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Fernando Pessoa e a Mensagem

Enquadramento histórico
   » Início do século XX
   » Avanço tecnológico e científico em contraste com as más condições de trabalho
   » Capitalismo conduz à I Guerra Mundial (1914-1918) e Revolução russa (1917)
   » Necessidade de repensar a sociedade e o próprio Homem:
          o Nietzsche põe em causa os fundamentos de então e sugere uma
             reavaliação dos valores para viver a vida na sua plenitude;
          o Freud demonstra a complexidade do homem e o seu lado inconsciente;
          o Einstein põe em causa grande parte do conhecimento científico.

Arte
   » Em rutura com a tradição, os artistas optam por uma abordagem mais irónica e
provocatória
   » Na literatura, os protagonistas passam de heróis a seres vulgares
   » Enaltecido pelas correntes literárias anteriores, o indivíduo perde a sua
identidade e unidade, criando “outros eus” (fragmentação do eu)
   » Maior liberdade na linguagem, dando sentidos metafóricos novos às palavras
   » Reinventam-se as formas, usam-se técnicas novas e experimentam-se caminhos
desconhecidos
   » Movimentos:
           o Modernismo: diversidade e pluralidade; caminho pessoal de
              questionação e reinvenção dos valores
           o Futurismo: movimento, velocidade e máquina como demonstração de
              força do indivíduo
           o Cubismo: fracionamento da realidade
           o Abstracionismo: recusa de representação do real
           o Surrealismo: apelo à imaginação, sonho e loucura; escrita automática

Fernando Pessoa
        Nasce a 13 de junho de 1888, em Lisboa. Emigra aos 7 anos para Durban, África
do Sul, onde obtém excelente rendimento escolar. Regressa a Lisboa em 1905, onde
frequenta dois anos o Curso Superior de Letras. Monta a tipografia Íbis, que nunca
funcionou e se revelou um fracasso. Em 1912 publica na revista Águia e em 1914 cria
os heterónimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Funda com Mário de
Sá-Carneiro a revista Orpheu, introdutora do Modernismo em Portugal. Em 1917
publica com Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita (“Geração de
Orpheu”) o Portugal Futurista. O seu único livro, Mensagem, é publicado em 1934.
Morre a 30 de novembro de 1935, na sequência de uma crise hepática.

Palavras-chave em Fernando Pessoa
Alma, Loucura, Absoluto, Sonho, Noite, Nevoeiro
Mensagem – Análise de textos
1.ª Parte
  1. O dos Castelos
     » Personificação da Europa
     » “Futuro do passado” designa uma alma que permanece.
  2. Ulisses
     » Lenda da criação da cidade de Lisboa por Ulisses
     » “O mito é o nada que é tudo”: apesar de fictício, legitima e explica a realidade
     » O mito está num plano superior à realidade, dada a sua intemporalidade
  3. D. Afonso Henriques
     » D. Afonso Henriques equiparado a Deus, tendo como missão o combate aos
Infiéis
     » Vocabulário de dimensão sagrada: “vigília”, “infiéis”, “bênção”
     » Referência ao aparecimento de Deus a D. Afonso Henriques na Batalha de
Ourique
  4. D. Dinis
     » Mitificação de D. Dinis pela sua capacidade visionária (plantou os pinhais que
viriam a ser úteis nos Descobrimentos); construtor do futuro
     » O Presente é “noite”, “silêncio” e “Terra”, enquanto que o futuro é os pinhais,
com som similar ao do mar, daí a “terra ansiando pelo mar”
  5. D. Sebastião rei de Portugal
     » A “loucura” ou “sonho” é a capacidade de desejar e ter iniciativa, para
ultrapassar o estado de “cadáver adiado que procria” (simplesmente vive esperando a
morte)
     » Convite a que outros busquem a grandeza para construir algo importante
(“Minha loucura, outros que me a tomem”)
     » Para ser grande, Portugal deve ter loucura e desejar grandeza, para poder
“renascer o país”
     » Enquanto figura histórica, D. Sebastião morreu em Alcácer-Quibir (“ficou meu
ser que houve”) mas persiste enquanto lenda e exemplo de “loucura” (“não o que há”)
     » Apesar do fracasso, a batalha de Alcácer-Quibir é importante para motivar e
recuperar Portugal do estado de “morte psicológica”

