3. • Abuso formal de figuras de linguagem:
brinca com palavras
• Metáfora
• Hipérbole
• Sinestesia
• Paradoxo
• Niilismo temático: conteúdo vazio
• Pessimismo: o mundo era um vale de
lágrima.
• Feismo: predileção por aspectos feios.
• Transitoriedade da vida: tudo é efêmero
(“Carpe diem” “ Epicurismo”)
4. • No século XVI, o
Renascimento representou o
retorno à cultura clássica
greco-latina.
• No século XVII, o barroco
surge.
• Um movimento artístico que
ainda apresenta algumas
conecções com a cultura
clássica.
• Simultaneamente busca
caminhos próprios, que
satisfariam as necessidades de
expressão daquela época.
O êxtase de Santa Teresa, de Bernini
6. • O Barroco sempre busca
transmitir estados de
conflito espiritual.
• Por isso, faz uso de
certas figuras de
linguagem que traduzem
o sentido trágico da vida.
• A antítese é a figura de
linguagem que consiste
no emprego de palavras
que se opõem quanto o
sentido.
7.
8. • A vós correndo vou,
braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta
descobertos,
Que, para receber-me,
estais abertos,
E, por não castigar-me,
estais cravados.
• A vós, divinos olhos,
eclipsados
De tanto sangue e
lagrimas abertos,
Pois, para perdoar-me,
estais despertos,
E, por não condenar-me,
estais fechados,
• A vós, pregados pés, por
não deixar-me,
A vós, sangue vertido,
para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra
chamar-me.
• A vós, lado patente, quero
unir-me,
A vós, cravos preciosos,
quero atar-me,
Para ficar unido, atado e
firme.
– Gregorio de Matos
9. • Um paradoxo é uma declaração aparentemente
verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou
a uma situação que contradiz a intuição comum.
• Os enunciados, em versos nesta forma de
linguagem, apresentam elementos que apesar de
se excluírem, também se completam formando
afirmações que parecem sem lógica.
10. • Amor é fogo que arde sem se
ver,
é ferida que dói, e não se
sente;
é um contentamento
descontente,
é dor que desatina sem doer.
• É um não querer mais que
bem querer;
é um andar solitário entre a
gente;
é nunca contentar-se de
contente;
é um cuidar que ganha em
se perder.
• É querer estar preso por
vontade;
é servir a quem vence, o
vencedor;
é ter com quem nos mata,
lealdade.
• Mas como causar pode seu
favor
nos corações humanos
amizade,
se tão contrário a si é o
mesmo Amor?
» Luis de Camoes
11. • É caracterizado pela
linguagem rebuscada,
culta, extravagante;
pela valorização do
pormenor mediante
jogos de palavras.
• Visível influência do
poeta espanhol Luís
de Gôngora; daí o
estilo ser também
conhecido como
Gongorismo.
• Arte sensorial
• O aspecto exterior
imediatamente visível
no Cultismo ou
Gongorismo é o abuso
no emprego de figuras
de linguagem.
• Como as metáforas,
antítese, hipérboles,
hipérbatos, anáforas,
paronomásias,
sinestesias, etc...
• Dimensão visual (delírio
cromático)
12. • "O todo sem a parte não
é o todo;
• A parte sem o todo não é
parte;
• Mas se a parte o faz todo,
sendo parte,
• Não se diga que é parte,
• sendo o todo.
• Em todo o Sacramento
está Deus todo,
• E todo assiste inteiro em
qualquer parte,
• E feito em partes todo em
toda a parte,
• Em qualquer parte
sempre fica todo."
• (Gregório de Matos)
13. O Barroco no Brasil
A mais importante igreja do barroco
mineiro, projetada por Aleijadinho,
situa-se em Ouro Preto.
14. Gregório De Matos
• advogado e poeta
• nasceu
– na então capital do Brasil,
Salvador, BA
– em 7 de abril de 1633
• estudou
– no Colégio dos Jesuítas
– e em Coimbra, Portugal
• voltou ao Brasil em 1681
• dedicou-se a
– Sátiras e
– Poemas erótico-irônicos
• exilado em Angola
• faleceu
– em Recife, PE,
– em 1696.
15. A Fundação da Poesia no Brasil
Gregório foi o primeiro poeta popular no
Brasil.
• Consciente aproveitador de temas e de ritmos da poesia e da
musica populares.
