Este documento discute a ecologia dos saberes e a descolonização do currículo escolar. Apresenta conceitos de autores como Boaventura de Sousa Santos e Nilma Lino Gomes sobre a inclusão de diferentes culturas e saberes no currículo. Defende que a escola deve acolher vozes e saberes de bebês, crianças e comunidades para uma educação crítica e emancipatória.
3. EDUCAÇÃO E CURRÍCULO
Quais são os critérios para seleção dos conteúdos
do currículo?
Quais são os saberes que estão excluídos da
cultura oficial da instituição escolar?
Quais são os sujeitos que não estão representados
na escola?
Quais os critérios de reconhecimento de outros
tempos e espaços?
4. EDUCAÇÃO E CURRÍCULO:
BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS
*Nasceu em Portugal (1940).
*Formação em Direito e Filosofia do
Direito.
*Doutorado em Yale: Direito social.
*Pesquisa em países: Brasil,
Moçambique, Angola, Macau, África
do Sul, Bolívia, Equador, Colômbia,
etc.
* Professor da Universidade de
Coimbra e Wisconsin-Madison
5. EDUCAÇÃO E CURRÍCULO
CONCEITO DE ECOLOGIA DOS SABERES
“A primeira lógica, a lógica da monocultura dos
saberes e do rigor científico, tem de ser
confrontada com identificação de outros saberes e
de outros critérios de rigor que operam
credivelmente nas práticas sociais. Essa
credibilidade contextual deve ser considerada
suficiente para que o saber em causa tenha
legitimidade para participar dos debates
epistemológicos com os outros saberes,
nomeadamente o saber científico.”
(Santos, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova
cultura política. 3 ed. São Paulo: Cortez,2010, p. 106.)
6. EDUCAÇÃO E CURRÍCULO
CONCEITO DE ECOLOGIA DOS SABERES
“O princípio da incompletude de todos os saberes
é a condição de possibilidade de diálogo e debate
epistemológico entre diferentes forma de
conhecimento. O que cada saber contribui para
este diálogo é o modo como orienta uma dada
prática na superação de uma dada ignorância. O
confronto e o diálogo entre os saberes é um
confronto e diálogo entre processos distintos
através dos quais práticas ignorantes se
transformam em práticas diferentemente sábias.”
(idem, p. 106)
7. DESCOLONIZAÇÃO DO CURRÍCULO
Nilma Lino Gomes
- Mestre em Educação e Doutorado em Antropologia Social.
- Reitora da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-
Brasileira.
- Ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos
Humanos.
8. DESCOLONIZAÇÃO DO CURRÍCULO
Não há nenhuma “harmonia” e nem “quietude” e tampouco
“passividade” quando encaramos, de fato, que as diferentes
culturas e os sujeitos que as produzem
devem ter o direito de dialogar e interferir na produção de
novos projetos curriculares, educativos e de sociedade. Esse
“outro” deverá ter o direito à livre expressão da sua fala e de
suas opiniões. Tudo isso diz respeito ao reconhecimento da
nossa igualdade enquanto seres humanos e sujeitos de
direitos e da nossa diferença como sujeitos singulares em
gênero, raça, idade, nível socioeconômico e tantos outros.
Refere-se também aos conflitos, choques geracionais e
entendimento das situações-limite vivenciadas pelos
estudantes das nossas escolas, sobretudo aquelas voltadas
para os segmentos empobrecidos da nossa população.
(Nilma Lino Gomes. RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS,
EDUCAÇÃO E DESCOLONIZAÇÃO DOS CURRÍCULOS
9. POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO
Milton Santos
“Descolonizar é olhar o mundo com os próprios olhos”
11. PARANGOLÉ(1964)
“(...) meu interesse pela dança, pelo ritmo, no meu
caso particular o samba, me veio de uma
necessidade vital de desintectualização(...) A dança,
é por excelência a busca do ato expressivo direto;
não a dança de balé, que é excessivamente
intelectualizada pela inserção de uma ‘coreografia’
e que busca a transcendência deste ato, mas a
dança ‘dionisíaca’, que nasce do ritmo interior do
coletivo, que se caracteriza como característica de
grupos populares, nações, etc(...)
(Braga, Paula. Hélio Oiticica. 1ª ed. São Paulo:
Folha de S. Paulo: Instituto Itaú Cultural, 2013; p.
54)
14. PEDAGOGIA DO PARANGOLÉ
“O professor disponibiliza um campo de
possibilidades, de caminhos que se abrem quando
elementos são acionados pelos alunos. Ele garante
a possibilidade de significações livres e plurais e,
sem perder de vista a coerência com sua opção
crítica embutida na proposição, coloca-se aberto a
ampliações, a modificações vindas da parte dos
alunos. Uma pedagogia baseada nessa disposição à
coautoria, à interatividade, requer a morte do
professor narcisicamente investido do poder.”
(Silva, Marco. Pedagogia do parangolé – novo
paradigma em educação presencial e online,
disponível em
http://www.ensino.eb.br/artigos/parangole.pdf
15. QUAL É O NOSSO HORIZONTE DE
INTERVENÇÃO?
