Este documento descreve as danças guerreiras portuguesas, incluindo sua origem e evolução. Discute como as danças podem ter surgido na Idade do Ferro na Europa Central e se espalhado para a Península Ibérica. Também examina como as danças foram adotadas pela Igreja Católica e integradas em festividades religiosas. Detalha especificamente os Pauliteiros de Miranda, uma das danças guerreiras portuguesas mais conhecidas.
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
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1. Cadeira de
PATRIMÓNIO MUNDIAL E TURISMO CULTURAL
Artur Filipe dos Santos
1
Dos Pauliteiros de
Miranda à Dança dos
Ferreiros de Penafiel
O património cultural das
Danças Guerreiras Portuguesas
Artur Filipe dos Santos
https://bit.ly/3IhOVnI (página pessoal)
2. • Artur Filipe dos Santos
• Doutorado em Comunicação, Publicidade, Relações Públicas e Protocolo pela Faculdade de
Ciências Sociais e da Comunicação da Universidade de Vigo, é atualmente professor adjunto
no ISLA Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia, coordenador da licenciatura de
Comunicação e Tecnologia Digital e do CTesP de Comunicação Digital, e docente na
Universidade Lusófona do Porto. Atua como docente e investigador nas área(s de Ciências
Sociais com ênfase em Ciências da Comunicação, Comunicação e Divulgação do Património.
Perito em Protocolo (de Estado, Universitário, Multicultural e Empresarial) é membro da
Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo (APOREP), membro da Sociedad de Estudios
Institucionales, UNED, Espanha, investigador e membro da Direção do Observatório
Iberoamericano de Investigação e Desenvolvimento em Comunicação (OIDECOM-
Iberoamérica), Espanha, membro do Centro de Investigação em Comunicação (ICOM-X1) da
Universidade de Vigo, Espanha, membro da Associação Portuguesa de Ciências da
Comunicação (SOPCOM). É ainda divulgador dos Caminhos Portugueses a Santiago de
Compostela. É membro do ICOMOS (INTERNATIONAL COUNCIL OF MONUMENTS AND SITES),
organismo pertencente à UNESCO, responsável pela avaliação das candidaturas dos bens
culturais universais a Património Mundial Como jornalista fez parte da TV Galiza, jornal A Bola,
Rádio Sim (grupo Renascença), O Primeiro de Janeiro, Matosinhos Hoje, Jornal da Maia.
2
Artur Filipe dos Santos – artursantos.com.pt@gmail.com
•https://omeucaminhodesantiago.wordpress.com/ (Blogue)
•https://politicsandflags.wordpress.com/about/ (Blogue)
•https://arturfilipesantos.wixsite.com/arturfilipesantos (Académico)
•https://comunicacionpatrimoniomundial.blogia.com/ (Académico)
•Email: artursantos.com.pt@gmail.com
3. 3
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Danças guerreiras portuguesas
• As danças guerreiras
portuguesas são uma
das mais antigas
manifestações da
cultura ancestral do
nosso país.
4. 4
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• Desde a Idade do Ferro
até aos nossos dias,
foram muitos os povos
que passaram pelo
nosso território e
fizeram das danças
guerreiras parte da sua
cultura, num misto de
crenças, superstições e
necessidade de defesa.
5. 5
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• As mais conhecidas,
como a dos Pauliteiros de
Miranda, o Jogo do Pau
de Cabeceiras de Basto
ou o Baile dos Ferreiros,
das Festas do Corpo de
Deus em Penafiel,
conservam ainda muito
da sua autenticidade,
plasmada nos
movimentos e nos trajes.
7. 7
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• As danças tradicionais
populares entraram nos
hábitos do povo devido
aos mais variados
contactos e influências,
enraizando-se pela via
das aculturações,
recebendo dele o cunho
do meio ambiente da sua
personalidade em
conformidade com o local
onde estava inserido.
