Madalena reflete sobre sua desgraçada situação após ficar viúva aos dezessete anos. Ela teme o retorno de seu primeiro marido, João de Portugal, que desapareceu na batalha de Alcácer Quibir. Madalena conversa com seu leal escudeiro Telmo Pais, que demonstra grande estima por Maria, a filha de Madalena.
Teste frei luís de sousa 11º ano profissional gond
1. AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE GONDOMAR nº 1
Cursos Profissionais
GRUPO I
Texto A
Ato Primeiro
Câmera antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século
dezassete. Porcelanas, jarrões, sedas, flores, etc. No fundo, duas grandes janelas rasgadas, dando para
um eirado que olha sobre o Tejo e donde se vê toda Lisboa; entre as janelas o retrato, em corpo
inteiro, de um cavaleiro moço, vestido de preto, com a cruz branca de noviço de S. João de Jerusalém.
Em frente e para a boca da cena um bufete pequeno, coberto de rico pano de veludo verde franjado
de prata; sobre o bufete alguns livros, obras de tapeçaria meias feitas e um vaso da China de colo alto,
com flores. Algumas cadeiras antigas, tamboretes rasos, contadores. Da direita do espectador, porta
de comunicação para o interior da casa, outra da esquerda para o exterior. É no fim da tarde.
CENA I
MADALENA só, sentada junto à banca, os pés sobre uma grande almofada, um livro aberto no regaço,
e as mãos cruzadas sobre ele, como quem descaiu da leitura na meditação.
MADALENA (repetindo maquinalmente e devagar o que acaba deler)
- Naquele engano de alma ledo e cego que a fortuna não deixa durar muito…Com paz e alegria de
alma... Um engano, um engano de poucos instantes que seja. Deve de ser a felicidade suprema neste
mundo. E que importa que o não deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se morrer. Mas eu!
(Pausa). Oh! Que o não saiba ele ao menos, que não suspeite o estado em que eu vivo. Este medo, estes
contínuos terrores, que ainda me não deixaram gozar um só momento de toda a imensa felicidade que
me dava o seu amor. Oh! Que amor, que felicidade. Que desgraça a minha! (Torna a descair em
profunda meditação; silêncio breve).
CENA II
(MADALENA, TELMO PAIS)
TELMO (chegando ao pé de Madalena,que o não sentiu entrar) — A minha senhora está a ler?..
MADALENA (despertando) — Ah! Sois vós,Telmo. Não, já não leio:há pouca luzde dia já;confundia-mea vista.
E é um bonito livro,este! O teu valido,aquelenosso livro,Telmo.
TELMO (deitando-lheos olhos) — Oh! Oh! Livro para damas — e para cavaleiros.Epara todos: um livro que
serve para todos; como não há outro, tiranteo respeito devido ao da palavra deDeus! Mas esse não tenho eu
a consolação deler,que não sei latimcomo meu senhor. Quero dizer como o Sr. Manuel de Sousa Coutinho —
que, lá isso!Acabado escolaréele. E assimfoi o seu pai antes dele, que muito bem o conheci: grande homem!
TESTE DE AVALIAÇÃO ESCRITA DE PORTUGUÊS Módulo - 7 Curso:_____________________________
% ( _____________________________POR CENTO)
Professora:_____________________
Nome:____________________________________ Nº: ____Turma:____ Tomei conhecimento______________
Data:_____/fevereiro/2017
2. Frei luís de Sousa AlmeidaGarrett
Muitas letras,e de muito galanteprática,e não apenas as outras partes de cavaleiro:uma gravidade!Já não há
daquela gente. Mas,minha senhora, isto de a palavra deDeus estar assimnoutra língua,numa língua que a
gente… que toda a gente não entende… confesso-vos que aquele mercador inglês da Rua Nova, que aqui vem
às vezes, tem-me dito suas coisasqueme quadram.E Deus me perdoe, que eu creio que o homem é herege,
desta seita nova da Alemanha ou de Inglaterra.Será?
