O documento discute como a passagem de ano não automaticamente muda as circunstâncias externas, mas que as pessoas podem construir um ano melhor através de esforços de autoconhecimento e melhoria moral. A esperança deve ser ativa e baseada no progresso humano ao longo do tempo, não em ilusões de mudanças imediatas. O autoconhecimento é essencial para identificar defeitos e melhorar.
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Construindo um Ano Novo com Esperança e Transformação
1.
2. Percebemos um passar tão rápido do tempo que, por vezes, quase nos
assustamos. Ainda ontem, adentramos um ano novo. Mas, estamos
novamente vivenciando o mesmo fato. E no alvorecer de mais um ano, surge
muita expectativa sobre ele, quando acreditamos que tudo será diferente.
Enchemo-nos de esperança, afinal, o que passou, passou, agora é olhar para
frente com fé, e nada melhor do que um ano novinho em folha para nos
insuflar a confiança. O mundo explode em festas, fogos de artifícios, alegria
em toda parte, como se uma mudança de calendário mudasse tudo para
melhor, uma página transformando tudo, esperanças novas no ar, tudo será
melhor. Ilusão! O ano é novo, o Espírito não! Então é o ser humano que
deve melhorar a si mesmo para que o mundo melhore.
3. É bom ter esperança. Sem esperanças o desânimo tomaria conta da criatura,
mas é necessário uma esperança consciente, ativa, crente num mundo
melhor amanhã, pela Humanidade que melhora progressivamente, num
aprendizado incessante de amor, sem ilusões de acontecimentos imediatistas
como num passe de mágica. Um adágio popular afirma o ano novo como
vida nova. Será mesmo? Será que a simples mudança de calendário define
um viver diferenciado para melhor? Claro que a mudança é da lei divina,
vivemos mergulhados em processos de impermanência, e o Espiritismo, por
sua vez, nos ensina que estamos submetidos à Lei de Progresso, uma das leis
morais, segundo Allan Kardec, que faz uma leitura da progressão espiritual
que podemos empreender como seres perfectíveis.
4. A natureza não dá saltos, ensina a Doutrina, e a nossa evolução também não
se dá aos pulos. Tudo acontece gradativamente, em resposta direta aos
nossos esforços em nos melhorarmos, se não fosse assim, algo estaria errado
na providência divina, pois, por acaso, sem empenho e trabalho, poderíamos
acordar melhores do que somos, ao longo de apenas uma noite, exatamente a
noite da virada do ano: o espírita está muito bem informado sobre a
inexistência do acaso. Esclarece o Espiritismo ser necessário repetir
testemunhos de aprendizado e renovação, dia após dia, em razão de ninguém
evoluir em um dia apenas e para um dia somente. De modo a consolidar
reais avanços em nossas virtudes e conhecimentos, deve haver trabalho e
dedicação persistentes de nossa parte para com convicção esperarmos algo
melhor do futuro.
5. Por outro lado, não basta apenas pedir a Deus, é preciso dar sustentação ao
pedido através de boas ações, continuamente, por largo tempo. Assim, creio
que estamos em dinâmico processo de crescimento a partir das
aprendizagens que somos capazes de efetivar, passando pelas experiências e
convivências as mais diversificadas, conforme nossas necessidades
educativas, seja do ponto de vista moral, seja do intelectual. E quanto às
superstições reveladas em simpatias e crendices que definem cor de roupa, o
que comer ou o modo de andar na entrada do ano novo, elas podem nos
garantir uma vida melhor? A superstição é um apego exagerado ao que a
ignorância, má conselheira, define por verdade sem a qual não se pode ser
feliz.
6. A Terra se encontra em trânsito para um mundo melhor, de regeneração,
onde o bem começará a sobrepujar o mal, e a dor e o sofrimento tornar-se-ão
desnecessários no processo evolutivo de seus habitantes. É preciso que nos
preparemos para recepcionar o novo ciclo da vida do planeta, que emergirá
desta renovação. Ao Espiritismo cumpre um papel importante neste
momento, que é de levar às pessoas o esclarecimento quanto às
circunstâncias espirituais que envolvem esse período de transformações. O
Ano Novo que surge, em que pese ser uma simples alteração de calendário,
traz o simbolismo de novas esperanças e novas metas a serem alcançadas. É
tempo de avaliação do que fizemos no ano que se findou, do que ficou por
fazer e do quanto poderíamos ter caminhado.
