1. ASSUNTO DA GLOBAL:
“O ENVOLVIMENTO DE JOVENS COM A CRIMINALIDADE”
Texto 01
Por que tantos adolescentes estão se
envolvendo na criminalidade?
Por Fernanda Pereira
Falta de estrutura familiar, falta de um projeto de vida, valorização do ter ao invés
do ser, falta de políticas públicas que combatam a desigualdade social, impunidade
da estrutura penal brasileira, aumento do consumo de drogas. Estes são apenas
alguns fatores apontados por especialistas como motivadores para o envolvimento
de adolescentes com o crime.
A cada dia que passa mais crianças deixam a inocência da infância de lado
para dar lugar ao universo sombrio do crime. Ao invés dos carrinhos, bolas e
bonecas para brincar no quintal de casa, meninos e meninas com 11, 12, 13 anos
de idade brincam com armas, canivetes, e facas. A droga ganhou espaço no meio
familiar que, cada vez mais desestruturado, não sabe impor limites, ensinar valores
e educar para a vida.
Dados levantados pelo Sistema Nacional de Atendimento Sócio Educativo, Sinase,
revelam que o perfil do adolescente em conflito com a lei é o seguinte: 90% são
homens; 76% tem entre 16 e 18 anos; 51% não frequentam a escola; 81% vivia
com a família na época da internação; 12,7% vem de família que não possui renda;
66% a família possui renda inferior à dois salários mínimos e 85,6% são usuários
de drogas.
Os dados foram repassados para a equipe de reportagem do Jornal Cruzeiro
pela juíza da Vara da Infância e da Juventude, Ana Paula Amaro da Silveira, que
afirma que olhando este perfil fica claro identificar que a miséria, a falta de
escolarização e o envolvimento com drogas são fatores preponderantes no
envolvimento dos adolescentes com atos infracionais. ?Ressalto que a desestrutura
familiar costuma ser um agravante nestas situações?, destaca a juíza.
Os casos de menores infratores são julgados pela Vara da Infância e da Juventude
e segundo Ana Paula aumentam a cada ano, não só em número, mas também em
gravidade. ?Antes eram pequenos furtos e brigas, hoje estupro, roubos à mão
armada, tráfico e homicídios?, revela.
Especialistas avaliam motivos que levam menores ao crime
?Acho que faltam políticas públicas sérias, mais especificamente na área da
educação, saúde e assistência social, o que infelizmente não é o padrão nacional.
Há necessidade de incentivar a permanência do adolescente na escola, com reforço
para cursos profissionalizantes, programas para tratamento de drogadição e sua
reinserção na sociedade, assim como acompanhamento da família do viciado.
Programas de medidas sócio educativas que realmente cumpram o papel de
reeducar. Normalmente o Executivo ( municipal e estadual) tem dificuldades de
2. entender que dinheiro aplicado com criança e adolescente é investimento e é
prioritário?
Ana Paula Amaro da Silveira ? juíza da Vara da Infância e da Juventude de
Gaspar
?A principal causa do envolvimento de jovens e adolescentes com a criminalidade é
a falta de perspectiva e de projetos de vida. Vivemos em um tempo em que tudo é
descartável, passageiro, transitório e superficial, onde o ter tem mais valor de que
o ser. Sendo assim, os modelos e exemplos de vida que os jovens e adolescentes
pautam a sua vida está diretamente relacionado ao consumo, a superficialidade e a
falta de valores positivos. Precisamos cercar nossos filhos de exemplos positivos e
esta é uma tarefa que todos devem envolver-se. Os pais devem resgatar os
momentos em família, preocupar-se e envolver-se de forma sincera com as
aspirações e projetos de seus filhos. Valorizar um abraço, um almoço em família,
uma conversa com amigos. Coisas simples que não está relacionada ao consumo e
a superficialidade?.
Pastor Oséias Morlo - presidente da Igreja Evangélica Assembléia de Deus
de Gaspar
?Acredito que a falta de estrutura familiar é o principal motivo que tem levado os
adolescentes até o crime. Falta harmonia nos lares, falta exemplo, falta a inserção
de valores. A escola também é responsável, pois precisa educar melhor nossas
crianças. Hoje temos adolescentes cada vez mais audaciosos, matando sem medo,
sem dar valor a vida. Precisamos trabalhar a família para que possa voltar a ter
estrutura e resgatar os valores há muito perdidos?.
