Slides da apresentação para a disciplina de infectologia feita por mim sobre a doença. Paracoccidioidomicose, disponível no YouTube com audio em: https://youtu.be/veGYD9rxUjk
A Paracoccidioidomicose é uma doença endêmica de certas regiões do Brasil, causada por Fungos do complexo Paracoccidioides brasiliensis.
2. Paracoccidioidomicose
• Agente etiológico: Complexo
Paracoccidioides brasilienses – P.
brasiliensis, P. lutzii e fungos
Pb01-símiles.
• Fungo dimórfico: levedura e
filamentoso
• Pode infectar todo o corpo, sendo
sua porta de entrada
principalmente os pulmões.
• Já foi chamado de Blastomicose
sul-americana.
3. Ciclo infeccioso do Paracoccidiodes
brasilienses
1. Inalação dos conídios infectantes:
pequenos o suficiente para se
depositarem diretamente nos
alvéolos.
2. Transformação de conídio para
levedura em menos de 24h;
• Forma parasitária não infectante.
4. Epidemiologia
• O Brasil é o país com maior número de casos da América do Sul.
• A paracoccidiomicose é a micose respiratória mais comum nas
Américas do Sul, central e México.
• A PCM é a oitava causa de morte por doenças infecciosas crônicas no
Brasil.
• A maioria dos casos no brasil ocorrem no estados de São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul.
• Botucatu é uma região hiperendêmica da doença no brasil.
• A infecção ocorre desde criança nas áreas endêmicas, e têm maior
prevalência entre homens de 30 a 59 anos de idade.
5. Epidemiologia
• Baixa prevalência da doença em
mulheres;
• A maior taxa de mortalidade está
na região Centro-Oeste e em
Santa Catarina;
• A maioria dos óbitos ocorreram
em pessoas maiores de 60 anos;
• O tabagismo aumenta a
incidência de PCM em 10 vezes;
6. Ecologia
• As regiões mais prevalentes são
úmidas, com muita água e solo
ácido;
• Há um aumento da incidência
sempre que chega o período
chuvoso;
• O habitat natural do agente
etiológico é o solo, sendo os
trabalhadores rurais os mais
afetados pela doença;
7.
8. Fisiopatologia
• Os pulmões são a porta de entrada habitual de Paracoccidioides spp,
causando focos de pneumonite.
• Se dissemina via linfocitária causando reação granulomatosa nos
linfonodos paratraqueais e parabrônquicos.
• A resposta imune do indivíduo determina a evolução da interação
parasita-hospedeiro:
• Caso a resposta seja satisfatória o organismo bloqueará a infecção em nível de
complexo primário e de seu focos metastáticos.
• Pode ocorrer formação de cicatrizes, que podem ser estéreis ou conter fungos
latentes.
• Se a resposta não for satisfatória os fungos se multiplicarão e se disseminarão
para praticamente todo o corpo por via linfática e hematogênica.
9. Fisiopatologia
• Algumas das sequelas comuns da
doença são fibrose pulmonar,
comprometimento pulmonar,
com cicatrizes estéreis ou com
fungos viáveis.
• Focos latentes podem se reativar
causando infecção crônica;
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11. Resposta imune
• A PCM acomete indivíduos saudáveis;
• A PCM provoca comprometimento da
resposta imune está e associado a uma
deficiência especifica do sistema imune
para responder a esse fungo específico.
• A resposta do hospedeiro ao fungo
depende de fatores como:
• Carga genética;
• Gênero;
• Estado nutricional;
• Tamanho do inóculo inalado.
12. Resposta Imune
• A morte de Paracoccidioides spp. ocorre devido à ação do peróxido de
hidrogênio produzido pelos macrófagos, potencializada pela resposta
Th1;
• A deficiência da resposta Th1 inibe e dessa coordenação estabelece
suscetibilidade à doença.
• Observa-se que respostas do perfil Th2/Th9 são comuns em infecções
agudas/subaguda, enquanto respostas Th1 encontra-se
predominante.
• Há formação de granuloma na infecção crônica, com fibrose
característica, tecido necrosado, presença de macrófagos e células
gigantes.
