O documento traça a história da língua portuguesa desde os primeiros textos escritos no idioma no século XIII até autores contemporâneos do século XX. Apresenta exemplos de obras literárias e extratos destacando a evolução natural da língua ao longo dos 800 anos.
3. D. AFONSO II
(terceiro rei de Portugal)
O Testamento de D. Afonso II é
um dos textos mais antigos escritos
totalmente em língua portuguesa.
Este documento tem um grande
valor linguístico, uma vez que
possibilita estudar e perceber a
evolução natural da Língua
Portuguesa.
1185 / 1223
5. De princípios do século XIII, são também conhecidos
outros dois textos originais escritos em português - a
Notícia de Fiadores (1175) a Notícia de Torto (1214).
Notícia de Fiadores
(notícia de fiadores discriminando dívidas de
Pelagio Romeu)
Notícia de Torto
(notícia das malfeitorias de que foi injustamente
vítima Lourenço Fernandes da Cunha)
6. D. DINIS
- De que morredes, filha, a do corpo velido?
- Madre, moiro d' amores que mi deu meu amigo.
Alva é, vai liero.
- De que morredes, filha, a do corpo loução?
- Madre, moiro d' amores que mi deu meu amado.
Alva é, vai liero.
1261 / 1325
7. FERNÃO LOPES
Nós certamente levando outro modo,
posta a de parte toda a afeiçom que por
aazo das ditas razões aver podiamos,
nosso desejo foi em esta obra escrever
verdade, sem outra mestura, leixando
nos boõs aqueecimentos todo fingido
louvor, e nuamente mostrar ao poboo
quaesquer contrairas cousas, da guisa
que aveerom.
1380? / 1460?
Crónica de D. João, Prólogo
8. GIL VICENTE
Oh, que caravela esta!
Põe bandeiras que é festa;
Verga alta, âncora a pique.
Ó precioso Dom Anrique,
Cá vinde vós? Que coisa é esta?!
1465 / 1536?
9. LUÍS DE CAMÕES
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
1524 / 1580
11. MARQUESA DE ALORNA
(Leonor de Almeida Portugal)
1750 / 1839
Devido à perseguição que o Marquês
de Pombal moveu à sua família, Leonor
teve uma infância atribulada. Aos 8 anos
foi encerrada como prisioneira com a
mãe e a irmã no Convento de São Félix
em Chelas, tendo saído aos vinte e sete
anos. Aí, escreveu grande parte da sua
obra poética.
12. MARQUESA DE ALORNA
Junto às margens de um rio (Tejo)
Junto às margens de um rio docemente
Com meus suspiros altercando,
A viva apreensão ia pintando
Passadas glórias no cristal luzente.
Mas quando nesta ideia mais contente
O coração se estava recreando,
Despenhou -se do peito o gosto brando,
Envolto com a rápida corrente.
Lá vão parar meus gostos no Oceano,
Ficando inanimado o peito frio,
Que o recreio buscou só por seu dano.
Acabou -se o contente desvario,
E meus olhos saudosos do engano
Quase querem formar um novo rio.
13. BOCAGE
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
1765 / 1805
15. EÇA DE QUEIRÓS
O melhor espetáculo
para o homem - será
sempre o próprio
homem.
1845 / 1900
16.
17. sophia de Mello Breyner
Andresen
O meu país sabe as amoras bravas no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
1919 / 2004
18. JOSÉ SARAMAGO
Prémio Nobel da Literatura 1998
Fisicamente, habita
mos um
espaço, mas, sentim
entalmente, somos
habitados por uma
memória.
1922 / 2010
19. lamento para a língua
Portuguesa não és mais do que as
outras, mas és nossa,
e crescemos em ti.
(…)
Vasco Graça Moura