O documento discute o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, o terceiro reajuste durante o mandato do prefeito Gilberto Kassab. O reajuste de 11,11% elevou o valor da passagem para R$3,00, a mais cara do país. O Movimento Passe Livre realizou protestos contra o aumento, defendendo um transporte público gratuito e de qualidade para todos.
Jornal universitário relata protestos contra aumento da tarifa de ônibus em SP
1. Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul
Ano XII - Número 38 - Maio de 2011
Movimento
Passe
Livre
Reajuste resulta em atos de protesto
na capital paulistana. Milhares de
pessoas vão às ruas em busca de
negociação sobre o valor decretado
pela Prefeitura da cidade. Página 3
Sociedade
civil critica
nova tarifa
de ônibus
Parques urbanos administrados pela Prefeitura de São Paulo são locais ideais
para lazer e cultivo das áreas verdes. Os parques da Zona Leste chamam
atenção pela diversidade de atrações, fauna e flora, mas deixam a desejar pela
falta de consciência ambiental de seus frequentadores. Páginas 4 e 5
Um raio-x dos parques da região
Com iniciativa inédita no mundo, Brasil é o único país a oferecer
peças teatrais em alta definição via internet. Com baixo custo e grande
comodidade, os interessados podem adquirir ingressos virtuais de grandes
espetáculos e assisti-los pelas 24 horas seguintes à compra. Página 7
Assista a peças de teatro em casa
Considerado o carro-chefe
de muitas emissoras de
televisão, o jornalismo policial
gera críticas e divergências
entre profissionais da área.
Página 2
Sensacionalismo
abre discussão sobre
qualidade na TV
O Carnaval 2011 contou com
a presença da Unidos de São
Miguel, escola que encontra
dificuldades para os ensaios, mas
mantém bom desempenho na
avenida. Página 8
Unidos de São
Miguel é exemplo de
organização popular
Jaqueline
Bonfim
Ítalo
Silva
2. PÁGINA 2 - MAIO DE 2011
A notícia que gera audiência na TV
Jornalismo policial se confunde com sensacionalismo e causa discussões entre especialistas
Banco
de
Imagens
A falta de opção e a guerra pela audiência
O jornalismo policial sensaciona-
lista no Brasil já protagonizou muitas
histórias de injustiça, calúnia e julga-
mento indevido e, por esses e outros
motivos, tem sido alvo de discussões
entre especialistas há décadas. Con-
siderado o carro-chefe de muitas
emissoras de televisão, teve seus
primeiros jornais na França, Ingla-
terra e Estados Unidos em meados
do século XVII. Naquela época,
o destaque a assuntos violentos
como crimes hediondos garantiam
a atenção do público.
De lá para cá, pouca coisa mudou.
Devido à grande concorrência, em es-
pecial na televisão, veículos de comu-
nicaçãoapostamemprogramassensa-
cionalistas, nos quais crimes diversos
são expostos de maneira exagerada
sob a euforia de seus apresentadores,
numa linguagem dirigida às classes C,
D e E. “Por serem exibidos no final
da tarde (por volta das 18 horas), du-
rante o chamado horário de rotação,
esses programas
têm a função de
elevar os índices
de audiência, de
‘alavancar’ a au-
diência para,
mais tarde, ‘pas-
sar o bastão’ para
os programas da faixa nobre, quando
a classe AB e a família chegam em
casa para ver televisão”, comenta a
professora Flávia Serralvo, pesqui-
sadora da área.
No Brasil, o sensacionalismo foi
transformado em um trunfo na corri-
dapelaaudiência,causandocontrovér-
sia junto à opinião pública. O uso de
imagensapelativas,arepetiçãoexausti-
va de uma notícia e o julgamento ante-
cipadodospossíveisréussãorecorren-
tes em coberturas sensacionalistas. Ao
longo de sua pesquisa, desenvolvida
entre 2004 e 2006, a professora verifi-
cou características que são peculiares
ao telejornalismo policial, tais como:
precariedade técnica; apresentadores
como representantes do modelo da
instância justiceira, porta-vozes dos
problemas vividos pela população;
coloquialismo e erros gramaticais;
maniqueísmo;preconceito,sarcasmoe
humor negro, mesmo quando se trata
de situações extremamente trágicas; o
risocomfinsdeconsoloeamenização;
presençadeelementosgrotescos;linha
editorial fundamentada no “quanto
pior, melhor”; suscitação do medo
no telespectador; hierarquização de
sujeitos: identificam-se apenas as au-
toridades e especialistas entrevistados,
enquantopessoascomunssãotratadas
como anônimos.
O soldado da Polícia Militar Dio-
go de Souza Martins vivenciou uma
história de conflito com o jornalis-
História do jornalismo policial
Jornalismo policial é um seg-
mento do jornalismo. Suas pri-
meiras coberturas ocorreram por
volta do século XIX em jornais
sensacionalistas da Inglaterra e dos
Estados Unidos. Por se tratar de
fatos criminais, judiciais e de segu-
rança pública e, muitas vezes, lidar
com criminosos, é considerada uma
especialização de alto risco para os
profissionais da área.
Porém, a cobertura policial
vem se expandindo ao longo dos
anos, e diversos profissionais do
jornalismo se interessam pelo seg-
mento. Para aqueles que querem
seguir essa carreira, é recomen-
dável a leitura do livro A sangue
frio, de Truman Capote. A obra da
década de 60 é considerada uma
das mais importantes da reporta-
gem policial.
Diogo Souza, Policial Militar do Estado de São Paulo
mo na véspera da
Páscoa, em 2008,
em uma perse-
guição a crimino-
sos no bairro do
Capão Redondo,
Zona Sul de São
Paulo. Martins relata que um crimino-
so, para distrair a atenção dos policiais,
atirou em um morador que passava
pela rua de bicicleta, carregando dois
ovos de Páscoa. Após o ocorrido, a
polícia foi socorrer a vítima baleada
e os criminosos fugiram do local. Foi
veiculado pela mídia que o morador
foibaleadopelapolíciainocentemente
na véspera da Páscoa. No dia seguinte,
houve protestos e manifestações de
moradores do bairro contra a polícia.
“Elesmostramapenasoquequerem”,
argumenta Martins.
O soldado da Polícia Militar José
Alves discorda de Martins. Para ele,
existem programas de jornalismo
policial que são verdadeiros, mostram
a realidade e o cotidiano da polícia e
são autorizados pelo Comando Geral
da Polícia Militar.
Para a professora Flávia, espe-
cialista no assunto, o jornalismo
investigativo pode ser útil, não só
ao interesse do poder público, mas
no que diz respeito à divulgação
de injustiças e fraudes de qualquer
esfera da sociedade.
Uma das contribuições mais sig-
nificativas do jornalismo policial,
além de participação da sociedade
em mobilizações e manifestações, é
também a resolução de casos que,
pressionados pela TV, são soluciona-
dos com rapidez, ou seja, o jornalismo
sensacionalista pode vir a influenciar a
populaçãoaser formadoradeopinião.
