SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 47
Baixar para ler offline
O longo processo de construção da
igualdade formal entre os sexos
“Todos são iguais perante a lei. Não haverá
privilégios, nem distinções, por motivo de
nascimento, sexo, raça, profissões próprias ou dos
pais, classe social, riqueza, crenças religiosas ou ideias
políticas”
Art. 113, 1, da CF/34
Argumentos utilizados na época
- Relativização do principio: crença de que haviam
desigualdades naturais
- Silencio em relação à dicotomia
24 de fevereiro de 1932
Apesar da
resolução do então
presidente Getúlio
Vargas, o direito de
participar das
votações era
somente destinado
às mulheres
casadas (com
autorização dos
maridos), e às
viúvas e solteiras
com renda própria.
marido chefe do grupo
familiar:
- fixar o domicílio da
família
- nomear tutor e
administrar os bens do
casal
Durou até a entrada em
vigor da CF/88
incapacidade relativa da
mulher casada
Durou até 1962: Lei
4.121/62 (Estatuto da
Mulher Casada)
1934: direito de voto à
mulher nas mesmas
condições do homem,
porém facultativo
“homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição”
(art. 5º, caput, e inciso I, da CF/88)
“Em respeito à formação patriarcal da família brasileira e no
interesse da preservação da harmonia nas relações do grupo
familiar, estamos em que deva prevalecer uma autoridade
diretiva unificada, com a manutenção da chefia da sociedade
conjugal nas mãos do homem.”
PEREIRA, Áurea Pimentel.
A nova Constituição e o direito de família.
2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1991. p. 49.
Números alarmantes
Brasil: 62º em igualdade de
gênero
Argentina: 32
Mulheres recebem salário 27,1% menor do que o dos
homens, muitas vezes nos mesmos cargos.
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012
São Paulo: 31,7%
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/09/27/pela-1-vez-
em-dez-anos-diferenca-salarial-de-homens-e-mulheres-aumenta.htm
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2013/09/27/pela-1-vez-em-dez-anos-
diferenca-salarial-de-homens-e-mulheres-
aumenta.htm
Violações reiteradas
Mulher é proibida de dirigir
http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2011/10/03/chibatadas-por-dirigir-e-agressoes-a-mulher/
Mulher não tem acesso à educação
http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2012/10/14/ativista-mirim-e-baleada-por-defender-a-
igualdade-de-genero/
Adotar o sobrenome da mulher já é opção de
25% dos homens ao casar
FSP, 6 out 13, p. C5
Intimidade na internet: mais uma forma de
violência contra a mulher
Transplante de rosto – ácido sulfúrico
Mulheres expõem cicatrizes para denunciar
violência doméstica em ensaio de fotos
http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2014/03/08/precisamos-
de-um-dia-internacional-da-mulher/
Brasil – 7º país em
número de homicídios
de mulheres em uma
lista de 84 países
Mapa da Violência
2012
São Paulo é o 26º estado em
número de homicídios femininos
3,2 por 100 mil
4,6: a média nacional
De cada 10 mulheres vítima de
homicídio, 7 são assassinadas
por aqueles com quem elas
mantêm uma relação de afeto
41% das mortes de mulheres
ocorreram dentro de casa
68,8% dos incidentes com
vítimas mulheres
aconteceram na residência ou
habitação
Mapa da Violência 2012
52% das violências
praticadas pelos maridos e
companheiros são de
de morte (2012)
São Bernardo do Campo
Taxa: 1,5 (452 M; 95 E)
4,6: a média nacional
57% das agressões contra
mulheres ocorre após o
término do relacionamento
GEVID - MP/SP (2013)
Homens são mais felizes do que as
mulheres.
FSP 24 ago 07, A26.
Atenção
Para
Noca
Termi
Que
Estamos
Aprede
Aqu
INSERIR CAIXA DE TEXTO
INSERIR CAIXA DE TEXTO
Atenção
Para
Noca
Termi
Que
Estamos
Aprede
Aqu
Mãe de família comete crime só para
ser presa e passar um tempo sozinha
Sem tempo para mais
nada, uma mãe de
família resolveu tomar
uma atitude radical.
Veja a reportagem:
http://migre.me/bcHgI
Lei Maria da Penha
Art. 6o A violência
doméstica e familiar
contra a mulher constitui
uma das formas de
violação dos direitos
humanos.
Três questões gerais iniciais
1. Constituição
Federal/Política
criminal
2. Ação afirmativa
3. Uma questão de
gênero e não de sexo
Projeto de Monitoração Global 2010
“A manter-se inalterada a taxa de mudança
observada desde 2000 com respeito a presença de
mulheres nas notícias, levará pelo menos
40 anos
?????? anos ??????
para que alcancemos a igualdade.”
 acelerar mudanças
 redirecionar as ações
MORENO. Rachel. A imagem da mulher na mídia.
Ed. Publisher, 2012.
Devassa pode ser multada em R$ 6 milhões por propaganda abusiva
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/04/devassa-