Frei Germano Gesser ? pároco da Igreja Matriz São Pedro Apóstolo
?Existe todo um contexto que explica as diversas possibilidades para termos estes
adolescentes infringindo as leis. A falta de limites no âmbito doméstico, a educação
pouco adequada para um respeito a vida e aos valores sociais; pais despreparados
para educar seus filhos, pois também são desorganizados; uma mídia que foca
exageradamente a delinquência, o crime, coloca em evidência artistas, atletas ou
outros grandes expoentes nacionais ou internacionais que servem como modelos
errados em vez de focar os bons homens e mulheres, as boas ações e condutas;
Pressão do sistema, que passa pela mídia a serviço deste sistema, para fomentar
um padrão consumista, induzindo aos modismos, a satisfação dos sentidos, a uma
felicidade no ter e não no ser. Falta de engajamento de toda a sociedade para criar-
se um ambiente propicio a vida saudável, organizada, comprometida com todas as
gerações e na busca de alternativas que possam melhorar as condições da
sociedade em que vivem, entre outros fatores. O tratamento ideal para recuperar
estes menores infratores envolve ações diversas: Na área pública, a
disponibilização de serviços focados na resolução dos diversos problemas
existentes: dificuldades de aprendizagens, transtornos de conduta, orientação a
familiares, professores, profissionais da saúde, etc. para prevenir, detectar e
corrigir de forma rápida e eficaz os problemas. Agilidade dos sistemas da Lei
(Polícia, Ministério Público) e que seja dispensado maior suporte as famílias para
lidar com seus conflitos; programas voltados para a melhoria sócio-econômica?.
Silvio de Mello - Psicólogo
3. http://www.cruzeirodovale.com.br/geral/por-que-tantos-adolescentes-estao-
se-envolvendo-na-criminalidade-/
Texto 02
Cresce participação de crianças e
adolescentes em crimes
Levantamento em oito estados revela que, para cada adulto preso,
mais de dois menores são apreendidos
SÃO PAULO - A entrada de crianças e adolescentes no mundo do crime tem
aumentado no país, sobretudo por meio do tráfico de drogas. No ano passado, o
crescimento no número de menores apreendidos foi mais de duas vezes superior ao
de prisões de adultos. A conclusão é de levantamento feito pelo GLOBO com dados
oficiais obtidos com os governos de oito estados de diferentes regiões do país. Em
2012, houve um aumento, em relação a 2011, de 14,3% no número de apreensões
de crianças e adolescentes por crimes como vandalismo, desacato, tráfico, lesão
corporal, furto, roubo e homicídio. No mesmo período, a elevação no número de
jovens e adultos que foram presos por crimes em geral foi bem menor: de 5,8%.
O levantamento foi feito em sete dos dez estados mais populosos do país:
São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Paraná e Santa
Catarina. O Distrito Federal também foi incluído na pesquisa. Os estados de Minas
Gerais, Bahia e Pará não informaram os dados solicitados. Em todos os estados
pesquisados, foi observado aumento na apreensão de crianças e adolescentes no
ano passado, que representou 18% do total de prisões no período: 75.359 de
414.916. Em 2011, o percentual era de 17%.
Os principais crimes cometidos por crianças e adolescentes no ano passado foram
furto, roubo e tráfico de drogas. No Rio de Janeiro, o crescimento da apreensão de
menores foi maior que a média dos estados pesquisados: 45,4%. As apreensões
passaram de 3.466, em 2011, para 5.042, em 2012, e representaram 17% do total
de prisões. Em São Paulo, onde neste mês o universitário Victor Hugo Deppman, de
19 anos, foi assassinado por um adolescente após o roubo de seu celular, o
aumento das apreensões de menores foi de 19,3%, passou de 14.939 para 17.829.