O Boca do Inferno
• Irreverente:
– afrontou os valores e a falsa moral sociedade baiana do seu
tempo.
• Como poeta lírico:
– Segue e ao mesmo tempo quebra os modelos barrocos europeus
• Como poeta satírico:
– Denuncia as contradições da sociedade baiana do seculo XVII
– Usa a língua portuguesa com vocábulos indígenas e africanos, e
palavras de baixo calão.
16. A Lírica
• Gregório de Matos cultivou três
vertentes da poesia lírica:
•A amorosa
•A filosófica
•E a religiosa
17. Lírica Amorosa
A Lírica amorosa é um tipo de
poema que é fortemente
marcada pelo dualismo
amoroso. Como a carne e o
espírito.
18. Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
19. A Lírica Filosófica
Na Lírica filosófica, ele explica:
– o desconcerto do mundo.
–a consciência do transitoriedade ou
efemeridade.
Carpe
diem
20. Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
21. A Lírica Religiosa
Na Lírica religiosa ele:
– obedece aos princípios fundamentais
do barroco europeu.
–Usa temas como Deus e amor.
Ex: A Culpa, o arrependimento,
o pecado e o perdão.
22. A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a, e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
23. A Sátira
Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
(...)
E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.
Que vai pela clerezia?..................Simonia
E pelos membros da Igreja?..........Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.
24. O Combate as Línguas Africanas
A presença de termos africanos na poesia de
Gregório de Matos comprova a ousadia do
poeta baiano, pois tal procedimeno
cotrariava os interesses dos colonizadores.
Ele foi o primeiro
poeta nativista.
25. Sermão do Padre Vieira
Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três cousas: olhos,
espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de
olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta
de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que
cousa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em
si e ver-se a si mesmo? Para essa vista são necessários olhos, é
necessário luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o
espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o
homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto
que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três
concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles
devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do
pregador, ou por parte de Deus?
26. Os ouvintes ou são maus ou são bons; se são bons, faz neles fruto a
palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito.
No Evangelho o temos. O trigo que caiu nos espinhos, nasceu, mas
afogaram-no: Simul exortae spinae suffocaverunt illud. O trigo que caiu
nas pedras, nasceu também, mas secou-se: Et natum aruit. O trigo que
caiu na terra boa, nasceu e frutificou com grande multiplicação: Et natum
fecit fructum centuplum. De maneira que o trigo que caiu na boa terra,
nasceu e frutificou; o trigo que caiu na má terra, não frutificou, mas
nasceu; porque a palavra de Deus é tão funda, que nos bons faz muito
fruto e é tão eficaz que nos maus ainda que não faça fruto, faz efeito;
lançada nos espinhos, não frutificou, mas nasceu até nos espinhos;
lançada nas pedras, não frutificou, mas nasceu até nas pedras. Os piores
ouvintes que há na Igreja de Deus, são as pedras e os espinhos. E por
quê? -- Os espinhos por agudos, as pedras por duras. Ouvintes de
entendimentos agudos e ouvintes de vontades endurecidas são os piores
que há.
27. E tanta a força da divina palavra, que, sem cortar nem despontar
espinhos, nasce entre espinhos. É tanta a força da divina palavra, que,
sem arrancar nem abrandar pedras, nasce nas pedras. Corações
embaraçados como espinhos corações secos e duros como pedras,
ouvi a palavra de Deus e tende confiança! Tomai exemplo nessas
mesmas pedras e nesses espinhos! Esses espinhos e essas pedras
agora resistem ao semeador do Céu; mas virá tempo em que essas
mesmas pedras o aclamem e esses mesmos espinhos o coroem.
...
Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da
palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos
ouvintes, segue-se por consequência clara, que fica por parte do
pregador. E assim é. Sabeis, cristãos, porque não faz fruto a palavra
de Deus? Por culpa dos pregadores. Sabeis, pregadores, porque não
faz fruto a palavra de Deus? -- Por culpa nossa.
28.
29.
30.
31. Igreja e Convento de São Francisco, Salvador, Bahia:
considerada uma das mais ricas e espetaculares igrejas do país, tem todo o
interior coberto em ouro.
38. O Passo da Subida ao Calvário, de Aleijadinho. Simboliza a subida
de Jesus ao Calvário, para depois ser crucificado.
39. O Passo da Crucificação, de Aleijadinho, que simboliza o
momento em que Jesus foi crucificado na Cruz. Imagem
adorada até os dias de hoje pelos católicos.