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e as novilhas são o xodó da Pecuá­
ria Balestra, os garrotes são o seu
“motor” e principal fonte de receita.
Eles estão sendo “turbinados” para redu­
ção da idade de abate e, consequentemen­
te, do ciclo produtivo, con­
forme veremos na terceira
reportagem do Vitrine Tec-
nológica DBO. Em vez de
manter os bezerros desma­
mados a pasto como se faz
em sistemas tradicionais, o
gestor da empresa, Igor Ba­
lestra, decidiu experimen­
tar uma estratégia de recria
que está ganhando adeptos
no Brasil: o “sequestro”,
que consiste em fechar os
bezerros em instalações co­
bertas e alimentá-los a co­
cho na seca, para acelerar o
ganho de peso e reduzir o
Mônica Costa
Edição: Maristela Franco
ciclo de produção. As instalações de se­
questro da Pecuária Balestra ficam na Fa­
zenda Água Vermelha e funcionam du­
rante cinco meses (de junho a outubro).
Apesar do maior gasto com nutrição, essa
estratégia permite encurtar a recria con­
vencional em um ano. “O risco financeiro
é maior, mas tem-se maior taxa de desfru­
‘Sequestro’ de bezerro é tática adotada pela Pecuária Balestra para acelerar ganho de peso
Recria a jato
te e maior produção de arrobas por hecta­
re”, diz Igor.
Antes de testar essa técnica de recria,
ele fez várias simulações para verificar sua
viabilidade econômica. “Um bezerro man­
tido a pasto, recebendo diariamente 200 g
de proteinado, por exemplo, engorda cer­
ca de 130 g por dia e acumula 19,5 kg ou
0,65@ ao fim de 150 dias (cinco meses).
No sequestro, a suplementação é mais pe­
sada (13 kg de volumoso e 1,3 kg de pro­
teico-energético por dia), mas, em compen­
sação, o animal ganha 94,5 kg ou 3,15@/
período”, afirma o produtor. Como o ganho
nesse sistema é quase cinco vezes maior, o
custo da arroba produzida ao fim da recria
cai para menos da metade (veja tabela com-
parativa). “Economizo tempo, dinheiro e
ainda poupo as pastagens, que podem ser
deixadas em repouso ou com baixa lotação
na seca para produzir maior quantidade de
forragem nas águas, sustentando lotações
mais altas na safra”, explica Igor.
Em lapidação – A primeira experiência
com “sequestro” na seca foi feita em 2016,
com 208 bezerros de produção própria, que
haviam sido suplementados em creep fee-
ding durante a fase de amamentação e apre­
sentavam, por ocasião da transferência para
as instalações, no dia 14 de ju­
nho, peso médio de 210 kg aos
sete meses de idade. No se­
questro, receberam uma dieta
prevendo consumo de 2,3% do
peso vivo em matéria seca, sen­
do 0,7% via proteico-energéti­
co e 1,6% na forma de silagem
de cana, visando um ganho mé­
dio de 600 g/cabeça/dia. "Optei
pela silagem de cana, porque se
tratava de um insumo mais ba­
rato, com custo de R$ 63 a to­
nelada, ante R$ 120 a R$140
cobrados pela tonelada silagem
de milho" informa o jovem ad­
ministrador.
Sequestro acelera o ganho de
peso dos bezerros
GabrielMorais/DSM
90 DBO abril 2017
Custo da arroba produzida cai para menos
da metade com o “sequestro”
“Sequestro” Pasto1
Peso inicial (kg) 210 210
Peso final (kg) 304,5 229,5
Ganho (kg) 94,5 19,5
Ganho (@) 3,15 0,65
@ produzida (R$) 121,39 238,69
Diária (R$) 2,552 1,033
Total gasto (R$) 382, 50 154, 50
1Sem adubo, suporte entre 0,5 e 1 UA/ha 2 Nutrição (R$ 0,08/kg silagem+0,82/kg concentrado) e
custo operacional (R$ 0,47/ diária mão de obra e maquinário) 3 Nutrição (R$ 0,40/pasto/cab + R$ 2/kg
concentrado) e operacional ( R$ 0,19/ diária mão de obra)
A escolha do volumoso, contudo, não
se revelou adequada. “A cana tem muita fi­
bra e inibiu o consumo, impedindo os ani­
mais de ganhar o peso diário desejado”,
explica Gabriel Morais, técnico da DSM
e consultor da fazenda. Os garrotes come­
ram 1,7% do peso vivo, quando o ideal é
2,3%. Com isso, engordaram apenas 308
g/cab/dia. Foi necessário ajustar a dieta no
meio do caminho. “Após incluirmos mais
ureia e farelo de soja, aumentando o teor
de proteína na formulação, os bezerros
passaram a comer mais e ganharam 633
g/cab/dia, acima da meta estabelecida.” A
experiência deixou um bom aprendizado.