pode-ser-multada-em-r-6-milhoes-por-propaganda-abusiva.htm
Estereótipos de gênero
Pesquisa do Canadá aponta empate técnico
Quem fala mais: o homem ou a mulher?
Quem gasta mais no cartão de crédito?
Homens. 26% mais – Fonte: Instituto Ibope Inteligência (2007)
Quem é mais fofoqueiro?
Homens. 76 min por dia Fonte: OnePoll (2009)
Quem mente mais?
Homens. Instituto Gfk – Alemanha
Quem fala mais de sexo?
Mulheres (5º lugar) Homens (8º lugar)
prepotência do masculino
+
subalternidade do feminino
=
ingredientes essenciais de ordem simbólica que
define as relações de poder
origem da violência de gênero
62% violência
psicológica
6% violência moral
Tiposdeviolência doméstica
maisconhecidos
80% violência física
Mulherfica30diasinternada.
Lesãocorporalleve?
Penas inferiores
a 4 anos
Sociedade e LMP
Em mulher não se bate nem com uma flor91%
2010 Fundação Perseu Abramo/SESC
Entre os pesquisados do sexo masculino:
8% admitem já ter batido em uma mulher
14% acreditam que agiram bem;
15% declaram que bateriam de novo
2% declaram que “tem mulher que só aprende
apanhando bastante”
Existem situações em que
o homem pode agredir
sua mulher?
A mulher deve aguentar a
violência para manter a
família unida?
16% sim
homens 19%
mulheres 13%
11% sim
“Ele bate, mas ruim com
ele, pior sem ele”
20% de acordo
Cerca de 24% homens
Cerca de 17% mulheres
Mais velhos: 32%
Deve-se intervir em briga
de marido e mulher
63% dos entrevistados
72% das mulheres,
51% dos homens
advogados, advogadas
juízes, juízas
promotores, promotoras de justiça
defensores, defensoras públicos
delegados, delegadas
Atores jurídicos
Motivos pelos quais as mulheres não “denunciam”
seus agressores (respostas dadas por vítimas):
1º 31% preocupação com a criação dos filhos
2º 20% medo de vingança do agressor
3º 12% vergonha da agressão
4º 12% acreditarem que seria a última vez
5º 5% dependência financeira
6º 3% acreditarem que não existe punição e
7º 17% escolheram outra opção.
Invisibilidade do problema
As mulheres comunicam o fato às autoridades
na MINORIA das vezes
Mulheres levam de 9 a 10 anos para
“denunciar” as agressões
Os pais são os principais responsáveis pelos
incidentes violentos até os 14 anos de idade das
vítimas. Nas idades iniciais, até os 4 anos, destaca-se
sensivelmente a mãe. A partir dos 10
anos, prepondera a figura paterna.
Mapa da Violência 2012.
http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_mulher.pdf
Invisibilidade do problema
Síndrome do Desamparo
Aprendido
- se alguém é submetido a um
estímulo de sofrimento por
muito tempo, a pessoa não
consegue sair de tal situação
- quanto maior a repetição da
violência menor a capacidade
de reação da vítima
Invisibilidade do problema
Mito do esquecimento
- a mulher esquece a violência
como se fosse uma memória
distante
- fuga psicológica
TJMS – RESP 2007.023422-4 ITAPORÃ
Declara a Lei Maria da Penha inconstitucional
“lei travestida de vingança social”
Cultura machista; cultura patriarcal; relações
de poder; formas de subjugação; polos de
dominação e de submissão
A decisão, posteriormente, foi revista pelo
Órgão Especial do TJMS
LMP e Poder Judiciário
Cultura machista - subliminar
TJRO – RT 728/632
“Não pode a mulher ficar à mercê do marido
que, injustificadamente, a agride
reiteradamente. A absolvição, se
decretada, resultará, na mente do infrator, a
implícita autorização de novos ataques.”
LMP e Poder Judiciário
Cultura machista - subliminar
TJ/DF – proc. 2006.0919.173.057
Agressões como “atitudes covardes de homens
que resolvem abandonar seu perfil natural de
guardiões do lar para se transformarem em
algozes e carrascos cruéis de sua própria
companheira.” Des. Sérgio Bittencourt
LMP e Poder Judiciário
Cultura machista – ostensiva
"Ora! A desgraça humana começou no Éden: por
causa da mulher - todos nós sabemos - mas
também em virtude da ingenuidade, da tolice e
da fragilidade emocional do homem".
"O mundo é masculino! A ideia que temos de
Deus é masculina! Jesus foi Homem!". Juiz Edilson
Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas (MG) 
Estado laico
AGU recorreu (25/3/2012) ao STF, pedindo que a liminar que
autorizou a volta do magistrado ao cargo seja suspensa.
LMP e Poder Judiciário
O Código de honra:
como ocorrem as
revoluções morais
Kwame Anthony Appiah
Sentimento que
muda a história
“não existe o ser humano natural; o
comportamento é moldado pela cultura.”
Regina Navarro Lins. O livro do amor.
Rio de Janeiro: BestSeller. 2012.
O Código de honra:
como ocorrem as
revoluções morais
Kwame Anthony Appiah
v e r g o n h a
Palestraosdireitoshumanosdamulhernosultimos50anosdp 140417193629-phpapp01