MADALENA — Olhai,Telmo; eu não vos quero dar conselhos:bem sabeis que desde o tempo que… que…
TELMO — Que já lá vai,queera outro tempo.
MADALENA — Pois sim.(Suspira) Eu era uma criança;pouco maior era que Maria.
TELMO — Não, a senhora D. Maria já émais alta.
MADALENA — É verdade, tem crescido demais,e de repente, nestes dois meses últimos.
TELMO — Então! Tem treze anos feitos, é quase uma senhora,está uma senhora.(aparte). Uma senhora,
aquela… pobre menina!
MADALENA (com as lágrimasnos olhos) — És muito amigo dela, Telmo?
TELMO — Se sou!Um anjo como aquele... Uma viveza, um espírito!E então que coração!
MADALENA — Filha da minha alma!(Pausa;mudando de tom). Mas olha,meu Telmo, torno a dizer-to: eu não
sei como hei de fazer para te dar conselhos.Conheci-te de tão criança,dequando casei a… a… a… primeira vez,
costumei-me a olhar para ti comtal respeito — já então eras o que hojeés, o escudeiro valido,o familiar quase
parente, o amigo velho e provado dos teus amos.
TELMO (enternecido) — Não digais mais,senhora,não me lembreis de tudo o que eu era.
MADALENA (quaseofendida) — Porquê? Não és hojeo mesmo, ou mais ainda,seé possível? Quitaram-te
alguma coisa da confiança,do respeito,do amor e carinho a que estava costumado o aio fiel do meu senhor D.
João de Portugal, que Deus tenha em glória?
(…)
MADALENA — Não, Telmo, não preciso nem quero emendá-lo. Mas agora deixai-me falar. Depois que fiquei só,
depois daquela funesta jornada de África que me deixou viúva, órfã e sem ninguém. Sem ninguém, e numa
idade… com dezassete anos! — Em vós, Telmo, em vós só achei o carinho e proteção, o amparo que eu
precisava. Ficastes-me em lugar de pai; e eu. Salvo numa coisa! — Tenho sido para vós, tenho-vos obedecido
como filha.
TELMO — Oh, minha senhora, minha senhora! Mas essa coisa em que vos apartastes dos meus conselhos.
Excertos de Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett
3. Frei luís de Sousa AlmeidaGarrett
Ato I, Cenas I e II – questionário de escolha múltipla. Seleciona a resposta
correta.
1. O lugar da cena é:
a. Coimbra
b. Lisboa
c. Almada
d. Setúbal
2. A didascália descreve-nos um espaço que:
a. É fortementeiluminadaporvelase candelabros.
b. Temduasportasde acesso.
c. É uma câmara fechadae escura.
d. Recebe aluzde duasgrandes janelas.
3. No local onde se desenrola a ação:
a. Avista-seLisboa,do outro lado do Tejo.
b. Existeum mobiliário típico deuma modesta casa do século XVII.
B. Percebe-se o amanhecer de um novo dia.
d. Existeum quadro de um jovem cavaleiro entreas janelas.
4. A sala onde se inicia a Cena I:
a. É requintadamenteluxuosa,sugerindo umambientenobre.
b. Mostra um armário envidraçado, comlivros.
c. Tem uma porta que dá acesso ao interior da casa.
d. Não tem qualquer comunicação como exterior.
5. Na Cena I Madalena está a ler:
a. O episódio do Adamastor em "Os Lusíadas"deLuís de Camões.
b. O episódio do Consílio dos Deuses em"Os Lusíadas"deLuís de Camões.
c. O episódio da Batalha deAljubarrota em"Os Lusíadas"de Luís de Camões.
d . O episódio deInês de Castro em "Os Lusíadas" de Luís de Camões.
6. A propósito da leitura de "Os Lusíadas", Madalena:
a. Rejeita a semelhança entre a sua vida e o que acabou de ler.
b.Divide-se entre sentimentos de felicidade e de terror.
c. Revela o seu receio de que descubram o seu estado de espírito.
d.Medita acerca da fatalidade do Destino.
