2. A esmola, algumas vezes é útil, porque alivia os pobres. Mas é quase sempre
humilhante, tanto para quem dá, quanto para quem recebe. A caridade, pelo
contrário, liga o benfeitor ao beneficiado. Caridade é amor em movimento
incessante e crescente.
Na questão 893 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga qual a mais meritória
das virtudes, obtendo dos Espíritos a resposta de que é a caridade
desinteressada. Mas o que é caridade segundo a Doutrina Espírita? Para
facilitar a compreensão, podemos dividi-la em caridade material e caridade
moral. A caridade material compreende aquilo que tem manifestação no
mundo físico, devendo ser exercida com desprendimento e amor, sem
humilhar quem recebe. Já a esmola, algumas vezes é útil, mas quase sempre é
humilhante para quem recebe.
3. A caridade, pelo contrário, liga o benfeitor ao beneficiado. O amor se
manifesta na maneira como se dá, não incluindo os que doam algo apenas para
se verem livres de quem pede ou para aliviar a consciência, mas sim a atitude
realizada com real vontade de auxiliar. Já o desinteresse consiste em não
esperar reconhecimento, gratidão ou retorno de qualquer espécie pela ação
realizada, consoante a frase: “que a mão esquerda não saiba o que dá a mão
direita”.
A caridade moral, como a entendia Jesus, é elucidada na questão 886 de O
Livro dos Espíritos, como sendo benevolência (boa vontade) para com todos,
indulgência (tolerância) para com as imperfeições alheias e perdão das
ofensas. Esse conceito de caridade reúne todos os deveres do ser humano para
com seu próximo, podendo ser exercitada através de três situações, a saber:
4. Avaliando o próximo com indulgência; agir com meu próximo com
benevolência; receber toda ação do próximo com perdão.
A caridade moral pode ser: Verbal (palavras que consolam, esclarecem e
edificam; prece que aproxima de Deus; silêncio ou suavidade no falar). Mental
(ondas mentais sob a forma de perdão; prece, emitida em favor de encarnados
e desencarnados). Gestual (afago fraterno, abraço, aperto de mão, sorriso).
Passiva (silêncio diante de uma ofensa, atenção perante um desabafo).
Mediúnica (amparo a encarnados e desencarnados através da faculdade
mediúnica).
5. Assim, sempre há condições e oportunidades para o exercício da caridade,
pois não há quem não possa doar algo, dedicar atenção a um irmão, vibrar
positivamente por alguém; cada indivíduo, porém, procura e encontra meios
de realizar o bem de acordo com a sua evolução espiritual.
Mas, à medida que compreende que fora da caridade não há salvação
(evolução), o Espírito esforça-se por praticá-la em suas diversas
manifestações, eliminando assim, gradualmente, o orgulho e o egoísmo, na
exata proporção que se eleva a Deus. “Amemo-nos uns aos outros e façamos
aos outros o que quereríamos que nos fosse feito”.
6. Toda religião, toda moral se encerram nestes dois preceitos, não haveria ódio,
nem ressentimentos”. (Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIII, item
9).
O importante é que façamos a caridade, seja ela material ou moral, mas
façamos a caridade, pois, à medida que plantamos a alegria de viver nos
corações que nos cercam, a Providência Divina, que tudo sabe e vê, agirá de
forma a improvisar a nossa ventura. Francisco de Assis, há mais de um
milênio, já nos informou “que é dando que se recebe”.
Precisamos viver pensando sim em nós, mas sem esquecer os outros, uma vez
que ninguém consegue ser feliz sozinho. Sejamos, então, caridosos.
7. A prece de Cáritas foi psicografada na noite de Natal, 25 de dezembro, do ano
de 1873, ditada pela suave Cáritas, de quem são, ainda, as comunicações:
"Como servir a religião espiritual“ e "A esmola espiritual".
Prece
Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade, dai a força àquele que passa
pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do
homem a compaixão e a caridade!
Deus, Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.
8. Pai, daí ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, e
ao órfão o pai. Senhor, que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que
criastes. Piedade, Senhor, para aquele que vos não conhece, esperança para
aquele que sofre. Que a Vossa Bondade permita aos espíritos consoladores
derramarem por toda a parte, a paz, a esperança, a fé. Deus! Um raio, uma
faísca do Vosso Amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa
bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se
acalmarão. E um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito
de reconhecimento e de amor. Como Moisés sobre a montanha, nós Vos
esperamos com os braços abertos, oh Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!, oh
Perfeição!, e queremos de alguma sorte merecer a Vossa Divina Misericórdia.
9. Deus, dai-nos a força para ajudar o progresso, afim de subirmos até Vós; dai-
nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de
nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Divina Imagem.
Que assim Seja.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo
o Espiritismo.