EDITORIAL
A presente edição do Cida-
dão está de cara nova. Tratam-se
de editorias novas que acompa-
nharam as necessidades do leitor
moderno em meio à sociedade
da informação. Nosso passeio
pela Zona Leste começa com a
editoria Urbano e uma verdadeira
radiografia do aumento da tarifa
na cidade de São Paulo.
Você acompanhará a evolução
do valor da tarifa ao longo dos
anos e entenderá as inúmeras
manifestações populares em tor-
no deste assunto. Outro tema em
destaque diz respeito à preser-
vação do Meio ambiente. A ideia é
compreender qual a condição dos
parques mais populares da Zona
Leste; a situação de iluminação,
segurança, conservação e limpeza
de cada um.
Para saber a localidade destes
parques, vias de acesso e as suas
principais formas de lazer e en-
tretenimento é possível recorrer
a página Infografando. Com todas
essas abordagens modernas, não
poderia faltar a editoria Ciência e
tecnologia.
Nela, você entende como a
tecnologia tem modificado os
hábitos de consumo do brasileiro
e ainda se previne de crimes vir-
tuais. A internet também é foco na
editoria Página midiática. Lá, o tea-
tro é democratizado por meio da
rede mundial, mas também é alvo
de polêmica no meio dramaturgo.
Para finalizar, acompanhe a
matéria sobre a Escola de Samba
Unidos de São Miguel na editoria
de Memória; e a matéria sobre jorna-
lismo sensacionalista na editoria De
olho na imprensa. Como todas essas
editoriasforamfeitascomdedicação
e empenho, só resta lhe desejar:
Boa leitura!
De cara nova
DE OLHO NA IMPRENSA
Elizabete Farias
Jennifer Muricy
Jessica Cardoso
Roseane Ferreira
Roseane
Ferreira
“Eles mostram
apenas o que querem.”
Professores-orientadores
Dirceu Roque de Sousa,
Flávia Serralvo e Regina Tavares.
Também participaram
desta edição os alunos:
Mariana Barbosa, Maurício
Noronha, Renata Pereira e
Sheila Procópio.
Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo
da Universidade Cruzeiro do Sul
Ano XII - Número 38 - Maio de 2011
Telefone para contato: (11) 2037-5706
Tiragem: 3 mil exemplares
Impressão: Jornal Última Hora (11) 4226-7272
Reitora
Profa
. Dra
. Sueli Cristina Marquesi
Pró-reitor de Graduação
Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral
Pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa
Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte
Pró-reitor de Extensão e
Assuntos Comunitários
Prof. Dr. Renato Padovese
Coordenador do
Curso de Jornalismo
Prof. Ms. Carlos Barros Monteiro
3. MAIO DE 2011 - PÁGINA 3
SP tem tarifa de ônibus mais cara do país
Reajuste de 11,11% afeta a vida de muitas pessoas e gera manifestações por toda a capital
Arquivo
LUTA - Cerca de 3,5 mil pessoas se dirigem ao Teatro Municipal de São Paulo em manifestação contra o aumento da tarifa; desde o reajuste, atos mobilizam a cidade com frequência
URBANO
Bruna Sales
Roseane Costa
Com o aumento da passagem de
ônibus, em vigor desde o dia 5 de
janeiro deste ano, a capital paulista
tem a tarifa mais cara do país. O
reajuste de 11,11% decretado pelo
prefeito Gilberto Kassab supera a in-
flação da cidade, que ficou em 5,83%,
segundo cálculo da Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas).
Agora, cada cidadão que precisar se
locomover pela cidade por meio do
transporte público, seja em função de
trabalho ou lazer, não pagará o valor
de R$2,70, e sim de R$3,00.
Este é o terceiro reajuste da tarifa
durante os dois mandatos de Kassab,
sendo a primeira em novembro de
2006, alterando o valor da passagem
de R$2,00 para R$2,30; a segunda
em janeiro de 2010, passando de
R$2,30 para R$2,70, e a última em
janeiro deste ano, aumentando para
R$3,00. De acordo com a Secretaria
de Transportes, o último reajuste
trará novos benefícios aos usuários
de transporte, tais como: a extensão
da validade do Bilhete Único de duas
para três horas e a renovação de 65%
da frota de ônibus, com a substituição
de 9,5 mil ônibus por veículos novos,
mais seguros e maiores.
A cidade de São Paulo ocupa a
primeira posição no ranking de tarifa
mais alta. Está à frente, inclusive, de
cidades como Florianópolis (R$2,80),
Campo Grande, Cuiabá (R$2,50) e
Rio de Janeiro (R$2,40). Este fato
vem mobilizando diversos movimen-
tos sociais, entre eles o MPL (Movi-
mento Passe Livre) que já realizou
dez manifestações com o objetivo de
barrar o aumento da tarifa. Segundo
a estudante Nina
Capello Marcon-
des, militante do
MPL, é funda-
mental que todos
tenham acesso ao
transporte públi-
co gratuitamente
para desfrutar
dos serviços bá-
sicos que ele oferece. “Uma vez que
o transporte coletivo é um direito de
todos, ele não pode ser pensado ou
entendido como fonte de lucro das
empresas, mas sim como uma neces-
sidade básica e diária da população”,
afirma Nina.
Segundo ela, o MPL defende
a transformação na lógica da mo-
bilidade urbana, com o objetivo
de impulsionar
ações que forta-
leçam a luta por
um “transporte
público de verda-
de”, gratuito e de
qualidade para a
população e fora
da iniciativa pri-
vada. Na década
de 90, Lucio Gregori, ex-secretário de
Transportes de São Paulo formulou
o primeiro projeto de gratuidade no
transporte coletivo, mas este não
entrou em vigor. Em seu terceiro ato,
o MPL se manifestou em frente a Câ-
mara Municipal de São Paulo e obte-
ve contato com o presidente da Casa,
José Police Neto. “As manifestações
cresceram, demonstramos que tem
muita gente disposta a mudar isso”,
conta Lucas Monteiro de Oliveira,
estudante e militante do MPL. Os
estudantes que compõem o MPL afir-
mam que este é um movimento social
autônomo e independente, contando
com o apoio de distritos como Capão
Redondo e Cidade Tiradentes e do
bairro M’Boi’Mirim. “Sempre relem-
bramos as vitórias conquistadas em
outras cidades, como Florianópolis
e Vitória, que através da mobilização
popular nas ruas, conseguiram barrar
o aumento das tarifas, mesmo depois
de consolidado”, afirma Oliveira.
“A maneira mais
impactante de atingir a
vida das pessoas é mexer
no bolso delas.”
O impacto do reajuste do transporte público
Dados governamentais indicam
que aproximadamente 39 milhões de
brasileiros não têm acesso aos meios
detransportecoletivo,devidotambém
ao alto valor das tarifas. Estudos do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística) revelam que o
transporte coletivo é o terceiro maior
gasto no orçamento de uma família,
ficandoatrásapenasdehabitaçãoeali-
mentação.“Essasinformaçõeseviden-
ciam que cada vez menos pessoas têm
acesso ao transporte coletivo e isso
vem reduzindo o espaço urbano no
qual podem mover-se e serem livres”,
afirma Nina Capello Marcondes.