2.ª Parte
  1. O Infante
    » “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”: descrição do processo de criação
    » Porque Deus quis unir a Terra, “criou” o Infante D. Henrique para que este
impulsionasse a obra dos Descobrimentos
    » Mitificação do infante, criado e predestinado por Deus
    » Depois de criado o Império material (“Cumpriu-se o mar”), “o Império se
desfez”, faltando “cumprir-se Portugal”, sob a forma de um Quinto Império espiritual
  2. Horizonte
    » O horizonte (“longe”, “linha severa”, “abstrata linha”) simboliza os limites
    » Descrição das tormentas da viagem (passado), da chegada (presente) e reflexão
(projeção futura)
    » A esperança e a vontade são impulsionadoras da busca
    » O sucesso permite atingir o Conhecimento como recompensa
  3. Ascensão de Vasco da Gama
» Capacidade de interferência de Vasco da Gama no plano mitológico das guerras
entre deuses e gigantes
    » Ascensão de Vasco da Gama e dos Portugueses, porque devido aos seus feitos
“se vão da lei da morte libertando”, perante pasmo quer no plano mitológico (deuses e
gigantes) quer no plano terreno (pastor)
  4. O Mostrengo
    » Existência permanente do desconhecido
    » O homem do leme treme com medo do perigo, mas enfrenta-o (herói épico)
    » Imposição progressiva do homem do leme ao mostrengo
  5. Mar Português
    » Lamentação do “preço” dos descobrimentos e reflexão sobre a sua utilidade
    » O mar (“sal”, “lágrimas”) é de origem portuguesa – mitificação de Portugal
    » “Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena”: o preço da busca é
recompensado, neste caso tornando-se português o mar.
    » É no mar (desconhecido) que se espelha o céu
    » Cumprir o sonho é ultrapassar a dor
  6. Prece
    » Poema de transição da 2.ª para a 3.ª parte da obra
    » Descrição negativa do presente e consequente saudade do passado
    » “O frio morto em cinzas a ocultou:/A mão do vento pode erguê-la ainda.”:
Debaixo das cinzas ainda resta alguma esperança
    » Demonstração do desejo de novas conquistas
    » Independentemente da conquista, interessa “que seja nossa” para recuperar a
identidade e glória passadas.
    » O Passado é representado pela grandeza nacional (Descobrimentos) e o
Presente pela saudade do passado, daí a necessidade de recuperar o fulgor e o tom de
esperança implícito no poema

3.ª Parte
  1. O Quinto Império
    » “Triste de quem é feliz!”: Felicidade de quem não sonha, não passando de
“cadáver adiado que procria”
    » Quem sonha está permanentemente descontente, e por isso tem objetivos
    » Depois de quatro Impérios, um novo nascerá, começado por D. Sebastião
    » D. Sebastião morreu, mas a mitificação permanente permite que o sonho
persista e que possa ser prosseguido – “minha loucura, outros que me a tomem”
  2. Screvo meu livro à beira-mágoa
    » Descontente face à situação do mundo, o poeta vive na ânsia do sonho e da
vinda do “Encoberto” para o despertar
    » O vocativo varia, assegurando apenas a vinda de um messias,
independentemente da sua identidade
    » O sujeito poético apela à vinda do destinatário para “acordar” o povo
  3. Nevoeiro
    » Metáfora do Portugal presente, na indefinição, obscuridade e incerteza
    » O país vê-se perante uma crise de identidade e valores
    » Ao contrário da nação, o sujeito poético está inquieto, chorando a saudade do
passado
    » É chegada a hora de preparar o futuro, despertar o reino e cumprir a missão já
que ao nevoeiro sucede um novo dia
Estrutura da Obra
A Mensagem divide-se em três partes fundamentais:
       1.ª Brasão (nascimento) – Fundação da nacionalidade e presença de heróis
lendários e históricos, de Ulisses a D. Sebastião, passando por D. Afonso Henriques e D.
Dinis
       2.ª Mar Português (realização) – ânsia do desconhecido e luta contra o mar.
Apogeu dos portugueses nos Descobrimentos
       3.ª O Encoberto (morte) – Morte de Portugal simbolizada no nevoeiro;
afirmação do mito sebástico na figura do “Encoberto”; apelo e ânsia da construção do
Quinto Império
       Estas três partes conduzem à ideia de renascimento futuro do país