No Distrito Federal, onde a apreensão de jovens no ano passado representou 39%
do total de prisões, o crescimento foi de 11,6%: passou de 6.599 para 7.366. O
maior crescimento, entre os estados pesquisados, foi observado no Ceará, de
50,5%, e o menor no Rio Grande do Sul, de 2,4%.
O envolvimento de menores com o tráfico de drogas é apontado por
especialistas em segurança pública como um dos maiores responsáveis pelo
aumento nos últimos anos da entrada de crianças e adolescentes no mundo do
crime. Na avaliação deles, a fragilidade do atual sistema de proteção social, a má
qualidade dos ensinos fundamental e médio e a falta de iniciativas e programas
governamentais para o atendimento de menores, tanto os que estão em situaç ão
de risco como os já inseridos no mundo do crime, são outros fatores que
contribuem para o envolvimento de menores em crimes e delitos.
O advogado Ariel de Castro Alves, membro do Movimento Nacional de
Direitos Humanos, lembra que o número de menores que cumprem algum tipo de
medida socioeducativa no país é pequeno em comparação ao total de adultos
presos, mas reconhece que tem havido um aumento do envolvimento de menores
com o mundo do crime nos últimos anos. Para ele, por vender a ilusão de poder e
4. de ascensão social, o tráfico de drogas acaba sendo um dos maiores responsáveis
pelo envolvimento de crianças e jovens com práticas criminosas.
— O Brasil avançou na proteção da infância, de 0 a 12 anos, mas na questão
do atendimento aos adolescentes ainda deixa muito a desejar. Faltam programas
mais específicos para a faixa etária dos 12 aos 18 anos, principalmente destinados
à formação de jovens, e que os estimule para o mercado de trabalho — cobrou.
A socióloga Camila Nunes Dias, pesquisadora do Núcleo de Estudos da
Violência da Universidade de São Paulo (USP), avalia que o aumento do número de
apreensões também pode ser atribuído à maior aplicação pelo poder público de
medidas socioeducativas de internação de crianças e adolescentes. Ela avalia que o
sistema socioeducativo, assim como o carcerário, já está em seu limite e aponta
como reflexo desse cenário a falta de uma legislação mais clara em relação às
drogas.
— Cada vez cresce mais a porcentagem de adultos e de menores que estão
em privação de liberdade em decorrência de crimes relacionados a entorpecentes.
Enquanto não se separar de forma clara o traficante do usuário, serão presas
pessoas que deveriam estar recebendo um tratamento, e não indo para a prisão —
disse.
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Os especialistas em segurança pública consultados pelo GLOBO não
consideram que a redução da maioridade penal, tema em discussão no Congresso
Nacional, possa contribuir para a diminuição dos crimes cometidos por menores. Na
avaliação de Ariel de Castro, a medida defendida pelo governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, é “ilusória”. Para ele, o que inibe o criminoso não é o tamanho da
pena, mas a certeza de punição.
Para Camila Nunes, a redução da maioridade penal poderia ter efeito
contrário ao pretendido: em vez de inibir a prática de delitos, introduziria de vez
crianças e adolescentes no mundo do crime.
— É o maior equívoco a associação da redução da maioridade penal com a
entrada de menores no mundo do crime. Não existe espaço mais criminógeno que
uma prisão. A entrada precoce da criança e do adolescente na prisão iria favorecer
e aprofundar o menor no universo criminal — afirmou a socióloga
https://oglobo.globo.com/brasil/cresce-participacao-de-criancas-adolescentes-em-
crimes-8234349
Texto 03
5.
6. http://pebinhadeacucar.com.br/falta-de-estrutura-familiar-contribui-para-que-jovens-entrem-
na-criminalidade/
Texto 04
Ostentação social motiva entrada de
jovens na criminalidade
CAMILA MOLINA
"Crime de ostentação" é a principal motivação da entrada de jovens no
mundo da criminalidade. A constatação é da Delegacia Especializada do
Adolescente (DEA), da Polícia Judiciária Civil, que recebeu até começo de dezembro
de 2014, mais de 617 menores em situação de flagrante.
