O documento discute as diretrizes e recomendações para o rastreamento de várias condições de saúde. Resume os principais pontos sobre o que é rastreamento, critérios para seu uso, desafios e recomendações para rastreamento de risco cardiovascular, HAS, câncer de próstata, colo de útero e mama.
2. R A S T R E A M E N T O
Bianca Lazarini Forreque
R2
2017
3. Caso Clínico
MPL, 60 anos, sexo feminino.
“Doutora, como é começo de ano, quero fazer todos os exames. Já faz 1
ano que fiz a mamografia. Está na hora de fazer o preventivo, que eu
também faço todo ano. Também quero a endro. E claro, os exames de
sangue, urina e fezes.”
4. Caso Clínico
• Segundo Starfield, em
estudo de 2008, quase
metade dos atendimentos
médicos norte-americanos
são consultas de check-up.
7. ““
Aplicação de testes ou
procedimentos diagnósticos
em pessoas assintomáticas
com o propósito de dividi-
las em dois grupos: aquelas
sem a condição e aquelas
com a condição rastreada e
que podem vir a ser
beneficiadas pela
intervenção precoce.
O que é?
8. “
“
É uma atividade de diagnóstico pré-sintomático, em meio a
um amplo espectro de atividades de cuidado, promoção e
melhoria da saúde, muitas delas de alto poder de impacto
sobre a produção da saúde e a prevenção de doenças.
O que é?
11. Critérios
“
“
Por ser uma intervenção “no escuro”, proposta e realizada em pessoas
a princípio sadias, pode causar danos sem o potencial benefício.
DANO SEM O POTENCIAL
BENEFÍCIO
DOENÇA
PRESENTE AUSENTE
EFEITO ADVERSO Não Ocorre A B
Ocorre C D
Fonte: Gray, 2004
12. Critérios
“
“
Por ser uma intervenção “no escuro”, proposta e realizada em pessoas
a princípio sadias, pode causar danos sem o potencial benefício.
DANO SEM O POTENCIAL
BENEFÍCIO
DOENÇA
PRESENTE AUSENTE
EFEITO ADVERSO Não Ocorre A B
Ocorre C D
Fonte: Gray, 2004
13. Medicina
baseada em
evidências
Critérios
“
“
Há que se ter mais garantia e segurança na relação benefício-dano
das intervenções.
ECAs
Ensaios Clínicos
Aleatorizados
Rastrear a
condição “X” traz
benefícios ou
não?
14. Critérios
CRITÉRIOS PARA A INTRODUÇÃO DE UM PROGRAMA DE RASTREAMENTO
DOENÇA TESTE POPULAÇÃO RASTREADA
Impacto significativo na
saúde pública
Sensibilidade suficiente para
detectar a doença no
período assintomático
Prevalência suficientemente
alta da doença que justifique
o rastreamento
Período assintomático
durante o qual a detecção é
possível
Especificidade suficiente
para minimizar os resultados
falso-positivos
Cuidado médico acessível
Melhora nos desfechos pelo
tratamento durante o
período sintomático
Aceitável para as pessoas Pessoas dispostas a aderir à
sequência de investigação e
tratamento
19. Dificuldades
“
“
Na maioria dos programas de rastreamento, algumas pessoas
recebem tratamento “desnecessariamente”, dada a natureza precoce
da intervenção. Ou seja, recebem tratamento para patologias que
nunca se desenvolveriam para a fase clínica se deixadas sem
tratamento (overdiagnosis e overtreatment).
20. Dificuldades
“
“
Quanto maior o sobrediagnóstico e o sobretratamento, mais as
pessoas acreditam que devem sua saúde ou mesmo suas vidas ao
programa.
21. Dificuldades
• Processos neutros e de natureza incerta. “Qual irá se desenvolver, ou
não, num caso clínico propriamente dito?”
• Criação de novas categorias de doenças, chamadas limítrofes ou
borderlines (intolerância à glicose, hipotireoidismo subclínico,
neoplasias intraepiteliais cervicais NICs, displasias mamárias, etc...)
Casos Inconsequentes
22. Dificuldades
O verdadeiro
Patologia da mama
que se tornaria CA
de mama
sintomático
Patologia da mama que
permaneceria latente
Sem patologia mamária, não
estando destinado a desenvolver
sintomas da doença antes da
próxima rotina de rastreamento
O teste
(mamografia)
Positivo Verdadeiro-
positivo
“Verdadeiro-
positivo”
Falso-positivo
Negativo Falso-negativo “Falso-negativo” Verdadeiro-negativo
23. Dificuldades
“
“
Importante ter em mente que o processo de rastrear, além de tratar
potenciais doenças, também cria ou produz novas doenças.
PRIMUM NON NOCERE
25. Principais Recomendações
- Risco CV
Apenas 1 fator de risco baixo/intermediário Baixo risco / Intermediário CV
Ao menos 1 fator de risco alto Alto risco CV
2 ou mais fatores de risco baixo/intermediário Calcular RCV
29. Principais Recomendações
Tabagismo Todos os adultos, incluindo as
gestantes
A
Uso de Álcool Todos os adultos, incluindo as
gestantes
B
Obesidade Adultos e crianças > 6 anos B
30. Principais Recomendações
- Crianças
Anemia Falciforme Teste do pezinho (RN) A
Hipotireoidismo
congênito
Teste do pezinho (RN) A
Fenilcetonúria Teste do pezinho (RN) A
Perda auditiva Teste da orelhinha (RN) B
Ambliopia, estrabismo e
acuidade visual
Durante puericultura B
31. Principais Recomendações
- PSA
• 2012: USPSTF não recomenda
• 2013: INCA não recomenda
“
“
Os estudos que levaram a essas recomendações acompanharam
milhares de homens por mais de dez anos, e mostraram que fazer PSA
com ou sem toque retal não diminui a mortalidade geral dos homens,
e muda muito pouco a mortalidade específica por câncer de próstata.
Em outras palavras, lembra a SBMFC, homens que fazem o exame não
morrem mais velhos, e morrem muito pouco menos de câncer de
próstata.
Cláudia Collucci, 3 Nov 2015
32. Principais Recomendações
- CA de Colo de Útero
• O método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é o
exame citopatológico (exame de Papanicolaou), que deve ser oferecido
às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade
sexual.
•Antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo
grau, que regredirão espontaneamente na maioria dos casos e,
portanto, podem ser apenas acompanhadas conforme recomendações
clínicas.
•A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do
exame Papanicolaou a cada três anos, após dois exames normais
consecutivos realizados com um intervalo de um ano. A repetição em
um ano após o primeiro teste tem como objetivo reduzir a possibilidade
de um resultado falso-negativo na primeira rodada do rastreamento.
34. Principais Recomendações
- CA de Mama
• Aproximadamente 5% dos casos de câncer de mama ocorrem em
mulheres com alto risco para desenvolvimento dessa neoplasia. Ainda
não existem ensaios clínicos que tenham identificado estratégias de
rastreamento diferenciadas e eficazes para redução de mortalidade
neste subgrupo. Portanto, recomenda-se acompanhamento clínico
individualizado para essas mulheres.
• Risco elevado de câncer de mama inclui:
• história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos
50 anos ou câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade;
• história familiar de câncer de mama masculino e;
• diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou
neoplasia lobular in situ.