2. Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Geografia A, na
Escola Secundária da Sertã, no distrito de Castelo Branco. Foi desenvolvido
para o “Nós Propomos!”, projeto realizado anualmente por várias escolas
secundárias ao longo do país, na área da cidadania e da inovação na
educação geográfica. É suposto decidir um tema de trabalho que seja um
problema atualmente, desenvolvê-lo em grupo, procurar informações e
buscar uma solução.
Para este ano, já que o problema cresceu no contexto da pandemia covid-
19, achámos que o tema mais indicado a tratar seria o problema da violência
no namoro/doméstica. Para a realização do trabalho reunimos várias
informações, dados fundamentais para o esclarecimento sobre o tema:
consultamos diversos sites, realizámos um inquérito e entrevistamos a
psicóloga do Agrupamento de Escolas da Sertã, Ana Neto.
3. O que é a violência no namoro?
A violência depende do contexto, cultura, tradições e sociedade onde estamos
inseridos. Ainda assim, a violência no namoro é geralmente definida como
qualquer ação de ameaça por um membro da relação sobre a outra pessoa
ou a tentativa de um parceiro exercer controlo sobre o outro através de abuso
ou violência. As suas formas mais comuns são psicológica, verbal, sexual ou
física.
4. O covid-19 e a violência doméstica
Como todos sabemos, com o aparecimento do Covid-19 as pessoas foram
obrigadas a confinar nos seus lares. Mas o que devia ser um lugar de
segurança e paz, em certos casos apenas contribuiu para uma maior
violência, insegurança e tortura dentro de casa. À semelhança da violência
no namoro, a violência doméstica descreve um conjunto de comportamentos
e/ou atitudes violentas, repetidas ou pontuais, cometido por um dos
elementos da relação ou por ambos, e que visa controlar e estabelecer uma
relação de dominância sobre o outro.
http://www.umarfeminismos.org/images/stories/noticias/Estudo_Nacional_VN_2019_da_UM
AR.pdf
5. Não acontece somente a mulheres
Em 2020, quando a pandemia colocou muitas vítimas e os seus agressores
confinados no mesmo espaço, o número de homens vítimas de violência
doméstica a procurar ajuda cresceu. Manuel Albano, vice-presidente da
Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) diz ao PÚBLICO
que em 2020, dos 80.212 atendimentos registados na Rede Nacional de
Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, cerca de 9% foram homens à
procura de ajuda. “Houve um aumento significativo do numero de
atendimentos do sexo masculino.
6. Como podes saber se estás a viver uma
relação de namoro abusiva?
São vistas poucas pessoas a admitirem que estão numa relação
abusiva, este facto muitas vezes dá-se por medo ou vergonha. Por esse
motivo, é importante assegurar enquanto sociedade que não é preciso ter
medo e que existe sempre uma porta de saída. Além do mais, muitas
pessoas crescem já num ambiente de violência e ao sofrerem de por
exemplo, abusos psicológicos, não conseguem mais tarde perceber o que
está a acontecer. Mais uma vez como sociedade, é necessário alertar as
pessoas para as coisas anormais de uma relação, tais como: levantar a
mão ou muitas vezes a voz sem motivo, proibir o parceiro de viver as suas
relações familiares com amigos, controlar o telemóvel e as saídas,
manipular com chantagens e até choro, etc
7. Como podes saber se estás a viver uma
relação de namoro abusiva?
A pouco e pouco, o parceiro abusivo tenta isolar a vítima da sua vida
pessoal, de modo a que fique emocionalmente dependente do abusador e
que já não consiga avaliar a sua saúde mental e distinguir o correto do
errado. Ações como as descritas acima são irregulares e merecem atenção.
Se alguma pessoa passa por situações similares, deve procurar ajuda e
perceber que não está sozinho. Se te identificas com estes exemplos, então
é importante tomares consciência que nada justifica as atitudes e
comportamentos violentos que te são dirigidos. Por mais que te seja incutida
a culpa, não és responsável pela violência nem tens a obrigação de te
manter numa relação na qual te sintas desrespeitado/a.
8. O que podes fazer se conheceres alguém que
é vítima de um namoro abusivo?
