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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS
   LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA




        FAUSTINO DOS SANTOS




       INTRODUÇÃO À BIOÉTICA
     ANTROPOLOGIA DO CUIDAR




             RECIFE/2012
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS
   LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA




        FAUSTINO DOS SANTOS




       INTRODUÇÃO À BIOÉTICA
     ANTROPOLOGIA DO CUIDAR




          Síntese elaborada pelo aluno citado acima sob orientação do
          Professor Hermano para obtenção de nota na disciplina de
          Introdução à Bioética do curso de Licenciatura Plena em
          Filosofia da Universidade Católica de Pernambuco no semestre
          2012.1.




             RECIFE/2012
ANTROPOLOGIA DO CUIDAR1



INTRODUÇÃO
Entendendo a abordagem do livro


          O livro Antropologia                 do Cuidar, que é um                     livro indicado
prioritariamente para a área de enfermagem, faz, enquanto questão prática,
uma abordagem de antropológica filosófica uma vez que se considera a ação
do cuidar uma ação essencialmente humana.
          Apontada pelo autor como apoiada numa teoria prática do cuidar, é
necessariamente aí que a enfermagem deve buscar sua essência fundamental,
uma vez que o cuidar é a essência do fazer enfermagem, ou seja, “o cuidar é o
conhecimento e a arte da enfermagem”. Essa afirmação carrega um grande
significado, pois atribuir ao cuidar uma questão estética quando se refere a
arte, é dizer que essa ação é bela e uma atitude que tem harmonia e equilíbrio,
que faz gosto observar uma pessoa realizando tal ato. Ademais, quando se
atribui ao cuidar uma questão que se diz ligada diretamente ao homem, é dizer
que essa ação também é uma ação ética, dizendo isso, portanto, é dizer que
essa ação é de grande responsabilidade interpessoal, ou seja, a pessoa que
executa tal ação não está preocupada no seu bem estar, mas no do outro, com
isso existe aauto realização por fazer os outros realizados, felizes e bem. Além
dessa dimensão pode-se dizer que a tarefa do cuidar está ligada diretamente
com a atitude de reconstituição interior, imagino ser totalmente pertinente e de
recompensa essa afirmação uma vez que o receptor do cuidado do enfermeiro
ou do cuidador pode passar por um processo de transformação interior bem
como aquele que é o transmissor do cuidado, no caso o enfermeiro. “Edificar a
pessoa doente é tratar de recompor seu interior, alçar de novo sua identidade
pessoal, ajuda-la a se refazer depois da queda e da frustração que implica o
processo de enfermar”.

1   Título do livro de FrancescTorralba i Roselló tradução de GuillermeLauritoSumma.
DESENVOLVIMENTO
Enfermagem e Antropologia Filosófica elementos constitutivos e essenciais para
uma antropologia do cuidar