Simbologia
Água: fonte e origem da vida, purificação, retorno
Ar: espiritualização, vento, sopro, intermediário entre céu e terra, vida invisível
Cinzas: morte, penitência, dor
Dia: nascimento, crescimento, plenitude e declínio da vida
Espada: estado militar, bravura, poder. Destrói mas restabelece e mantém paz e
justiça
Fogo: purificação, regeneração, iluminação, destruição
Manhã: luz pura, vida paradisíaca, confiança no próprio, nos outros e na existência
Mar: dinâmica da vida, nascimento, transformação
Morte: fim absoluto do que é positivo e/ou vivo, aquilo que desaparece na evolução,
acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas
Noite: tristeza, angústia, começo da jornada, tempo de gestação e conspiração,
imagem do inconsciente, trevas e fermento do futuro (preparação do dia)
Números:
        1: verticalidade, criador, centro cósmico e místico, revelação
        2: oposição, conflito, reflexão, equilíbrio, esforço, combate
        3: ordem intelectual e espiritual, divino, unidade do ser vivo, perfeição
        4: solidez, sensível, terrestre, totalidade, universalidade
        5: união, ordem, harmonia, equilíbrio, perfeição, sentidos, relação céu/terra
        6: prova entre bem e mal
        7: poder, pacto entre Deus e Homem, plenitude, perfeição, equilíbrio,
realização total, ciclo concluído, consciência da vida
        8: equilíbrio cósmico, época eterna, justiça, ressurreição e transfiguração
        9: medida das gestações, plenitude, coroação de esforços
        10: totalidade, criação do universo
        12: divisões espácio-temporais, complexidade do universo, ciclo fechado
        13: mau augúrio
        17: número nefasto
Pedra: Construção, sedentarização do Homem, relação entre terra e céu
Sonho: incontrolado, escapa à vontade do indivíduo, necessário ao equilíbrio biológico
e mental
Terra: substância universal, matéria-prima, função maternal, regeneração
Funcionamento da Língua
Relações entre Palavras
   » Hiperonímia: a significação da palavra inclui a significação da outra
   » Hiponímia: a significação de uma é abrangida pela significação da outra
   » Holonímia: a palavra refere um todo enquanto que a outra refere a parte
   » Meronímia: a palavra refere uma parte do todo

Referências Deíticas
   » Pessoais: marcas do eu em relação ao outro
   » Temporais: Marcas do tempo em função do “agora”
   » Espaciais: Marcas de localização em função do ”aqui”

Expressões Nominais – Valores referenciais
    » Definidas: antecedidas por determinante artigo definido ou demonstrativo; são
um nome próprio ou pronome pessoal
    » Valor referencial:
           o Específico: indica conhecimento compartilhado pelos interlocutores
           o Genérico: refere-se à classe de entidades de forma geral
    » Indefinidas: antecedidas por determinante artigo indefinido ou nulo
    » Valor referencial:
           o Específico: não há necessidade de acrescentar elementos para
              compreender a frase
           o Não Específico: refere um conjunto de propriedades não justificadas
           o Genérico: referem-se ao nome no seu sentido geral

Expressões Nominais – Valor do Adjetivo
    » Restritivo: se colocado depois do nome
    » Não restritivo: anteposto ao nome

Expressões Nominais – Valor das Orações Relativas
    » Relativas Explicativas: acrescenta informação sem alterar o sentido da frase.
Tem valor explicativo e é colocada entre vírgulas
    » Relativas restritivas: limita ou especifica o antecedente, diferenciando-o. Tem
valor restritivo e a sua ausência altera o significado da frase