Segundo o economista Marcus
Eduardo de Oliveira, todo aumento
da tarifa está diretamente ligado ao
ajustamento de preços. “É preciso co-
nheceraplanilhadecustosdaempresa
e verificar os motivos reais na hora de
se propor um aumento de valores”,
afirma o economista. Além disso, ele
dizseróbviooenvolvimentodeoutras
empresas no reajuste da tarifa. “Não
restam dúvidas de que ocorre uma
pressão das empresas beneficiárias
sobre a administração pública, ou seja,
sobre a Prefeitura”, afirma Oliveira.
O valor da tarifa de transporte
público vem desajustando a vida de
algumas pessoas. Nilton Sérgio Costa
Santos,segurançaemoradordeFerraz
deVasconcelos,municípiodeSãoPau-
lo, é uma delas. Diariamente ele utiliza
suabicicletaparachegaraolocaldetra-
balhoepedala15quilômetros.“Decidi
trabalhar de bicicleta para aumentar a
renda, a condução está muito cara, os
ônibus são lentos e lotados. No final
do mês, economizo R$ 184,00”, diz o
segurança, que abdicou do transporte
público há seis anos.
Santos não é a única pessoa a
reclamar do valor alto da tarifa. Segun-
do Antônio Ribeiro, cobrador de
ônibus e funcionário da empresa CS
Brasil há quatro anos, são inúmeras as
reclamações dentro dos transportes,
onde as pessoas demonstram indig-
nação tanto com as condições de uso,
como pelo valor da tarifa. “Elas falam
coisasdotipo‘Seupatrãovaificarrico,
hein?’ ou ‘Caramba, já aumentou de
novo?’ e ficam reclamando como se
a gente pudesse fazer alguma coisa”,
afirma Ribeiro. Ele diz ainda que não
há grandes melhoras nos veículos,
além da extensa carga horária. “Eu
trabalho 12 horas por dia. Saio de
casa 1h30, entro no primeiro ônibus
às 3h30, almoço às 12h00 e retorno
para casa às 14h30”, conta o cobrador.
De acordo com Oliveira, o im-
pacto do reajuste na vida das pessoas
pertencentesaclassesmenosfavoreci-
das é um fato consolidado no país. “A
maneira mais impactante de atingir a
vida das pessoas é mexendo no bolso
delas. A inflação é o câncer que devora
a capacidade da sociedade em adquirir
benseserviços”,afirmaoeconomista.
As principais regiões metropoli-
tanas da capital que tiveram reajuste
foram Guarulhos (de R$ 2,65 para R$
2,90),SantoAndré(deR$2,65paraR$
2,90),SãoCaetano(deR$2,30paraR$
2,75)eDiadema(R$2,50paraR$2,80).
ESPERA - Passageiros aguardam ônibus no Terminal Itaquera
Roseane
Costa
4. PÁGINA 4 - MAIO DE 2011
Parques sofrem com a falta de cuidados
O lixo dos usuários tira parte da beleza e do equilíbrio ambiental dos parques da Zona Leste
Karen
Neves
A população degrada a natureza jogando lixo, roupas e até um guarda-chuva na grama
Os parques urbanos têm a fina-
lidade de manter em conservação
um determinado perímetro de área
verde, contribuindo para a qualidade
do ambiente e podem ser uma boa al-
ternativa para a arborização da cidade.
O modelo dos parques urbanos serve
para a integração da comunidade que
reside em volta do parque, eles con-
tam com oficinas, playground, centro
de convivência e telecentros.
Embora todos os benefícios que
estes parques trazem à população,
muitas destas áreas verdes, que são
cercadas pela Prefeitura, estão aban-
donadas. Nestes locais, são encontra-
dos lixos ao pé das árvores e roupas
espalhadas pela grama. Muitas vezes,
moradores das proximidades contri-
buem para a depredação destas áreas.
“Já tive oportunidade de ver o cuida-
do de funcionários na coleta de lixo e
limpeza do Parque do Carmo. Somos
nós, que por maus hábitos, jogamos
uma latinha aqui e ali, quebramos
de galhos a torneiras. São agressões
silenciosas ao manto verde”, conta
Nil Dutra, operadora da loja Paulinas.
Em alguns parques também há
problemas com a segurança devido
ao vandalismo. O problema vai desde
lixeiras quebradas até o roubo das
torneiras dos banheiros. “Sempre
há casos de furtos das torneiras, já
foi colocada torneira de plástico na
tentativa de diminuir, mas não adian-
tou. A administradora do parque vai à
delegacia prestar queixa toda vez que
some alguma coisa do parque”, conta
a estagiária que trabalha no Parque
Chácara das Flores, Leandra Rossi.
Os parques estão em constante
manutenção, mas segundo os funcio-
nários dos parques há a necessidade
de maior contribuição dos moradores
da região. “Todos os dias a equipe faz
a limpeza. A vizinhança no entorno
melhorou na contribuição para
preservar o parque mas podem co-
Parque do Carmo: área verde exuberante de 1,5 milhão de m2
é destaque na Zona Leste
laborar mais, declara Tatiana Nunes,
encarregada da empresa que cuida da
limpeza do parque, composta por 14
funcionários.
Um bom exemplo de partici-
pação e ajuda ao meio ambiente
vem da artista plástica Luha. Ela é
frequentadora dos parques da Zona
Leste e em suas visitas recolhe folha-
gens, sementes, cascas de árvores e
gravetos caídos. Com estes materiais
ela desenvolve obras variadas, como
quadros, balaios, enfeites, colares
que chamam a atenção para a natu-
reza e sua preservação. Nas visitas ao
parque, uma coisa tem preocupado
a artista plástica: os visitantes não
MEIO AMBIENTE
Mirian Freitas
Thais Gonçalves
colaboram com a preservação do
parque. “Enquanto recolho algumas
folhas para transformar em arte, vejo
pessoas do meu lado jogando resí-
duos de suas refeições fora da lixeira.
A natureza nos dá beleza e ar puro,
nós vamos até seus espaços sagrados
e deixamos sujeira que leva muito
tempo para se decompor”, lamenta.
Luha ainda comenta sobre os
parques em que notou mais falta de
cuidado por parte da população. “Em
todos os parques há falta de respeito
ecológico devido a falta de cons-
cientização ambiental dos usuários.
Frequento muito mais o parque Eco-
lógico do Tietê. Mas notei diversidade
Ter contato com a natureza;
Curtir o ar livre;
Jogar bola;
Brincar com cachorro;
Andar de bicicleta, patins e skate;
Caminhar ou correr;
Ficar deitado na grama;
Assistir a shows e a peças teatrais;
Bater um papo debaixo de alguma árvore;
Fazer piquenique;
Fazer um churrasco com os amigos;
Descontrair um pouco, esquecer da vida;
Praticar esportes.
Plantas e flores não devem ser arrancadas;
Jogue o lixo nas lixeiras respeitando as divisões de
reciclagem: metal, papel, plástico e orgânico;
Evite perturbar e alimentar os animais;
Não faça inscrições em árvores;
Prefira o som das aves e do vento batendo nas folhas,
evite aparelhos sonoros;
Leve sacolas para jogar o seu lixo.