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

I Conferência Sul Catarinense de Direito, na Unisul
I Conferência Sul Catarinense de Direito, na UnisulI Conferência Sul Catarinense de Direito, na Unisul
I Conferência Sul Catarinense de Direito, na Unisul
Atualidades Do Direito
 
Salvador palestra lmp_40min_novo (1)
Salvador palestra lmp_40min_novo (1)Salvador palestra lmp_40min_novo (1)
Salvador palestra lmp_40min_novo (1)
AtualidadesdoDireito
 
Maioridade penal e direitos humanos
Maioridade penal e direitos humanosMaioridade penal e direitos humanos
Maioridade penal e direitos humanos
aa. Rubens Lima
 
I Seminário de combate à violência contra a mulher no Amazonas
I Seminário de combate à violência contra a mulher no AmazonasI Seminário de combate à violência contra a mulher no Amazonas
I Seminário de combate à violência contra a mulher no Amazonas
Atualidades Do Direito
 
Semana jurídica profa. alice publicar_2012
Semana jurídica profa. alice publicar_2012Semana jurídica profa. alice publicar_2012
Semana jurídica profa. alice publicar_2012
AtualidadesdoDireito
 
Consequências da lei maria da penha
Consequências da lei maria da penhaConsequências da lei maria da penha
Consequências da lei maria da penha
João Mendonça
 

Mais procurados (20)

Lei Maria da Penha, 8 anos depois: um balanço
Lei Maria da Penha, 8 anos depois: um balançoLei Maria da Penha, 8 anos depois: um balanço
Lei Maria da Penha, 8 anos depois: um balanço
 
Bete palestra lmp_2013
Bete palestra lmp_2013Bete palestra lmp_2013
Bete palestra lmp_2013
 
