foi apenas um achado
casual.
• A temática surgiu a partir de um modo de
viver os problemas, da sua circunstância
social.
22. • Como médico em São João Batista do Quaraí,
cenário de todos os seus romances, conheceu
de perto e muito cedo as diferenças sociais e a
miséria instituída pelos latifúndios.
• Deste modo, na trilogia do Gaúcho a pé,
composta de Sem rumo, Porteira
fechada e Estrada nova, o autor faz uma
operação dolorosa, um corte vertical e profundo
nos problemas sócio-econômicos que afligem a
campanha a partir das décadas de 1910 e
1920.
23. • Porteira Fechada: Apesar de ser um
romance autônomo, que pode ser lido
separadamente dos demais, continua a
temática do gaúcho sem terra, iniciada
em Sem rumo, e que vai terminar
com Estrada nova.
24. • Em Sem rumo o autor opõe de modo muito
simples a idéia de um campo agradável e
protetor, ainda que pobre, e de uma cidade
desumana.
• Já em Porteira fechada, a crise econômica é
causa direta dos desequilibrados, conflitos e
traumas, da miséria de toda a família de João
Guedes.
• Os personagens permanecem num total
servilismo em relação ao sistema que lhes foi
imposto.
25. • Décio Freitas, na introdução que faz
à Porteira fechada, comenta a
consciência aguda de Cyro Martins em
pintar com talento determinadas relações
sociais de produção, uma das "mais belas
tentativas de romance social já realizadas
entre nós". Décio Freitas, neste mesmo
prefácio, situa Cyro Martins entre os
maiores romancistas rio-grandenses.
26. Contexto histórico da obra Porteira Fechada
• O Rio Grande do Sul dos anos 30 vive uma época de intensa
efervescência política, a Revolução de 30 coloca o estado no
cenário político nacional com Getúlio Vargas, que após o golpe de
37, cria o Estado Novo, decretando uma Constituição fascista,
fecha o Congresso, suspende as eleições, proíbe partidos e
censura a imprensa.
• No cenário econômico, o Rio Grande do Sul, ainda em expansão
no setor agro-pastoril, perde força no mercado nacional,
competindo com produtos do centro do país. Reduzida a renda
familiar e atingida drasticamente a pequena propriedade, começa a
aparecer o excedente populacional nas colônias. É o primeiro
passo para o fluxo migratório e o surgimento dos sem-terra.
27. • Fortalecidos, o latifúndio e a elite rural, dá-se início o Ciclo do
gaúcho a Pé, um retirante das coxilhas que contribui com o cinturão
de miséria na periferia dos centros urbanos. João Guedes é um
típico representante do gaúcho marginalizado e submetido a uma
degradação sócio-econômica e moral, que culmina com sua morte.
• A obra de Cyro Martins mostra com fidelidade a sociedade injusta e
desigual da época, alimentada pela política do coronelismo
centralizador, colocando à margem do sistema uma leva de
gaúchos empobrecidos e segregados sem perspectiva de
sobrevivência.
• É uma narrativa em terceira pessoa ambientada no município de
Boa Ventura, região de fronteira do Rio Grande do Sul.
28. Resumo de Porteira Fechada
• O romance conta a história de João Guedes, um
gaúcho pobre que vive com a família, numa pequena
propriedade rural arrendada, no interior de Boa
Ventura.
• João Guedes e sua esposa Maria José, juntamente com
seus cinco filhos, sobrevivem da precária renda de uma
pequena propriedade rural, a qual repentinamente é
vendida e incorporada a um latifúndio sob o domínio de
um grande fazendeiro.
29. • Inevitavelmente, João é forçado a sair em busca de um novo lugar
para morar com a família. Muda-se para a periferia de Boa Ventura,
lugar extremamente pobre e degradante, que acumula uma leva de
miseráveis advindos da zona rural, vivendo em condições sub-
humanas de degradação econômica e social. João Guedes, sem
emprego e sem alternativa de sobrevivência, entrega-se ao vício do
álcool, envolvendo-se no roubo de ovelhas, das quais comercializa
os pelegos, para garantir a comida da família.
30. • Com a conivência muda do desespero da esposa Maria José, João
é levado pelas circunstâncias ao crime; até que é descoberto e
denunciado por um grande fazendeiro, João é preso. Maria José
busca socorro junto a uma prima rica, para tirar João da cadeia,
esta tenta junto ao futuro genro que é advogado, mas este nega
ajuda, por ser filho do fazendeiro denunciante de João Guedes e
por que aguarda uma indicação de cargo político.
31. • Dias depois João Guedes é julgado e condenado, mas ganha
liberdade. Ao chegar em casa João encontra uma das filhas em
fase final de tuberculose, dada às péssimas condições de vida da
família. Sem condições de reagir, João se desfaz do cavalo e por
fim da máquina de costura de Maria José. Sem saída para seus
problemas e envergonhado pela degradação moral que se abateu
em suas vidas, João Guedes é arrastado para a morte.
Paralelamente o latifúndio e os grandes proprietários rurais
prosperam com invernadas abarrotadas de gado, protegidos pelo
poder dominante e pela política centralizadora e protetora das elites
do campo.
32. • Cyro Martins, com um toque irônico,
conclui: "Que engorde dava aquela
invernada! Para um fim de safra, então, já
com caídas para o inverno, não havia
campo que se igualasse. Seiscentos
novilhos pastavam folgadamente entre as
altas cercas de sete fios e madeirame de
lei que a tapavam.
33.
34. Referências
• Portal Vermelho - "100 anos de Cyro Martins: expulsão e
criminalização dos gaúchos a pé", por Diorge Konrad.
• CELPCYRO - Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro
Martins - "A Trilogia do Gaúcho a Pé, de Cyro Martins, na
contemporaneidade:uma obra além de seu tempo - Resumo
Dissertativo“
• "SÍNTESE BIOBIBLIOGRÁFICA de CYRO MARTINS, por Carlos
Jorge Appel (CELPCYRO – 19).