O que as pessoas gostam nos parques
Como conservar os parques
Boas dicas para o usuário
Anselmo Duarte
vegetal no Parque Chico Mendes e
Parque do Carmo, que proporcionam
tanto lazer e colírio verde”.
A UMAPAZ - Universidade
Aberta do Meio Ambiente e da
Cultura de Paz , é uma colaboradora
dos Núcleos Descentralizados da
Secretaria Municipal do Verde e do
Meio Ambiente e dos diretores de
parques em atividades de educação
ambiental. Ela oferece atividades
de sensibilização das pessoas para o
meio ambiente e o convívio de uma
forma geral, como o tai-chi, as danças
circulares, a contação de histórias, por
exemplo. Além de realizar atividades
de educação ambiental nos parques,
são oferecidos cursos e programas em
locais adequados para que se expanda
na cidade a consciência de que todos
fazem parte da saúde ambiental e
social e precisamos cuidar do espaço
público e das relações estabelecidas.
“Compreendendo que faz parte da
comunidade, da vida e o sentido da
cidadania, o cidadão morador ou vi-
sitante da cidade e frequentador dos
parques participará ativamente do cui-
dadodesseespaçopúblico.Oexemplo
pessoal é a melhor forma de expandir
comportamentos que preservam o
ambiente e as relações”, reponde a
diretora da UMAPAZ, Rose Marie
Inojosa, quando questionada sobre
como os frequentadores dos parques
podem contribuir para a preservação
e equilíbrio ecológico das áreas verdes.
Parque do Carmo
Localizado na avenida Afonso de
Sampaio e Souza, 951, em Itaquera,
foi inaugurado pelo prefeito Gilberto
Kassab em 2000. Um dos destaques
do parque é um monumento para
comemorar o Centenário da Imigra-
ção Japonesa idealizado pelo escultor
Kota Kinutani, que forma um jardim
com sete pedras. No centro da obra,
há uma pedra vermelha, representan-
do o “País do Sol Nascente”. A área
total do parque é de 1,5 milhão de m².
Chácara das Flores
Com 41.737, 54m², o parque
localizado na estrada Dom João
Nery, 3.551, no Itaim Paulista, possui
diversidade de aves, como sanhaçus,
sabiás, canário-sapé, cambacicas, piá-
cobra, gavião-peneira, joãoteneném,
relógio e a espécie de primata sagui-
de-tufo-branco. Outras opções de
lazer são o galpão coberto para jogos,
quadra poliesportiva, playground,
deck para contemplação e pátio de
descanso, trilhas, pista de cooper e
caminhada e aparelhos de ginástica.
O parque existe desde 2002.
Italo
Silva
5. MAIO DE 2011 - PÁGINA 5
INFOGRAFANDO
Parques oferecem lazer e saúde
Paulistanos têm como opção exercitar-se em áreas verdes da região
Texto: Laerte Conde
Tabelas: Mariana Tavares
Rodovia Airton Senna, km 17, sentido Rio de Janeiro
Parque do Tietê
Histórico
Inaugurado em 1972, o Parque Ecológico do Tietê possui hoje uma área de
14 milhões de m2
. Fica localizado nas margens da rodovia Ayrton Senna,
sentido SP/Rio, altura do km 15,5.
Atividades e lazer
Campos de futebol, quadras poliesportivas, ciclovias, pista de bicicross,
raia de atletismo, passeios de pedalinho, trilha, piscinas e playgrounds.
Visitação: de segunda-feira a domingo, das 8 às 17 horas.
Vias de acesso
Transporte público
2735-10- JD keralux
Ônibus/Linha Destino
Descer em frente ao parque
Automóvel ou excursões
Ingrid
Campos
Ingrid
Campos
Gisele
Martins
Fabiola
Ferreira
Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores e Av. Prof. João Batista Conti
Parque Raul Seixas
Histórico
Inaugurado em 21 de outubro de 1989 e remanescente da
fazenda da família Lorgati, o parque fica na rua Murmúrios da
Tarde, no bairro José Bonifácio. Possui uma área de 33 mil m2
.
Atividades e lazer
Quadras poliesportivas, quiosques, paraciclo, sanitários,
aparelhos de ginástica, lago, nascente, quadra de bocha e
playgrounds, Casa de Cultura. Visitação: das 6 às 18 horas.
Vias de acesso
Transporte público
3742-10 Jardim Laranjeira
Ônibus/Linha Destino
Descer em frente ao parque
Automóvel ou excursões
Av. Salim Farah Maluf, Av. Pires do Rio
Parque Chico Mendes
Histórico
Inaugurado em 1989, o Parque Chico Mendes possui hoje
uma área de 61,6 mil m2
. Localiza-se na rua Cembira, Vila
Curuçá, Zona Leste da cidade de São Paulo.
Atividades e lazer
Playground, pista de cooper, lago, trilhas, córregos, nascente,
churrasqueiras, coreto, viveiro de aves, Casa de Cultura e Centro
de Convivência. Visitação: segunda a domingo, das 7 às 18 horas.
Vias de acesso
Transporte público
Vila Matilde 273-N
Ônibus/Linha Destino
Descer em frente ao parque
Automóvel ou excursões
R. Dr. Luís Aires - Av. Marginal Tietê
Parque do Piqueri
Histórico
Com uma área de 97,2 mil m2
, o Parque do Piqueri localiza-se
na rua Tuiuti, no bairro do Tatuapé. Foi fundado em 1927
pelo conde Francisco Matarazzo.
Atividades e lazer
Bicicletário, pista de cooper, campos de bocha oficial, futebol
de areia, malha oficial, quadra de vôlei de areia, quadras
poliesportivas, aparelhos de ginástica e playgrounds.
Vias de acesso
Transporte público
3301-10 - Terminal São Miguel
Ônibus/Linha Destino
Parada próximo ao parque
Automóvel ou excursões
Av. Afonso de Sampaio E Sousa
Parque do Carmo
Histórico
Inaugurado em 1976, o Parque do Carmo possui uma área superior a 1,5
milhão de m2
. Fica localizado na avenida Afonso de Sampaio e Souza,
951, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.
Atividades e lazer
Anfiteatro,palcoparashows,bicicletário,churrasqueiras,quiosques,lanchonete,
aparelhos de ginástica, campo de futebol, ciclovia, mesas para jogos, pista de
cooper e playgrounds. Visitas: diariamente, das 6 às 18 horas.
Vias de acesso
Transporte público
3789-10 direção a Cid. Tiradentes
Ônibus/Linha Destino
Descer em frente ao parque
Automóvel ou excursões
Paula
Gonçalves
Ranking extensão territorial
Posição Área em m2
Parque
1° lugar
2° lugar
3° lugar
4° lugar
5° lugar
Tietê
Carmo
Piqueri
Chico Mendes
Raul Seixas
14 milhões
1,5 milhão
97,2 mil
61,6 mil
33 mil
Ainda que a vida do paulistano
seja extremamente corrida, cheia de
pressões no trabalho e dissabores; na
terra da garoa não se abre mão do pra-
zer de estar com a família e os amigos.
