3. • O ano era 1916. O local: Zurique, na Suíça.
Paris desta vez não serviu de berço para
mais um movimento cultural, estético e
filosófico de vanguarda. A atitude proposta
por este movimento teve alcance
internacional, ganhando outros países, como
Alemanha, França e Estados Unidos, em
seus sete anos de vida.
4. O nome do movimento: “dada”.
Mas o que significa “dada” e de
onde surgiu este nome?
5. • Um grupo de jovens artistas e intelectuais de
diversas nacionalidades, adeptos da paz e
não dispostos a participar da Primeira
Guerra Mundial, com tendências niilistas,
refugiou-se na zona neutra de Zurique e
fundou um movimento literário para
expressar sua indignação e repúdio às
atrocidades da guerra.
6. • Nesse grande conflito mundial, entre
mortos nas trincheiras, mutilados e
inválidos, contaram-se mais de dez
milhões de pessoas.
7. • Esses jovens não se conformavam com a
impotência da filosofia, das ciências, da
religião e das artes e, ainda, com a
incapacidade de todo o conhecimento
humano em deter a guerra e evitar a
destruição da Europa.
9. • Reunidos no Cabaret Voltaire, em Zurique,
Hugo Ball, poeta e escritor alemão, e o poeta
romeno Tristan Tzara abriram, ao acaso, um
dicionário de francês e correndo o dedo
aleatoriamente na página pararam sobre a
palavra dada, que em francês significa
cavalinho-de-pau, esses que as crianças
usam para brincar.
10. • Esse nome nonsense, desprovido de
qualquer relação aparente com os
propósitos do grupo, era mais uma forma
de protesto.
11. • A palavra poderia ser essa ou qualquer
outra: que diferença faria, Já que a vida, o
bem mais precioso do homem, estava
sendo-lhe negada pela guerra e a arte
perdera completamente sua função e seu
sentido?
12. • As teorias de Freud também foram
consideradas, ao revelarem que muitas
ações humanas são automáticas e
desvinculadas de razões lógicas ou
conscientes.
13. • O dadaísmo embasou sua proposta no fato
de que eles não podiam mais confiar na
razão, nos valores tradicionais e na ordem
estabelecida. Passaram, então, a negar
todas as tradições sociais, os valores
culturais e estéticos, e, por isso, foi chamado
até de antiarte.
14. De acordo com Fiona Bradley:
• Como o surrealismo, o dadá ridicularizava a confiança
irrestrita do Ocidente na razão e denunciava a divisão e
especialização mediante as quais se pretendia
neutralizar as complexidades da vida moderna e torná-
la mais segura. Os artistas dadá declaravam que tudo
estava em constante estado de fluxo criador.
Interessavam-se por certa atitude mental mais do que
por um movimento artístico propriamente dito: numa
tentativa de estabelecer um conceito radicalmente novo
de criatividade, a ação era tão importante para eles
quanto qualquer consequência que ela mesma viesse a
produzir.
• (In: Surrealismo. Movimentos da arte moderna. São
Paulo, Cosac-Naify, 1998)
15. • Por conta disso, muitos autores tratam do
dadá não como um movimento, mas como
uma disposição que tinha expressão
artística. Politicamente, apresentou-se
como um protesto contra uma civilização
que cultuava a guerra.
16. • Um evento dadaísta típico tinha em sua
programação poetas declamando versos
desconexos e em várias línguas ao
mesmo tempo, enquanto outros latiam
pelo palco. Alguns personagens
insultavam a plateia, dançarinos em trajes
estranhos vagavam pelo palco e uma
doce menina, em traje para a primeira
comunhão, recitava obscenidades para o
público.
17. • A partir daí, o dadaísmo propôs que a
criação artística rompesse com os ditames
da estética aceita e do pensamento
racionalista e produzisse somente a partir do
automatismo psíquico, escolhendo e
organizando elementos e materiais ao
acaso. Uma das técnicas mais utilizadas na
pintura dadaísta foi a colagem livre, feita por
acaso, onde pedaços de papel e outros
materiais eram jogados aleatoriamente sobre
a superfície.
18. • Os ready-mades de Duchamp, como A fonte,
o mictório de louça, que após sofrer pequena
interferência do artista, é elevado à categoria
de obra de arte, as máquinas e objetos sem
funções de Picabia ou mesmo quadros de
Merzbilder e Schwitters produzidos com
detritos identificam o dadaísmo. O
importante era a mudança de contexto dos
objetos.
19. • O dadaísmo ganhou internacionalidade,
atravessou o Atlântico e descobriu Man Ray
no território norte-americano, graças a
Francis Picabia que cuidou da divulgação do
movimento fora do território europeu.
20. Características
• Ruptura com os ditames da estética aceita e
com o pensamento racionalista;
• Defesa do automatismo psíquico, da
organização de elementos e materiais ao
acaso, da técnica da colagem e da mudança
de contexto dos objetos, entre outros
aspectos.
21. Alguns de seus artistas e suas
obras
• Hans (Jean) Arp (1886-1966), artista
nascido na Alemanha e naturalizado
francês, foi um dos fundadores do
dadaísmo e esteve presente no primeiro
encontro no Cabaré Voltaire.
22. • Arp, considerado como um dos artistas
mais abstratos do movimento,
experimentou o desenho espontâneo
(baseado no automatismo) além de muitas
colagens e relevos em suas obras.
23. • Arp foi defensor da produção artística
comandada pelo automatismo psíquico,
produziu obras a partir de colagens e trilhou
um caminho abstracionista em sua arte.