Na seca deste ano, os animais já receberão
uma dieta adequada a suas demandas, feita
na própria fazenda.
Outro desafio enfrentado por Igor no
ano passado foi o ajuste da lotação. Em se­
tembro, já no último terço do “sequestro”,
ele decidiu adquirir animais para ajustar a
lotação à oferta de forrageira nas águas.
“Apenas os bezerros próprios não conse­
guiriam pastejar todo o capim produzido
no rotacionado da Fazenda Boa Esperan­
ça, onde damos continuidade à recria e
fazemos a terminação dos animais a pas­
to. O capim iria passar do ponto. Então,
decidimos adquirir 102 machos de 169
kg, que ficaram no sequestro por apenas
45 dias, já com a dieta ajustada ganhan­
do 590 g/cab/dia. “Os garrotes crioulos
sa­­í­ram das instalações com 266 kg, o que
possibilitará sua engorda exclusivamen­
te a pasto com suplementação, mas os de
compra foram para o rotacionado mais le­
ves (196 kg) e terão de ser terminados em
semiconfinamento”, explica Igor.
Dieta ajustada – No dia 27 de outubro,
quando as pastagens já estavam recupera­
das, os animais foram transferidos para os
módulos de mombaça adubados da Boa
Esperança, onde se encontram agora. Até
o fim de janeiro, eles receberam um su­
plemento proteico-energético na propor­
ção de 0,5% do peso vivo, contendo 58%
de milho, 33% de farelo de soja e 9% de
núcleo mineral para ganhar 1 kg/cab/dia.
“Formulamos um suplemento com mais
proteína para potencializar o ganho a pas­
to”, explica Morais. Quando 60% dos
machos já estavam recriados, aumentou­
-se o teor de energia da dieta (70% de mi­
lho, 17% de farelo de soja, 4% de ureia
e 9% de núcleo) e também o nível de for­
necimento, que passou para 0,6% do PV
em fevereiro e 0,7%, em março, deven­
do chegar a 1,2% em maio, quando se­
rão abatidos os primeiros lotes. Os últi­
mos lotes (de compra) receberão 2% do
PV para abate em setembro.
Morais, que faz análises periódicas da
pastagem para determinar a formulação
adequada da dieta para cada fase da ca­
tegoria, explica por que é necessário au­
mentar o teor energético da ração. “Preci­
samos estimular a deposição de gordura
para acabamento das carcaças. Além dis­
so, o pasto começa a perder vigor, mas a
qualidade da dieta tem que seguir equili­
brada”, acrescenta. Um dos fatores ava­
liados pelo zootecnista é a presença de
nitrogênio nas folhas, já que se trata de
pasto adubado. “Na entrada do gado no
rotacionado, eu diminuo o teor de N do
concentrado, pois, se tivermos excesso
desse nutriente no organismo, o animal
gastará energia para eliminá-lo via uri­
na ou invés de usá-la para ganhar peso.
No fim do período das águas, aumento a
quantidade de N porque ele serve de com­
bustível para as bactérias ruminais degra­
darem o capim com maior teor de fibra”.