Para a maioria, os finais de semana são
sagrados, pois é o momento de relaxar
e se divertir, seja numa pelada, fa-
zendoumpi-
queniqueou,
pasmem, fa-
zendo ativi-
dades físicas
para colocar
a saúde em
dia. É co-
mum, nos
finais de sema-
na, notar pessoas
de todas as idades
praticando ativida-
des das mais diversas
nos parques municipais,
que se tornam verdadei-
ras academias.
A assiduidade desses
atletas anônimos é tão
grande que vários par-
ques já disponibilizam
equipamentos seme-
lhantesaosdaacademiaparasatisfazer
e atrair esse público, além das pistas de
corrida e das ciclovias. Cada parque
com uma administração própria e
subsidiada pela prefeitura temsepreo-
cupado em oferecer conforto, segu-
rança e muitas novidades nas áreas de
culturaelazer.SomentenaZonaLeste
deSão Paulo temosaproximadamente
21 parques municipais, alguns mais
estruturados e outros menos. Mas,
todos eles são muito frequentados nos
finais de semana. Confira nesta página
alguns parques da sua região.
6. PÁGINA 6 - MAIO DE 2011
Tecnologia muda consumo do brasileiro
Compras virtuais competem com mercado tradicional conforme avanço da tecnologia no país
Banco
de
Imagens
Modelos de compra pela internet conquistam consumidor brasileiro
Pesquisas recentes apontam que
o comércio eletrônico teve alta de
27,4% no país. Os consumidores
adquirem desde livros, CDs, DVDs,
eletrodomésticos a viagens e pacotes
em spas. “Cada vez mais o brasileiro
está adaptado à compra na inter-
net, porém ainda há resistência em
relação a produtos da linha branca
(eletrodomésticos)”, afirma o econo-
mista Guilherme Medeiros.
Nas últimas décadas, pelo menos
três modelos de compra via inter-
net surpreenderam o consumidor
brasileiro. Algumas empresas aliam
lojas físicas também à venda de seus
produtos em grandes portais; outras
apostam em um modelo unicamente
virtual; outras ainda utilizam um mo-
delo de vendas que vem ganhando
maior destaque no mercado online,
chegando a ter descontos de até
90%: as compras
coletivas. Um nú-
mero mínimo de
compradores é
pré-estabelecido,
lança-se uma
oferta e a venda
do produto só
é concretizada
se o número de
consumidores
for atingido.
O grupo pio-
neiro desse pro-
jeto no Brasil é
o Peixe Urbano,
que surgiu no início de 2010 com o
objetivodedesenvolverummodelode
negócios “ganha-ganha”, que alavan-
casse o poder de mobilização da inter-
net para trazer benefícios à sociedade,
Usuários devem ter cuidados com e-mails
colocando em
contato os me-
lhores prestado-
res de serviços de
cada cidade e um
número grande
de consumidores
interessados em
conhecer novos
estabelecimentos
perto de suas re-
sidências. “Um
dos fatores do
grande sucesso
das compras co-
letivas tem a ver com as características
do consumidor brasileiro de utilizar
bastante a internet, as redes sociais, de
compartilhar novidades rapidamente,
e de sair. Isso faz com que tudo se
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Andressa Moura
Felipe Leandro
espalhe muito rápido”, afirma Leticia
Leite, diretora do Peixe Urbano.
Além do comodismo que as lojas
virtuais oferecem, preços inusitados e
produtosqueemlojasfísicasnãoestão
a venda, muitas também eliminam a
cobrança de frete, o que chama a aten-
ção do consumidor. “Normalmente,
antes de finalizar qualquer compra,
pesquiso nos sites e quase sempre
eles têm alguma vantagem que a loja
física não tem, e acabo finalizando a
compra virtualmente mesmo”, conta
ClaudomiroSilva,mecânicoindustrial.
Entre as desvantagens em adqui-
rir produtos pela internet apontadas
pelos consumidores, estão as preocu-
pações em receber o que corretamen-
te foi comprado e, em alguns casos,
não ter o direito de troca.
Embora uma das maiores agên-
cias de viagens online do país afirme
que “todos os seus consultores são
aptos a fazer o que for necessário
para contornar a situação para o
bem maior dos clientes”, grande
parte dos consumidores reclama
quanto à prestação de serviço
quando erros acontecem. “Em caso
de desistência da compra, é muita
dor de cabeça e raramente tudo dá
certo, desde a devolução, troca, até o
estorno do pagamento”, diz Matheus
Medola, designer gráfico.
Seguindo as novas estatísticas so-
bre o comércio eletrônico, especialis-
tas acreditam que nos próximos anos
o mercado ainda podeser palco deum
número ainda maior de novos produ-
tos e modelos de negócios. “A internet
Banco
de
Imagens
Número de crimes virtuais cresce no país
Confira algumas dicas do Idec
(Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor) para se proteger na
hora das compras virtuais:
Além do e-mail, verifique se
a loja oferece outros meios (tele-
fone, endereço) para que possa
encontrá-la caso aconteça algum
problema. As administradoras de
cartão de crédito também podem
ajudar na localização da empresa.
Imprima todos os procedi-
mentos realizados para a compra,
assim como a confirmação do
pedido, que muitas vezes é enviada
por e-mail. Se possível, também
solicite à empresa um fax ou uma
confirmação por escrito de que a
aquisição foi feita.
Evite pagar antecipadamen-
te pela encomenda.
Cuidado com promoções.
Lembre-se que muitas vezes ao
preço do produto ainda será soma-
do o valor de sua postagem (frete).
Ao comprar num site es-
trangeiro, não deixe de verificar
as taxas de importação e o valor
do frete. Procure saber também
se a empresa tem representantes
no Brasil.
Dicas para
sua proteção
“A internet é muito
ampla, nela você pode
vender qualquer coisa e
com isso as pessoas vão
criando novas ferramentas
que cada vez
mais acostumam usar.”
Guilherme Medeiros
Adriano Alves
Acompanhando a tendência de
evolução da tecnologia, os criminosos
também adotaram novas formas para
atingir objetivos ilícitos, por meio dos
chamados crimes cibernéticos. Esse
tipo de crime é cometido por meios
tecnológicos, e atualmente atingem
grande parte da população brasileira,
que é 5ª no ranking mundial com
mais conexões de internet. Segundo
estudo do instituto Nielsen Online, de
outubro de 2009 a outubro de 2010,
o número de usuários ativos cresceu
13,2%, o que representa 41,7 milhões
de pessoas. Ainda de acordo com
estatísticas do Cert.br, em 10 anos
o número de incidentes registrados
pulou de 99,3 mil para 328,3 mil.