Expressões Predicativas – Tempo
   » São os tempos verbais que conferem a noção de tempo, bem como do sujeito
enunciador e do modo
   » Valores temporais
          o Simultaneidade: as ocorrências dão-se ao mesmo tempo
          o Anterioridade: ocorrência anterior ao tempo de enunciação
          o Posterioridade: ocorrência posterior ao tempo de enunciação
Expressões Predicativas – Aspeto
   » Lexical
          o Instantâneo: situações pontuais
          o Prolongado: pressupõem uma certa duração
          o Atividades: podem, em teoria, prolongar-se indefinidamente
          o Estados: exprimem sentimentos ou qualidades, pelo que são
              independentes do tempo
   » Gramatical
          o Perfetivo: a ação está concluída
          o Imperfetivo: a ação é prolongada e ainda não está concluída
          o Genérico: situações intemporais, permanentes
          o Habitual: repete-se por tempo teoricamente ilimitado
          o Iterativo: repete-se periodicamente (habitual não fixo)
          o Pontual: ação momentânea. É normalmente um evento instantâneo
          o Durativo: ação prolonga-se durante algum tempo
       Podem ser combinados vários aspetos

Expressões Predicativas – Modalidade
   » Modalidade Epistémica: atitude do locutor em relação ao que enuncia
          o Valor de certeza
          o Valor de probabilidade
          o Valor de possibilidade
   » Modalidade Deôntica: O locutor procura agir sobre o interlocutor
          o Valor de obrigação
          o Valor de permissão
   » Modalidade Apreciativa: Exprime um juízo valorativo com valor de certeza

Atos de fala e intenção comunicativa
       Um ato de fala é um comportamento verbal, governado por regras que
asseguram intenções comunicativas.
Tipos de atos de fala:
    » Assertivos: transmitem uma posição ou verdade assumida por quem fala
    » Declarativos: Exprimem uma realidade criada pelo próprio ato de fala
    » Expressivos: expressam sentimentos e emoções de quem fala
    » Diretivos: pretendem conduzir o outro a uma ação
    » Compromissivos: compromisso assumido pelo sujeito que fala
    » Declarativos assertivos: reúnem os objetivos dos declarativos e dos assertivos
Estes podem ser:
    » Diretos: o que se diz é o que se pretende dizer
    » Indiretos: é feito indiretamente um pedido, ordem ou convite

