2. Esse estudo é baseado na página “A Escola das Almas”, do livro Jesus no
Lar, pelo Espírito Neio Lúcio. Como sempre digo, entendo que essas
estórias de Neio Lúcio possam ser interpretadas como parábolas modernas,
devido aos ensinamentos que podemos extrair delas. A narrativa se passa em
reunião na casa de Simão Pedro, onde Jesus aproveita a ocasião para
transmitir lições de sabedoria. Conta-nos, assim, o autor espiritual:
Congregados em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz
suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos. Quando a
palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou,
inquieta: - Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?
3. Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais
amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou: - Iniciamos a tarefa entre
flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo, é
a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e
dissabores. Reparando que a senhora galileia se sensibilizara até às lágrimas,
deu-se pressa Jesus em responder: -O lar é a escola das almas, o templo
onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande
entendimento da Humanidade. E, sorrindo, perguntou: -Que fazes
inicialmente às lentilhas, antes de servi-las à refeição? A interpelada
respondeu, titubeante: -Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para
que se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-
as agradáveis ao sabor.
4. Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa? De modo algum,
tornou a velha humilde; antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-
me guardá-lo ao calor do forno. O divino amigo então considerou: -Há
também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos
devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo
ou o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é
recurso espiritual. O coração acordado para a vontade do senhor retira as
mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de
encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não
são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a
desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de
um homem?
5. A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume, à noite,
desaparece. O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos
na vida eterna. Sofrimento e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.
Nessa arena de aprendizado que é a Terra, o homem recebeu a missão de
evoluir em espiritualidade, pois, foi criado simples e ignorante. Simples
porque nada tinha, e ignorante porque nada sabia, além das experiências
registradas em seu instinto. Foi dotado de inteligência e livre-arbítrio para
que pudesse aprender na vida de relação com seu semelhante. De degrau em
degrau, de experiência em experiência, de encarnação em encarnação, o
homem oportuniza o exercício da relação com seu semelhante e amplia sua
percepção para o significado do amor incondicional.
6. Jesus ao vir à Terra orientar seus irmãos em Deus, falou diversas vezes por
parábolas para que, ao longo do tempo, cada um pudesse tirar delas a
compreensão necessária. Mas, só falou por parábolas sobre assuntos mais ou
menos abstratos de Sua doutrina de amor. Na parte básica, na parte
fundamental, foi sempre direto, principalmente no estabelecimento da lei
maior, da lei de justiça, amor e caridade. Não usou meias palavras e buscou
exemplificar o seu cumprimento. Entretanto, mesmo tendo recebido a
mensagem de amor de forma direta, sem rodeios, nem historinhas, o homem
não foi capaz de entendê-la, de incorporá-la à sua existência. Daí os
conflitos, os desentendimentos, a luta por interesses particulares.
7. Muitos são os cenários nos quais o homem gravita e desempenha o seu
papel em todos eles. No entanto, deve tirar lições necessárias para a sua
evolução espiritual. Como disse, o homem gravita em cenários diversos: na
família, na sociedade, no trabalho, na religião. E, em todos eles, busca
representar o papel adequado. Porém, é importante ressaltar que o cenário
doméstico, o cenário da família, é o mais repleto de experiências, e
constitui-se na primeira oficina de burilamento espiritual. Na família,
encontramos os afetos e os desafetos de outras eras, de outras experiências
que, assim como nós, necessitam vencer a si próprios e aprender a conviver
com irmandade e amor. Deus nos concede a misericórdia do esquecimento
do passado para que consigamos manter relações equilibradas com o mundo
em seus diferentes cenários.
8. Se assim não fosse, tornar-se-ia muito difícil refazer caminhos, retomar
experiências passadas, equilibrar o que foi desequilibrado, convivendo uns
com os outros, credores e devedores. É na família, portanto, que estão
nossas maiores provas e nossas maiores oportunidades. Assim, sendo,
devemos abraçá-las com todo esforço, com toda determinação e resignação
para conseguirmos através da ajuda mútua e da compreensão adquirirmos
valores do amor incondicional. Como já vivemos muitas vezes a prova da
matéria, já tivemos relações com muitos irmãos, muitos pais, muitas mães,
muitos filhos. Muitos irmãos do caminho compartilharam conosco as
experiências da vida na carne. Portanto, podemos concluir que nossa
parentela espiritual é imensa, ultrapassando mesmo os limites de nossa
percepção.
9. Poderíamos até dizer que o mundo em si é uma grande família, embora
ainda não se comporte como tal. Alguns de nós percebem e aproveitam as
oportunidades concedidas e adiantam-se. Outros, tornam-se rebeldes
renitentes e teimam em se manterem nas posições da incompreensão, da
dureza de coração e, por conseguinte, não conseguem se desprenderem das
algemas do orgulho, do egoísmo, da intemperança, da cupidez, da ilusão
material. Costumo dizer que ninguém pode percorrer o caminho por
ninguém. Ninguém pode ser considerado responsável pelo insucesso do
outro uma vez que, a todos compete viver suas próprias experiências. O
livre-arbítrio induz à responsabilidade individual, apesar de vivermos
relações coletivas, interagindo uns com os outros. A cada um será dado
conforme o que tiver edificado.
10. Assim, caro irmão, cara irmã, observa a sua conduta dentro da família. Por
mais singela que ela possa ser, procure desenvolver a paciência e a
tolerância com seus companheiros de jornada familiar. Se você lida com
parente difícil, prova que lhe parece insuportável, percebe que ela é
necessária e que, por escolha ou por imperativo, ela lhe foi concedida para o
desenvolvimento da sua luz espiritual. Ore, e peça ao Pai misericordioso
forças para superar as próprias imperfeições que lhe impede de identificar
no parente difícil ao seu lado um irmão de caminhada. Veja pelos olhos do
Espírito, para que você possa ser útil ao irmão do caminho, que foi colocado
em sua vida. Perdoa e concede a misericórdia, não sete vezes, mas setenta
vezes sete vezes para cada falta.
11. Se hoje já conseguimos perceber uma tênue luz espiritual a nos apontar o
caminho, devemos exercitar a tolerância, a humildade, e estender a mão
àqueles que ainda teimam em se manterem à margem da estrada. Todos que
aqui estamos, neste planeta de expiações e provas, somos carentes de afeto,
carentes de misericórdia, carentes de indulgência para nossas faltas.
Colhemos hoje o que semeamos no passado. Somos pecadores contumazes,
e esse fato por si só já não nos autoriza a julgarmos quem quer que seja.
Assim, se hoje nos sentimos ofendidos, devemos expandir nossos
sentimentos e aprender a perdoar.
12. Se hoje sofremos as consequências dos conflitos humanos, e somos
bafejados pela ingratidão daqueles que nos são caros, devemos agradecer a
experiência concedida, e tirar dela a oportunidade de amparar e suportar
nossas dores com resignação. A família terrestre é a grande oficina de
aprendizado. É a escola das almas, que permitirá o nosso acesso aos planos
sublimes ou a permanência nos planos de sofrimento e dor. Aproveitemos,
pois, as oportunidades de conviver e aprender com os irmãos difíceis da
jornada terrestre.
13. Muita Paz!
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