Neste contexto, os criminosos
ganharam novas ferramentas para
se aproveitar da inexperiência de
muitos usuários da internet, como
explica o delegado Higor Vinicius
NogueiraJorge,especialistaemcrimes
cibernéticos e professor de análise
de inteligência da Acadepol. “Temos
visto muitos casos de criminosos que
utilizam programas de spam, ou seja,
que enviam e-mails em massa que
geralmente possuem como anexos
programas maliciosos ou contendo
links que direcionam o usuário a um
site que tenha algum programa com
esta finalidade. Este tipo de programa
podeserumkeylogger,queregistratodas
asteclasdigitadas,tambémpodeserum
trojan horse, que permite a utilização do
computadordavítimadeformaremota
e a inclusão de diversos tipos de vírus
que produzem danos ao computador
davítima.Boapartedasinvasõestema
finalidade de obter informações confi-
denciais da vítima, como por exemplo,
dados do cartão de crédito, da conta e
senhas”, explica Jorge.
Os crimes virtuais ainda podem
ser classificados como exclusivamen-
te cibernéticos, quando praticados
somente na web, ou abertos, quando
há a possibilidade de acontecer
também em âmbito real, como a
pedofilia, por exemplo.
O internauta Eduardo Fonseca já
foi vítima de worms (mensagens que,
quando clicadas, se espalham por to-
dososcontatos)peloMSN(programa
que permite conversa entre usuários
em tempo real). “Cliquei sem querer
e meu MSN chamava conversas com
mensagens para clicar no link. Avisei o
máximo de amigos que pude”, conta.
Esses são os crimes exclusivamente
cibernéticos. Nogueira destaca que a
difusãodessescrimesémuitocomum,
principalmente pela inserção de fotos
e alguns vídeos em sites. Ele diz que
essas situações geralmente são resol-
vidas e os autores presos e indiciados.
“Recentemente tivemos a oportuni-
dade de participar de investigações
relacionadas à difusão de vídeos com
pornografiainfantilno Youtube,cujos
autores foram devidamente identifica-
dos. Para evitar essa situação, indico o
diálogo franco e aberto, além da mo-
nitoração das atividades dos filhos”,
afirma o delegado.
A outra classificação de crimes
cibernéticos são as ações atípicas que
são aquelas que causam transtorno
ao usuário, como a disseminação de
um vírus pela rede. Estas ações não
são consideradas criminosas, o que
acaba atrapalhando a ação da polícia,
deixando-a de mãos atadas.
Algumas atitudes devem ser to-
madas quando uma pessoa perceber
que foi vítima desses tipos de crime.
Bruno Aguiar, criador do blog “cri-
mesciberneticos.com”, diz o que deve
ser feito. “Se a ameaça realmente se
concretizou, se você foi vítima de um
crime, sugiro procurar os meios legais
convencionais, registrar um boletim
de ocorrência na delegacia, procurar o
banco se for fraude bancária e reunir
o maior número possível de provas
salvando todos os arquivos que tiver
sobre o crime. Caso seja para fazer
denúncia, pode fazer para o Minis-
tério Público Federal”, aconselha. É
importante ressaltar que todas as uni-
dades da polícia civil e polícia federal
atendem a esse tipo de ocorrência.
A polícia civil destaca que umas das
dificuldades de se investigar esses
crimes é a demora dos provedores de
internet e de serviços de informação
em fornecerem os dados que interes-
sam à investigação. Outro empecilho
encontrado pelas autoridades é o fato
de muitas lan houses não registrarem as
pessoas que acessam a internet nos
estabelecimentos, mesmo existindo
uma lei que as obriguem a isso.
“Acredito que existam dois pro-
blemas para serem abordados sobre
esta questão. O primeiro é que
algumas atividades nocivas contra
usuários de internet devem ser crimi-
nalizadas para que se iniba a prática
das mesmas. A outra, é que muitas
vezes os integrantes do Judiciário,
do Ministério Público e de órgãos da
segurança pública não estão adequa-
damente preparados para lidar com
a persecução de crimes cibernéticos.
Neste sentido, defendemos a aprova-
ção da lei sobre crimes de informática
(Lei Azeredo) e esperamos que haja
um melhor investimento na prepa-
ração de todos os funcionários que
tenham contato com crimes virtuais,”
finaliza Jorge.
é muito ampla, nela você pode vender
qualquer coisa e com isso as pessoas
vão criando novas ferramentas que
cada vez mais as pessoas acostumam
usar. E com isso a economia gira
trazendo coisas melhores para quem
acessa a internet e assim fidelizando
o cliente”, conclui Medeiros.
7. MAIO DE 2011 - PÁGINA 7
PÁGINA MIDIÁTICA
Agora, o teatro pode ser visto em casa
Dividindo opiniões, um novo projeto chega para inovar e questionar o atual quadro cultural do Brasil
Nathalia Alves
Sandra Mesquita
Peças teatrais disponibilizadas via
internet têm provocado uma revolu-
ção no mundo cultural. No ar, desde
março de 2010, o Teatro em Casa é
um projeto que está surpreendendo
o mercado cultural e tem divido
opiniões entre atores, produtores e
espectadores.
Os espetáculos são disponibiliza-
dos em alta definição via internet após
a aquisição de ingressos virtuais. Os
valores variam de R$10,00 a R$40,00
e são aceitas diversas formas de paga-
mento, tais como: cartões de crédito,
débito,transferência bancária eboleto.
Quem compra os créditos virtuais
tem acesso à peça durante as 24 horas
seguintes à aquisição dos ingressos,
podendo ver o espetáculo quantas
vezes desejar durante esse período.
Emumpaísondeasdesigualdades
não se dão apenas no campo social e
econômico, mas também no cultural,
muitos são os fatores que despertam
interesse nesse tipo de iniciativa.
Milhares de pessoas nunca foram a
um teatro e, segundo o Ministério da
Cultura, aproximadamente 95% da
população brasileira não têm acesso
a atrações desse tipo. Os principais
motivos que geram o afastamento
entre a população e o teatro estão re-
lacionados à distância e à classe social.
DadosdoIBGEde2006mostram
que apenas 21% dos municípios bra-
sileiros têm teatro ou salas de espetá-
culo, sendo mais
da metade loca-
lizada na região
sudeste. Além
dessas dificulda-
des, para assistir
uma produção ao
vivo,oespectador
pode pagar até
R$80,00.
A nova opção entrou no ar
na data em que é comemorado o
Dia Internacional do Teatro (27 de
março). Com um investimento de
R$10 milhões, a proposta principal
é incentivar a cultura e a arte, além
de promover a inclusão sociocultural
e criar o primeiro acervo digital de
teatro do Brasil.
As peças são gravadas com plateia
eosequipamentosutilizadossãoespe-
cíficospara não atrapalhar o desempe-
nho dos atores. As captações das ima-
gens ocorrem em São Paulo e no Rio
de Janeiro, entretanto, Santa Catarina
também já foi palco de gravação. As
equipes variam conforme a produção
Bastidores de gravação de um dos espetáculos sendo realizada por empresa especializada
teatral. “Podemos gravar com até 12
câmerasprofissionais.Quantomaiora
produção, maior o número de pessoas
envolvidas”, informa Jefferson Casti-
lhos,produtordaempresaresponsável
pela veiculação
das peças teatrais.