Outra preocupação é a lotação das áre­
as, preparadas para suportar até 7,5 UA/
ha nas águas. Quando os animais entram
no rotacionado, estão pesando em média
300 kg e chegam a mais de 500 até o mo­
mento do abate, exercendo forte pressão
sobre a pastagem. “Precisamos aumentar
a oferta de alimento no cocho para obter­
mos um efeito substitutivo do capim pela
ração. Para cada quilo de suplemento, o
gado consome, em média, 3 kg a menos
de matéria verde. Dessa forma a lotação
na fazenda aumenta, mas o capim segue
perene”, explica o técnico.	 n
3
Coleta de forragem para
afinar o protocolo nutricional
dos garrotes
Boa surpresa
No mês de março, Igor
comemorou os primeiros
resultados da estação de monta.
As novilhas precoces superaram
as expectativas mais otimistas e
registraram 60,47% de prenhez
com um protocolo de IATF,
ante 59% dos primeiros lotes
de vacas e 49,3% das novilhas
convencionais. “Eu já imaginava
que seria mais que 30%, mas
o resultado impressionou
até o nosso veterinário que
acompanha o desempenho de
fêmeas precoces em fazendas
vizinhas e nunca viu um
resultado tão expressivo”, diz
Igor, garantindo que a estratégia
nutricional adotada pela empresa
contribuiu muito para esse
resultado. As matrizes vazias
após o primeiro protocolo foram
ressincronizadas e os resultados
finais da estação de monta serão
confirmados no último exame de
ultrassom, marcado para maio.
MônicaCosta
abril 2017 DBO 91
A	 DBO março 2015
Veja mais
O tema da nossa próxima reportagem será
a engorda. Veremos como a estratégia
nutricional adotada na recria influiu no
peso final de abate e no rendimento de
carcaça. Acompanhe o projeto também por
meio do nosso blog, acessando o endereço
www.portaldbo.com.br.
92 DBO abril 2017
Porteiras abertas
Dia de Campo consagra trabalho intensificação
da Pecuária Balestra, que já é considerada
referência para a região.
Mônica Costa
de Inhumas, GO
F
oi um dia de festa para a família Ba-
lestra. Com a presença da esposa, dos
pais, avós, primos e sobrinhos, Igor
Balestra abriu as porteiras da Fazenda Boa
Esperança, em Inhumas, GO, para receber
técnicos, consultores e pecuaristas de diver-
sos municípios do Estado para mostrar os
resultados alcançados pela bovinocultura de
corte da Pecuária Balestra sob sua gestão.
“Acredito que as informações sempre
devem ser compartilhadas porque o inter-
câmbio ajuda no crescimento da região.
Não dá para fazer exatamente como fiz,
porque cada fazenda tem suas caracterís-
ticas próprias, mas nossa experiência pode
inspirar outros criadores”, disse Igor que
ao lado do avô, o deputado federal Rober-
to Balestra, o prefeito de Inhumas, Abe-
lardo Vaz e do Superintendente Estadual
de Agricultura, Antônio Flávio Camilo de
Lima, deu as boas vindas às 200 pessoas
que participaram do 1º dia de Campo da
Pecuária Balestra.
Depois de exibir o lote de machos com
idade entre 18 e 20 meses e com quase 500
kg em um pasto vigoroso, Igor abriu as pla-
nilhas e mostrou como tem alcançado um
lucro de R$ 2.172,11 por hectare, no retiro
Boa Esperança, onde os machos estão desde
a recria. O resultado é muito superior ao al-
cançado por uma lavoura de soja, que rende
entre R$ 500,00 a R$ 600,00 por hectare. “
O segredo é a qualidade do pasto e o proto-
colo nutricional”, afirmou.
Leonardo Bitencourt, supervisor téc-
nico da empresa de fertilizante Heringer e
responsável pelo manejo dos pastos da Pe-
cuária Balestra, ratificou “o potencial de
produção de uma pastagem bem manejada
sempre garante altas lotações, especialmen-
te em piquetes rotacionados, como vemos
aqui”. Ele lembrou que 70% das pastagens
estão degradadas e alertou “antes de criar
boi, o pecuarista tem que criar capim”.