Para o delegado titular da DEA, Paulo Alberto Araújo, muitos dos jovens
entram para a criminalidade, como forma de ter status no meio social. Segundo
ele, assim como nos funks de ostentação, em que os temas centrais abordados nas
músicas referem ao consumismo, carros, motocicletas, bebidas e outros objetos de
valor, os adolescentes tem praticado atos infracionais como forma de poder e com
objetivo de ostentar o produto do crime.
As festas marcadas por adolescentes por meio das redes sociais, regadas a
álcool e drogas é um bom exemplo de atos de ostentação, caracterizado por uma
reunião de jovens. “Além do consumo de álcool e drogas, outras infrações
acontecem nessas ocasiões como o abuso sexual de menores, agressões, furtos e
7. roubos. Hoje o adolescente não rouba um carro para fazer dinheiro com as peças,
ele rouba para usar e mostrar para os amigos”, explicou o delegado.
Fato que demonstra isso é que dos 1.565 atos infracionais instaurados na
delegacia, os com maiores registro de ocorrência são de envolvimento com drogas,
com 424 registros e roubo com 213 ocorrências. Os estupros cometidos por
adolescentes vêm em terceiro lugar com 36 casos na delegacia.
Em setembro deste ano, uma operação da DEA flagrou mais de 30
adolescentes em uma das festas combinadas por meio das redes sociais. A festa
acontecia em uma casa, de muros alto, cerca elétrica, portão eletrônico e câmeras
de vigilância. Das garotas encontradas na casa, 29 tinham idade de 12 e 17 anos e
estavam faltando aula na escola para participar da festa.
Na "batida", autorizada pela 1ª Vara Especializada do Adolescência e
Juventude, os policiais apreenderam na festa clandestina mais de 30 litros das
bebidas e 8 narguilé, cachimbo de origem árabe usado para fumar, porções de
pasta-base, e conduziram à Delegacia quatro responsáveis pela organização do
evento teen, além dos adolescentes que se encontravam na casa.
Apesar de a delegacia receber um número alto de menores reincident es,
muitos adolescentes apreendidos este ano são iniciantes na prática de atos
infracionais, que começam na criminalidade motivados por algum conhecido.
Para o delegado Paulo Araújo, a linha de enfrentamento das infrações cometidas
pelo adolescentes, em princípio, seria o momento em que o infrator chega à
Delegacia. Como o número é muito alto é preciso que se faça um trabalho
preventivo, em que os alunos possam receber influências positivas tanto entre eles
quanto externa.
Para isso o delegado, em parceria com o projeto Rede Digital Pela Paz,
ministra palestras para adolescentes de escolas públicas, com o tema “Situação de
Risco”, que aborda diferentes assuntos como família, afetividade comunicação,
além da apresentação de vídeos e o papo direto com os alunos. “Durante a
abordagem dos assuntos, os alunos vão se identificando e se abrindo, podendo
chegar até duas horas de conversa, quando permitido pela escola”, disse Paulo
Araújo.
Segundo o delegado, no primeiro semestre deste ano, quando não foram
realizadas as palestras, o índice de criminalidade dentro de escolas públicas
cresceu. No segundo semestre, o circuito de palestra foi retomado e a violência
escolar teve redução. “Procuramos demonstrar aos alunos, que a escola é um
ambiente para buscar o conhecimento e não para difundir a violência”, destacou.
Em 2013, a DEA recebeu ocorrências de diversas escolas particulares,
principalmente relacionada a divulgação indevida de imagens por meio das redes
sociais. Em 2014, como forma de prevenção e combate a esse tipo ocorrência, a
delegacia reuniu diretores pedagógicos das principais escolas particulares,
Defensoria Pública, Promotoria, Vara da Infância e Juventude, Secretaria Estadual
de Educação (Seduc) e Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
A partir de então, foram deliberada ações dentro das escolas, que passaram
a ser parceiras do trabalho da Polícia Civil, sendo a delegacia do adolescente
imediatamente acionada diante qualquer tipo de infração cometidas dentro de
Escolas. “Essa ação diminuiu consideravelmente o número de infrações dentro de
Escolas particulares, que teve um 'boom' em 2013 e em 2014 praticamente
desapareceu”, concluiu Paulo Araújo.
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