7. Telmo, ao chegar:
a. Afirmaque sóa Bíbliaé superiora"Os Lusíadas".
b. Reconhece imediatamenteManuel de SousaCoutinhocomoseu"senhor".
c. Zanga-se com Madalenapor estaestara ler.
4. Frei luís de Sousa AlmeidaGarrett
d. Sente-se umpoucoconstrangidoporaBíbliaestar emlatim.
8. Na Cena II, o diálogo entre Telmo e Madalena, informa-nos de que
a. Telmonutre umaimensaestimapor Maria.
b. Telmojácuidavade Madalenadesde que estaeracriança.
c. Maria temagora treze anos.
d. Madalenase casou quandoaindaera umacriança.
9. Deduz-se que:
a. Telmojá eraaio doex-maridode Madalena,quandoestase casou.
b. Telmose mantinhafiel e saudosode D.Joãode Portugal.
c. D. João de Portugal foi rei de Portugal até 1578.
d. D. Joãode Portugal foi oprimeiromaridode Madalena.
10. O diálogo entre Telmo e Madalena permite-nos ainda concluir que:
a. O nascimentode Maria trouxe umagrande satisfaçãoa Telmo.
b. TelmoconsideraMaria,agora com 13 anos,como que uma filhamuitoestimada.
c. Madalenase assustacom os agourose profeciasde Telmo.
d. Maria temuma curiosidade e compreensãoreveladorasde umamaturidade precoce.
11. Ao falarem do passado, ficamos a saber que:
a.Madalenatinha17 anos quandoficouviúva.
b.Madalenaprocurouseumaridodurante 7 anos.
c.Madalenaencontrouváriosindíciosde que seumaridoestavavivo.
d.Telmoduvidaque seuantigoamo,D.João de Portugal,tenhaperecidonabatalha.
GRUPO II
1. Em qual das frases que se seguemencontrasuma oração coordenada?
a. Quando chegares,avisa.
b. Nemtenhocarro, nemandode motorizada.
c. Se fossesumaboapessoanão me faziasisso!
d. Mesmoque me implores,nãovoumudarde ideia.
2. Em qual das frases que se seguemencontrasuma oração subordinada?
a. Não só faloinglês,comotambémsei algumacoisade italiano.
b. O João magoou-se poisbateucomomartelonodedo.
c. Embora conheçabem a matéria,tenhoalgumasdúvidas.
5. Frei luís de Sousa AlmeidaGarrett
d. Gosto dela,masàs vezesfarto-me!
3. Na frase “Gostodela, mas às vezesfarto-me!” oração sublinhada é
a. subordinadaadjetivarestritiva.
b. coordenadacompletiva.
c. subordinadaadverbial causal.
d. coordenadaadversativa.
4. Na frase “Mal acordo, espreguiço-me!”,aoração sublinhadaé
a. subordinadaadverbial temporal.
b. subordinadaadverbial causal.
c. subordinadaadverbial comparativa.
d. subordinadaadverbial consecutiva.
5.A oração sublinhadana frase “OJoão, quando o telefone tocou, deuum salto.” é
a. subordinante.
b. subordinadaadjetivaexplicativa.
c. subordinadaadjetivacompletiva.
d. subordinadacopulativa.
GRUPO III
1. Preenche as lacunas do texto com as palavras dadas.
• Alcácer Quibir
• bela
• Camões
• cativeiro
• catorze
• confidente
• corajoso
• curiosa
• D. João de Portugal (4 x)
• D. Madalena
• D. Manuel de Sousa Coutinho
(2 x)
• D. Sebastião (2 x)
• destino
• destrói
• destruição
• dezassete
• emoção
• família
• filha
• frágil
• Frei Luís de Sousa
• futuro
• ilegítima
• incendeia
• incompleta
• lealdade
• moralmente
• morrer
• nobre
• Os Lusíadas
• pai
• peregrino
• presságios
• razão
• realidade
6. Frei luís de Sousa AlmeidaGarrett
• religiosa
• Romeiro
• sete
• sobressalto
• social
• solução
• Telmo Pais
• tragédia (3 x)
• trágica
• treze
• vergonha
• vítima
Em Frei Luís de Sousa, a primeira personagem em cena é 1. _______________; contudo, ao longo da
peça, percebe-se que toda a 2. _______________ ocupa um relevo significativo para a intriga.