      Antes de adentrar nas questões que aprofundarão a conclusão que já se
apresenta nos primeiros parágrafos, o autor se propõe a buscar o paralelo que
pode haver entre a enfermagem e a antropologia filosófica propriamente dita.
Enquanto uma questão na ordem da antropologia filosófica se buscará
elementos que digam respeito prioritariamente às questões do homem, com
isso se define que enquanto questão nessa ordem o cuidar é visto como
elemento constitutivo da essência humana, já na ordem da enfermagem não é
difícil se fazer a relação uma vez que a ação da enfermagem há trás consigo
uma pré-disposição para a ação do cuidado ou do cuidar. Para tanto, enquanto
“a enfermagem tem a experiência, a prática, a antropologia filosófica faz a
reflexão teórica aprofundando e contribuindo para a compreensão da
totalidade do ser”.
      Percebe-se que ao longo do livro a questão que se apresenta
prioritariamente são as questões relativas ao cuidado do ser humano, tanto
enquanto agente da ação, quanto do agente receptor da ação (doente),
sobretudo dessa segunda pessoa que é pessoa vulnerável. Para isso o autor trata
de questões nos diferentes estados da vida enferma da pessoa e com isso a ação
humana do cuidar enquanto contribuinte para reconstituição física e humana
da pessoa pois, “o exercício do cuidar é uma ação inescapável do ser humano,
pois nós somos cuidado”.
      A busca por uma antropologia filosófica no livro se vê na dimensão da
constatação e busca pelo aspecto essencial do homem que já foi dito
anteriormente, pois o homem enquanto ser de relações ele é necessariamente é
um ser de cuidado que se relaciona e nessa ação de relação envolve tanto o
cuidado de si próprio, o cuidado do outro e o cuidado do meio que envolve
toda natureza que esta em volta e que pode ser usada como meio de ajuda para
a transformação assim como utiliza diferentes terapias e religiões, ou seja, a
natureza como fonte de bem estar e cura exterior e interior.
      Enquanto saber necessariamente teórico, a antropologia filosófica é
também um saber especulativo de caráter quase que totalmente racional.
Colocando o homem no centro como aquele que é essencialmente cuidado, “a
antropologia filosófica traz elementos e instrumentos de reflexão teórica sobre
o sentido e a essência da condição humana e sobre várias multifacetadas
dimensões do ser humano no mundo”, ou seja, o homem é um ser bio-psico-
social que interage dentro de cada ambiente em que vive e se encontra e
participa ativa e dinamicamente do todo social (comunidade), essa questão é
interessante porque como o próprio código de ética para a enfermagem
afirma, o serviço ao gênero humano é primeira função do enfermeiro e a razão
da existência da profissão de enfermagem, para tanto, é necessário se perceber
como homem, como ser que se relaciona, que sente, que é humano, enfim, é
necessário para exercer a arte do cuidar tão falada e importante da
enfermagem compreender e dar valor a complexidade que é p ser humano.
      A enfermagem como ação prática da condição do homem que é a práxis
cuidadora, em diferentes visões é tida como singular, pois, é o cuidado um dos
conceitos mais poderosos e o fenômeno essencial do seu ser. A enfermagem
não pode separar fatores como saúde e bem estar da doença ou dos cuidados
de cada forma de expressão cultural ou individual, elas devem ser tratadas de
forma independente, com a atenção devida, mas de modo relacional. A função
da enfermagem é assistir o indivíduo (pessoa única) em bom ou mau estado de
saúde com a intenção de ajuda-lo na sua recuperação buscando meios para
isso e ajudando na sua independência em tempo curto. Afirma o Código de
Deontologia da Profissão de Enfermagem da Associação de Enfermeiras e
Enfermeiros do Canadá: a prática da enfermagem é “uma relação de ajuda
marcada pelo dinamismo e a preocupação pelos demais, relação cujo interior o
profissional de enfermagem ajuda o cliente a alcançar o melhor estado de
saúde possível”.
Com isso, pode-se dizer que a antropologia filosófica recebe da
enfermagem alguns aspectos interessantes, bem como dá à enfermagem os que
faltam nela. Enquanto a antropologia filosófica reflete sobre o homem na sua
condição humana a enfermagem trata de cuidar da condição humana nas suas
diferentes instancias (pelo acompanhamento pluridimensional). Enquanto a
Enfermagem leva à antropologia filosófica a experiência, o frescor da vida, a
realidade mesma e, sobretudo, a sensibilidade, a antropologia filosófica leva à
enfermagem elementos e instrumentos de reflexão teórica sobre o sentido e a
essência da condição humana e sobre as diferentes nuances da reflexão e ação
do ser humano no mundo. E com essas trocas ambas as áreas vão constituindo
elementos importantes para uma boa ação cuidadora tendo em vista o bem da
pessoa humana com cuidados dignos.
      Com esse aspecto pluridimensional e multifacetado pode-se enquadrar a
questão que o autor apresenta sobre a ação da enfermagem de modo
interdisciplinar. Esse “modelo interdisciplinar tem como finalidade uma
melhor e amis personalizada assistência ao doente e isso pressupõe a
coordenação e a interação dos diferentes agentes sanitários para um único fim
que é reestabelecer asaúde do doente”.
      Criou-se socialmente um grande receio entre a relação da ciência com a
sabedoria, mas é bem verdade que a enfermagem possui sim relações e precisa
do conhecimento humano, pois não haveria ciência caso não existisse
sabedoria humana. Outro aspecto interessante dentro dessa questão
interdisciplinar diz respeito a arte de ser cuidador que entra em conflito
muitas vezes com as habilidades técnicas, (portanto se trataria de uma questão
de vocação inata em conflito com o conhecimento adquirido?) pois o autor
aponta que o cuidar não se trata necessariamente da mera técnica, mas se trata
de uma arte, existem pessoas que cuidam com gosto e outras que demonstram
habilidades mas são totalmente frias, desprovidas de “humanidade”. Parece