Gabriel Morais arrematou, mostrando
a importância do controle do teor de prote-
ína dos pastos na formulação da dieta dos
bovinos. “Toda vez que aumento o con-
centrado, consigo ampliar a lotação, por-
que o animal não come a mesma quanti-
dade de pasto quando ofereço um ou dez
quilos de ração”, explicou.
Para encerrar, Thiago de Carvalho, o
pesquisador do Centro de Estudos Avan-
çados em Economia Aplicada, do Cepea/
Esalq/USP, apresentou as perspectivas
para o mercado pecuário em 2017. “Ape-
sar do crescimento do PIB estimado em
0,5% e recuo no consumo per capta de 37
kg para 27kg, a classe média vai conti-
nuar consumindo carne bovina”, afirmou.
Mas isso não será suficiente para garan-
tir fortes reajustes no valor da @ que, se-
gundo o pesquisador, não chegará a R$
160,00 este ano. “A pecuária só é lucra-
tiva para quem faz gestão, o que hoje é
uma realidade em apenas 10% das fazen-
das de pecuária bovina” finalizou.
Público satisfeito – As dicas foram apre-
ciadas pelos pecuaristas. “Foi muito bom
ter a oportunidade de ver na prática a im-
portância do controle de todo o processo”,
disse o pecuarista Sandro Jaime Belo, que
veio do município goiano de Jaraguá, onde
mantem um rebanho de nelore em ciclo
completo. “Não é todo dia que o pecuaris-
ta tem acesso a informações técnicas como
as que vimos aqui”, completou o consultor
e professor universitário Antônio Viana Fi-
lho, de Guapó, também em Goiás. Segundo
ele,oprincipalpapeldeumDiadeCampoé
“disseminar conhecimento entre os criado-
res para fomentar uma pecuária mais pro-
fissional”. O que inspirou Jormando Cai-
xeta, que cria e engorda fêmea Nelore em
Faina, no noroeste do Estado, foi a trans-
parência. “Igor abriu os números da fazen-
da e nos forneceu informações muito valio-
sas”. Mário SérgioAlves, pecuarista de São
Francisco do Goiás, vai investir na reforma
dos pastos. “Com o cenário cada vez mais
competitivo preciso acelerar engorda do
meu rebanho com qualidade. E a adubação
das pastagens é um fator importante”. 	 n
Em família. Ao lado da mãe (à direita), da esposa e dos
avós, Igor assiste à apresentação do seu projeto

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Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3

  • 1. S e as novilhas são o xodó da Pecuá­ ria Balestra, os garrotes são o seu “motor” e principal fonte de receita. Eles estão sendo “turbinados” para redu­ ção da idade de abate e, consequentemen­ te, do ciclo produtivo, con­ forme veremos na terceira reportagem do Vitrine Tec- nológica DBO. Em vez de manter os bezerros desma­ mados a pasto como se faz em sistemas tradicionais, o gestor da empresa, Igor Ba­ lestra, decidiu experimen­ tar uma estratégia de recria que está ganhando adeptos no Brasil: o “sequestro”, que consiste em fechar os bezerros em instalações co­ bertas e alimentá-los a co­ cho na seca, para acelerar o ganho de peso e reduzir o Mônica Costa Edição: Maristela Franco ciclo de produção. As instalações de se­ questro da Pecuária Balestra ficam na Fa­ zenda Água Vermelha e funcionam du­ rante cinco meses (de junho a outubro). Apesar do maior gasto com nutrição, essa estratégia permite encurtar a recria con­ vencional em um ano. “O risco financeiro é maior, mas tem-se maior taxa de desfru­ ‘Sequestro’ de bezerro é tática adotada pela Pecuária Balestra para acelerar ganho de peso Recria a jato te e maior produção de arrobas por hecta­ re”, diz Igor. Antes de testar essa técnica de recria, ele fez várias simulações para verificar sua viabilidade econômica. “Um bezerro man­ tido a pasto, recebendo diariamente 200 g de proteinado, por exemplo, engorda cer­ ca de 130 g por dia e acumula 19,5 kg ou 0,65@ ao fim de 150 dias (cinco