D. Madalena tinha 3. _______________ anos quando o primeiro marido, 4. _______________,
desapareceu na batalha de 5. ______________, conjuntamente com o amado rei 6. ___________.
Durante 7. _______________ anos procurou-o, mas sem sucesso. Refez a sua vida e encontra-se casada
há 8. _______________ anos com 9. _______________. Trata-se de uma mulher 10. _______________
e 11. _______________, mas que sente uma felicidade 12. _______________, pois vive em constante
13. _______________, pressentindo a desgraça e
a 14. _______________ do amor. Usando a sua razão, tenta não acreditar no 15. _______________ que
lhe pode trazer a 16. _______________ e a 17. _______________ da sua recente família, com o
regresso de 18. _______________, mas teme essa possibilidade.
É com medo que no início da peça se encontra a refletir sobre os versos da 19. ________ amorosa de
Inês de Castro, episódio de 20. _______________ de 21. _______________. No imaginário de D.
Madalena, o receio torna-se 22. _______________, dor e angústia. É este o terror que sente quando
tem a necessidade de voltar para o palácio do primeiro marido.
Manuel de Sousa Coutinho, mais tarde 23. _______________, é um nobre e 24. _______________
fidalgo, que 25. _______________ e 26. _______________ o seu próprio palácio, para não receber os
governadores. Embora a 27. _______________ domine os seus sentimentos, por vezes, estes
sobrepõem-se, como quando se preocupa com a doença da 28. _______________. É um bom 29.
_______________ e um bom marido.
Maria de Noronha tem 30. _______________ anos, é uma menina bela, mas muito 31.
_______________, com tuberculose, e acredita com fervor que o rei 32. _______________ regressará.
Trata-se de uma criança muito 33. _______________ e com espírito idealista, que facilmente se deixa
levar pela 34. _______________. Ao pressentir a hipótese de ser filha 35. _______________ sofre física
e 36. _______________. Será ela a grande 37. _______________ sacrificada neste drama romântico,
acabando por 38. _______________ junto a seus pais.
39. _______________, o velho e confidente criado, apresenta como traços marcantes da sua
personalidade a 40. _______________ e a fidelidade. Não quer magoar nem pretende a desgraça da
família de D. Madalena e D. Manuel de Sousa Coutinho. Mas, como verdadeiro crente no 41.
_______________, acredita que 42. _______________ há de regressar. No fim, acaba por trair um
pouco a lealdade de escudeiro pelo amor que o une a D. Maria de Noronha. Representa o papel de coro
da 43. _______________ grega, com os seus diálogos, os seus agoiros ou os seus 44. _______________.
O Romeiro apresenta-se como um 45. ______________, mas é o próprio46. ____________. Os vinte
anos de 47. _______________ transformaram-no e nem a mulher o reconhece. D. João passa de figura
invisível presente na imaginação das personagens e torna-se algo concreto, mas não deixa de ser o
fantasma que paira sobre a felicidade daquele lar, adensando a atmosfera 48. _______________.
Frei Jorge Coutinho, irmão de 49. _______________,amigo da família e50. _______________ nas
horas de angústia, vai ter um papel importante na identificação do 51. _______________, que na sua
presença indicará o quadro de D. João de Portugal. É também ele que orienta D. Manuel de Sousa
7. Frei luís de Sousa AlmeidaGarrett
Coutinho para a 52. _______________ da tragédia que se abateu: a morte 53. _______________ de D.
Manuel de Sousa Coutinho e de sua esposa D. Madalena, que abraçam a vida 54. _______________.