que ao autor concorda que o exercício do cuidar é mais uma arte que a mera
técnica embora a arte necessite de aparatos técnicos como meios psicológicos,
anatômicos, antropológicos além de culturais e religiosos favoráveis à
fomentar o exercício do cuidar como uma arte.
      Para tanto, “cuidar da saúde é um exercício que transcende, ou deve
transcender, o marco da biologia e da corporeidade do indivíduo e requer a
atenção e o desenvolvimento de outras dimensões constitutivas do ser
humano”. A dimensão do cuidar muitas vezes entra em choque com a
dimensão do curar, embora ambos sejam importantes na enfermagem, o mais
importante é fazer com que o indivíduo se recupere e garanta condições
autonômicas para continuar sua vida.
      Enquanto questionamento sobre o que é antropologia, é importante
ressaltar que toda e qualquer questão antropológica gira em torno da pergunta
o que é o homem?. Embora a questão nos pareça simples quando analisamos o
homem pela sua exterioridade, ela não é tão simples assim, essa questão na
perspectiva filosófica foi e é a questão que norteia várias teorias com o intuito
de responder precisamente o que é o homem, na antiguidade a resposta era
dada que o homem é sua razão, depois que o homem é o ser criado por Deus e,
portanto, deveria ser submisso ao seu criador, despois o homem se dá conta
que pela sua capacidade de razão ele poderia ser superior a qualquer coisa, ele
passou a ser subjetivamente o centro da questão. Portanto, é importante deixar
claro que o homem é um ser de várias significações, e nenhuma teoria poderá
dizer, ela só o que o homem uma vez que o homem é um ser ainda em
construção e em processo de descoberta de si mesmo.
      Abordando a essa questão em diferentes perspectivas, o autor apresenta
em síntese que a antropologia filosófica é um discurso filosófico, crítico e
dialógico em torno da condição humana, cujo fim é dizer mais precisamente
sobre qual a condição humana e quais as diferentes expressões e modalidades
do viver humano.
      Em meio a essa busca de resposta sobre o que homem realmente é
percebe-se que ele é um ser vulnerável, pois uma característica do ser humano
é justamente a vulnerabilidade, pois ele esta sujeito à doença, ao fracasso, ao
perigo, ao mal, ao bem, enfim, o ato de estar vivo pressupõe a
vulnerabilidadedo ponto de vista somático, social, econômico, físico. Sendo isso
específico do ser humano, também a busca pela proteção por conta dessa vida
vulnerável é presente, e por isso, quando vemos ao que esta prestes a cair sobre
nós a nossa ação imediata é se proteger.
      Enquanto vulnerabilidade ontológica o homem é vulnerável pela sua
finitude, ele não é absoluto, eterno, nem autossuficiente. Na dimensão ética o
homem está sujeito a cair moralmente, fracassar dentro e pela sua finitude. A
natureza também é vulnerável, sobretudo às transformações e interferências
humanas. A sociedade é vulnerável por que está sujeita as desigualdades,
violência, enfim, existem diferentes formas de estar vulnerável que se fosse
discorrer passaria muito tempo e não chegaríamos a um fim e essa não é nossa
intenção.
      Levando essas questões ao âmbito em questão o autor faz uma
abordagem de diferentes tipos de antropologias, a saber, antropologia da
doença, do sofrimento, da morte e por fim chega na antropologia do cuidar.
Não querendo fazer grandes aprofundamentos nas antropologias que tem uma
conotação não muito boa para o homem, faço o paralelo sob dois aspectos: as
antropologias da doença do sofrimento, da morte têm a dimensão da
vulnerabilidade, já a do cuidar é parte essencial do elemento constitutivo da
natureza humana.
      As dimensões da antropologia do cuidar são várias, mas a princípio a
ação do cuidar inclui o valor da receptividade, e isso integra certa passividade,
ou seja, exige daquele que cuida receptividade a aquele sujeito vulnerável o
que significa que você esta aberto para responder às suas necessidades pois o
principal responsável pela ação de cuidar não é quem cuida, mas quem é
cuidado. Essa dimensão da interpessoalidade constitui uma das dimensões
fundamentais da natureza humana enquanto ser que é essencialmente
cuidado, não unicamente do cuidado pessoal, pois o homem é um ser para o
outro, a minha ação e o meu pensamento está fora de mim mesmo, e quando se
trata da tarefa de cuidar o contato físico é importantíssimo não um cuidado
físico de qualquer modo, mas de modo singular, mas se trata de além de estar-
com-ele, ser-com-ele na dimensão mais profunda, existencial e humana que
possa dar margem essa expressão.
      O autor diz que esse cuidado de tipo singular deve ser personalizador
pois exige de quem cuida um conhecimento da pessoa, a circunstancia em que
a pessoa vive, a sua biologia, a sua biologia, se trata de fazer uma elevação da
questão biossomática para o âmbito espiritual-simbólico.
      Enquanto arte, o cuidado é profundo e de grande importância, não se
trata de meras repetições técnicas, se trata de algo que é feito com a alma, por
entrega aquilo que é feito, no caso o cuidado que se tem com a pessoa
vulnerável. Embora a arte no sentido etimológico pressuponha três aspectos
que são a técnica, a intuição e a sensibilidade, ela não se limita no simples
dizer algo, ela acarreta ação, essa ação, portanto não necessariamente técnica.
O dizer algo é importantíssimo, mas existe também a dimensão do dizer sem
ser com palavras como fazem os artistas, na arte do cuidar a linguagem não-
verbal, isto é, o gesto, o olhar, o silêncio, ocupa um lugar transcendental no ato
de cuidar.
      O cuidar, nas suas várias nuances deve ter a intenção de reconstituir a
estrutura, recompor o ser humano globalmente, deve ajudar a reequilibrar
todas as dimensões da sua vida. Esse processo do cuidar deve ser
circunstancial, ou seja, deve ser a partir da circunstancia de cada sujeito.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por uma dimensão ética do cuidar