Apesar da
inquietação no
meio teatral,
Márcio Santos,
gerente de pro-
jetos da compa-
nhia, garante que
o objetivo não é
desestimular a ida das pessoas ao
teatro: “Não queremos dividir, muito
menos extinguir a sensação de se
vivenciar uma apresentação ao vivo,
muito pelo contrário, temos ciência
de que isso é impossível e inigualável.”
Santos também ressalta a importância
delevaressesespetáculosalémdoeixo
Rio-São Paulo. Ainda segundo ele, no
início, o projeto causou estranheza e
desconfiança. Convencer os atores e
produtores de que o objetivo não era
tirar o público do teatro foi um dos
principais desafios.
Há os que aprovam a iniciativa e
os que discordam. A advogada Bian-
ca Coutinho, que vai ao teatro com
regularidade, diz que experimentou a
nova opção por indicação, e além de
aprovar, recomenda. “É válido pelo
conforto e comodidade”. A advoga-
da conclui ressaltando que apesar de
recomendar, não abre mão de assistir
o espetáculo ao vivo.
Já a dentista Denise Garcia, que
abandonouaprofissãoporamoraotea-
tro, mesmo não tendo assistido a uma
apresentação on line, rejeita o projeto:
“Não concordo. Teatro é vida ao vivo,
é a plateia ali presente, é o abrir da cor-
tina, é a adrenalina, a emoção passada
ali na sua frente, é o erro sem cortes, é
o pulsar único”, enfatiza a atriz.
O produtor teatral Marcelo Go-
mes compartilha do mesmo pensa-
mento que Denise Garcia, enquanto
o ator, comediante e co-produtor
Nelson Freitas, um dos protagonistas
do Programa Zorra Total, aprova o
novo método.
Para Gomes, a gravação não dá
certo, desestimula a ida das pessoas ao
teatro. Freitas defende outra ideia. “É
privilégio de poucos a ida ao teatro.
Além dos ingressos serem caros para
sustentar as produções, o número
de salas está cada
vez menor. Não
acredito que te-
nha influência no
resultado final,
pois quem prefe-
re a magia do tea-
tro, vai continuar
a frequentá-lo”.
Ele ainda ressalta
o fato de proporcionar acesso à cultu-
ra para um número maior de pessoas.
Há também quem aponte o lado
positivo e o negativo. Elisa Carneiro,
atriz, afirma que ao mesmo tempo
em que serve como forma de divul-
gação, traz um risco para os artistas.
“Ao se transmitir a peça na íntegra,
se torna muito mais cômodo vê-la na
internet a se deslocar para um teatro.
E vamos combinar, brasileiro adora
uma comodidade”, observa Elisa.
Lucas de Francesco, também
ator, concorda com Elisa. Completa
afirmando que não teria problema
em atuar sendo gravado, apesar de
contrapor que não seria mais teatro,
54 % dos teatros estão concen-
trados nos Estados de São Paulo,
Rio de Janeiro e Minais Gerais
(Funarte, 2009).
Apenas 21,2% dos municípios
brasileiros têm teatros e/ou salas de
espetáculo (IBGE/Munic, 2006).
98,7% dos consumidores têm
práticas culturais em seu domícilio,
enquanto apenas 40,6% têm práticas
culturais externas (Datafolha, 2008).
Os ingressos de cinema são
considerados baratos quando com-
parados aos do teatro por 41% dos
Atual quadro cultural do Brasil
entrevistados (Datafolha, 2008).
Enquanto 68% e 40% dos entre-
vistados frequentaram, respectiva-
mente, cinemas e shows nos últimos
90 dias, apenas 25% frequentaram
teatros (Quantinet, 2010).
84% afirmaram que vão ao teatro
menos que gostariam (Quantinet,
2010).
Os principais motivos identifi-
cados para a baixa frequência ao
teatro são os preços altos, falta de
acesso a bons espetáculos, distância
e falta de tempo (Quantinet, 2010).
Quantidade de teatros no
Brasil por regiões
São 1.249 teatros divididos
nas 5 regiões do país, sendo:
Fonte: CTAC (Centro Técnico de Artes Cênicas, Funarte)
Aline
Maciel
/
Jaqueline
Bonfim
Fabiana
Chagas
/
Tamires
Freitas
e sim TV ou cinema. “Teatro é pre-
sença. Se não tem público, não tem
teatro”, finaliza Francesco.
A empresa transmissora fez
acordo com as companhias teatrais.
Caso desejem, as
mesmas poderão
vetar a veiculação
de suas peças nas
cidades ou Esta-
dos onde estão
em cartaz. “Fica a
critério das com-
panhias bloquea-
rem ou não o
acesso no Estado onde estejam se
apresentando,assimasprodutoraseos
atores não se sentiriam lesados quanto
ao esvaziamento dos salas”, explica a
produtora Mônica de Francesco.
Somente no Brasil, já são 41,7 mi-
lhões de internautas, o que favorece
a disseminação dessa nova proposta.
Fernanda Pires, fotógrafa e jornalista,
assistiu pela primeira vez a uma apre-
sentação teatral on line. A nova usuária
relatou sua experiência: “Há uma
grande facilidade na aquisição dos
ingressos e uma variedade enorme de
gêneros. Quanto ao fato de assistir em
casa ou no teatro, atores são atores,
seja aonde for”, conclui Pires.
Divulgação
“Além dos ingressos
serem caros, o número
de salas está
cada vez menor.”
“Teatro é
presença. Se não
tem público,
não tem teatro.”
“Não queremos dividir,
muito menos extinguir a
sensação de se vivenciar uma
apresentação ao vivo.”
8. PÁGINA 8 - MAIO DE 2011
Olha a Unidos de São Miguel aí, gente
Cidadão traz à tona a história de uma das mais tradicionais escolas de samba da Zona Leste
Luma
Carla
Da dir. para esq. Dárcio, Maria de Lourdes, Sínthia e componentes da Unidos de São Miguel segurando a bandeira
Ao final de cada partida de fute-
bol, jogadores amadores se reuniam
para a comemoração de mais um
jogo com animadas rodas de samba.
Foi assim que a GRCES (Grêmio
Recreativo Cultural e Escola de Sam-
ba), mais conhecida como Unidos de
São Miguel, nasceu em 25 de junho
de 1977. Uma escola de samba loca-
lizada na Vila Curuçá, no bairro de
São Miguel. A escola leva o nome do
próprio bairro e tem como símbolo
maior a igreja de São Miguel Paulista.
Após anos de desfile, mesmo
com pouca estrutura, a Unidos de
São Miguel chegou ao grupo de
maior destaque no Carnaval, o grupo
especial, em 1994. Depois disso, a
escola entrou em decadência, che-
gando ao grupo IV, que é o último,
e hoje desfila pelo grupo II, tendo
como principal objetivo o acesso ao
grupo especial.
Apesar de o bairro ter muito or-
gulho da escola de samba, existe pou-
co envolvimento
entre os dois, a
escola não possui
estruturas para
elaboração das
fantasias e realiza-
ção dos ensaios,
sendo obrigada
a ensaiar debaixo
do viaduto Jacu
Pêssego. Cerca de
700 pessoas parti-
ciparam do desfile desse ano. A renda
estabelecida pela prefeitura foi de R$
60 mil, insuficiente para a realização
dos preparativos.