Jogo do Pau, Cabeceiras de Basto
8. 8
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• Normalmente, quando
falamos de danças
populares, lembramo-nos
das que eram usadas nas
romarias, a caminho e no
regresso das mesmas, nos
terrenos aos domingos de
tarde, nas noites de
– escapadelas,
– esfolhadas ou estonadas,
– espadeladas,
– esfarrapadas,
– malhadas
9. 9
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• E outras manifestações de
divisão ou de trabalho
rural, relegando-se para o
esquecimento sectores
sociais mais recuados ou
mais recentes que fizeram
época, tendo os primeiros
fornecidos bases muito
valiosas de que se serviam
as gentes das aldeias para a
sua encantadora, mas
simples e involuntária
criatividade, que
designamos por
aculturações.
10. 10
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• As pessoas dos nossos
meios rurais
sustentavam,
transformavam,
divulgavam e projetavam
os usos e costumes dos
seus antepassados, no
sector das danças e dos
cantares, sem saberem
que o faziam. Eram as
suas principais diversões
e ocupavam uma larga
parcela da sua maneira
de estar, de ser e de viver.
11. 11
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• E quanto mais isolados
fossem os meios, mais
necessidade havia
desse tipo de
exteriorização e mais
continuidade tinham os
hábitos tradicionais
ligados de geração em
geração vindos muitas
vezes do mundo
incógnito da
ancestralidade.
12. 12
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• Quando falamos em
danças tradicionais
populares, associamos
o seu uso a um extrato
social menos
favorecido, o que é
discutível e até um
tanto polémico.
13. 13
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• Há danças tradicionais
que se popularizam,
sendo utilizadas por
diferentes escalões
sociais. Neste contexto,
podendo cada uma
delas ser tratada
especificamente, temos
danças religiosas,
guerreiras, de sedução,
de simples diversão e
de trabalho.
14. 14
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• As Danças Guerreiras
• São muitas as teses à
volta deste género de
dança tradicional.
15. 15
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• Há autores como Pirro,
estratega militar da
Macedónia, que viveu
no séc. III A.c, que
alude a estas danças à
tradição guerreira dos
povos do centro da
Europa, com destaque
para os Celtas.
16. 16
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• A celticidade desta
tradição é defendida
pelo historiador e
geógrafo grego,
Estrabão, no séc. I A.C
17. 17
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• Outros advogam que
estas danças surgem na
Idade Média, a partir
do séc. XIII, em
contexto religioso,
designadamente para
abrilhantarem as
procissões do Corpo de
Deus, em junho.
Baile dos Pedreiros, Penafiel
18. 18
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• Assim acontece com as
danças dos Pauliteiros,
do Jogo do Pau ou
mesmo da Dança dos
Ferreiros.
19. 19
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• As primeiras, defendem
os etnólogos, poderão ter
surgido no centro da
Europa, mais
precisamente na
Transilvânia, na segunda
Idade do Ferro, na altura
como uma dança de
espadas. Depois
espalhou-se pela Europa
Central, Alemanha,
Escandinávia e Ilhas
Britânicas, até chegar à
Península Ibérica.
Dança de espadas, Redondela, Galiza, Espanha
20. 20
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• Plínio, historiador
romano do século I, já
falava deste tipo de
danças. No século III o
geógrafo latino Estrabão
refere que os celtiberos
instalados junto ao Rio
Douro se preparavam
para os combates com
danças guerreiras, onde
substituíam as espadas
por paus.
21. 21
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• Posteriormente, e ainda
na Península Ibérica,
romanos, suevos e
visigodos conservaram
estas danças nas suas
festas agrárias de
fertilidade.
Dança de Espadas, Escócia
22. 22
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• Já no século X, a Igreja
Católica adotou as
danças para as festas
dos santos
correspondentes às
épocas do solstício e
das colheitas.
Traunstein Sword Dance (Alemanha, Baviera)
23. 23
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• Por exemplo, os
Pauliteiros de Miranda
percorriam as
povoações na época
das festas religiosas
para recolher esmolas,
participando nas
procissões para, no
final, fazerem uma
exibição.