      Toda essa dimensão da antropologia do cuidar que envolve aspectos
inclusive de uma estética do cuidar, pois uma vez que leva em seu seio uma
alta dose de beleza e bondade, se converte, por fim, numa ética do cuidar uma
vez que o que está como prioridade em todos os aspectos dessa dimensão do
cuidar está o respeito à vida.
      Essa dimensão da ética do cuidar está atrelada ao ato de edificação, não
das coisas, mas do ser individual humano. Um ser humano em estado de
vulnerabilidade se encontra em condições deploráveis e muitas vezes
vergonhosas de sofrimento, dor, assédio, enfim, mas a arte de cuidar se
convertendo numa ética do cuidar tem a tarefa importante de reconstituição
da dignidade humana, e mais que isso, da vida humana, pois uma vida sem
dignidade, à margem, não é vida. É uma edificação da pessoa humana a partir
de suas fundações. É uma ação que é carregada de responsabilidade e
corresponsabilidade, cuidar eticamente de alguém é exercer a responsabilidade
ética, é preocupar-se com o outro ser e assumir esse dever como moralmente
meu e não como uma simples proximidade com o outro. O processo de cuidar
e de acompanhar supera os limites da técnica e contem elementos
profundamente éticos que poderão garantir a autonomia e a liberdade da
pessoa vulnerável.
      Assim, portanto, o cuidar é além de tudo o que foi dito, uma
reconstituição da vida, é uma forma de interação interpessoal, da qual se
articula a transmissão de determinados valores éticos, como o valor da
esperança. Essa esperança, que é uma virtude, é o “valor fundamental para
canalizar o futuro e superar as situações-limite, os danos da vulnerabilidade”,
é um ato da existência pessoal, é a espera da possibilidade de bem, é o eco
interior que diz que existe algo que nos fará triunfar do perigo.