O que se vê num namoro normal e livre de
abusos? Sorrisos, paixão, demonstrações de
afeto e carinho. O casal diverte-se e convive tanto
em conjunto, tanto em separado com amigos
pessoais. Mais importante, o casal respeita-se e
apoia-se mutuamente. Comentários positivos e de
suporte. Encorajamentos. Elogios. Isto são
coisas normais numa relação, mas se o típico for
o oposto, então algo está errado.
9. O que podes fazer se conheceres alguém que
é vítima de um namoro abusivo?
Caso suspeites ou tenhas a certeza que existe abuso no namoro, não
fiques calado. Algumas pessoas dão sinais/pistas do que se passa, outras
nem por isso. Por vezes percebemos a ação do/a namorado/a com a/o
namorada/o. conseguimos perceber uma mudança no comportamento, tal
como isolar a pessoa do trabalho, dos amigos, da família, etc. Vemos uma
mudança não saudável na postura da pessoa quanto à vida antes e depois
da entrada no namoro. Primeiramente, devemos tentar perceber a
veracidade da situação, pode haver manipulação ou mesmo violência: é
necessário entender com o que se está a lidar. É necessário saber em que
estado de abuso está a relação, e se a vítima tem um refúgio do abusador.
Podes pedir ajuda a pessoas mais velhas ou dirigir-te à polícia para os
mesmo seguirem o protocolo legal.
10. O que leva os jovens a manter uma relação de
namoro abusiva e quais são as suas
consequências?
A violência numa relação é um problema que incapacita e envolve muita
gente. Revela imaturidade emocional e tristeza pela parte do agressor por
sentir a necessidade de magoar outra pessoa. Parecendo que não, o
abusador também pode precisar de ajuda. Necessitar de dominar totalmente
a vida de outra pessoa não é normal. Quanto à vítima, como já escrevemos
acima, o maior condicionante que leva a vítima a ficar na relação é o medo,
vergonha, ou falta de reconhecimento. O problema é sério, merece ser
reconhecido e condiciona bastante a vida das pessoas envolvidas. Em 2020,
foram assassinadas 30 mulheres no contexto de violência doméstica. Desde
2004, este problema já causou mais de 570 vítimas. Não queremos mais
nenhuma.
11. Inquérito e tratamento de dados
Os participantes do inquérito afirmam que:
❏ a violência é o ato de magoar verbalmente ou fisicamente.
❏ A vítima deve auto defender-se.
❏ A vítima deve procurar ajuda ou proteção com as autoridades
policiais e associações de apoio à vítima.
❏ A maioria das vítimas não recorrem a apoios.
❏ Devem ser promovidas políticas educativas que promovam a
explicação de temas como o amor, as relações, mas não de uma
forma romantizada, para que desde crianças, as pessoas possam
entender que a violência começa no momento em que o outro nos
desrespeite, maltrate, ou intencionalmente nos magoe.
15. Inquérito e tratamento de dados
Segundo os inquiridos, a maioria das vítimas tem receio de como
vai ser acolhida pela suposta instituição, medo de ser julgada pelas
pessoas próximas, vergonha e esperança de que um dia o parceiro
mude o seu comportamento. Sentem vergonha e medo do que lhes
aconteceu/acontece. Vergonha porque não querem que se saiba, e
medo pois não querem que volte a acontecer ou que desencadeie
mais um acto de violência direcionado à si. Não valorizam o
acontecimento, acham que "não vai voltar a acontecer"... Já estão
habituados.
18. Exposição nas escolas
Ao longo do mês de novembro e dezembro de 2020, realizou-se uma
exposição no âmbito da violência no namoro, nas escolas Secundária e
EBPALF do Agrupamento de Escolas da Sertã. Aqui estão duas fotos:
19. O "Espaço M" da Sertã funciona no edifício dos Paços do Concelho, de
segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas. O apoio é assegurado por dois
técnicos de apoio à vítima do Setor de Ação Social da Câmara Municipal,
nas valências de psicologia e de serviço social. Pode ser contactado
através do telefone 274 600 307 e do endereço eletrónico espacom@cm-
serta.pt. Podes dirigir-te também às autoridades ou a uma associação
específica, tal como a APAV, Associação de Apoio à Vítima
Pede ajuda se estiveres a ser vítima de
violência no namoro/doméstica
20. 1. Estar atento a todos os que nos rodeiam.
2. Encaminhar vítimas e agressores para
terapia/consultas de psicologia.
3. Fazer campanhas de sensibilização nas
Escolas para jovens a partir do 7ºano.
Nós Propomos!