Lei Maria da Penha: um balanço dos 8 anos de sua vigência
 Lei Maria da Penha: um balanço dos 8 anos de sua vigência Lei Maria da Penha: um balanço dos 8 anos de sua vigência
Lei Maria da Penha: um balanço dos 8 anos de sua vigência
 
I Semana Jurídica da FMT – Ilhéus
I Semana Jurídica da FMT – IlhéusI Semana Jurídica da FMT – Ilhéus
I Semana Jurídica da FMT – Ilhéus
 
2º Congresso de Direito Público – Aracaju
2º Congresso de Direito Público – Aracaju2º Congresso de Direito Público – Aracaju
2º Congresso de Direito Público – Aracaju
 
I Conferência Sul Catarinense de Direito, na Unisul
I Conferência Sul Catarinense de Direito, na UnisulI Conferência Sul Catarinense de Direito, na Unisul
I Conferência Sul Catarinense de Direito, na Unisul
 
Imperatriz palestra lmp_40_min
Imperatriz palestra lmp_40_minImperatriz palestra lmp_40_min
Imperatriz palestra lmp_40_min
 
Salvador palestra lmp_40min_novo (1)
Salvador palestra lmp_40min_novo (1)Salvador palestra lmp_40min_novo (1)
Salvador palestra lmp_40min_novo (1)
 
Palestra Alice Bianchini
Palestra Alice BianchiniPalestra Alice Bianchini
Palestra Alice Bianchini
 
Feminismo e igualdade de gênero
Feminismo e igualdade de gêneroFeminismo e igualdade de gênero
Feminismo e igualdade de gênero
 
Maioridade penal e direitos humanos
Maioridade penal e direitos humanosMaioridade penal e direitos humanos
Maioridade penal e direitos humanos
 
I Seminário de combate à violência contra a mulher no Amazonas
I Seminário de combate à violência contra a mulher no AmazonasI Seminário de combate à violência contra a mulher no Amazonas
I Seminário de combate à violência contra a mulher no Amazonas
 
Palestra imperatriz
Palestra imperatrizPalestra imperatriz
Palestra imperatriz
 
Feminismo jus brasil
Feminismo jus brasilFeminismo jus brasil
Feminismo jus brasil
 
Semana jurídica profa. alice publicar_2012
Semana jurídica profa. alice publicar_2012Semana jurídica profa. alice publicar_2012
Semana jurídica profa. alice publicar_2012
 
Consequências da lei maria da penha
Consequências da lei maria da penhaConsequências da lei maria da penha
Consequências da lei maria da penha
 
Reduzir ou não a maioridade penal
Reduzir ou não a maioridade penalReduzir ou não a maioridade penal
Reduzir ou não a maioridade penal
 
Debate maioridade penal
Debate   maioridade penalDebate   maioridade penal
Debate maioridade penal
 
Redação Redução da maioridade penal
Redação   Redução da maioridade penalRedação   Redução da maioridade penal
Redação Redução da maioridade penal
 
ATUALIDADE: Maioridade penal
ATUALIDADE:  Maioridade penalATUALIDADE:  Maioridade penal
ATUALIDADE: Maioridade penal
 

Semelhante a Palestraosdireitoshumanosdamulhernosultimos50anosdp 140417193629-phpapp01

São jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchini
São jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchiniSão jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchini
São jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchini
AtualidadesdoDireito
 
lei maria da penha
lei maria da penhalei maria da penha
lei maria da penha
Cleide Silva
 

Semelhante a Palestraosdireitoshumanosdamulhernosultimos50anosdp 140417193629-phpapp01 (20)

Mulher protagonista
Mulher protagonistaMulher protagonista
Mulher protagonista
 
Lei Maria da Penha
Lei Maria da PenhaLei Maria da Penha
Lei Maria da Penha
 
semana jurídica da FMU
semana jurídica da FMUsemana jurídica da FMU
semana jurídica da FMU
 