REFERÊNCIA


TORRALBA ROSELLÓ, Francesc. Antropologia do Cuidar / FrancecTorralba i
Rosseló; organização literária e apresentação de Vera Regina Waldow;
tradução de GuillermeLauritoSumma – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009 – (Série
Enfermagem).

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Antropologia do Cuidar

  • 1. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA FAUSTINO DOS SANTOS INTRODUÇÃO À BIOÉTICA ANTROPOLOGIA DO CUIDAR RECIFE/2012
  • 2. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA FAUSTINO DOS SANTOS INTRODUÇÃO À BIOÉTICA ANTROPOLOGIA DO CUIDAR Síntese elaborada pelo aluno citado acima sob orientação do Professor Hermano para obtenção de nota na disciplina de Introdução à Bioética do curso de Licenciatura Plena em Filosofia da Universidade Católica de Pernambuco no semestre 2012.1. RECIFE/2012
  • 3. ANTROPOLOGIA DO CUIDAR1 INTRODUÇÃO Entendendo a abordagem do livro O livro Antropologia do Cuidar, que é um livro indicado prioritariamente para a área de enfermagem, faz, enquanto questão prática, uma abordagem de antropológica filosófica uma vez que se considera a ação do cuidar uma ação essencialmente humana. Apontada pelo autor como apoiada numa teoria prática do cuidar, é necessariamente aí que a enfermagem deve buscar sua essência fundamental, uma vez que o cuidar é a essência do fazer enfermagem, ou seja, “o cuidar é o conhecimento e a arte da enfermagem”. Essa afirmação carrega um grande significado, pois atribuir ao cuidar uma questão estética quando se refere a arte, é dizer que essa ação é bela e uma atitude que tem harmonia e equilíbrio, que faz gosto observar uma pessoa realizando tal ato. Ademais, quando se atribui ao cuidar uma questão que se diz ligada diretamente ao homem, é dizer que essa ação também é uma ação ética, dizendo isso, portanto, é dizer que essa ação é de grande responsabilidade interpessoal, ou seja, a pessoa que executa tal ação não está preocupada no seu bem estar, mas no do outro, com isso existe aauto realização por fazer os outros realizados, felizes e bem. Além dessa dimensão pode-se dizer que a tarefa do cuidar está ligada diretamente com a atitude de reconstituição interior, imagino ser totalmente pertinente e de recompensa essa afirmação uma vez que o receptor do cuidado do enfermeiro ou do cuidador pode passar por um processo de transformação interior bem como aquele que é o transmissor do cuidado, no caso o enfermeiro. “Edificar a pessoa doente é tratar de recompor seu interior, alçar de novo sua identidade pessoal, ajuda-la a se refazer depois da queda e da frustração que implica o processo de enfermar”. 1 Título do livro de FrancescTorralba i Roselló tradução de GuillermeLauritoSumma.
  • 4. DESENVOLVIMENTO Enfermagem e Antropologia Filosófica elementos constitutivos e essenciais para uma antropologia do cuidar Antes de adentrar nas questões que aprofundarão a conclusão que já se apresenta nos primeiros parágrafos, o autor se propõe a buscar o paralelo que pode haver entre a enfermagem e a antropologia filosófica propriamente dita. Enquanto uma questão na ordem da antropologia filosófica se buscará elementos que digam respeito prioritariamente às questões do homem, com isso se define que enquanto questão nessa ordem o cuidar é visto como elemento constitutivo da essência humana, já na ordem da enfermagem não é difícil se fazer a relação uma vez que a ação da enfermagem há trás consigo uma pré-disposição para a ação do cuidado ou do cuidar. Para tanto, enquanto “a enfermagem tem a experiência, a prática, a antropologia filosófica faz a reflexão teórica aprofundando e contribuindo para a compreensão da totalidade do ser”. Percebe-se que ao longo do livro a questão que se apresenta prioritariamente são as questões relativas ao cuidado do ser humano, tanto enquanto agente da ação, quanto do agente receptor da ação (doente), sobretudo dessa segunda pessoa que é pessoa vulnerável. Para isso o autor trata de questões nos diferentes estados da vida enferma da pessoa e com isso a ação humana do cuidar enquanto contribuinte para reconstituição física e humana da pessoa pois, “o exercício do cuidar é uma ação inescapável do ser humano, pois nós somos cuidado”. A busca por uma antropologia filosófica no livro se vê na dimensão da constatação e busca pelo aspecto essencial do homem que já foi dito anteriormente, pois o homem enquanto ser de relações ele é necessariamente é um ser de cuidado que se relaciona e nessa ação de relação envolve tanto o cuidado de si próprio, o cuidado do outro e o cuidado do meio que envolve toda natureza que esta em volta e que pode ser usada como meio de ajuda para