CONJUNTO HABITACIONAL PRUITT-IGOE(ST. LOUIS
EUA)-Projeto de Minoru Yamasaki
22. CURRÍCULO INTEGRADOR DA INFÂNCIA
PAULISTANA
“O currículo integrador da Infância Paulistana que
envolve a Educação Infantil e o Ensino
Fundamental da Rede Municipal de Ensino de São
Paulo pressupõe que o trabalho coletivo das
Unidades Educacionais se fundamente no
planejamento de propostas pedagógicas que
acolham e respeitem as vozes de bebês e crianças,
suas histórias e potencialidades.
Nesse sentido, a organização dos tempos, espaços e
materiais e a proposição de vivências precisam
contemplar a importância do brincar, a integração
de saberes de diferentes componentes curriculares,
as culturas infantis e culturas da infância em
permanente diálogo.”(p.8)
23. PERSPECTIVA APRESENTADA NOS
DOCUMENTOS EM CONSTRUÇÃO
“Por tal, a vivência da diversidade e do equilíbrio
de culturas exige que o ensino de História seja
concebido sob uma pedagogia voltada para um
projeto de cidadania, democracia, emancipação e
esperança. Isso significa mexer com crenças,
valores e culturas consideradas como únicas e
verdadeiras(...).”
(Diálogos Interdisciplinares a caminho da autoria:
Componentes curriculares em debate História -
Maio de 2016)
24. PERSPECTIVA APRESENTADA NOS
DOCUMENTOS EM CONSTRUÇÃO
“É dentro dessa ação ampliada, dialogada e
dialética que buscaremos o ensino da Arte nas
Escolas Municipais da cidade de São Paulo, que
instauraremos um novo gesto que permitirá a todas
e todos os estudantes da rede ter acesso às
capacidades de produzir, apreciar e compreender o
sentido da Arte nas suas vidas e de outros povos.”
(Diálogos Interdisciplinares a caminho da autoria:
Componentes curriculares em debate Arte -
Fevereiro de 2016).
25. PERSPECTIVA APRESENTADA NOS
DOCUMENTOS EM CONSTRUÇÃO
“Respeitar e valorizar a diversidade étnico-
racial, compreendendo a importância dos
saberes indígenas, locais e tradicionais na
abordagem de problemas atuais.”
(Diálogos Interdisciplinares a caminho da
autoria: Componentes curriculares em debate
Ciências - Fevereiro de 2016).
26. PERSPECTIVA APRESENTADA NOS
DOCUMENTOS EM CONSTRUÇÃO
Partimos da posição que o currículo deve ser
construído a partir de uma perspectiva crítica,
democrática e emancipatória. Tal currículo parte do
cotidiano do educando, mas não se esgota aí, deve
ampliar o acesso aos bens culturais a serviço da
diversidade, contemplando a perspectiva
multicultural como reconhecimento da liberdade
conquistada por cada grupo cultural, e
proporcionar o diálogo crítico entre as múltiplas
culturas, com o objetivo de ampliar e consolidar
democraticamente o processo de emancipação.
(Diálogos Interdisciplinares a caminho da autoria:
Componentes curriculares em debate Educação
Física - Fevereiro de 2016).
27. PERSPECTIVA APRESENTADA NOS
DOCUMENTOS EM CONSTRUÇÃO
“Estar exposto a tais saberes é, sempre, estar
exposto à racionalidade que os cria. Negar às novas
gerações os saberes que identificam a sociedade a
qual pertencemos é negar-lhes a condição de
pertencer a ela e, nesse caso, é colocar em risco seu
próprio desenvolvimento, perenidade, bem como
sua melhoria e possibilidades de transformação.”
(Diálogos Interdisciplinares a caminho da autoria:
Componentes curriculares em debate Geografia -
Fevereiro de 2016).
28. PERSPECTIVA APRESENTADA NOS
DOCUMENTOS EM CONSTRUÇÃO
“A perpetuação da discriminação e da injustiça
social — seja esta fundada no racismo, no sexismo,
nas diferenças econômicas, culturais ou religiosas
—, passa pelas representações de linguagem e pela
expressão dos corpos e das subjetividades, muitas
delas negadas no espaço escolar quando das
escolhas de conteúdos que irão compor o ensino dos
educandos e da formação dos docentes.”
(Diálogos Interdisciplinares a caminho da autoria:
Componentes curriculares em debate Língua
Portuguesa - Fevereiro de 2016).
29. BIBLIOGRAFIA
Braga, Paula. Hélio Oiticica. 1ª ed. São Paulo: Folha de
S. Paulo: Instituto Itaú Cultural, 2013.
Gomes, Nilma Lino. RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS,
EDUCAÇÃO E DESCOLONIZAÇÃO DOS
CURRÍCULOS. Currículo sem Fronteiras v.12, n.1,
pp.98 -109, Jan/Abr 2012.
Silva, Marco. Pedagogia do parangolé – novo paradigma
em educação presencial e online, disponível em
http://www.ensino.eb.br/artigos/parangole.pdf
Santos, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma
nova cultura política. 3 ed. São Paulo: Cortez,2010.