VI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – Fonavid
VI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – FonavidVI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – Fonavid
VI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – Fonavid
 
Lei Maria da Penha
Lei Maria da PenhaLei Maria da Penha
Lei Maria da Penha
 
Palestra crimes sexuais ilheus
Palestra crimes sexuais ilheusPalestra crimes sexuais ilheus
Palestra crimes sexuais ilheus
 
Fonavid mp u
Fonavid mp uFonavid mp u
Fonavid mp u
 
V Fonavid, em Vitória – ES
V Fonavid, em Vitória – ESV Fonavid, em Vitória – ES
V Fonavid, em Vitória – ES
 
Palestra femicídio guarapuava_2014
Palestra femicídio guarapuava_2014Palestra femicídio guarapuava_2014
Palestra femicídio guarapuava_2014
 
Alice Bianchini IX Congresso LMP
Alice Bianchini  IX Congresso LMPAlice Bianchini  IX Congresso LMP
Alice Bianchini IX Congresso LMP
 
Manaus palestra lmp_40min_novo
Manaus palestra lmp_40min_novoManaus palestra lmp_40min_novo
Manaus palestra lmp_40min_novo
 
Mobilização pelos direitos da mulher - Maringá/PR
Mobilização pelos direitos da mulher - Maringá/PRMobilização pelos direitos da mulher - Maringá/PR
Mobilização pelos direitos da mulher - Maringá/PR
 
VI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – Fonavid
VI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – FonavidVI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – Fonavid
VI Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar – Fonavid
 
Salvador palestra lmp_40min
Salvador palestra lmp_40minSalvador palestra lmp_40min
Salvador palestra lmp_40min
 
Salvador palestra lmp_40min
Salvador palestra lmp_40minSalvador palestra lmp_40min
Salvador palestra lmp_40min
 
Rj palestra lmp_crimes pessoa
Rj palestra lmp_crimes pessoaRj palestra lmp_crimes pessoa
Rj palestra lmp_crimes pessoa
 
São jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchini
São jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchiniSão jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchini
São jose do rio preto palestra lmp AtualidadesdoDireito Palestra AliceBianchini
 
lei maria da penha
lei maria da penhalei maria da penha
lei maria da penha
 
Feminismo e igualdade de gênero
Feminismo e igualdade de gêneroFeminismo e igualdade de gênero
Feminismo e igualdade de gênero
 
Palestra recentes decisões
Palestra recentes decisõesPalestra recentes decisões
Palestra recentes decisões
 