24. 24
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• Outros estudiosos,
como o Abade de Baçal
(Francisco Manuel
Alves) defendem que a
origem, desta feita, da
dança dos Pauliteiros
de Miranda está nas
danças pírricas, ou seja,
militares, dos gregos,
com a difusão a ser
feita pelos romanos.
26. 26
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• Pirro (318 a.C. — 272
a.C.) (em grego – Πυρρος
— "cor de fogo", "ruivo"
— em latim, Pyrrhus) foi
rei do Epiro e da
Macedónia, tendo ficado
famoso por ter sido um
dos principais opositores
a Roma. Era filho de
Eácida do Epiro, e pai de
Alexandre II do Epiro.
É a Pirro que se atribui a expressão
“Vitória de Pirro”
27. 27
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• Pirro era mais conhecido entre as danças militares,
fazia parte da educação militar básica tanto em Atenas
quanto em Esparta. Acredita-se que o nome "pyrriha"
(Pyrrihic) venha da palavra "pyra", que significa fogo,
em torno do qual Aquiles supostamente dançou no
funeral de Pátroclo.
28. 28
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• Os trajes dos pauliteiros
parecem ter também
inspiração militar e,
segundo alguns
estudiosos, poderão ser
sucessores do trajo
militar greco-romano.
29. 29
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Pauliteiros de Miranda
• Os Pauliteiros de Miranda
é um grupo de oito
dançadores (quatro guias
e quatro piões), três
tocadores músicos e um
dançador suplente que
executa uma dança
folclórica das terras de
Miranda, em Portugal,
que simula uma luta com
paus.
30. 30
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• Os dançadores atuam
guiados por gaita de
foles, que é
acompanhada por caixa
de guerra e bombo ou
por flauta pastoril, que
é monotubular com
três buracos e que é
tocada com três dedos.
31. 31
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• Há cerca de
cinquenta
conjuntos de
danças e bailados
diferentes.
32. 32
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• Na Terra de Miranda e
em todo o Planalto
Mirandês ainda hoje se
celebram com bastante
pureza no seu ritualismo
original, as festas
solsticiais de Inverno. São
rituais de profundo
significado mitológico,
ritos de iniciação, “mitos
do eterno retorno” cuja
origem teremos que
procurar muito longe no
tempo.
33. 33
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• Quem são os pauliteiros?
• Ao contrário do que poderá
parecer, os Pauliteiros de
Miranda não são um grupo
originário da cidade de
Miranda, mas vários grupos
de aldeias circundantes,
pertencentes ao concelho
de Miranda Do Douro
(apesar de atualmente, já
existir um Grupo de
Pauliteiros na Cidade de
Miranda do Douro).
Pauliteiros de Sanhoane
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• Os mais conhecidos
sãos de Miranda,
Palaçoulo e Urrós,
contudo há 10 grupos
de Pauliteiros de
Miranda “oficiais”
citados no folheto
“Grupos Culturais,
Concelho de Miranda
do Douro” da Câmara
Municipal de Miranda
do Douro de 2003:
35. 35
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• Pauliteiros de
Palaçoulo, Sendim,
Duas Igrejas,
Malhadas, Fonte de
Aldeia, Cércio, São
Martinho de
Angueira, Granja,
Picote e os
Pauliteiros da
Associação dos
Professores do
Planalto Mirandês.
36. 36
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• Assim, tradicionalmente, os
Pauliteiros: São um grupo
constituído exclusivamente
de 8 rapazes e três músicos
(gaita de foles, caixa e
bombo). Executam o
peditório da forma antiga,
começando às 6.00 da
manhã, após a alvorada dos
gaiteiros dançando alguns
lhaços em frente às igrejas
e capelas, rezam em frente
às casas que estão de luto,
etc.
https://www.youtube.com/watch?v=czo2bkDKOhk
37. 37
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• Ver dançar os
Pauliteiros é sempre
um espetáculo a não
perder, quer seja em
frente à Igreja depois
da missa da festa
religiosa local, quer seja
fora. Assim os
principais elementos
deste espetáculo são:
https://www.youtube.com/watch?v=gz_AnwgAE-M
38. 38
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• Exibição do repertório
segundo um crescimento
do espetáculo
começando com o
“lhaço” 25 (lhaço para
partir os paus), a Bicha
(em que se utilizam
exclusivamente as
castanholas) e o Salto do
Castelo (na qual um
pauliteiro salta por cima
de uma torre humana).