14. Fatores de Risco
• Profissões ou atividade
relacionadas ao manejo do solo;
• Manejo de atividade agrícola nas
primeiras décadas de vida;
• Imunocomprometidos,
principalmente por HIV;
15. Diagnóstico Laboratorial
• Padrão-ouro: Isolamento em meio de
cultura;
• Pode ser feita visualização em microscópio
óptico;
• Utiliza-se secreções do trato respiratório,
raspada e crostas de lesões ulceradas,
tecidos de biópsia, pus de gânglios e urina.
• Como a cultura do P. brasiliensis representa
um risco biológico importante, o
laboratório deve ser notificado sobre a
suspeita diagnóstica.
Aspecto de pipoca da cultura de P.
brasiliensis em Ágar Sabouraund
dextrose.
17. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PULMÕES
• Dispneia de esforço com caráter progressivo.
• Hipoxemia
• Tosse seca ou com expectoração mucoide;
• Desequilíbrio da V/P com predomínio da perfusão sobre a ventilação.
• A semiologia respiratória pode ser normal mesmo com comprometimento
pulmonar;
• A radiografia simples de tórax:
• Revela lesões intersticiais ou mistas, bilaterais, localizadas geralmente nos terços
médios dos pulmões.
• Demonstra lesões alveolares ou mistas, bilaterais, em geral preservando ápices e
bases pulmonares, oferecendo imagem semelhante à asas de borboleta.
18. MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS: PULMÕES
• Cavitações pulmonares
• Lesões irregulares, medindo até 2
cm e contendo exsudato viscoso.
• Visível apenas em tomografia;
• Tomografia computadorizada
(TC)
• Nódulos pequenos, espessamento
septal, linhas espessadas,
opacidade alveolar, blocos de
fibrose, espessamento da parede
brônquica, bronquiectasia,
espessamento pleural.
19.
20. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: LINFONODOS
• Comprometimento dos linfonodos do segmento cefálico,
principalmente submandibulares;
• Adenomegalia
• Menos comum: acometimento de linfático abdominal
• Mais comum no Centro-Oeste e em Botucatu;
• Quadros semelhantes ao de abdome agudo;
• Pode haver comprometimento subclínico;
• Icterícia obstrutiva por acometimento dos linfonodos hilo hepático e
compressão da vias biliares.
• Ascite se o acometimento linfático mesentérico for grave.
21.
22. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: MUCOSAS
AERODIGESTIVAS SUPERIORES
• Comprometimento de fossas nasais,
cavidade oral, orofaringe,
hipofaringe e laringe.
• Importante devido a frequência e
facilidade de coleta de material
biológico.
• Rouquidão;
• Odinofagia;
• Disfagia;
• Ardor na garganta;
• Sensação de saliência ou referência
a ferida na boca.
23. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: MUCOSAS
AERODIGESTIVAS SUPERIORES
• As lesões são mais comuns na
laringe, sucedidas por orofaringe,
hipofaringe e cavidade oral.
• Na cavidade oral predomina
estomatite ulcerosa moriforme de
Aguair Pupo.
• Lesão ulcerativa de evolução lenta
com fundo granulado.
• Frequente comprometimento das
gengivas e amolecimento dos
dentes.
• Pode ocorrer perfuração do palato
duro;
24. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PELE
• Lesões frequentes, facilmente
observáveis e de fácil obtenção de
material biológico.
• Pode apresentar lesões múltiplas,
esparsadas ou agrupadas em qualquer
parte do corpo;
• Mais comuns na face, tronco e nos
membros;
• A maioria são lesões ulceradas e
infiltrativa;
• Pode ocorrer também abscessos
subcutâneos purulentos.
25.
26.
27. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SUPRARENAIS
• As suprarenais tem uma diminuição local da imunidade celular,
causada pelo seu conteúdo de glicocorticoides.
• A instação da P. brasiliensis causa manifestações clíncas de
insuficiência suprarenal cônica.
• Fadiga, anorexia, emagrecimento, hipotensão arterial, hipotensão postural,
hiperpigmentação de pele e mucosas, náuseas, vômitos, e redução da
potência sexual e da libido.
• Disfunção níveis séricos de K+, Ca++ e uréia (aumentados) e Na+ e Cloro
diminuídos.
• A TC revela contornos irregulares das suprarrenais e alterações de
volume e densidade.
28. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO
DIGESTIVO
• Sialorreia;
• Disfagia;
• Halitose;
• Dor abdominal em cólica;
• Sensação de empachamento;
• Pirose;
• Alterações da motilidade intestinal;
• Diarreia superior a 15 dias;
• Regurgitamento e vômitos;
• Soluços e achado de massa abdominal.
29. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO
DIGESTIVO
• As manifestações digestivas são mais
comuns em pacientes com a forma
aguda.
• Os comprometimentos são mais
frequentes no íleo, estômago,
duodeno, jejuno e cólons acrescente
e descendente.
• Alterações funcionais comuns:
hipersecreção, hipotonia e
diminuição do peristaltismo.
30. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
OSSOS E ARTICULAÇÕES
• Comprometimento articular
• Dor, impotência funcional e
articulações com volume e
temperaturas elevados)
• Lesões ósseas
• Tórax
• Cintura escapular
• Membros inferiores
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32. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:MEDULA ÓSSEA
• Predominante em pacientes com a forma aguda/subaguda.
• Fibrose reticulína;
• Necrose coagulativa com fibrose reticulina;
• Pode provocar anemia, leucopenia, plaquetopenia e ausência de
mononucleados no sangue periférico.
• O achado hematológico mais sugestivo de comprometimento
medular é a existência de reação leucoeritroblástica no sangue
periférico.
34. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: APARELHO
UROGENIAL
• Mais comuns em homens:
• Testículos e epidídimo doloridos;
• Aumento de volume e consistência
dos órgãos genitais;
• Dificuldade de micção
• Polaciúria;
• Aumento de consistência e volume da
próstata;
• Acometimento urogenital em
mulheres é raro.
36. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: OLHOS, ANEXOS E
OUTROS
• Acometimento ocular unilateral;
• Lesões palpebrais e conjuntivas
• Uveíte e coroidite;
• P. brasiliensis pode comprometer
qualquer órgão, causando lesões
sintomáticas ou não. Lesões
assintomáticas são identificadas como
achados casuais ou de necropsia.
37. Tratamento da desnutrição e doenças
associadas;
• Tratamento do comprometimento
nutricional:
• Alimentação deficiente;
• Anorexia;
• Comprometimento da absorção;
• O tratamento da desnutrição é feito
com dieta adequada, em geral
hiperproteica e hipercalórica.
• Repouso, tratamento de doenças
associadas;
• Controle do tabagismo e alcoolismo;
38. Tratamento do Paracoccidioides spp.
• Duas fases: ataque e manutenção.
• Ataque:
• Diminuição da carga parasitária;
• Recuperação da Imunidade Celular do hospedeiro;
• Manutenção:
• Realizada por tempo prolongado;
• Busca reduzir o risco de recorrência da doença;
• Fármacos:
• São usados derivados azólicos como cetoconazol, fluconazol e itraconazol;
• O itraconazol é o tratamento de primera escolha.
• Está disponível gratuitamente no SUS;
• Também pode-se usar Anfotericina B. sufadiazina e outros compostos
sulfanilamídicos, mais usados em casos graves.
39. Esquema medicamentoso
• Itraconazol - 100 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 6 a 18 meses.
• Cetoconazol - 200 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 12 a 18
meses.
• Cotrimoxazol - 160 mg a 240 mg de trimetropim e sulfametoxazol 800
mg a 1.200 mg, via oral, a cada 12 horas, durante 12 a 24 meses.
• Pacientes graves devem ser tratados no hospital com Anfotericina B
1mg/kg/dia IV, ou com duas ampolas IV de
sulfametoxazol/trimetoprim a cada 8h até melhora clínica.
40. Referências Bibliográficas
• Reinaldo, S. Infectologia - Bases Clínicas e Tratamento. Grupo GEN, 2017.
9788527732628. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527732628/. Acesso em: 25 Nov
20203
• SHIKANAI-YASUDA, Maria Aparecida et al . II Consenso Brasileiro em
Paracoccidioidomicose - 2017. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 27, n.
esp, e0500001, ago. 2018 . Disponível em
<http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
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• Paracoccidioidomicose - Doenças infecciosas - Manuais MSD edição para profissionais
(msdmanuals.com)
• https://maestrovirtuale.com/agar-sabouraud-fundacao-preparacao-e-usos
• https://crescendoemcultura.blogspot.com/2014/11/paracoccidioidomicose.html