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“As ‘diferenças’ são produzidas na cultura escolar,
emaranhada em uma rede de relações de poder e de
discursos que constituem o modo como olhamos,
dizemos, descrevemos, avaliamos, agimos.” (p. 65)
✴ Um significado não existe em si, mas passa a existir
quando enunciado em um discurso.
✴ Produzimos sujeitos e coisas com o discurso.
✴ Como ocorrem os processos de subjetivação e
diferenciação?
✴ Como olhamos para as diferenças relacionadas à
não-aprendizagem?
AFIRMAÇÕES E INTERROGAÇÕES:
DOIS “EXEMPLOS” DE “NÃO-
APRENDIZAGEM” (p. 66):
✴ Situação A
✴ Situação B
Estabelecer lugares, definir
posições para cada sujeito
Classificações, rotulações, normalizações
NORMALIZAR: eleger arbitrariamente uma identidade
específica como parâmetro em relação à qual as outras
identidades são avaliadas e hierarquizadas.
SILVA (2000), SKLIAR (1999), VEIGA-NETO
(2000), FABRIS E LOPES (2000):
✴ A diferença é produzida linguisticamente pelos
discursos, os processos de significação não são naturais,
esses modelos não são absolutos.
✴ Questionamento do ideal de racionalidade do
pensamento moderno, que derrubou o autoritarismo
aristocrático e o absolutismo, mas hegemonizou um
conjunto de práticas sociais, econômicas e culturais que
persistem até hoje.
✴ A visão moderna se orienta por binarismos
polarizados em positivo e negativo, certo e errado,
aprendente e não-aprendente.
A escola toma a modernidade por base,
colocando essas oposições no centro de
seus discursos e práticas.
Invenção do fracasso escolar, visto
como consequência linear de questões
de limites criados para estabelecer
diferenças visíveis.
SER = ESTAR
“A posição de outro não-aprendente é fortalecida nas
diversas relações vividas pelas crianças. Elas alcançam
um estatuto de diferente por não corresponderem ao que
é tido como normal para um eu aprendente.” (p. 70)
✴ Diferenças marcadas em sujeitos e grupos,
muitas vezes silenciados ou narrados com palavras
que não são suas.
NÓS X ELES
“Estamos enredados em relações de poder em que o
poder pode ser visto como algo que “constitui, produz,
cria identidades e subjetividades.” (p. 70)
Torna-se, então, cada vez mais relevante pensar a
escola enquanto espaço e tempo de relações de poder,
de relações entre saber e poder enquanto lócus de
governamento do sujeito, de sujeição, de
disciplinarização, de regulação e de normalização
discursiva. (p. 71)
Outros olhares,
outras perguntas
(p. 74)
✴ Legitimar outras formas de ensinar e aprender,
indicadas pelos próprios sujeitos e forjadas nas relações
com esses grupos culturais.
✴ Fugir da subjetivação pelo binarismo.
Serão os diferentes,
todos iguais? (p. 76)
INVENÇÃO
DA
ESCOLA
✴ Definição de infância.
✴ Invenção de espaços fechados ou
instituições.
✴ Formação de especialistas em
educação.
✴ Destruição de outras formas de
socialização (aprendizagem e formação
dissociadas)
✴ Institucionalização da escola
obrigatória.
“A escolarização configura-se, desde seu início, como
algo ligado à separação, a escolhas, ao disciplinamento
em prol de objetivos construídos para os sujeitos
envolvidos.” (p. 78)
O que mudou e o que permanece igual na escola desde
sua invenção? O que queremos com o que fazemos em
nossas salas de aula?
Quebra de padrões definidos e complexificação do
pensamento e da ação pedagógica
SERÁ QUE A ARBITRARIEDADE
NORMALIZADORA PRECISA
CONTINUAR EXISTINDO?
✴ As diferenças não são uma obviedade cultural nem uma
marca de “pluralidade”.
✴ As diferenças se constroem histórica, social e
politicamente.
✴ Não podem caracterizar-se como totalidades fixas,
essenciais e inalteráveis.
✴ As diferenças são sempre diferenças.
✴ Não devem ser entendidas como estado indesejável, que
deve “voltar à normalidade”.
✴ Dentro de uma cultura, devem ser definidas como
diferenças políticas.
✴ As diferenças existem independentemente da “permissão
da normalidade”.