Lhaço é o nome dado em língua
mirandesa para designar cada uma das
melodias, texto e coreografia que fazem
parte da dança dos pauliteiros. Ao
bailarino atribui-se o nome de dançador
e não de pauliteiro.
39. 39
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• Música
• Os instrumentos
musicais tiveram e têm
ainda um lugar muito
importante na tradição
da Terra de Miranda,
como focos irradiadores
de animação e fonte de
prazer para quem os
escuta e executa.
As letras dos Lhaços são na sua grande maioria
em mirandês, havendo algumas em castelhano e
em português. Um Lhaço divide-se em quatro
partes:
https://www.youtube.com/watch?v=OK-
Es0RXBnk&feature=youtu.be
40. 40
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• Os instrumentos que
mais rapidamente
identificam a tradição
musical mirandesa são
a gaita de foles, caixa e
bombo pelo
acompanhamento que
fazem à dança dos
pauliteiros, no entanto
não se esgotam aqui os
instrumentos musicais
mirandeses.
1. Entrada: o gaiteiro toca a melodia da
introdução a solo, servindo para afinar a gaita
e preparar o início da dança, é igual em todos
os Lhaços. 2. Anunciar o Lhaço: ainda a solo, o
gaiteiro toca alguns compassos da melodia do
Lhaço que se vai executar, para que os
dançadores a identifiquem. 3. Lhaço: cada
lhaço tem a sua melodia, baseado no texto ou
numa linha melódica que lhe é particular. Cada
Lhaço é repetido quatro vezes. 4. Bicha: trata-
se da dança que serve para terminar o Lhaço.
https://www.youtube.com/watch?v=bjSnFYX
Pjhs&feature=youtu.be
41. 41
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• A flauta pastoril que faz
conjunto com o tamboril,
está hoje um pouco
afastada do
acompanhamento aos
pauliteiros, usa-se mais no
acompanhamento vocal e
às danças mistas. O seu
aspeto simples com três
orifícios esconde a
complexidade de
interpretação desse
instrumento em que o
músico faz a melodia com
uma mão e toca no
tamboril com a outra.
43. 43
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• Para o acompanhamento
vocal eram muitas vezes
usados os pandeiros,
pandeiretas, conchas de
Santiago, triângulos,
castanholas e pequenos
objetos que as pessoas
usavam no dia-a-dia, como
garrafas, testos de panelas,
tachos...
44. 44
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• A “Dança dos Paulitos”
• Constitui, sem dúvida, uma
das mais castiças
expressões do nosso
folclore, a “dança dos
paulitos“, que, nos
recatados confins de Terras
de Miranda do Douro, é
ainda executada pelos
naturais no festival a Nossa
Senhora do Naso
(conhecida como a “Rainha
dos Mirandeses”, celebrada
a 8 de setembro)
47. 47
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• Lenda do Naso
• A Capela Santuário de
Nossa Senhora do Nazo
é um polo de atração
principalmente em dia
de romaria.
48. 48
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• Embora à volta desta
capela se tenham,
recentemente
construído algumas
outras capelas, reza a
lenda que ela foi
edificada por um casal
mirandês.
49. 49
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• Estando o homem
pastoreando o seu
rebanho, apareceu-lhe
uma Senhora que pediu
para lhe construir
naquele local uma capela,
indicando-lhe, nessa
mesma noite, na Serra do
Naso, por meio de uma
procissão com luzes, o
local exato onde a capela
deveria ser erigida.
50. 50
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• O homem recusou-se,
temendo a mulher, mas
Nossa Senhora insistiu
no pedido. Muito a
medo, o homem fez
saber à mulher do
desejo da Senhora.
51. 51
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• Mas a mirandesa não
esteve pelos ajustes e
começou a refilar:
nesse momento ficou
tolheita, diz-se que por
castigo de Nossa
Senhora.
52. 52
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• Quando se viu aleijada,
a mulher prometeu que
faria a capela e, no
mesmo momento,
voltou ao seu estado
normal, pelo que
imediatamente se
iniciaram as obras.
53. 53
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• Consta ainda que, ao
serem colocadas as
pedras no carro, os bois
o “tangiam” sozinhos,
sem mostrarem o
esforço pelo peso da
carrada e sem
precisarem de boieiro,
regressando a casa dos
donos para novo
carregamento de pedra.
54. 54
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• Assim se construiu a
capela desejada por
Nossa Senhora, cuja
administração é feita,
ainda hoje, por alguém
contratado pelos
descendentes daquela
família.
55. 55
Vir ao Naso é renascer. Cada um de
nós é um santuário aberto, onde Nossa
Senhora quer repousar. E como é
bonito ver este mar de gente vir ao
Naso visitar Nossa Senhora”.
56. 56
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• A dança do paulitos
dança é uma expressão
quase imemorial, que
no séc. XV se exibia nas
festas do Corpus
Christi.
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• Os atores do bailado –
em número de 16, na
dança completa, ou de 8,
na meia dança –
manejam com agilidade
uns pequenos bastões
com cerca de 35
centímetros, “palotes” ou
“paulito“, com os quais
marcam o compasso,
batendo com eles
reciprocamente.
58. 58
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• Os dançantes, “peões” e
“guias” em mangas de
camisa, tendo nas costas,
ao pendurão, lenços
floridos de seda, dançam
numa exaltação febril,
saltitando, volteando,
cruzando-se e
contorcionando-se com
simplória graça, num
estilo que perturba e
entontece, ao mesmo
tempo que os bastões se
entrechocam
ritmicamente.
59. 59
Danças guerreiras portuguesas
• Os Trajes
• Constam de um largo
chapéu braguês, preto,
engalanado de
lantejoulas, penas de
pavão e flores, tendo
pendentes da aba duas
longas fitas.
61. 61
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• Colete guarnecido
caprichosamente e no
qual se distingue um
losango de tecido
branco, na parte
posterior que se ajusta
às costas.
62. 62
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• Estes coletes são de
grosseiro burel escuro,
a que chamam “pardo“,
espreitando no bolso
dos mesmos, lenços
brancos, matizados a
cores berrantes;
63. 63
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• Saias brancas, rodadas,
de grandes folhos,
tendo na barra
guarnições bordadas,
garrido saiote de baeta
(tecido espesso, de lã
pesada e grossa)
vermelha.
65. 65
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• Meias de lã branca,
ensilveiradas a preto e
sapatos de baqueta
branca, ornamentados
a cores.
66. 66
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• Estilos e variantes da
dança
• Tão característica dança,
presa a uma sólida
tradição, é por vezes
acompanhada por
canções populares, num
cerrado dialecto quási
incompreensível, misto
de português e de
castelhano.
67. 67
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• Tem diversos estilos e
variantes – “laços” –
contando-se entre os
principais: a lebre, o
mirondum, a erva as
pombas, os ofícios, a a
carmelita, D. Rodrigo, o
perdigão, o vinte e
cinco, o ato de
contrição, o cavalheiro,
a pimenta, o touro, o
canário e o maridito.
68. 68
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• Teve a prioridade nestas investigações o erudito
folclorista José Leite de Vasconcelos que, nos
Estudos de Filologia Mirandesa, abordou o tema de
forma profunda.
69. 69
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• Baile dos Ferreiros
• Em Penafiel, nos festivais
do Corpo de Deus,
exibem-se algumas
danças originais tais
como a dos ferreiros,
sapateiros, pedreiros e
outras em que há
animação e ingenuidade.
70. 70
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• Origem das festas do
Corpus Christi
• A celebração de Corpus
Christi é uma
celebração solene da
Igreja Católica, que
celebra a presença
permanente de Jesus
Cristo no sacramento
da Eucaristia.
71. 71
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• A Festa de Corpus
Christi surgiu em Liége,
Bélgica, no seculo XII:
um Movimento
Eucarístico na Abadia
de Cornillon fundada
em 1124 pelo Bispo
Albero de Liege.
72. 72
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• Desde o ano 1264, a
Igreja Católica tem
celebrado a Solenidade
do Corpo e Sangue de
Cristo, com uma solene
procissão.
73. 73
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• A comemoração de
Corpus Christi acontece
sessenta dias após o
domingo de Páscoa
(ressurreição de Jesus
Cristo) ou na quinta-
feira seguinte ao
domingo da Santíssima
Trindade (um só Deus
na forma do Pai, Filho e
Espírito Santo).
74. 74
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Danças guerreiras portuguesas
• A festa secular do
Corpo de Deus, em
Penafiel, é detentora de
um vasto e riquíssimo
património histórico e
natural. Estas
comemorações reúnem
o sagrado e o profano,
desde 1540.
75. 75
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Danças guerreiras portuguesas
• Em Penafiel sabe-se que a
celebração do Corpo de
Deus deverá ser bastante
anterior ao séc. XVII e à
elevação do lugar de
Arrifana de Sousa à
categoria de Vila, dizendo-
se já em 1657, data do mais
antigo Tombo das Festas do
Corpo de Deus que se
fazem por “el-Rey nosso
senhor neste lugar de
Rifana de Souza, que aqui
se realizavam estas festas
por immemorial costum”.
76. 76
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Danças guerreiras portuguesas
• A persistência de elementos arcaicos que compõem a
parte profana da procissão do Corpo de Deus em
Penafiel, como a Bicha Serpe, o Estado de S. Jorge, o
boi bento, o carro triunfal, a Figura da Cidade ou os
Bailes, dão na atualidade uma dimensão única e
profundamente identitária ao Corpus Christi
penafidelense, reforçada pelas animações que
ocorrem na véspera, o Carneirinho e a Cavalhada.
82. Carro Triunfal e a Figura da Cidade
• O Carro Triunfal (ou Carro dos
Anjos) é um elemento único
da procissão do Corpo de
Deus de Penafiel, que está
presente desde, pelo menos,
o séc. XIX. Encimado pela
Figura da Cidade, o delegado
do povo que personifica a
urbe, transporta um conjunto
de crianças que pretendem
simbolizar figuras de anjos,
sendo normalmente um grupo
de meninas que traja os
vestidos da sua comunhão e
vai atirando flores sobre a
multidão que assiste.
82
Este carro é puxado por uma junta de bois,
engalada com rico jugo decorado, conduzida
por uma lavradeira com traje minhoto, e
antecede a parte religiosa do cortejo,
dividindo-o da parte profana da procissão.
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• Das festas do “Corpus”, em
Penafiel, faz parte a
tradicional “Cavalhada”. A
Cavalhada é o ponto alto de
abertura das Festas do
Corpo de Deus, com
provável origem nas
determinações do Tombo
das Festas do Corpo de
Deus, documento de 1657
reformulado em 1705, que
obrigavam à prévia
fiscalização das danças por
parte do Ouvidor e do
Escrivão da Câmara.
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• A organização destas
festas estava a cargo das
câmaras municipais, mas
toda a sociedade civil e
religiosa se fazia
representar na procissão,
cabendo aos vários
grupos profissionais do
concelho um conjunto de
contribuições
obrigatórias.
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• No entanto, por
determinação régia de
1724, as danças foram
banidas das procissões,
não podendo mais os
grupos atuar durante o
cortejo religioso,
integrando apenas o
conjunto de figurantes
passivos do desfile.
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• Vários concelhos não
cumpriram durante
décadas esta postura
régia, e em Penafiel
apenas no séc. XIX se
verificou o definitivo
afastamento dos Bailes
da procissão, passando
estes a atuar de
véspera, na cerimónia
da Cavalhada.