meses). No sequestro, a suplementação é mais pe­ sada (13 kg de volumoso e 1,3 kg de pro­ teico-energético por dia), mas, em compen­ sação, o animal ganha 94,5 kg ou 3,15@/ período”, afirma o produtor. Como o ganho nesse sistema é quase cinco vezes maior, o custo da arroba produzida ao fim da recria cai para menos da metade (veja tabela com- parativa). “Economizo tempo, dinheiro e ainda poupo as pastagens, que podem ser deixadas em repouso ou com baixa lotação na seca para produzir maior quantidade de forragem nas águas, sustentando lotações mais altas na safra”, explica Igor. Em lapidação – A primeira experiência com “sequestro” na seca foi feita em 2016, com 208 bezerros de produção própria, que haviam sido suplementados em creep fee- ding durante a fase de amamentação e apre­ sentavam, por ocasião da transferência para as instalações, no dia 14 de ju­ nho, peso médio de 210 kg aos sete meses de idade. No se­ questro, receberam uma dieta prevendo consumo de 2,3% do peso vivo em matéria seca, sen­ do 0,7% via proteico-energéti­ co e 1,6% na forma de silagem de cana, visando um ganho mé­ dio de 600 g/cabeça/dia. "Optei pela silagem de cana, porque se tratava de um insumo mais ba­ rato, com custo de R$ 63 a to­ nelada, ante R$ 120 a R$140 cobrados pela tonelada silagem de milho" informa o jovem ad­ ministrador. Sequestro acelera o ganho de peso dos bezerros GabrielMorais/DSM 90 DBO abril 2017 Custo da arroba produzida cai para menos da metade com o “sequestro” “Sequestro” Pasto1 Peso inicial (kg) 210 210 Peso final (kg) 304,5 229,5 Ganho (kg) 94,5 19,5 Ganho (@) 3,15 0,65 @ produzida (R$) 121,39 238,69 Diária (R$) 2,552 1,033 Total gasto (R$) 382, 50 154, 50 1Sem adubo, suporte entre 0,5 e 1 UA/ha 2 Nutrição (R$ 0,08/kg silagem+0,82/kg concentrado) e custo operacional (R$ 0,47/ diária mão de obra e maquinário) 3 Nutrição (R$ 0,40/pasto/cab + R$ 2/kg concentrado) e operacional ( R$ 0,19/ diária mão de obra)
  • 2. A escolha do volumoso, contudo, não se revelou adequada. “A cana tem muita fi­ bra e inibiu o consumo, impedindo os ani­ mais de ganhar o peso diário desejado”, explica Gabriel Morais, técnico da DSM e consultor da fazenda. Os garrotes come­ ram 1,7% do peso vivo, quando o ideal é 2,3%. Com isso, engordaram apenas 308 g/cab/dia. Foi necessário ajustar a dieta no meio do caminho. “Após incluirmos mais ureia e farelo de soja, aumentando o teor de proteína na formulação, os bezerros passaram a comer mais e ganharam 633 g/cab/dia, acima da meta estabelecida.” A experiência deixou um bom aprendizado. Na seca deste ano, os animais já receberão uma dieta adequada a suas demandas, feita na própria fazenda. Outro desafio enfrentado por Igor no ano passado foi o ajuste da lotação. Em se­ tembro, já no último terço do “sequestro”, ele decidiu adquirir animais para ajustar a lotação à oferta de forrageira nas águas. “Apenas os bezerros próprios não conse­ guiriam pastejar todo o capim produzido no rotacionado da Fazenda Boa Esperan­ ça, onde damos continuidade à recria e fazemos a terminação dos animais a pas­ to. O capim iria passar do ponto. Então, decidimos adquirir 102 machos de 169 kg, que ficaram no sequestro por apenas 45 dias, já com a dieta ajustada ganhan­ do 590 g/cab/dia. “Os garrotes crioulos sa­­í­ram das instalações com 266 kg, o que possibilitará sua engorda exclusivamen­ te a pasto com suplementação, mas os de compra foram para o rotacionado mais le­ ves (196 kg) e terão de ser terminados em semiconfinamento”, explica Igor. Dieta ajustada – No dia 27 de outubro, quando as pastagens já estavam recupera­ das, os animais foram transferidos para os módulos de mombaça adubados da Boa Esperança, onde se encontram