  • 5. a transformação assim como utiliza diferentes terapias e religiões, ou seja, a natureza como fonte de bem estar e cura exterior e interior. Enquanto saber necessariamente teórico, a antropologia filosófica é também um saber especulativo de caráter quase que totalmente racional. Colocando o homem no centro como aquele que é essencialmente cuidado, “a antropologia filosófica traz elementos e instrumentos de reflexão teórica sobre o sentido e a essência da condição humana e sobre várias multifacetadas dimensões do ser humano no mundo”, ou seja, o homem é um ser bio-psico- social que interage dentro de cada ambiente em que vive e se encontra e participa ativa e dinamicamente do todo social (comunidade), essa questão é interessante porque como o próprio código de ética para a enfermagem afirma, o serviço ao gênero humano é primeira função do enfermeiro e a razão da existência da profissão de enfermagem, para tanto, é necessário se perceber como homem, como ser que se relaciona, que sente, que é humano, enfim, é necessário para exercer a arte do cuidar tão falada e importante da enfermagem compreender e dar valor a complexidade que é p ser humano. A enfermagem como ação prática da condição do homem que é a práxis cuidadora, em diferentes visões é tida como singular, pois, é o cuidado um dos conceitos mais poderosos e o fenômeno essencial do seu ser. A enfermagem não pode separar fatores como saúde e bem estar da doença ou dos cuidados de cada forma de expressão cultural ou individual, elas devem ser tratadas de forma independente, com a atenção devida, mas de modo relacional. A função da enfermagem é assistir o indivíduo (pessoa única) em bom ou mau estado de saúde com a intenção de ajuda-lo na sua recuperação buscando meios para isso e ajudando na sua independência em tempo curto. Afirma o Código de Deontologia da Profissão de Enfermagem da Associação de Enfermeiras e Enfermeiros do Canadá: a prática da enfermagem é “uma relação de ajuda marcada pelo dinamismo e a preocupação pelos demais, relação cujo interior o profissional de enfermagem ajuda o cliente a alcançar o melhor estado de saúde possível”.
  • 6. Com isso, pode-se dizer que a antropologia filosófica recebe da enfermagem alguns aspectos interessantes, bem como dá à enfermagem os que faltam nela. Enquanto a antropologia filosófica reflete sobre o homem na sua condição humana a enfermagem trata de cuidar da condição humana nas suas diferentes instancias (pelo acompanhamento pluridimensional). Enquanto a Enfermagem leva à antropologia filosófica a experiência, o frescor da vida, a realidade mesma e, sobretudo, a sensibilidade, a antropologia filosófica leva à enfermagem elementos e instrumentos de reflexão teórica sobre o sentido e a essência da condição humana e sobre as diferentes nuances da reflexão e ação do ser humano no mundo. E com essas trocas ambas as áreas vão constituindo elementos importantes para uma boa ação cuidadora tendo em vista o bem da pessoa humana com cuidados dignos. Com esse aspecto pluridimensional e multifacetado pode-se enquadrar a questão que o autor apresenta sobre a ação da enfermagem de modo interdisciplinar. Esse “modelo interdisciplinar tem como finalidade uma melhor e amis personalizada assistência ao doente e isso pressupõe a coordenação e a interação dos diferentes agentes sanitários para um único fim que é reestabelecer asaúde do doente”. Criou-se socialmente um grande receio entre a relação da ciência com a sabedoria, mas é bem verdade que a enfermagem possui sim relações e precisa do conhecimento humano, pois não haveria ciência caso não existisse sabedoria humana. Outro aspecto interessante dentro dessa questão interdisciplinar diz respeito a arte de ser cuidador que entra em conflito muitas vezes com as habilidades técnicas, (portanto se trataria de uma questão de vocação inata em conflito com o conhecimento adquirido?) pois o autor aponta que o cuidar não se trata necessariamente da mera técnica, mas se trata de uma arte, existem pessoas que cuidam com gosto e outras que demonstram habilidades mas são totalmente frias, desprovidas de “humanidade”. Parece que ao autor concorda que o exercício do cuidar é mais uma arte que a mera técnica embora a arte necessite de aparatos técnicos como meios psicológicos,
