1. COMO AVALIAMOS O NOSSO TRABALHO?
Elisabete Machado, Rolanda Gomes, & Teresa Vilaça
Unidade Curricular Projeto e Seminário – Dispositivos e Metodologias de Formação e
Mediação, Instituto da Educação – Universidade do Minho
Metodologia de recolha de dados
Técnicas utilizadas no diagnóstico de necessidades
Visando a elaboração de um Plano de Atividades que respondesse de uma forma
assertiva e que atendesse, não só às necessidades do Centro de Dia, mas também às
especificidades dos utentes, a recolha de dados foi imprescindível e crucial. Neste
sentido, optamos por usar uma metodologia de investigação qualitativa por se tratar de
uma metodologia mais dinâmica, de dimensão construtivista e uma metodologia que
nos permitiu assumir uma abordagem e uma postura mais próxima da realidade em
estudo.
Observação participante com elaboração de diário de bordo. Dentro dos vários
métodos de recolha de dados que constituem a abordagem qualitativa, optamos pela
observação participante para não só, conhecer a dinâmica do Centro de Dia, como
também possibilitar uma maior aproximação e interação tanto com os utentes, como
com os colaboradores do Centro de Dia. Através deste tipo de observação foi-nos
possível não só interagir, como também participar nas atividades que eram realizadas
com os utentes, o que também contribuiu para facilitar a nossa integração e estreitar
laços com os mesmos e os colaboradores do Centro de Dia. As informações recolhidas
da nossa observação participante foram registadas no nosso diário de bordo.
Foi feito um diário de bordo de todas as atividades realizadas com os utentes, das
conversas informais e das entrevistas aos colaboradores do Centro. Este foi um
instrumento que também foi utilizado por nós, como um método de recolha de dados e
de reflexão, mas onde foram apenas registados fatos que achamos mais relevantes e que
de uma certa forma permitiram enriquecer a nossa investigação.
Entrevista semiestruturada. Também foi feita a realização de uma entrevista
semiestruturada a alguns colaboradores e pessoas afetos ao Centro. Para a realização da
mesma houve uma preparação prévia que consistiu na elaboração de um guião com um
2. conjunto de tópicos para orientar a entrevista que consistiu na sua planificação (Quadro
1) e elaboração de questões chave validadas por uma especialista em Educação
(Apêndice 1).
Quadro 1
Planificação da entrevista
Área de análise Objetivos Questões
Caracterização
profissional
Caracterizar o papel desempenhado no Centro de Dia 1, 2
Identificar as habilitações literárias 3
Identificar a formação na área específica em que trabalha 4, 4.1, 4.2
Atividades mais
adequadas para trabalhar
com o público-alvo
Identificar as perceções sobre as atividades que os
entrevistados consideram ser mais adequadas aos seniores
5, 5.1
Identificar as atividades que consideram ser mais difíceis de
realizar com os seniores
6
Caracterizar as estratégias utilizadas pelos entrevistados para
ultrapassar as dificuldades que encontram
6.1
Identificar características pessoais ou limitações físicas e/ou
mentais para trabalhar com utentes específicos
8
Expectativas para a
colaboração das alunas
no Centro de dia
Identificar expectativas para colaboração das alunas no
Centro de dia
8
Identificar expectativas para colaboração das alunas na sala
de convívio
9
Caraterização
sociodemográfica
Identificar a idade e o sexo 10
Identificar a experiência de trabalho na instituição 11
A entrevista foi um método que nos permitiu obter dados necessários para
complementar as informações já recolhidas, através dos outros métodos de recolha de
dados, para a realização do diagnóstico das necessidades.
Análise documental. Para a caraterização da instituição em estudo, a nossa
investigação começou por uma análise documental dos documentos oficiais cedidos
pela instituição, visto que este é um método através do qual se podem recolher
informações úteis para o objeto em estudo e que serve como método complementar da
informação obtida por outros métodos.
Técnicas a utilizar na implementação do Plano de Atividades
Observação participante com elaboração de diário de bordo. A observação
participante pode ser considerada como sendo um método que nos permite fazer a
recolha de dados de uma forma mais direta e registar factos e acontecimentos da
realidade e dos sujeitos em estudo, sem intermediários e de uma forma mais detalhada
e, por conseguinte, mais enriquecedora (Bogdan & Biklen, 2010). A observação
3. participante continuará a ser feita ao longo da implementação deste Plano de
Atividades.
O Diário de Bordo é um instrumento que pode ser utilizados para fazer o registo dos
acontecimentos mais importantes. O diário de bordo permite facilitar a integração do
investigador e conhecer de uma forma diferente e mais interessante aquilo que é a
dinâmica institucionalizada (Zabalza, 1994). Nele é feito a descrição das “ (…) tarefas
de uma forma muito minuciosa (…) “ (Zabalza, 1994, p.111) e detalhada.
Entrevista semiestruturada. De acordo com Bogdan & Biklen (2010), “em
investigação qualitativa, as entrevistas podem ser utilizadas de duas formas. Podem
constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em
conjunto com a observação participante, análise documental e outras técnicas” (p.134).
Para o estudo mais aprofundado dos aspetos que pretendemos analisar durante a
implementação do Plano de Atividades, nomeadamente a opinião dos seniores e de
colaboradores-chave no Plano de Atividades, optamos por realizar no final do Plano de
Atividades uma entrevista. Dentro dos vários tipos de entrevista, optamos pela
entrevista semiestruturada por se tratar de uma técnica mais utlizada nas ciências sociais
devido ao seu carácter flexível, que permite, tanto ao entrevistador como ao
entrevistado, que a entrevista decorra de uma forma quase informal e de um modo
descontraído permitindo ao entrevistado falar abertamente sobre o que naquele
momento fluir (Hill & Hill, 2002). Ao contrário do inquérito por questionário, a
entrevista permite um contacto mais direto e próximo entre investigador e atores (Hill &
Hill, 2002). Esta escolha foi feita pelo facto deste método nos permitir uma abordagem
mais próxima do indivíduo sendo assim possível observar de perto o entrevistado e
permitir não só ouvir a sua perspetiva, como também ter a oportunidade de analisar os
seus comportamentos no decorrer da entrevista.
Para que os programas e projetos possam cumprir cabalmente os seus desígnios, é necessário
encontrar métodos e procedimentos que permitam proporcionar feedback oportuno, rigoroso e
profundo que retrate o mais fielmente possível o que funciona, como funciona e porque funciona.
A inexistência de feedback torna praticamente impossível perceber se o programa está a
desenvolver-se de acordo com o que se pretende e, consequentemente, não se consegue conhecer,
compreender e progredir na resolução dos problemas.
(Fernandes, 2011, p.186)
4. Referências Bibliográficas
Bogdan, R. & Biklen, S. (2010). Investigação Qualitativa em Educação: uma
introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.
Fernandes, D. (2011). Avaliação de programas e projetos educacionais: Das questões
teóricas às questões das práticas. In D. Fernandes (Org.), Avaliação em
educação: Olhares sobre uma prática social incontornável (pp. 185-208).
Pinhais, PR: Editora Melo.
Hill, M. M & Hill, A. (2002). Investigação por Questionário (2.ª Edição). Lisboa:
Editora Sílabo.
Zabalza, M. (1994). Diários de aula. Porto Editora.