7. O processo transformador exige uma quota de sacrifício, que nos cobra
perseverança e disciplina. Jesus, como nosso guia e modelo, mostrou o
caminho a ser seguido, nas lições e exemplos legados no Evangelho e
revividos, sem o véu da letra, pela doutrina espírita. Os Espíritos ensinam
que se reconhece o progresso do homem quando todos os atos de sua vida
expressam a prática da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a
sua natureza espiritual. O Ano Novo é sempre um convite para que
busquemos essas duas condições que impulsionarão o nosso crescimento.
Comecemos, pois, a busca da nossa elevação atendendo o Mandamento
Maior da Lei de Deus, que é o amor, relacionando-nos com nosso
semelhante de forma benévola e indulgente, partindo daí para perseguir as
transformações que exigem de nós um maior esforço.
8. O mestre Allan Kardec teve o ensejo de apresentar na Revista Espírita, de
junho de 1863, uma sintética e bela dissertação do literato desencarnado La
Fontaine, intitulada “Conhecer a si mesmo”. Entre os seus sábios conselhos
encontramos: “O que muitas vezes impede que vos corrijais de um defeito,
de um vício, é, certamente, o fato de não perceberdes que o tendes”. Ou seja,
o desconhecimento de si impede que identifiquemos nossas imperfeições ou
limites morais para que possamos mudar para melhor, aliás, nenhuma
reforma considerável é possível sem o conhecimento exato a respeito do que
merece mudança. O ano de 2020 bate à nossa porta com renovadas
expectativas em torno de nosso desempenho neste vasto e complicado
território dos seres humanos.
9. Se nós pararmos para analisar o que significa a passagem de Ano,
perceberemos que nada se modifica externamente. Tudo continua sendo
como na véspera. Os doentes continuam doentes; os que estão no cárcere
permanecem encarcerados; os infelizes continuam os mesmos; os
criminosos seguem arquitetando seus crimes; e, assim por diante. Nós, e
somente nós é que podemos construir um ano melhor, já que um feliz Ano
Novo não se deseja, se constrói. Podemos almejar por um ano bom se desde
agora começarmos um investimento sólido, já que no ano que se encerrou
tivemos os resultados dos investimentos do ano imediatamente anterior e
assim sucessivamente. Se, nos doze meses transcorridos do ano que se
despediu, fomos felizes e produzimos momentos de felicidade em alguns
daqueles que caminham ao nosso lado, ...
10. ... certamente teremos disposição de repetir os nossos feitos, porquanto, diz
o filósofo, é bom ser bom. Quem o bem pratica no tempo de hoje, hoje
mesmo recebe a retribuição de seu ato, em forma de infinita satisfação. Se,
ao contrário, foi tumultuada a nossa caminhada no tempo que acaba de
passar, gerando dúvida e dor na alma dos que conosco compartilham a
marcha, que não nos falte, no tempo novo, o sentido do tempo quando as
duas palavras trocam de posição, seja, assim, para cada um de nós. O Novo
Ano, o novo tempo, o tempo do homem renovado e disposto a recompor o
que ficou destruído ou abandonado à margem do caminho. Mais do que
nunca se torna atual a recomendação de Santo Agostinho, trazida por Kardec
na questão 919-a de O Livro dos Espíritos, ...
11. ... indicando o caminho do autoconhecimento como fundamental no
processo de transformação que precisamos empreender enquanto espíritos
imortais a caminho da perfeição. Sabemos que todo processo transformador
traz consigo uma quota de sacrifício e dificuldade a ser atendida. Havemos,
portanto, como ensinou Jesus, sermos perseverantes na busca da tão sonhada
transformação. O Rabi da Galileia, como nosso guia e modelo, mostrou-nos
o caminho a ser seguido, nas lições e exemplos legados no Evangelho. Que
os ruídos que anunciaram o Ano Novo possam propiciar o raiar de um novo
tempo, em que a paz deixe de ser o espaço angustiante entre dois conflitos e
o pão da solidariedade seja farto em todas as mesas deste mundo.
12. Então, podemos, sim, construir um ano bom a partir da nossa reforma moral,
repensando nossos valores, corrigindo nossos passos, dando uma nova
direção à nossa estrada evolutiva, modificando nossos comportamentos
equivocados.
Finalizando, é bom lembrar: Se você não mudar, nada mudará! É você que
tem que dar o primeiro passo. Reflita!
Desejo a todas as pessoas que me têm acompanhado, através dos meus
PPSs, do meu Blog, e do meu site, um próspero Novo Ano.
Muita Paz!