  • 7. anatômicos, antropológicos além de culturais e religiosos favoráveis à fomentar o exercício do cuidar como uma arte. Para tanto, “cuidar da saúde é um exercício que transcende, ou deve transcender, o marco da biologia e da corporeidade do indivíduo e requer a atenção e o desenvolvimento de outras dimensões constitutivas do ser humano”. A dimensão do cuidar muitas vezes entra em choque com a dimensão do curar, embora ambos sejam importantes na enfermagem, o mais importante é fazer com que o indivíduo se recupere e garanta condições autonômicas para continuar sua vida. Enquanto questionamento sobre o que é antropologia, é importante ressaltar que toda e qualquer questão antropológica gira em torno da pergunta o que é o homem?. Embora a questão nos pareça simples quando analisamos o homem pela sua exterioridade, ela não é tão simples assim, essa questão na perspectiva filosófica foi e é a questão que norteia várias teorias com o intuito de responder precisamente o que é o homem, na antiguidade a resposta era dada que o homem é sua razão, depois que o homem é o ser criado por Deus e, portanto, deveria ser submisso ao seu criador, despois o homem se dá conta que pela sua capacidade de razão ele poderia ser superior a qualquer coisa, ele passou a ser subjetivamente o centro da questão. Portanto, é importante deixar claro que o homem é um ser de várias significações, e nenhuma teoria poderá dizer, ela só o que o homem uma vez que o homem é um ser ainda em construção e em processo de descoberta de si mesmo. Abordando a essa questão em diferentes perspectivas, o autor apresenta em síntese que a antropologia filosófica é um discurso filosófico, crítico e dialógico em torno da condição humana, cujo fim é dizer mais precisamente sobre qual a condição humana e quais as diferentes expressões e modalidades do viver humano. Em meio a essa busca de resposta sobre o que homem realmente é percebe-se que ele é um ser vulnerável, pois uma característica do ser humano é justamente a vulnerabilidade, pois ele esta sujeito à doença, ao fracasso, ao perigo, ao mal, ao bem, enfim, o ato de estar vivo pressupõe a
  • 8. vulnerabilidadedo ponto de vista somático, social, econômico, físico. Sendo isso específico do ser humano, também a busca pela proteção por conta dessa vida vulnerável é presente, e por isso, quando vemos ao que esta prestes a cair sobre nós a nossa ação imediata é se proteger. Enquanto vulnerabilidade ontológica o homem é vulnerável pela sua finitude, ele não é absoluto, eterno, nem autossuficiente. Na dimensão ética o homem está sujeito a cair moralmente, fracassar dentro e pela sua finitude. A natureza também é vulnerável, sobretudo às transformações e interferências humanas. A sociedade é vulnerável por que está sujeita as desigualdades, violência, enfim, existem diferentes formas de estar vulnerável que se fosse discorrer passaria muito tempo e não chegaríamos a um fim e essa não é nossa intenção. Levando essas questões ao âmbito em questão o autor faz uma abordagem de diferentes tipos de antropologias, a saber, antropologia da doença, do sofrimento, da morte e por fim chega na antropologia do cuidar. Não querendo fazer grandes aprofundamentos nas antropologias que tem uma conotação não muito boa para o homem, faço o paralelo sob dois aspectos: as antropologias da doença do sofrimento, da morte têm a dimensão da vulnerabilidade, já a do cuidar é parte essencial do elemento constitutivo da natureza humana. As dimensões da antropologia do cuidar são várias, mas a princípio a ação do cuidar inclui o valor da receptividade, e isso integra certa