O documento discute as bases biológicas do comportamento alimentar. Apresenta os principais centros neurais envolvidos no controle da ingestão de alimentos, incluindo estruturas no rombencéfalo e hipotálamo. Também aborda como sinais metabólicos, hormonais e de recompensa modulam a fome homeostática e hedônica.
Journal club: "Contextual fear learning and memory differ between stress copi...
A fome está na sua cabeça: Bases biológicas do comportamento alimentar
1. V Semana do Cérebro de Marabá 1/14
A fome está naA fome está na
sua cabeçasua cabeça
Prof. Dr. Caio Maximino
IESB/Unifesspa
Bases biológicas do comportamento alimentar
2. V Semana do Cérebro de Marabá 2/14
O que é comportamentoO que é comportamento
alimentar?alimentar?
•Para sobreviver, precisamos obter
alimento em quantidade suficiente
para o gasto de energia
•O estado fisiológico que leva à
procura de alimento é chamado
fome
•Mas quais são os controles do
comportamento alimentar?
Pierre-Auguste Renoir, Le Déjeuner des canotiers (1880-1881)
3. V Semana do Cérebro de Marabá 3/14
AA refeiçãorefeição como problema para acomo problema para a
neurociência comportamentalneurociência comportamental
•C. P. Richter (1922): a ingestão de alimentos não é contínua, mas episódica →
refeições
•Vários ajustes fisiológicos são observados antes de cada refeição:
Pequenas quedas na glicose plasmática
Diminuição do metabolismo
Diminuição da temperatura do fígado
•Esses ajustes são susceptíveis de condicionamento, e não são necessários
para a iniciação da refeição
A apresentação do alimento ou de estímulos condicionados (temporais, sensoriais,
sociais…) inicia o comportamento alimentar quando os ajustes fisiológicos ainda não
ocorreram.
Os mecanismos que medeiam essa correlação entre esses estímulos e a iniciação da
ingesta são desconhecidos
Nenhum desses estímulos parece controlar o tamanho da refeição
4. V Semana do Cérebro de Marabá 4/14
A manutenção do comerA manutenção do comer
●
Assim, a duração da ingesta e a quantidade de alimento ingerida
durante uma refeição são determinados por mecanismos que
mantém o comportamento de comer uma vez que tenha sido
iniciado
●
Animais com alimentação simulada (anos 1960 e 1970)
A estimulação pós-ingestiva encerra a alimentação (retroalimentação
negativa com animais “cheios”)
Na ausência dessa estimulação, a estimulação orossensória determina a
taxa e duração do comer (retroalimentação positiva por estímulos como
sabor)
●
Um paradoxo importante: o aumento na glicose plasmática não
é um estímulo pós-ingestivo!
5. V Semana do Cérebro de Marabá 5/14
O controle neural da ingestãoO controle neural da ingestão
●
Rombencéfalo caudal
- Os movimentos de mastigação e deglutição são organizados por
geradores centrais de padrão na formação reticular da medula
- Os neurônios do núcleo do trato solitário rostral recebem informação
de paladar
- Os neurônios do núcleo do trato solitário caudal recebem
retroalimentação negativa do estômago e do intestino delgado
- A área postrema processa estímulos hormonais em informação
neural para o controle da alimentação
AP
NTS
CPGs
Amilina
Leptina
Grelina
Glicose
Comer/Não comer
Complexo
vagal dorsal
Boca
Esôfago
Estômago
Intestino
Fígado
Langhans & Geary, 2010
6. V Semana do Cérebro de Marabá 6/14
O controle neural da ingestãoO controle neural da ingestão
●
Animais descerebrados → as estruturas
do rombencéfalo caudal são suficientes
para integrar sinais positivos e
negativos!
●
Entretanto, esses animais não são
capazes de iniciar voluntariamente uma
refeição!
7. V Semana do Cérebro de Marabá 7/14
Estímulos indiretos controlam oEstímulos indiretos controlam o
comportamento alimentar no prosencéfalocomportamento alimentar no prosencéfalo
●
Controles rítmicos (ritmos diurnos, ritmos hormonais [p. ex., ciclo
menstrual])
●
Controles metabólicos (mudanças crônicas na insulina e na massa
gorda)
●
Temperatura (ambiental, corporal [p. ex., febre])
●
Controles condicionados (preferências, aversões, saciação)
●
Controles cognitivos (sociais [p. ex., culturais e/ou estéticos])
●
Controles ecológicos
8. V Semana do Cérebro de Marabá 8/14
O controle hipotalâmicoO controle hipotalâmico
LHALHA
ArcArc
PVNPVN
VMHVMH
DMHDMH
Não comer
Comer
Netter, 2000
9. V Semana do Cérebro de Marabá 9/14
O controle hipotalâmicoO controle hipotalâmico
Squire et al., 2002
10. V Semana do Cérebro de Marabá 10/14
Integração dos sinais queIntegração dos sinais que
controlam a homeostase calóricacontrolam a homeostase calórica
Squire et al., 2002
11. V Semana do Cérebro de Marabá 11/14
A fome hedônica: ModulaçãoA fome hedônica: Modulação
top-downtop-down do hipotálamodo hipotálamo
●
A regulação do comportamento alimentar pelo hipotálamo interage
com os circuitos neurais de incentivo e motivação (via cognitiva-
hedônica)
●
A principal via é o sistema mesolímbico (projeção dopaminérgica
VTA-Nac)
Esses neurônios DAérgicos expressam receptores opiodérgicos
A sinalização DAérgica medeia a disposição a se engajar em comportamentos
reforçados (“querer”)
A sinalização opioidérgica medeia o prazer associado com um reforçador em
particular (“gostar”)
●
Interage com mecanismos de inibição top/down, humor, memória e
aprendizagem, e atribuição de saliência
12. V Semana do Cérebro de Marabá 12/14
A fome hedônica: ModulaçãoA fome hedônica: Modulação
top-downtop-down do hipotálamodo hipotálamo
Inibição top/down
Memória e aprendizagem
Humor
Córtex pré-frontal
Hipocampo
Amígdala
Sinais circulantes de
disponibilidade de energia
(leptina, grelina, glicose,
insulina)
Fome hedônica
Fome homeostática
Hipotálamo
VTANAc
DA
Grelina
Insulina
Leptina
+
-
13. V Semana do Cérebro de Marabá 13/14
ConclusõesConclusões
●
O comportamento alimentar é extremamente complexo, e é
mediado por diferentes estruturas no eixo rostrocaudal do
encéfalo
●
Diversos sinais diretos e indiretos controlam o tamanho da refeição
●
Sinais circulantes de disponibilidade de energia controlam não só a
fome homeostática, mas também a fome hedônica
●
Quais são as consequências para transtornos alimentares?