1. E.E.”Dr JOAQUIM VILELA”
ATIVIDADE DE ESTUDOS ORIENTADOS DE LINGUA PORTUGUESA
DATA:__/__/__
ALUNO (A):___________________Nº___ SÉRIE: _______
PROFESSOR: _______________ VALOR: _____
NOTA: _______
TEXTO1 PERÍODO LITERÁRIO: Trovadorismo
1. “A Prosa Portuguesa, que ensaia literariamente seu aparecimento em fins do século XIV e princípios do
século seguinte, surge representada, neste primeira época, pelas novelas de cavalaria e pelos tratados doutrinais de
caráter religioso; uma, literatura de ficção, importada; outra, literatura apologética e didática; aquela, mais importante
do que esta, do ponto de vista estético: mas, ambas, produção anônima. Conquanto tenhamos notícia da existência
de livros de cavalaria escritos em português, hoje perdidos e alguns esperando sair do ineditismo sepulcral das
bibliotecas, dessa primeira época literária só podemos mencionar “A Demanda do Santo Graal”, pois o “Livro de
José de Arimateia” permanence inédito na Torre do Tombo; do “Merlim”, bem como do “Tristão”, apenas se sabe
terem existido na livraria do rei D. Duarte e a novela do “Amadis de Gaula” só a conhecemos através da versão
espanhola de 1508, feita por Garci Ordóñez de Montalvo, não obstante pareça tratar-se de tradução decalcada
sobre um original português.
2. “A Demanda do Santo Graal”, cujo autor revela consistir numa tradução de um original francês, não exprime
com absoluta pureza os ideais da vida cortesã guerreira e sentimental da cavalaria medieval, pois a sua arquitetura
e o seu espírito aparecem comprometidos por um simbolismo religioso heterodoxo (…). O fato de Galaaz – o
cavaleiro eleito de Deus – recusar constantemente os combates cavaleirescos que põem à prova apenas a força
pessoal e o fato de Lançarote – considerado a fina flor da cavalaria universal – não ter sido aceito na câmara do
Santo Graal em virtude de seus amores clandestinos com a Rainha Genebra (mulher do rei Artur), revelam a
intenção ascética do autor da novela a condenar a cavalaria pela cavalaria e reprovar pela base a galantaria
palaciana.
3. Tal simbolismo não se revela no “Amadis de Gaula” (…) aqui. Amadis é o protótipo criado pela cavalaria
medieval, o cavaleiro em pleno exercício de suas façanhas, liquidando monstros e malvados, tendo como fulcro de
suas aventuras o objeto amado, e amando segundo o ritual e o espírito que vivificou as cortes da Europa
feudalizada.” (SPINA, Segismundo. Presença da Literatura Portuguesa. Vol. I, 3ª Edição, 1968, Difusão Europeia do Livro, São Paulo.)
VOCABULÁRIO:
Apologética – que encerra justificativa, defesa ou louvor a algo
Heterodoxo – oposto aos ou desviado dos princípios doutrinários
Ascética – prática de devoção e penitência
Fulcro – suporte, apoio, amparo
Ineditismo – não publicado ou impresso; nunca visto pela maioria das pessoas
Marque a única alternativa correta no conjunto das cinco apresentadas.
1.O texto acima transcrito afirma que:
a ( ) é nos fins do século XIV e inícios do século XV que surgem as novelas de cavalaria e a prosa
doutrinária.
b ( ) só a partir de fins do século XIV e início do seguinte é que podemos falar de prosa literária em
Portugal.
c ( ) os tratados doutrinais de caráter religioso são literatura de ficção e as novelas de cavalaria são
literatura apologética e didática.
d ( ) os tratados doutrinais de caráter religioso são importados, isto é, não têm origem portuguesa.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
2. a ( ) além de os tratados religiosos e novelas de cavalaria não apresentarem valor literário, ambos são
produções anônimas.
b ( ) esteticamente, a literatura apologética é mais importante do que as novelas de cavalaria.
c ( ) esteticamente, as novelas de cavalaria são mais importantes do que a literatura apologética e
didática.
d ( ) autoria anônima é uma característica sempre presente nas primeiras obras literárias em prosa de
qualquer literatura.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
3. a ( ) muitos documentos em prosa das primeiras atividades literárias portuguesas estão inéditos, e
outros estão perdidos.
b ( ) entre os documentos perdidos, encontra-se “José de Arimateia”.
c ( ) “José de Arimateia” e “Merlim” encontram-se inéditos na Torre do Tombo.
d ( ) “A Demanda do Santo Graal” permanence inédita na Torre do Tombo, por isso pode ser
mencionada.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
2. 4. a ( ) “A Demanda do Santo Graal”, “José de Arimateia” e “Merlim” pertencem ao ciclo bretão.
b ( ) na biblioteca de D. Duarte havia uma cópia de “Merlim”, obra hoje perdida.
c ( ) o mais antigo exemplar conhecido da “Amadis de Gaula”, em português, data de 1508.
d ( ) nada, na versão espanhola de “Amadis de Gaula”, publicado por Garci Ordóñez de Montalvo, nos faz
suspeitar da existência de um original português.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
5. a ( ) “A Demanda do Santo Graal” reflete com fidelidade absoluta os ideais da vida cortesã, guerreira e
sentimental da cavalaria medieval.
b ( ) nenhum tradutor de “A Demanda do Santo Graal” declara a nacionalidade dos originais.
c ( ) porque consiste na tradução de um original francês, A Demanda do Santo Graal não documenta os
ideais da cavalaria medieval.