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Mensagem Fernando Pessoa

  • 1. Fernando Pessoa e a Mensagem Enquadramento histórico » Início do século XX » Avanço tecnológico e científico em contraste com as más condições de trabalho » Capitalismo conduz à I Guerra Mundial (1914-1918) e Revolução russa (1917) » Necessidade de repensar a sociedade e o próprio Homem: o Nietzsche põe em causa os fundamentos de então e sugere uma reavaliação dos valores para viver a vida na sua plenitude; o Freud demonstra a complexidade do homem e o seu lado inconsciente; o Einstein põe em causa grande parte do conhecimento científico. Arte » Em rutura com a tradição, os artistas optam por uma abordagem mais irónica e provocatória » Na literatura, os protagonistas passam de heróis a seres vulgares » Enaltecido pelas correntes literárias anteriores, o indivíduo perde a sua identidade e unidade, criando “outros eus” (fragmentação do eu) » Maior liberdade na linguagem, dando sentidos metafóricos novos às palavras » Reinventam-se as formas, usam-se técnicas novas e experimentam-se caminhos desconhecidos » Movimentos: o Modernismo: diversidade e pluralidade; caminho pessoal de questionação e reinvenção dos valores o Futurismo: movimento, velocidade e máquina como demonstração de força do indivíduo o Cubismo: fracionamento da realidade o Abstracionismo: recusa de representação do real o Surrealismo: apelo à imaginação, sonho e loucura; escrita automática Fernando Pessoa Nasce a 13 de junho de 1888, em Lisboa. Emigra aos 7 anos para Durban, África do Sul, onde obtém excelente rendimento escolar. Regressa a Lisboa em 1905, onde frequenta dois anos o Curso Superior de Letras. Monta a tipografia Íbis, que nunca funcionou e se revelou um fracasso. Em 1912 publica na revista Águia e em 1914 cria os heterónimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Funda com Mário de Sá-Carneiro a revista Orpheu, introdutora do Modernismo em Portugal. Em 1917 publica com Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita (“Geração de Orpheu”) o Portugal Futurista. O seu único livro, Mensagem, é publicado em 1934. Morre a 30 de novembro de 1935, na sequência de uma crise hepática. Palavras-chave em Fernando Pessoa Alma, Loucura, Absoluto, Sonho, Noite, Nevoeiro
  • 2. Mensagem – Análise de textos 1.ª Parte 1. O dos Castelos » Personificação da Europa » “Futuro do passado” designa uma alma que permanece. 2. Ulisses » Lenda da criação da cidade de Lisboa por Ulisses » “O mito é o nada que é tudo”: apesar de fictício, legitima e explica a realidade » O mito está num plano superior à realidade, dada a sua intemporalidade 3. D. Afonso Henriques » D. Afonso Henriques equiparado a Deus, tendo como missão o combate aos Infiéis » Vocabulário de dimensão sagrada: “vigília”, “infiéis”, “bênção” » Referência ao aparecimento de Deus a D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique 4. D. Dinis » Mitificação de D. Dinis pela sua capacidade visionária (plantou os pinhais que viriam a ser úteis nos Descobrimentos); construtor do futuro » O Presente é “noite”, “silêncio” e “Terra”, enquanto que o futuro é os pinhais, com som similar ao do mar, daí a “terra ansiando pelo mar” 5. D. Sebastião rei de Portugal » A “loucura” ou “sonho” é a capacidade de desejar e ter iniciativa, para ultrapassar o estado de “cadáver adiado que procria” (simplesmente vive esperando a morte) » Convite a que outros busquem a grandeza para construir algo importante (“Minha loucura, outros que me a tomem”) » Para ser grande, Portugal deve ter loucura e desejar grandeza, para poder “renascer o país” » Enquanto figura histórica, D. Sebastião morreu em Alcácer-Quibir (“ficou meu ser que houve”) mas persiste enquanto lenda e exemplo de “loucura” (“não o que há”) » Apesar do fracasso, a batalha de Alcácer-Quibir é importante para motivar e recuperar Portugal do estado de “morte psicológica” 2.ª Parte 1. O Infante » “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”: descrição do processo de criação » Porque Deus quis unir a Terra, “criou” o Infante D. Henrique para que este impulsionasse a obra dos Descobrimentos » Mitificação do infante, criado e predestinado por Deus » Depois de criado o Império material (“Cumpriu-se o mar”), “o Império se desfez”, faltando “cumprir-se Portugal”, sob a forma de um Quinto Império espiritual 2. Horizonte » O horizonte (“longe”, “linha severa”, “abstrata linha”) simboliza os limites » Descrição das tormentas da viagem (passado), da chegada (presente) e reflexão (projeção futura) » A esperança e a vontade são impulsionadoras da busca » O sucesso permite atingir o Conhecimento como recompensa 3. Ascensão de Vasco da Gama