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• A Cavalhada integra
atualmente os habituais
cavaleiros, a Bicha
Serpe, os Bailes e a
Figura da Cidade,
apresentando-se frente
à Câmara, perante o
Executivo Municipal.
https://www.youtube.com/watch?v=6MKoNMfI
b44&feature=emb_imp_woyt
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• Com a extinção das
Corporações dos Ofícios
decorrente do Liberalismo,
esta prática manteve-se
como ritual e costume
tradicional da véspera do
Corpo de Deus, elogiando-
se e engrandecendo-se o
poder municipal com a
introdução, no séc. XIX, da
Figura da Cidade, o
delegado do povo
transportado em charrete
que profere um elaborado
discurso dirigido à
Edilidade.
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• Os Bailes ou Danças nas
Festas do Corpo de Deus em
Penafiel
• Os Bailes do Corpo de Deus
constituem hoje um forte
elemento identitário das
festas do Corpus Christi de
Penafiel. Estas danças
populares apresentam-se
frente à Câmara Municipal na
véspera do Corpo de Deus,
durante a Cavalhada, e atuam
também no próprio dia,
animando vários pontos da
cidade e desfilando depois na
majestosa procissão.
Baile dos Ferreiros
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• Estes Bailes, ou
invenções, como também
eram designados,
constituíam uma
contribuição obrigatória
dos vários ofícios para a
celebração do Corpo de
Deus, cuja participação
estava bem definida e
decretada no Tombo das
Festas do Corpo de Deus,
documento de 1657.
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• Vêm já referidas no
documento seiscentista a
Dança da Mourisca
(representada pelos
alfaiates, albardeiros e
vendeiros), a Dança da
Retorta (apresentada
pelos sapateiros e
tosadores), a Dança dos
Moleiros (dada pelos
moleiros do Cavalúm e do
rio Sousa), a Dança das
Espadas (pelos ferreiros e
serralheiros), entre
outras.
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• Ao longo da segunda
metade do séc. XX a
maior parte destes
Bailes deixaram de se
realizar, à exceção do
Baile dos Ferreiros que
sempre se manteve
ativo, tendo o
Município de Penafiel
conseguido recuperar
entre 2008 e 2011
outros cinco Bailes.
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• De todas as danças
destaca-se o Baile dos
Ferreiros, formado por
um grupo de homens
que dançam uma
rápida e difícil dança de
espadas.
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• O Baile dos Ferreiros foi o
único dos Bailes das
Festas do Corpo de Deus
de Penafiel, únicos no
País, que nunca deixou de
se realizar. Este baile,
também chamado dança
das espadas, devido à sua
coreografia espectacular,
é o mais importante e faz
guarda de honra ao
Santíssimo Sacramento.
https://www.youtube.com/watch?v=Q_SHjMoK1fI
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• O Baile dos Ferreiros é a
única dança de Espadas
que ainda hoje se
mantém em Portugal
Continental, fiel às suas
origens
• Na Ilha Terceira, pelo
Carnaval, sai à rua a
Dança de Espada
Tradicional da Casa do
Povo de Porto Judeu e
das Tronqueiras de Santa
Cruz, uma criação do séc.
XIX
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http://adancaportuguesaagostardelapropria.ped
exumbo.com/?pag=vid&ID=30
99. Bibliografia
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https://folclore.pt/dancas-cantares/
https://portugaldeantigamente.blogs.sapo.pt/pauliteiros-de-miranda-29948
https://www.tsf.pt/portugal/cultura/pauliteiros-dancas-entre-rituais-guerreiros-e-
de-fertilidade-12299446.html
https://folclore.pt/a-danca-dos-paulitos-de-miranda-do-douro/
https://folclore.pt/dancas-tradicionais-populares/
https://folclore.pt/a-danca-dos-paulitos-de-miranda-do-douro/
https://www.vortexmag.net/dancas-tradicionais-portuguesas/
https://folclore.pt/a-danca-dos-paulitos-de-miranda-do-douro/
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-06/historia-da-solenidade-de-
corpus-christi.html
http://adancaportuguesaagostardelapropria.pedexumbo.com/?pag=vid&ID=30
http://riquezasetradicoesdepenafiel.blogspot.com/2019/06/baile-tradicionais-
animaram-as-festas.html