“Eu acho que São Miguel deve-
ria dar mais apoio, quando vamos
para a avenida
levamos o nome
do bairro e o
símbolo maior,
que é a igreja de
São Miguel. Não
temos ajuda da
população nem
do comércio,
as pessoas não
vêem o sacrifício
que uma escola de samba tem, é com-
plicado, mas fazer o que, né? Então,
a gente vai levando na raça”, lamenta
Maria de Lourdes da Silva, diretora
da Unidos de São Miguel.
Mesmo com pouca ajuda da
MEMÓRIA
Bruna Amorim
Jéssica Arena
Rômulo Magalhães
subprefeitura, a escola de samba
ainda tinha um envolvimento com
a comunidade num trabalho social,
onde dava apoio aos analfabetos que
desfilavam pela escola, ensinando-
os a ler e escrever. “A gente doava
materiais, montamos salas de aula,
biblioteca e quem era o professor?
Era eu”, diz o destaque principal da
escola de samba, Dárcio Regis.
Além dos gastos, a escola não
tem ajuda de colaboradores e a
subprefeitura não fornece espaço
para meios de divulgação. Apesar
de todas as dificuldades sofridas pela
escola, seus membros continuam de-
dicando seu tempo para a conquista
As raízes e influências do Carnaval
Caroline Féria
Acomemoraçãocarnavalescaapa-
rece no Brasil com os portugueses, no
século XVII, com influência de festas
carnavalescas que aconteciam na Eu-
ropa. As realizadas no Brasil eram em
forma de brincadeira, ora alegre, ora
violenta, recebendo o nome de en-
trudo (veja box), as pessoas atiravam
objetos agressivos umas nas outras.
Com o passar do tempo, o Car-
naval do Rio de Janeiro começa a se
inovar, sendo realizado em 1840 o
primeiro baile. Em 1846, surge o Zé
Pereira, um grupo de folia de rua com
bumbos e tambores.
Mais adiante, aparecem os cor-
dões, as sociedades carnavalescas, os
blocos, os ranchos e os corsos, que
se tornaram populares no início do
século XX. As pessoas se fantasia-
vam e decoravam seus carros, fazen-
do grupos para desfilar nas ruas das
cidades, dando origem aos carros
alegóricos existentes até hoje, sen-
do assim todos esses movimentos
abrem portas em 1929 à fundação
da primeira escola de samba, Deixa
Falar, no bairro carioca do Estácio.
Meu canto está no ar
Pra encantar de novo
Vai meu samba, meu tesouro
É melodia na boca do povo
Olha São Miguel aí
Estou feliz, de bem com a vida
Vem por cima da canção, seduzir a
avenida
Tem cantigas de ninar, vem ser
criança
Deixa o sonho te levar
Na escola, em forma de lição
No passeio
Canta que faz bem ao coração
Eu sou cantor, sou o tenor
E o meu show é no chuveiro
Karaokê sou nota 100
Eu solto a voz e não tem
pra ninguém
Cantam, apaixonados,
enamorados em sedução
Cantam, embriagados,
desesperados, na solidão
Canta o índio, na tribo do Pajé
E na religiosidade, adoração e fé
Na arquibancada,
pra fazer o campeão
E no canto pelo seu direito,
canta forte o cidadão.
Samba enredo 2011
“Quem canta, todos
os males espanta”
O Carnaval brasileiro é des-
cendente do “entrudo” por-
tuguês. O dicionário diz que
entrudar significa molhar com
água, empoar de goma ou talcos,
fazer peça. E a farra era esta
mesmo. No século 17, os foliões
se armavam de baldes e latas
cheias de água. E todos acabavam
molhados. Até Dom Pedro II se
divertia jogando água nos nobres.
Acontecia aqui antes do início da
Quaresma e durava três dias, do
domingo até a terça-feira gorda.
Com o passar dos anos, a
brincadeira foi ficando mais
agressiva. As pessoas jogavam
água suja, farinha e talco, lambu-
zando as roupas dos brincalhões.
Limões, laranjas e ovos eram ati-
rados em quem estivesse na rua.
Logo, surgiu uma lei proi-
bindo o entrudo em diversas
regiões. Em 1854, um chefe de
polícia do Rio de Janeiro deter-
minou que a partir daquela data
o entrudo tinha de “ser seco para
não estragar as roupas mais cus-
tosas e cuidadas e não provocar
desordens e confusão”. O entru-
do a seco, então, se transformou
no Carnaval.
O que é o
entrudo?
Chegando o fim do século XIX,
com cantos e danças feitas ao ritmo
de percussão e ao som de bandas, é
a partir de 1899, com o surgimento
do abre-alas, da maestrina Chiquinha
Gonzaga, que a folia é animada por
composições elaboradas para ela:
marcha-rancho, o samba, a marchi-
nha, a batucada e o samba-enredo,
no Rio de Janeiro; o frevo, de rua ou
de salão, em Pernambucano.
A escola Deixa Falar foi criada
pelo sambista Ismael Silva. Após al-
guns anos, a escola passa a se chamar
Estácio de Sá e é nesse momento que
o Carnaval começa a ganhar um novo
formato, surgindo novas escolas de
samba no Rio de Janeiro e em São
Paulo. Desencadeando assim, os
primeiros campeonatos, organizados
em ligas, para saber qual escola de
samba era mais bonita e animada.
No Brasil, o Carnaval é democrá-
tico. Enquanto no Rio de Janeiro e
São Paulo, os destaques são os bailes
de salão e os desfiles das escolas de
samba, em Salvador, há o predomínio
do som de trios elétricos e blocos
afro-brasileiros de afoxé. Em Per-
nambuco, a festa fica por conta dos
blocos de frevo e maracatu. Isso para
citar apenas alguns exemplos por este
extenso território da alegria, que é o
Brasil durante o Carnaval.
Bonecos de Olinda levando humor e descontração para todos no Carnaval em Pernambuco
“Eu sou Unidos de São
Miguel, sou destaque de
grandes escolas, mas
minha paixão pela
Unidos fala mais alto.”
Divulgação
de novos títulos.
“Eu sou Unidos de São Miguel,
eu nasci e me criei dentro de São
Miguel, desde meus quatro anos de
idade sou da Unidos, eu sou destaque
de grandes escolas, mas a minha pai-
xão pela Unidos de São Miguel fala
mais alto”, diz Regis.
Neste ano, a escola foi para a
avenida com o enredo “Quem canta,
todos os males espanta”. Os diretores
da escola esperavam ter bom de-
sempenho no desfile para que poder
desfilar pelo grupo I em 2012.
Maria de Lourdes se emociona
ao dizer que sua mãe é uma das
fundadoras da escola e, mesmo com
tantos problemas, passa o dia inteiro
costurando as fantasias para ver tudo
na avenida, cheio de brilho e energia.
“Agora, eu pergunto, vale a pena tudo
isso? Não tenho a mínima dúvida,
ninguém consegue explicar qual é a
emoção de tudo isso”, conclui.