1) O texto discute a santificação contínua dos crentes pelo Espírito Santo, que inclina seus corações para a obediência a Deus de maneira constante.
2) Apesar das fraquezas humanas, o princípio divino dentro dos crentes os leva à santidade até o fim de suas vidas.
3) O Espírito produz pensamentos santos nos crentes como uma fonte interna de água viva, não dependente de esforços humanos.
1. “9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de
Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras,
nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas",
"10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus".
"11 Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas
fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do
Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus". (I
Coríntios 6: 9-11)
Ao apresentar alguns casos de pecadores notáveis e
públicos, o apóstolo não pretendia fechar a lista daqueles
que, permanecendo ainda escravizados às referidas
práticas estariam sujeitos a não herdarem o reino de
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Deus, mas apenas revelar que permanecem sob
condenação, aqueles que ainda se encontram na
condição de serem escravizados ao pecado, por não
terem resolvido o problema do pecado original por meio
do arrependimento e fé em Cristo.
Mas, o seu grande propósito nesta citação não é o de
expor tais pessoas a uma condenação inevitável e
inapelável, tanto que, os que são aqui referidos são
levantados pelo apóstolo como um exemplo do poder de
Jesus Cristo, para libertar de qualquer tipo de pecado,
inclusive aqueles associados a vícios considerados
insuperáveis.
Ele não se refere aos tais como um delegado de polícia ou
um juiz togado, mas como a filhos amados que haviam
estado sob o domínio e servidão de tão hediondos vícios
e pecados que os haviam vencido, ou se encontravam
ainda em processo de cura e libertação por meio da graça
de Jesus, por aplicação da Palavra e operação do Espírito
Santo.
Ele se referiu à purificação e santificação deles como algo
já concluído, pelo uso do verbo no passado:
"Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas
fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do
Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus."
Mas bem sabemos, que isto é uma referência à
justificação, regeneração e santificação inicial que
haviam recebido na conversão, principalmente à
expiação do pecado original pela fé em Jesus.
Eles foram recebidos como filhos amados de Deus, a par
de todos os horríveis pecados em que haviam vivido
anteriormente - este Pai amoroso haveria de cuidar e de
curar no tempo, todas as sequelas e fraquezas que ainda
houvessem permanecido neles, como resquícios das
trevas em que haviam vivido.
É aqui, que entra a necessidade do progresso em
santificação do crente, porque já tendo sido lavado
totalmente pela Palavra de Jesus, por meio da fé nEle e
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no evangelho, ainda há esta necessidade de se lavar
diariamente os pés, de toda contaminação que atinge o
crente pelo contato com este mundo.
O principal de tudo então, na santificação, é não perder o
primeiro amor a Cristo. Não negligenciar a comunhão
com Ele, por meio de uma real sinceridade em se desejar
obedecer à Sua vontade e Palavra, pois enquanto houver
em nós esta luta contra o pecado por amor à Sua glória,
nós seremos agradáveis a Deus, a par de todas as
fraquezas que ainda possam existir em nós, e contra as
quais estejamos ainda lutando para serem vencidas.
Temos um Pai que, apesar de não passar por alto os
nossos pecados, é cheio de terna compaixão e está
disposto a nos perdoar setenta vezes sete, sempre que
nos arrependermos, e que prometeu por uma nova
aliança no sangue de Jesus perdoar e esquecer todos os
pecados e transgressões de Seus filhos.
É, sobretudo nesta promessa que fez o Deus que não
pode mentir, que devemos manter permanentemente a
nossa confiança, para nos aproximarmos dEle a fim de
formar em nós uma boa consciência e um coração puro,
por simplesmente olharmos pela fé, para Jesus, que é o
autor e consumador da nossa fé.
O Espírito Santo infunde no crente um hábito de
santidade que é abrangente, constante ou
uniforme; permanentemente, até o fim.
Assim, dispõe o coração para os deveres de santidade de
maneira constante e uniforme. Aquele em quem se
encontra sempre teme, ou está no temor do Senhor o dia
todo: em todos os casos, em todas as ocasiões, ele
igualmente dispõe a mente para atos de santa
obediência.
É verdade que as ações da graça que procedem dela são,
às vezes mais intensas e vigorosas em nós do que em
outras ocasiões.
Também é verdade que, às vezes somos mais vigilantes e
diligentemente atentos em todas as ocasiões de graça
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atuante - seja em deveres solenes, em nosso curso geral,
ou em ocasiões particulares, do que em outras ocasiões.
Além disso, existem épocas especiais em que
encontramos maiores dificuldades e obstáculos de
nossas luxúrias e tentações do que normalmente, pela
qual esta disposição santa é interceptada e impedida.
Mas, apesar de todas essas coisas que são contrárias a
ela, e obstruem suas operações por si e por sua própria
natureza, ela inclina constante e uniformemente a alma,
em todos os momentos e ocasiões, para deveres de
santidade.
O que quer que aconteça de outra forma, é acidental.
Esta disposição é como um riacho que surge igualmente
de uma fonte viva, como nosso Salvador
expressa em João 4: 14 - "Uma fonte de água jorrando
para a vida eterna."
À medida que esta corrente segue o seu curso, pode
encontrar oposições que a param ou desviam por um
período, mas suas águas continuam avançando
continuamente. Nisto também, a alma coloca Deus
sempre diante dela, e caminha continuamente
como à sua vista.