d ( ) Amadis de Gaula permanence inédito na Torre do Tombo.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
6. a ( ) não há simbologia religiosa na versão que conhecemos de A Demanda do Santo Graal.
b ( ) A Demanda do Santo Graal pode ser comparada. a uma obra de arquitetura, pelo seu espírito
comprometido por um simbolismo religioso.
c ( ) Galaaz é considerado a flor da cavalaria medieval.
d ( ) através da punição de Lançarote e do comportamento de Galaaz, percebe-se a intenção ascética do
autor da novela.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta
7. a ( ) Lançarote era considerado a flor da cavalaria medieval devido a seus amores clandestinos com a
mulher do Rei Artur.
b ( ) Galaaz e Lançarote são personagens de Amadis de Gaula.
c ( ) Lançarote não foi aceito na câmara do Graal.
d ( ) a galantaria palaciana e o ideal guerreiro de vida são incentivados em A Demanda do Santo Graal.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta
8. a ( ) Amadis de Gaula reflete as mesmas intenções ascéticas de moralização da cavalaria de A
Demanda do Santo Graal.
b ( ) O personagem Amadis tem o mesmo comportamento de Galaaz.
c ( ) Amadis, como personagem, age como protótipo da cavalaria medieval.
d ( ) Galaaz e Lançarote são cavaleiros eleitos de Deus.
e ( ) nenhuma das alternativas acima é correta.
TEXTO 2
1. “É preciso dizer que, na Idade Média Portuguesa, ao lado de uma poesia alheada da realidade concreta,
outra se realiza de caráter menos abstrato, em que mais se “conta” do que se “canta”, em que o íntimo sentimento
se traduz na ação exterior; caracteristicamente, portanto, lírico-dramática. Refiro-me às chamadas “cantigas de
amigo” e “pastorelas”.
2. As primeiras transportam-nos, na verdade, para dentro da vida amorosa medieval. Aqui e além, se o
namorado é distante, sabemos que vai no “fossado de El-Rei”, ou se encontra “onde El-Rei arma navios”. A
confidência da donzelinha é, mais de uma vez, pormenorizada: sabemos não apenas suas reações íntimas perante
a requesta, mas do próprio teor desta somos informados, mesmo quando o pudor impediria de o dizer. Depois,
acompanhamos a namorada à romaria, onde a devoção pelo santo, quando não acende a esperança de seu favor
aos apelos do coração amante, é apenas disfarce da devoção mais viva pelo amigo, a quem é preciso mostrar-se,
bailando. E as idas a Vigo, na ansiosa expectação das caravelas; à fonte, onde a demora com o namorado se
desculpa com “as cervas do monte que turvam a água”; e até os encontros noturnos, onde a castidade normal desta
poesia fica seriamente comprometida – eis aspectos da vida, surpreendidos no garrular interminável das
confidências à mãe ou às amigas, quando não às “ondas do mar de Vigo”, às “flores do verde pinho”, às “cervas do
monte”. Tudo isto nos provoca a sair do mundo interior para a fresca visão de um mundo em cuja convencional
pintura não faltam, todavia, toques de realismo, de acre sabor, às vezes.
3. As pastorelas exemplificam igualmente esta mirada sobre a realidade objetiva. É convencional a requesta
da pastorinha pelo cavaleiro e o diálogo que leva à repulsa ou à aceitação do amor de ocasião.
4. Não parece, contudo, paradoxal que a variedade de temas e formas se encontre antes na poesia
popularizante que mais parece próxima das origens? A razão é que a cantiga de amigo é ainda suscitada pela vida
e a de amor é elaborada pelo artifício.”
(CIDADE, Hernani. O Conceito de Poesia como Expressão de Cultura. 2ª edição, 1957, Armênio Amado, Coimbra)
VOCABULÁRIO:
Requesta – pretender o amor de alguém
3. Garrular – tagarelar
Acre – azedo
Marque a única alternativa correta no conjunto das quatro apresentadas.
O texto acima afirma que:
1.a ( ) quando a poesia assume um caráter menos abstrato ela deixa de ser cantada.
b ( ) quando a poesia trovadoresca se aproxima da realidade concreta, ela assume característcas lírico-
dramáticas.
c ( ) que as cantigas de amigo e pastorelas são alheadas da realidade concreta.
d ( ) os sentimentos íntimos, banidos das poesias mais ligadas à realidade, são substituídos por ação
exterior.
2. a ( ) expressões como ir ao “fossado de El-Rei”, ou “estar onde El-Rei arma navios”, que exprimem
circunstâncias intimamente ligadas à vida medieval portuguesa, aparecem nas cantigas de amigo, o que
as torna mais documentais.
b ( ) a pormenorizada confidência da donzelinha impede referências a situações concretas, típicas da
sociedade medieval portuguesa.
c ( ) cheia de pudor, a donzela que se confessa na cantiga de amigo omite detalhes importantes da
requesta amorosa, tornando-a, aparentemente, platônica.
d ( ) era tão acentuada a religiosidade da Idade Média que nas cantigas denominadas “romarias” a
devoção pelo santo substitui a confissão do sentimento amoroso.
3. a ( ) o sentimento amoroso expresso nas cantigas de amigo é uma simples e interminável confidência
à mãe, às amigas ou à natureza.
b ( ) há toques de realismo nas cantigas de amigo.
c ( ) a requesta de uma pastorinha é puramente convencional.
d ( ) a requesta da pastorinha e a presença de diálogo levando à aceitação ou recusa da proposta
constituem as cantigas de amigo.
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GABARITO1
1. b 2. C 3. A 4. B 5. E 6. D 7. C 8. C
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GABARITO2
1. b 2. A 3. B