Palestraosdireitoshumanosdamulhernosultimos50anosdp 140417193629-phpapp01

  • 1.
  • 2.
  • 3. O longo processo de construção da igualdade formal entre os sexos
  • 4. “Todos são iguais perante a lei. Não haverá privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissões próprias ou dos pais, classe social, riqueza, crenças religiosas ou ideias políticas” Art. 113, 1, da CF/34
  • 5. Argumentos utilizados na época - Relativização do principio: crença de que haviam desigualdades naturais - Silencio em relação à dicotomia
  • 6. 24 de fevereiro de 1932 Apesar da resolução do então presidente Getúlio Vargas, o direito de participar das votações era somente destinado às mulheres casadas (com autorização dos maridos), e às viúvas e solteiras com renda própria.
  • 7. marido chefe do grupo familiar: - fixar o domicílio da família - nomear tutor e administrar os bens do casal Durou até a entrada em vigor da CF/88 incapacidade relativa da mulher casada Durou até 1962: Lei 4.121/62 (Estatuto da Mulher Casada) 1934: direito de voto à mulher nas mesmas condições do homem, porém facultativo
  • 8. “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição” (art. 5º, caput, e inciso I, da CF/88)
  • 9. “Em respeito à formação patriarcal da família brasileira e no interesse da preservação da harmonia nas relações do grupo familiar, estamos em que deva prevalecer uma autoridade diretiva unificada, com a manutenção da chefia da sociedade conjugal nas mãos do homem.” PEREIRA, Áurea Pimentel. A nova Constituição e o direito de família. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1991. p. 49.
  • 10. Números alarmantes Brasil: 62º em igualdade de gênero Argentina: 32
  • 11. Mulheres recebem salário 27,1% menor do que o dos homens, muitas vezes nos mesmos cargos. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012 São Paulo: 31,7% http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/09/27/pela-1-vez- em-dez-anos-diferenca-salarial-de-homens-e-mulheres-aumenta.htm
  • 13. Violações reiteradas Mulher é proibida de dirigir http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2011/10/03/chibatadas-por-dirigir-e-agressoes-a-mulher/ Mulher não tem acesso à educação http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2012/10/14/ativista-mirim-e-baleada-por-defender-a- igualdade-de-genero/ Adotar o sobrenome da mulher já é opção de 25% dos homens ao casar FSP, 6 out 13, p. C5 Intimidade na internet: mais uma forma de violência contra a mulher Transplante de rosto – ácido sulfúrico
  • 14. Mulheres expõem cicatrizes para denunciar violência doméstica em ensaio de fotos http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2014/03/08/precisamos- de-um-dia-internacional-da-mulher/
  • 15. Brasil – 7º país em número de homicídios de mulheres em uma lista de 84 países Mapa da Violência 2012 São Paulo é o 26º estado em número de homicídios femininos 3,2 por 100 mil 4,6: a média nacional De cada 10 mulheres vítima de homicídio, 7 são assassinadas por aqueles com quem elas mantêm uma relação de afeto
  • 16. 41% das mortes de mulheres ocorreram dentro de casa 68,8% dos incidentes com vítimas mulheres aconteceram na residência ou habitação Mapa da Violência 2012 52% das violências praticadas pelos maridos e companheiros são de de morte (2012) São Bernardo do Campo Taxa: 1,5 (452 M; 95 E) 4,6: a média nacional 57% das agressões contra mulheres ocorre após o término do relacionamento GEVID - MP/SP (2013)
  • 17. Homens são mais felizes do que as mulheres. FSP 24 ago 07, A26.
  • 20. Mãe de família comete crime só para ser presa e passar um tempo sozinha Sem tempo para mais nada, uma mãe de família resolveu tomar uma atitude radical. Veja a reportagem: http://migre.me/bcHgI
  • 21.
  • 22. Lei Maria da Penha Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
  • 23. Três questões gerais iniciais 1. Constituição Federal/Política criminal 2. Ação afirmativa 3. Uma questão de gênero e não de sexo
  • 24.
  • 25. Projeto de Monitoração Global 2010 “A manter-se inalterada a taxa de mudança observada desde 2000 com respeito a presença de mulheres nas notícias, levará pelo menos 40 anos ?????? anos ?????? para que alcancemos a igualdade.”  acelerar mudanças  redirecionar as ações MORENO. Rachel. A imagem da mulher na mídia. Ed. Publisher, 2012.
  • 26. Devassa pode ser multada em R$ 6 milhões por propaganda abusiva http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/04/devassa- pode-ser-multada-em-r-6-milhoes-por-propaganda-abusiva.htm