Duchamp ficou conhecido por seu ready-
mades e por seus mecanismos ópticos,
buscando a descontextualização dos
objetos, entre outros aspectos.
25. Marcel Duchamp
• Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e
escultor francês. Suas ideias radicais e suas
criações que chocaram o meio artístico
nasceram de seu exercício de experimentar
e provocar.
26. • Criador dos famosos ready-mades (uso de
objetos industrializados âmbito da arte) e de
mecanismos ópticos foi um dos mais
importantes artistas do dadaísmo. Sua obra
abriu caminho à pop art e à op art das
décadas de 1950 e 1960 e pode também ser
considerado, sem sombra de dúvida, como o
pai da arte conceitual.
27. • Duchamp fez uma nova leitura do cubismo e
o reinterpretou à sua maneira, interessando-
se pelo ritmo e pelo movimento das formas.
28. • Duchamp criou também “interferências”: uma
das mais importantes refere-se ao bigode e
ao cavanhaque pintados na Mona Lisa, para
demonstrar seu desprezo pela arte
tradicional.
29. • Duchamp ficou conhecido por seu ready-
mades e por seus mecanismos ópticos,
buscando a descontextualização dos
objetos, entre outros aspectos.
31. O URINOL DE DUCHAMP• Em 1917, com o pseudônimo de R. Mutt, Marcel Duchamp enviou para o
Salão da Associação de Artistas Independentes um urinol de louça, utilizado
em sanitários masculinos, com um título sugestivo de "A Fonte". A escultura
foi rejeitada pelo júri que disse não ver nela nenhum sinal de trabalho
artístico.
Mas suposta obra de arte tornou Duchamp famoso. Provavelmente foi
o gesto iconoclasta do artista que o tornou especial, afinal a obra era apenas
um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de
construção. Mas muitos viram nisso arte. Surgiu depois o conceito
de readymade – apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para
o meio artístico.
Alguns abordaram a peça sob o ângulo psicanalítico e viam nas formas do
urinol uma semelhança com as formas femininas, de modo que induzia o
espectador a pensar no membro masculino lançando urina sobre a forma
feminina. Waal.
No fim, ficou mesmo a frase de Marcel Duchamp: “Joguei o urinol na cara
deles como um desafio e agora eles o admiram como um objeto de arte por
sua beleza.”
33. Francis Picabia
• Francis Picabia (1879-1953), artista plástico
e escritor, filho de pai espanhol e mãe
francesa, nasceu em Paris em 1879, onde
cursou a Escola de Belas-Artes. Dono de um
temperamento extrovertido e irônico, sempre
esteve envolvido com os principais
movimentos de vanguarda do início do
século XX. Foi colaborador de Tristan Tzara
na revista Dada e, juntamente com Man Ray
e Marcel Duchamp, ajudou a editar revistas
dadaístas nos Estados Unidos.
34. • Em suas obras gostava de escandalizar.
Incansável em sua pesquisa estética,
transitou pelo cubismo, dadaísmo,
surrealismo e abstracionismo, onde
permaneceu até sua morte.
35. • Fez também incursões pelo futurismo, mas
suas obras mais significativas são do
período dadaísta e surrealista.
37. Man Ray
• Man Ray (1890-1976), fotógrafo e pintor
norte-americano. Em 1914, fundou o
movimento dadaísta de Nova York, após
conhecer Marcel Duchamp e Francis
Picabia.
38. • Em 1921, mudou-se para Paris, onde
trabalhou como fotógrafo, fazendo retrato
das personalidades da vanguarda intelectual
do momento. Valeu-se da fotografia para
sobreviver e para financiar sua nova
atividade: a pintura.
39. • Sem muito sucesso na pintura, voltou à
fotografia e continuou, em suas pesquisas,
criando a raiografia, uma nova forma de se
registrar a imagem fotográfica de um objeto
colocado diretamente sobre a superfície
sensível e exposto à luz, criando imagens
abstratas inusitadas.
40. • Considerado um dos maiores fotógrafos do
século XX, Man Ray experimentou suas
ideias nos movimentos dadaísta e
surrealista, usando para essas experiências
uma linguagem singular.
41. • Os dadaístas foram os primeiros artistas a
se valer da fotografia e do cinema como
meios de expressão para suas ideias.
42. “Lágrimas de Vidro”, em 1931
Em 1993, a foto “GLASS TEARS”
(abaixo), de MAN RAY, torna-se a
fotografia mais cara do mundo,
ultrapassando o valor de 65 mil
dólares. Um olho feminino, com
esferas de vidro na face, significando
lágrimas...
43. Max Ernest
• Max Ernest (1891-1976) nasceu em Bruhl,
Colônia, na Alemanha. Após a Primeira
Guerra Mundial, em que foi soldado do
exército alemão, começou a pintar copiando
obras de Van Gogh e fez também uma breve
incursão no universo cubista.
44. • Em 1919, fundou em sua terra natal o grupo
Dada, juntamente com Jean Arp.
45. • No movimento dadaísta, com sua mente
inquiridora e brilhante, fez inúmeras
colagens e fotomontagens e contribuiu com
novas técnicas, como a decalcomania e o
frottage. Esta última consistia em colher com
um papel e grafite imagens de uma
superfície áspera como madeira, pedra ou
outra qualquer. A partir do padrão colhido na
folha de papel, criava imagens fantásticas.
46. • Emigrou para a França em 1922, onde, após
conhecer André Breton, um dos mentores do
surrealismo, aderiu à nova tendência e tal foi
sua participação no surrealismo que tornou-
se um de seus grandes expoentes. Em
1954, rompeu também com o surrealismo.