agora. Até o fim de janeiro, eles receberam um su­ plemento proteico-energético na propor­ ção de 0,5% do peso vivo, contendo 58% de milho, 33% de farelo de soja e 9% de núcleo mineral para ganhar 1 kg/cab/dia. “Formulamos um suplemento com mais proteína para potencializar o ganho a pas­ to”, explica Morais. Quando 60% dos machos já estavam recriados, aumentou­ -se o teor de energia da dieta (70% de mi­ lho, 17% de farelo de soja, 4% de ureia e 9% de núcleo) e também o nível de for­ necimento, que passou para 0,6% do PV em fevereiro e 0,7%, em março, deven­ do chegar a 1,2% em maio, quando se­ rão abatidos os primeiros lotes. Os últi­ mos lotes (de compra) receberão 2% do PV para abate em setembro. Morais, que faz análises periódicas da pastagem para determinar a formulação adequada da dieta para cada fase da ca­ tegoria, explica por que é necessário au­ mentar o teor energético da ração. “Preci­ samos estimular a deposição de gordura para acabamento das carcaças. Além dis­ so, o pasto começa a perder vigor, mas a qualidade da dieta tem que seguir equili­ brada”, acrescenta. Um dos fatores ava­ liados pelo zootecnista é a presença de nitrogênio nas folhas, já que se trata de pasto adubado. “Na entrada do gado no rotacionado, eu diminuo o teor de N do concentrado, pois, se tivermos excesso desse nutriente no organismo, o animal gastará energia para eliminá-lo via uri­ na ou invés de usá-la para ganhar peso. No fim do período das águas, aumento a quantidade de N porque ele serve de com­ bustível para as bactérias ruminais degra­ darem o capim com maior teor de fibra”. Outra preocupação é a lotação das áre­ as, preparadas para suportar até 7,5 UA/ ha nas águas. Quando os animais entram no rotacionado, estão pesando em média 300 kg e chegam a mais de 500 até o mo­ mento do abate, exercendo forte pressão sobre a pastagem. “Precisamos aumentar a oferta de alimento no cocho para obter­ mos um efeito substitutivo do capim pela ração. Para cada quilo de suplemento, o gado consome, em média, 3 kg a menos de matéria verde. Dessa forma a lotação na fazenda aumenta, mas o capim segue perene”, explica o técnico. n 3 Coleta de forragem para afinar o protocolo nutricional dos garrotes Boa surpresa No mês de março, Igor comemorou os primeiros resultados da estação de monta. As novilhas precoces superaram as expectativas mais otimistas e registraram 60,47% de prenhez com um protocolo de IATF, ante 59% dos primeiros lotes de vacas e 49,3% das novilhas convencionais. “Eu já imaginava que seria mais que 30%, mas o resultado impressionou até o nosso veterinário que acompanha o desempenho de fêmeas precoces em fazendas vizinhas e nunca viu um resultado tão expressivo”, diz Igor, garantindo que a estratégia nutricional adotada pela empresa contribuiu muito para esse resultado. As matrizes vazias após o primeiro protocolo foram ressincronizadas e os resultados finais da estação de monta serão confirmados no último exame de ultrassom, marcado para maio. MônicaCosta abril 2017 DBO 91
  • 3. A DBO março 2015 Veja mais O tema da nossa próxima reportagem será a engorda. Veremos como a estratégia nutricional adotada na recria influiu no peso final de abate e no rendimento de carcaça. Acompanhe o projeto também por meio do nosso blog, acessando o endereço www.portaldbo.com.br. 92 DBO abril 2017 Porteiras abertas Dia de Campo consagra trabalho intensificação da Pecuária Balestra, que já é considerada referência para a região. Mônica Costa de Inhumas, GO F oi um dia de festa para a família Ba- lestra. Com a presença da esposa, dos pais, avós, primos e sobrinhos, Igor Balestra abriu as porteiras da Fazenda Boa Esperança, em Inhumas, GO, para receber