  • 27. Estereótipos de gênero Pesquisa do Canadá aponta empate técnico Quem fala mais: o homem ou a mulher? Quem gasta mais no cartão de crédito? Homens. 26% mais – Fonte: Instituto Ibope Inteligência (2007) Quem é mais fofoqueiro? Homens. 76 min por dia Fonte: OnePoll (2009) Quem mente mais? Homens. Instituto Gfk – Alemanha Quem fala mais de sexo? Mulheres (5º lugar) Homens (8º lugar)
  • 28. prepotência do masculino + subalternidade do feminino = ingredientes essenciais de ordem simbólica que define as relações de poder origem da violência de gênero
  • 29. 62% violência psicológica 6% violência moral Tiposdeviolência doméstica maisconhecidos 80% violência física Mulherfica30diasinternada. Lesãocorporalleve? Penas inferiores a 4 anos
  • 31. Em mulher não se bate nem com uma flor91%
  • 32. 2010 Fundação Perseu Abramo/SESC Entre os pesquisados do sexo masculino: 8% admitem já ter batido em uma mulher 14% acreditam que agiram bem; 15% declaram que bateriam de novo 2% declaram que “tem mulher que só aprende apanhando bastante”
  • 33. Existem situações em que o homem pode agredir sua mulher? A mulher deve aguentar a violência para manter a família unida? 16% sim homens 19% mulheres 13% 11% sim “Ele bate, mas ruim com ele, pior sem ele” 20% de acordo Cerca de 24% homens Cerca de 17% mulheres Mais velhos: 32%
  • 34. Deve-se intervir em briga de marido e mulher 63% dos entrevistados 72% das mulheres, 51% dos homens advogados, advogadas juízes, juízas promotores, promotoras de justiça defensores, defensoras públicos delegados, delegadas Atores jurídicos
  • 35. Motivos pelos quais as mulheres não “denunciam” seus agressores (respostas dadas por vítimas): 1º 31% preocupação com a criação dos filhos 2º 20% medo de vingança do agressor 3º 12% vergonha da agressão 4º 12% acreditarem que seria a última vez 5º 5% dependência financeira 6º 3% acreditarem que não existe punição e 7º 17% escolheram outra opção.
  • 36. Invisibilidade do problema As mulheres comunicam o fato às autoridades na MINORIA das vezes Mulheres levam de 9 a 10 anos para “denunciar” as agressões Os pais são os principais responsáveis pelos incidentes violentos até os 14 anos de idade das vítimas. Nas idades iniciais, até os 4 anos, destaca-se sensivelmente a mãe. A partir dos 10 anos, prepondera a figura paterna. Mapa da Violência 2012. http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_mulher.pdf
  • 37. Invisibilidade do problema Síndrome do Desamparo Aprendido - se alguém é submetido a um estímulo de sofrimento por muito tempo, a pessoa não consegue sair de tal situação - quanto maior a repetição da violência menor a capacidade de reação da vítima
  • 38. Invisibilidade do problema Mito do esquecimento - a mulher esquece a violência como se fosse uma memória distante - fuga psicológica
  • 39.
  • 40. TJMS – RESP 2007.023422-4 ITAPORÃ Declara a Lei Maria da Penha inconstitucional “lei travestida de vingança social” Cultura machista; cultura patriarcal; relações de poder; formas de subjugação; polos de dominação e de submissão A decisão, posteriormente, foi revista pelo Órgão Especial do TJMS LMP e Poder Judiciário
  • 41. Cultura machista - subliminar TJRO – RT 728/632 “Não pode a mulher ficar à mercê do marido que, injustificadamente, a agride reiteradamente. A absolvição, se decretada, resultará, na mente do infrator, a implícita autorização de novos ataques.” LMP e Poder Judiciário
  • 42. Cultura machista - subliminar TJ/DF – proc. 2006.0919.173.057 Agressões como “atitudes covardes de homens que resolvem abandonar seu perfil natural de guardiões do lar para se transformarem em algozes e carrascos cruéis de sua própria companheira.” Des. Sérgio Bittencourt LMP e Poder Judiciário
  • 43. Cultura machista – ostensiva "Ora! A desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher - todos nós sabemos - mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem". "O mundo é masculino! A ideia que temos de Deus é masculina! Jesus foi Homem!". Juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas (MG)  Estado laico AGU recorreu (25/3/2012) ao STF, pedindo que a liminar que autorizou a volta do magistrado ao cargo seja suspensa. LMP e Poder Judiciário
  • 44. O Código de honra: como ocorrem as revoluções morais Kwame Anthony Appiah Sentimento que muda a história
  • 45. “não existe o ser humano natural; o comportamento é moldado pela cultura.” Regina Navarro Lins. O livro do amor. Rio de Janeiro: BestSeller. 2012.
  • 46. O Código de honra: como ocorrem as revoluções morais Kwame Anthony Appiah v e r g o n h a