É "água viva"; e quem bebe nunca mais terá sede.
É "uma fonte de água jorrando para a vida eterna", João
4: 14.
Ela brota sempre, sem intervalo, porque é água viva, da
qual os atos vitais são inseparáveis. E assim,
permanentemente e sem cessar, ela brota para a vida
eterna. Não falha até que aqueles em quem é incrustada,
estejam seguramente alojados no desfrute dela.
Isso é expressamente prometido na aliança:
"Vou colocar meu temor em seus corações, e eles não se
afastarão de mim",
(Jr 32: 40)
Aqueles em quem existe esse temor, que é permanente e
infinito, nunca o farão.
É verdade que é nosso dever - com todo o cuidado e
diligência no uso de todos os meios de graça (oração,
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meditação da Palavra, etc.) - preservar, valorizar e
melhorar tanto o próprio princípio, como seus atos
nessas disposições santas.
Devemos "mostrar toda diligência para a plena certeza
da esperança até o fim",
(Hb 6: 11)
É no uso dos meios, e o exercício da graça, que este
princípio é infalivelmente mantido e preservado, (Is 40:
31) - e também é verdade que, às vezes, em algumas
pessoas, sobre a feroz interposição de tentações, com o
violento e enganoso trabalho de luxúrias, o próprio
princípio pode parecer totalmente sufocado por um
período, e esta propriedade deve ser destruída, como
parece ter sido com Davi, sob sua triste queda e
decadência, no entanto tal é a natureza dele que é
imortal, eterno, e nunca morrerá absolutamente.
Essa é a relação com a aliança de fidelidade de Deus, e
mediação de Cristo, que nunca será totalmente
cessada ou extinta.
Ele permanece dispondo e inclinando o coração, a
todos os deveres de santa obediência, até o túmulo.
Na verdade, normalmente, e onde é genuíno o trabalho e
a tendência, não são interrompidos por negligência
maligna ou pelo amor do mundo, ele prospera e cresce
continuamente até o fim.
Portanto, alguns não são apenas frutíferos, mas são
suntuosos e florescentes na velhice; quando o homem
exterior deles se deteriora, então o homem interior é
diariamente renovado em força e poder. (2 Co 4: 16)
Mas, como para todos os outros princípios de
obediência, seja em sua natureza decaindo e murchando;
todas as suas ações tornam-se insensivelmente mais
fracas e menos eficazes.
Assim também, na maior parte; ou o aumento da
sabedoria carnal, ou o amor do mundo, ou alguma
tentação poderosa, em um momento ou outro coloca um
fim absoluto aos princípios de obediência, e eles não têm
nenhuma utilidade.
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Desta forma, a nova natureza divina que está nos crentes
dispõe e inclina-os - imparcial, uniforme e
permanentemente, a todos os atos e deveres de santa
obediência; mas, mesmo nestes que estão assim
constantemente inclinados e dispostos a todos os atos de
uma vida espiritual celestial, ainda permanecem em
disposições contrárias e inclinações também.
Ainda existem inclinações e disposições para o pecado,
procedendo dos resquícios de um princípio habitual
contrário. A Escritura chama isso de "carne", "luxúria",
"o pecado que habita em nós" ou o "corpo da morte" -
isso é o que ainda permanece nos crentes, daquela
depravação viciosa e corrompida de nossa natureza que
veio sobre nós pela perda da imagem de Deus, e que
dispõe toda a alma a tudo o que é mau. E, ainda continua
nos crentes, inclinando-os para tudo que é mal, de
acordo com o poder e eficácia que resta em vários graus.
Assim sucede, para que possam estar mortificando
continuamente estes resquícios de pecado, como prova
do Seu amor e obediência a Deus.
O salmista diz no Salmo 45: 1:
“De boas palavras transborda o meu coração: ao Rei
consagro o que compuz; a minha língua é como a pena
de habilidoso escritor”.
Ele estava meditando em coisas espirituais, nas coisas
relativas à pessoa e reino de Cristo.
Consequentemente “o seu coração transbordou para
cima" (como está no original) - uma boa composição.
Está insinuado uma fonte de águas vivas: de sua própria
vida fluem rios de águas vivas. (Jo 4: 10,12)
Assim se dá com aqueles que são espirituais, que seguem
a inclinação do Espírito e nada dispõem para a carne.
Há uma abundância viva de coisas espirituais em suas
mentes e afetos, que os eleva para cima em pensamentos
santos.
O Espírito, com suas graças residindo no coração de um
crente, é um rio de água viva.
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Assim, como do próprio coração do homem fluem
continuamente maus pensamentos oriundos de sua
natureza terrena, de igual modo, da presença do Espírito
Santo em nós pode fluir também agora, continuamente,
pensamentos santos e bons. Eles brotarão
incessantemente da nova natureza implantada nos
crentes.
Se eles andarem no Espírito verão que fluirá neles, estes
pensamentos celestiais. A água viva que Jesus nos dá é
de outra natureza.
Não é água para ser mantida num poço ou numa
cisterna, de onde deve ser retirada por nós, mas está
dentro de nós como uma fonte eterna, que não pode
secar e se tornar inútil.