técnicos, consultores e pecuaristas de diver- sos municípios do Estado para mostrar os resultados alcançados pela bovinocultura de corte da Pecuária Balestra sob sua gestão. “Acredito que as informações sempre devem ser compartilhadas porque o inter- câmbio ajuda no crescimento da região. Não dá para fazer exatamente como fiz, porque cada fazenda tem suas caracterís- ticas próprias, mas nossa experiência pode inspirar outros criadores”, disse Igor que ao lado do avô, o deputado federal Rober- to Balestra, o prefeito de Inhumas, Abe- lardo Vaz e do Superintendente Estadual de Agricultura, Antônio Flávio Camilo de Lima, deu as boas vindas às 200 pessoas que participaram do 1º dia de Campo da Pecuária Balestra. Depois de exibir o lote de machos com idade entre 18 e 20 meses e com quase 500 kg em um pasto vigoroso, Igor abriu as pla- nilhas e mostrou como tem alcançado um lucro de R$ 2.172,11 por hectare, no retiro Boa Esperança, onde os machos estão desde a recria. O resultado é muito superior ao al- cançado por uma lavoura de soja, que rende entre R$ 500,00 a R$ 600,00 por hectare. “ O segredo é a qualidade do pasto e o proto- colo nutricional”, afirmou. Leonardo Bitencourt, supervisor téc- nico da empresa de fertilizante Heringer e responsável pelo manejo dos pastos da Pe- cuária Balestra, ratificou “o potencial de produção de uma pastagem bem manejada sempre garante altas lotações, especialmen- te em piquetes rotacionados, como vemos aqui”. Ele lembrou que 70% das pastagens estão degradadas e alertou “antes de criar boi, o pecuarista tem que criar capim”. Gabriel Morais arrematou, mostrando a importância do controle do teor de prote- ína dos pastos na formulação da dieta dos bovinos. “Toda vez que aumento o con- centrado, consigo ampliar a lotação, por- que o animal não come a mesma quanti- dade de pasto quando ofereço um ou dez quilos de ração”, explicou. Para encerrar, Thiago de Carvalho, o pesquisador do Centro de Estudos Avan- çados em Economia Aplicada, do Cepea/ Esalq/USP, apresentou as perspectivas para o mercado pecuário em 2017. “Ape- sar do crescimento do PIB estimado em 0,5% e recuo no consumo per capta de 37 kg para 27kg, a classe média vai conti- nuar consumindo carne bovina”, afirmou. Mas isso não será suficiente para garan- tir fortes reajustes no valor da @ que, se- gundo o pesquisador, não chegará a R$ 160,00 este ano. “A pecuária só é lucra- tiva para quem faz gestão, o que hoje é uma realidade em apenas 10% das fazen- das de pecuária bovina” finalizou. Público satisfeito – As dicas foram apre- ciadas pelos pecuaristas. “Foi muito bom ter a oportunidade de ver na prática a im- portância do controle de todo o processo”, disse o pecuarista Sandro Jaime Belo, que veio do município goiano de Jaraguá, onde mantem um rebanho de nelore em ciclo completo. “Não é todo dia que o pecuaris- ta tem acesso a informações técnicas como as que vimos aqui”, completou o consultor e professor universitário Antônio Viana Fi- lho, de Guapó, também em Goiás. Segundo ele,oprincipalpapeldeumDiadeCampoé “disseminar conhecimento entre os criado- res para fomentar uma pecuária mais pro- fissional”. O que inspirou Jormando Cai- xeta, que cria e engorda fêmea Nelore em Faina, no noroeste do Estado, foi a trans- parência. “Igor abriu os números da fazen- da e nos forneceu informações muito valio- sas”. Mário SérgioAlves, pecuarista de São Francisco do Goiás, vai investir na reforma dos pastos. “Com o cenário cada vez mais competitivo preciso acelerar engorda do meu rebanho com qualidade. E a adubação das pastagens é um fator importante”. n Em família. Ao lado da mãe (à direita), da esposa e dos avós, Igor assiste à apresentação do seu projeto