passividade, ou seja, exige daquele que cuida receptividade a aquele sujeito vulnerável o que significa que você esta aberto para responder às suas necessidades pois o principal responsável pela ação de cuidar não é quem cuida, mas quem é cuidado. Essa dimensão da interpessoalidade constitui uma das dimensões fundamentais da natureza humana enquanto ser que é essencialmente cuidado, não unicamente do cuidado pessoal, pois o homem é um ser para o outro, a minha ação e o meu pensamento está fora de mim mesmo, e quando se trata da tarefa de cuidar o contato físico é importantíssimo não um cuidado físico de qualquer modo, mas de modo singular, mas se trata de além de estar-
  • 9. com-ele, ser-com-ele na dimensão mais profunda, existencial e humana que possa dar margem essa expressão. O autor diz que esse cuidado de tipo singular deve ser personalizador pois exige de quem cuida um conhecimento da pessoa, a circunstancia em que a pessoa vive, a sua biologia, a sua biologia, se trata de fazer uma elevação da questão biossomática para o âmbito espiritual-simbólico. Enquanto arte, o cuidado é profundo e de grande importância, não se trata de meras repetições técnicas, se trata de algo que é feito com a alma, por entrega aquilo que é feito, no caso o cuidado que se tem com a pessoa vulnerável. Embora a arte no sentido etimológico pressuponha três aspectos que são a técnica, a intuição e a sensibilidade, ela não se limita no simples dizer algo, ela acarreta ação, essa ação, portanto não necessariamente técnica. O dizer algo é importantíssimo, mas existe também a dimensão do dizer sem ser com palavras como fazem os artistas, na arte do cuidar a linguagem não- verbal, isto é, o gesto, o olhar, o silêncio, ocupa um lugar transcendental no ato de cuidar. O cuidar, nas suas várias nuances deve ter a intenção de reconstituir a estrutura, recompor o ser humano globalmente, deve ajudar a reequilibrar todas as dimensões da sua vida. Esse processo do cuidar deve ser circunstancial, ou seja, deve ser a partir da circunstancia de cada sujeito. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por uma dimensão ética do cuidar Toda essa dimensão da antropologia do cuidar que envolve aspectos inclusive de uma estética do cuidar, pois uma vez que leva em seu seio uma alta dose de beleza e bondade, se converte, por fim, numa ética do cuidar uma vez que o que está como prioridade em todos os aspectos dessa dimensão do cuidar está o respeito à vida. Essa dimensão da ética do cuidar está atrelada ao ato de edificação, não das coisas, mas do ser individual humano. Um ser humano em estado de
  • 10. vulnerabilidade se encontra em condições deploráveis e muitas vezes vergonhosas de sofrimento, dor, assédio, enfim, mas a arte de cuidar se convertendo numa ética do cuidar tem a tarefa importante de reconstituição da dignidade humana, e mais que isso, da vida humana, pois uma vida sem dignidade, à margem, não é vida. É uma edificação da pessoa humana a partir de suas fundações. É uma ação que é carregada de responsabilidade e corresponsabilidade, cuidar eticamente de alguém é exercer a responsabilidade ética, é preocupar-se com o outro ser e assumir esse dever como moralmente meu e não como uma simples proximidade com o outro. O processo de cuidar e de acompanhar supera os limites da técnica e contem elementos profundamente éticos que poderão garantir a autonomia e a liberdade da pessoa vulnerável. Assim, portanto, o cuidar é além de tudo o que foi dito, uma reconstituição da vida, é uma forma de interação interpessoal, da qual se articula a transmissão de determinados valores éticos, como o valor da esperança. Essa esperança, que é uma virtude, é o “valor fundamental para canalizar o futuro e superar as situações-limite, os danos da vulnerabilidade”, é um ato da existência pessoal, é a espera da possibilidade de bem, é o eco interior que diz que existe algo que nos fará triunfar do perigo. REFERÊNCIA TORRALBA ROSELLÓ, Francesc. Antropologia do Cuidar / FrancecTorralba i Rosseló; organização literária e apresentação de Vera Regina Waldow; tradução de GuillermeLauritoSumma – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009 – (Série Enfermagem).