Não há um significado predeterminado e essencial
no que diz respeito à aprendizagem, nem dos
sujeitos “normais”, nem dos ditos “fora da
norma” (p. 84)
“A educação é um território de luta diária
e contingente, um território de
experimentação comprometida com a
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CONSIDERAÇÕES:

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Olhares sobre as diferenças nas salas de aula

  • 1. Olhares sobre as diferenças nas salas de aula Ana Paula Roos (2007) Seminário apresentado por Raquel Salcedo Gomes para a disciplina de Linguagem, inclusão e diferenças PPGLA - UNISINOS - 08/11/2011
  • 2. “As ‘diferenças’ são produzidas na cultura escolar, emaranhada em uma rede de relações de poder e de discursos que constituem o modo como olhamos, dizemos, descrevemos, avaliamos, agimos.” (p. 65) ✴ Um significado não existe em si, mas passa a existir quando enunciado em um discurso. ✴ Produzimos sujeitos e coisas com o discurso. ✴ Como ocorrem os processos de subjetivação e diferenciação? ✴ Como olhamos para as diferenças relacionadas à não-aprendizagem? AFIRMAÇÕES E INTERROGAÇÕES:
  • 3. DOIS “EXEMPLOS” DE “NÃO- APRENDIZAGEM” (p. 66): ✴ Situação A ✴ Situação B Estabelecer lugares, definir posições para cada sujeito Classificações, rotulações, normalizações NORMALIZAR: eleger arbitrariamente uma identidade específica como parâmetro em relação à qual as outras identidades são avaliadas e hierarquizadas.
  • 4. SILVA (2000), SKLIAR (1999), VEIGA-NETO (2000), FABRIS E LOPES (2000): ✴ A diferença é produzida linguisticamente pelos discursos, os processos de significação não são naturais, esses modelos não são absolutos. ✴ Questionamento do ideal de racionalidade do pensamento moderno, que derrubou o autoritarismo aristocrático e o absolutismo, mas hegemonizou um conjunto de práticas sociais, econômicas e culturais que persistem até hoje. ✴ A visão moderna se orienta por binarismos polarizados em positivo e negativo, certo e errado, aprendente e não-aprendente.
  • 5. A escola toma a modernidade por base, colocando essas oposições no centro de seus discursos e práticas. Invenção do fracasso escolar, visto como consequência linear de questões de limites criados para estabelecer diferenças visíveis. SER = ESTAR
  • 6. “A posição de outro não-aprendente é fortalecida nas diversas relações vividas pelas crianças. Elas alcançam um estatuto de diferente por não corresponderem ao que é tido como normal para um eu aprendente.” (p. 70) ✴ Diferenças marcadas em sujeitos e grupos, muitas vezes silenciados ou narrados com palavras que não são suas. NÓS X ELES “Estamos enredados em relações de poder em que o poder pode ser visto como algo que “constitui, produz, cria identidades e subjetividades.” (p. 70)
  • 7. Torna-se, então, cada vez mais relevante pensar a escola enquanto espaço e tempo de relações de poder, de relações entre saber e poder enquanto lócus de governamento do sujeito, de sujeição, de disciplinarização, de regulação e de normalização discursiva. (p. 71) Outros olhares, outras perguntas (p. 74) ✴ Legitimar outras formas de ensinar e aprender, indicadas pelos próprios sujeitos e forjadas nas relações com esses grupos culturais. ✴ Fugir da subjetivação pelo binarismo.
  • 8. Serão os diferentes, todos iguais? (p. 76) INVENÇÃO DA ESCOLA ✴ Definição de infância. ✴ Invenção de espaços fechados ou instituições. ✴ Formação de especialistas em educação. ✴ Destruição de outras formas de socialização (aprendizagem e formação dissociadas) ✴ Institucionalização da escola obrigatória.
  • 9. “A escolarização configura-se, desde seu início, como algo ligado à separação, a escolhas, ao disciplinamento em prol de objetivos construídos para os sujeitos envolvidos.” (p. 78) O que mudou e o que permanece igual na escola desde sua invenção? O que queremos com o que fazemos em nossas salas de aula? Quebra de padrões definidos e complexificação do pensamento e da ação pedagógica SERÁ QUE A ARBITRARIEDADE NORMALIZADORA PRECISA CONTINUAR EXISTINDO?
  • 10. ✴ As diferenças não são uma obviedade cultural nem uma marca de “pluralidade”. ✴ As diferenças se constroem histórica, social e politicamente. ✴ Não podem caracterizar-se como totalidades fixas, essenciais e inalteráveis. ✴ As diferenças são sempre diferenças. ✴ Não devem ser entendidas como estado indesejável, que deve “voltar à normalidade”. ✴ Dentro de uma cultura, devem ser definidas como diferenças políticas. ✴ As diferenças existem independentemente da “permissão da normalidade”.
  • 11. Não há um significado predeterminado e essencial no que diz respeito à aprendizagem, nem dos sujeitos “normais”, nem dos ditos “fora da norma” (p. 84) “A educação é um território de luta diária e contingente, um território de experimentação comprometida com a aprendizagem, com o ensino e, devemos acrescentar, com as possibilidades oferecidas pelas diferenças.” (p. 86) CONSIDERAÇÕES: