2. D. João, Infante de
Portugal
Não fui alguém. Minha alma estava estreita
Entre tão grandes almas minhas pares,
Inutilmente eleita,
Virgemmente parada;
Porque é do português, pai de amplos mares,
Querer, poder só isto:
O inteiro mar, ou a orla vã desfeita
O todo, ou o seu nada.
3. D. João, Infante de
Portugal
Análise formal/estrutura externa do poema:
Este poema é constituído por 2 estrofes, contendo ambas 4
versos, denominando-se assim, quadras.
Quanto ao esquema rimático, este é do tipo ABAC/ BDAC.
Os versos são versos livres, ou seja, não têm um numero de
sílabas fixo, nem rimas fixas ou algo que obedeça a estrutura
clássica de um poema.
Por fim, relativamente aos recursos expressivos pode observar-se
a existência de uma antítese em “Minha alma estava estreita/Entre
tão grandes almas minhas pares,” e também em “O todo, ou o seu
nada”
4. D. João, Infante de Portugal
Análise formal/estrutura externa do poema:
Inutilmente eleita,
Virgemmente parada; -
Porque é do português, pai de
amplos mares,
Querer, poder só isto:
inteiro mar, ou a orla vã desfeita
Não fui alguém. minha alma
estava estreita-
Entre tão grandes almas minhas
pares,
O todo, ou o seu nada.
Antítese
Antítese
5. D. João, Infante de
Portugal
Análise da 1ª estrofe
D. João embora feito condestável, não chegou a ser rei nem sequer
regente “ nunca fui alguém”. Com isto, ele quer significar não ter sido
ninguém de alto cargo ou responsabilidade, visto que ao seu lado se
erguiam grandes figuras da nossa história ( D.Duarte e D.Pedro).
Assim, ficou a sua alma “ inutilmente eleita”, “virgemmente parada”,
sem que pudesse dar tudo o que poderia dar.
• Estrutura interna do poema:
6. D. João, Infante de
Portugal
• Análise da 2ª estrofe
A alma de D.João é triste e Fernando Pessoa explica o que
ele sente. Ele sente que o português, na alma “pai de amplos
mares”, é sempre um homem de extremos, não podendo ter “o
tudo”, ele tem “o nada”. O nada neste caso, para D.João ainda
foi alguma coisa, mas não tudo o que ele poderia ter, ser rei,
ter o seu próprio reino.
• Estrutura interna do poema:
7. D. Sebastião, Rei de
Portugal
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
8. D. Sebastião, Rei de
Portugal
Este poema é constituído por 2 estrofes, contendo ambas 5 versos,
denominando-se assim, quintilhas.
Quanto à rima, esta é irregular e o esquema rimático é do tipo
ABABB/CDCDD.
Os versos variam entre as seis sílabas métricas, as oito e as dez.
Por fim, relativamente aos recursos expressivos, está presente uma
interrogação retórica em “Cadáver adiado que procria?”.
• Análise formal/estrutura externa do poema:
9. D. Sebastião, Rei de
Portugal
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Interrogação
retórica
10. D. Sebastião, Rei de
Portugal
Análise da 1ª estrofe:
Na primeira estrofe, o sujeito lírico encontra a base da loucura na
grandeza ( o sonho, o ideal) que o sujeito lírico assume como orgulho.
Em consequência dessa loucura, o herói encontrou a morte em Alcácer
Quibir (perífrase). Apesar disto a loucura tem, neste poema, uma
conotação positiva, já que se liga ao desejo de grandeza, à capacidade
realizadora, sem a qual um homem não passa de um animal.
Pode ainda observar-se nesta estrofe, a referência ao ser histórico,
“ser que houve”, que ficou na batalha de Alcácer Quibir, onde
encontrou a destruição física, e a distinção deste com o ser mítico “não
o que há”, que sobreviveu pois é imortal.
• Estrutura interna do poema:
11. D. Sebastião, Rei de Portugal
Análise da 2ª estrofe
Na segunda estrofe, o sujeito poético lança um repto aos destinatários,
fazendo um apelo à loucura e à valorização do sonho. Deve portanto dar-
se asas à loucura como força motora da ação. Trata-se de um apelo de
alcance nacional e universal. Este mesmo elogio será repetido várias
vezes ao longo da obra. É a referencia ao mito sebastianista, força
criadora, capaz de impelir a nação para a sua ultima fase que está aqui
em questão. O repto permite aos destinatários considerarem a grandeza
do rei suficiente para todos. A utopia foi e será sempre a força criadora de
novos mundos que a nível individual, quer a nível coletivo. Sem ideal cai-
se no viver materialista. A interrogação retórica com que termina o poema
aponta precisamente para a loucura como força criativa que poderá ser
canalizada para a reconstrução nacional. Sem o sonho, “a loucura”, o
homem não se distingue do animal.
• Estrutura interna do poema: