1. Marxismo e filosofia da
linguagem
Mikhail Bakhtin (Volochínov)
Mestranda: Vanessa Levati Biff
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED/UERGS)
2. Sobre a autoria
• Publicada inicialmente na Rússia em 1929, sob autoria
de V. Volóchinov.
• Posteriormente foi atribuída a M.Bakhtin.
• Alguns teórico reconhecem que a obra pode ser fruto de
um grupo de estudos liderado por Bakhtin, denominado
“Círculo de Bakhtin”, da qual Volóchinov fazia parte.
3. A obra
• Propõe desenvolver uma filosofia da linguagem de
fundamento marxista.
Tópicos que serão abordados:
• Relações entre linguagem, ideologia e consciência;
• Correntes linguísticas predominantes;
• Visão Bakhtiniana da linguagem.
4. Relações entre linguagem,
ideologia e consciência
• Crítica às abordagens (filosofia idealista e a visão
psicologista) que afirmam que a ideologia é um fato da
consciência, e que situam esta no âmbito psíquico e
biológico.
• Para Bakhtin, a formação da consciência e de sua
expressão é considerada como o resultado das
interações sociais, por isso deve ser analisada sob
âmbito da sociologia.
• Tudo que é ideológico é um signo, sendo o signo um
fenômeno do mundo exterior. Os signos são o alimento da
consciência individual.
6. Relações entre linguagem,
ideologia e consciência
• Bakhtin separa os fenômenos ideológicos da
consciência individual, ligando às condições e as formas
da comunicação social.
• A ideologia faz parte do social e está presente no homem
e em sua forma de interagir em sociedade.
• A palavra é um signo ideológico por excelência.
7. Relações entre linguagem,
ideologia e consciência
• Todo signo é ideológico; a ideologia é um reflexo das
estruturas sociais; assim, toda modificação da ideologia
encadeia uma modificação da língua. (p.15)
• Para Bakhtin, os conflitos da língua refletem os conflitos
de classe.
• A comunicação verbal implica conflitos, relações de
dominação e de resistência, e a utilização da língua pela
classe dominante para reforçar seu poder.
9. Correntes linguísticas predominantes
• Para situar o objeto a ser tomado de estudo pela
filosofia da linguagem, apresenta duas orientações do
pensamento filosófico-linguístico (Cap.4)
Subjetivismo idealista
(Humbolt e Vossler)
Objetivismo abstrato
(Saussure)
10. Subjetivismo idealista
• Tem como prioridade o ato da fala e vê a essência da
língua na criação individual.
• Vê a enunciação como uma criação puramente
psicológica.
• Rejeita totalmente o fator social como agente
influenciador na enunciação, sendo essa expressão da
consciência individual.
• A evolução da língua se dá de modo autônomo e
ilimitado (criação ininterrupta).
11. Objetivismo abstrato
• Tem como prioridade o próprio sistema linguístico, a
saber o sistema das formas fonéticas, gramaticais e
lexicais da língua.
• Concepção positivista que isola o fenômeno linguístico
das variantes da natureza individual.
• Distingue o campo da linguagem entre “Langue” (língua)
e “Parole” (fala).
• Exclui-se assim a perspectiva sócio-histórica da língua ao
ser apresentada para o indivíduo como norma imutável
pela condição de produto acabado.
12. Qual seria o verdadeiro núcleo da realidade
linguística?
O ato individual da fala ou o sistema normativo da
língua?
Qual objeto a ser tomado de estudo pela filosofia
da linguagem?
13. Visão bakhtiniana
• A verdadeira substância da língua não é constituída pela
enunciação monológica isolada, nem por um sistema
abstrato de formas linguísticas, mas pelo fenômeno
social da interação verbal, realizada através da
enunciação ou das enunciações.
• A língua vive e evolui historicamente na comunicação
verbal concreta. Só produz sentido quando inserida no
contexto das relações entre os sujeitos.
• O objeto a ser tomado de estudo pela filosofia da
linguagem, é a interação verbal, e a unidade a ser
analisada é a enunciação.
14. Enunciação
• A enunciação é de natureza social, ou seja, é produto da
interação de dois indivíduos socialmente organizados.
• Vê a enunciação não como algo individual e monológico,
mas como um fenômeno de caráter social e dialógico.
• A enunciação, é a unidade de base da língua, trata-se de
discurso interior (diálogo consigo mesmo) ou exterior.
• Ela não existe fora de um contexto social, já que cada
locutor tem um “horizonte social”. Há sempre um
interlocutor, ao menos potencial.
15. Significação
• A palavra dirige-se a um interlocutor, por tanto, variará se
se tratar de uma pessoa do mesmo grupo social ou não.
• Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de
alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém.
• A palavra, de fato, não tem praticamente significado: é
um tema puro.
• Sua significação é inseparável da situação concreta
em que se realiza.
• Sua significação é diferente a cada vez, de acordo com a
situação.
16.
17. Significação
• A cada palavra da enunciação que estamos em processo
de compreender, fazemos corresponder uma série de
palavras nossas, formando uma réplica.
• Compreender é opor a palavra do locutor uma
contrapalavra.
• A compreensão, ativa e responsiva, é uma forma de
diálogo.
18. Evolução real da língua
As relações sociais evoluem, depois a comunicação e a
interação verbal evoluem no quadro das relações sociais,
as formas dos atos de fala evoluem em conseqüência da
interação verbal, e o processo de evolução reflete-se,
enfim, na mudança das formas da língua.
19. Desdobramentos
Considerando que a linguagem evolui a partir das relações
sociais, numa perspectiva de ensino, é importante por um
lado considerar as práticas locais que esses alunos estão
inseridos, e por outro também buscar inseri-los em outras
práticas situadas de interação verbal, para que estes possam
reconhecer os diversos usos da linguagem que emergem
dessas práticas, podendo assim participar ativamente em
diversas experiências sociais e culturais de uso da escrita.
20. Referência
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método
sociológico na Ciência da Linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.