  • 3. » Capacidade de interferência de Vasco da Gama no plano mitológico das guerras entre deuses e gigantes » Ascensão de Vasco da Gama e dos Portugueses, porque devido aos seus feitos “se vão da lei da morte libertando”, perante pasmo quer no plano mitológico (deuses e gigantes) quer no plano terreno (pastor) 4. O Mostrengo » Existência permanente do desconhecido » O homem do leme treme com medo do perigo, mas enfrenta-o (herói épico) » Imposição progressiva do homem do leme ao mostrengo 5. Mar Português » Lamentação do “preço” dos descobrimentos e reflexão sobre a sua utilidade » O mar (“sal”, “lágrimas”) é de origem portuguesa – mitificação de Portugal » “Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena”: o preço da busca é recompensado, neste caso tornando-se português o mar. » É no mar (desconhecido) que se espelha o céu » Cumprir o sonho é ultrapassar a dor 6. Prece » Poema de transição da 2.ª para a 3.ª parte da obra » Descrição negativa do presente e consequente saudade do passado » “O frio morto em cinzas a ocultou:/A mão do vento pode erguê-la ainda.”: Debaixo das cinzas ainda resta alguma esperança » Demonstração do desejo de novas conquistas » Independentemente da conquista, interessa “que seja nossa” para recuperar a identidade e glória passadas. » O Passado é representado pela grandeza nacional (Descobrimentos) e o Presente pela saudade do passado, daí a necessidade de recuperar o fulgor e o tom de esperança implícito no poema 3.ª Parte 1. O Quinto Império » “Triste de quem é feliz!”: Felicidade de quem não sonha, não passando de “cadáver adiado que procria” » Quem sonha está permanentemente descontente, e por isso tem objetivos » Depois de quatro Impérios, um novo nascerá, começado por D. Sebastião » D. Sebastião morreu, mas a mitificação permanente permite que o sonho persista e que possa ser prosseguido – “minha loucura, outros que me a tomem” 2. Screvo meu livro à beira-mágoa » Descontente face à situação do mundo, o poeta vive na ânsia do sonho e da vinda do “Encoberto” para o despertar » O vocativo varia, assegurando apenas a vinda de um messias, independentemente da sua identidade » O sujeito poético apela à vinda do destinatário para “acordar” o povo 3. Nevoeiro » Metáfora do Portugal presente, na indefinição, obscuridade e incerteza » O país vê-se perante uma crise de identidade e valores » Ao contrário da nação, o sujeito poético está inquieto, chorando a saudade do passado » É chegada a hora de preparar o futuro, despertar o reino e cumprir a missão já que ao nevoeiro sucede um novo dia
  • 4. Estrutura da Obra A Mensagem divide-se em três partes fundamentais: 1.ª Brasão (nascimento) – Fundação da nacionalidade e presença de heróis lendários e históricos, de Ulisses a D. Sebastião, passando por D. Afonso Henriques e D. Dinis 2.ª Mar Português (realização) – ânsia do desconhecido e luta contra o mar. Apogeu dos portugueses nos Descobrimentos 3.ª O Encoberto (morte) – Morte de Portugal simbolizada no nevoeiro; afirmação do mito sebástico na figura do “Encoberto”; apelo e ânsia da construção do Quinto Império Estas três partes conduzem à ideia de renascimento futuro do país Simbologia Água: fonte e origem da vida, purificação, retorno Ar: espiritualização, vento, sopro, intermediário entre céu e terra, vida invisível Cinzas: morte, penitência, dor Dia: nascimento, crescimento, plenitude e declínio da vida Espada: estado militar, bravura, poder. Destrói mas restabelece e mantém paz e justiça Fogo: purificação, regeneração, iluminação, destruição Manhã: luz pura, vida paradisíaca, confiança no próprio, nos outros e na existência Mar: dinâmica da vida, nascimento, transformação Morte: fim absoluto do que é positivo e/ou vivo, aquilo que desaparece na evolução, acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas Noite: tristeza, angústia, começo da jornada, tempo de gestação e conspiração, imagem do inconsciente, trevas e fermento do futuro (preparação do dia) Números: 1: verticalidade, criador, centro cósmico e místico, revelação 2: oposição, conflito, reflexão, equilíbrio, esforço, combate 3: ordem intelectual e espiritual, divino, unidade do ser vivo, perfeição 4: solidez, sensível, terrestre, totalidade, universalidade 5: união, ordem, harmonia, equilíbrio, perfeição, sentidos, relação céu/terra 6: prova entre bem e mal 7: poder, pacto entre Deus e Homem, plenitude, perfeição, equilíbrio, realização total, ciclo concluído, consciência da vida 8: equilíbrio cósmico, época eterna, justiça, ressurreição e transfiguração 9: medida das gestações, plenitude, coroação de esforços 10: totalidade, criação do universo 12: divisões espácio-temporais, complexidade do universo, ciclo fechado 13: mau augúrio 17: número nefasto Pedra: Construção, sedentarização do Homem, relação entre terra e céu Sonho: incontrolado, escapa à vontade do indivíduo, necessário ao equilíbrio biológico e mental Terra: substância universal, matéria-prima, função maternal, regeneração
  • 5. Funcionamento da Língua Relações entre Palavras » Hiperonímia: a significação da palavra inclui a significação da outra » Hiponímia: a significação de uma é abrangida pela significação da outra » Holonímia: a palavra refere um todo enquanto que a outra refere a parte » Meronímia: a palavra refere uma parte do todo Referências Deíticas » Pessoais: marcas do eu em relação ao outro » Temporais: Marcas do tempo em função do “agora” » Espaciais: Marcas de localização em função do ”aqui” Expressões Nominais – Valores referenciais » Definidas: antecedidas por determinante artigo definido ou demonstrativo; são um nome próprio ou pronome pessoal » Valor referencial: o Específico: indica conhecimento compartilhado pelos interlocutores o Genérico: refere-se à classe de entidades de forma geral » Indefinidas: antecedidas por determinante artigo indefinido ou nulo » Valor referencial: o Específico: não há necessidade de acrescentar elementos para compreender a frase o Não Específico: refere um conjunto de propriedades não justificadas o Genérico: referem-se ao nome no seu sentido geral Expressões Nominais – Valor do Adjetivo » Restritivo: se colocado depois do nome » Não restritivo: anteposto ao nome Expressões Nominais – Valor das Orações Relativas » Relativas Explicativas: acrescenta informação sem alterar o sentido da frase. Tem valor explicativo e é colocada entre vírgulas » Relativas restritivas: limita ou especifica o antecedente, diferenciando-o. Tem valor restritivo e a sua ausência altera o significado da frase Expressões Predicativas – Tempo » São os tempos verbais que conferem a noção de tempo, bem como do sujeito enunciador e do modo » Valores temporais o Simultaneidade: as ocorrências dão-se ao mesmo tempo o Anterioridade: ocorrência anterior ao tempo de enunciação o Posterioridade: ocorrência posterior ao tempo de enunciação
  • 6. Expressões Predicativas – Aspeto » Lexical o Instantâneo: situações pontuais o Prolongado: pressupõem uma certa duração o Atividades: podem, em teoria, prolongar-se indefinidamente o Estados: exprimem sentimentos ou qualidades, pelo que são independentes do tempo » Gramatical o Perfetivo: a ação está concluída o Imperfetivo: a ação é prolongada e ainda não está concluída o Genérico: situações intemporais, permanentes o Habitual: repete-se por tempo teoricamente ilimitado o Iterativo: repete-se periodicamente (habitual não fixo) o Pontual: ação momentânea. É normalmente um evento instantâneo o Durativo: ação prolonga-se durante algum tempo Podem ser combinados vários aspetos Expressões Predicativas – Modalidade » Modalidade Epistémica: atitude do locutor em relação ao que enuncia o Valor de certeza o Valor de probabilidade o Valor de possibilidade » Modalidade Deôntica: O locutor procura agir sobre o interlocutor o Valor de obrigação o Valor de permissão » Modalidade Apreciativa: Exprime um juízo valorativo com valor de certeza Atos de fala e intenção comunicativa Um ato de fala é um comportamento verbal, governado por regras que asseguram intenções comunicativas. Tipos de atos de fala: » Assertivos: transmitem uma posição ou verdade assumida por quem fala » Declarativos: Exprimem uma realidade criada pelo próprio ato de fala » Expressivos: expressam sentimentos e emoções de quem fala » Diretivos: pretendem conduzir o outro a uma ação » Compromissivos: compromisso assumido pelo sujeito que fala » Declarativos assertivos: reúnem os objetivos dos declarativos e dos assertivos Estes podem ser: » Diretos: o que se diz é o que se pretende dizer » Indiretos: é feito indiretamente um pedido, ordem ou convite