As doenças a bordo das naus de Fernão de Magalhães incluíram escorbuto, enjoo, problemas pulmonares e intestinais, e febre tifóide. Elas foram causadas principalmente pela má alimentação, falta de higiene e assistência médica. Os tratamentos da época eram limitados e ineficazes, levando à morte de muitos da tripulação.
1. ESCOLA BÁSICA DOS 2.º E 3.º CICLOS GUALDIMPAIS
As doenças a bordo
nas naus
de Fernão de Magalhães
Disciplina: História e Geografia de Portugal
Grupo de trabalho dos alunos: Daniel R, Dinis N, Diogo N, Duarte G
Ano: 6º
Ano letivo: 2019/2020
2. As doençasa bordodas nausde Fernãode Magalhães
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Índice
Introdução...........................................................................................................................3
1. As diversas doenças ocorridas........................................................................................5
2. As causas das doenças...................................................................................................8
3. Os tratamentos existentes...........................................................................................10
Conclusão..........................................................................................................................11
Bibliografia........................................................................................................................12
Webgrafia.........................................................................................................................13
Anexos..............................................................................................................................14
Anexo 1.............................................................................................................................15
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Figura 1 - Fernão de Magalhães e a sua rota.
Fonte: https://tag.jn.pt/a-grande-viagem-de-fernao-de-magalhaes/
As doenças a bordo nas naus de Fernão de Magalhães
Introdução
Fernão de Magalhães foi um militar e navegador, que nasceu no Norte de Portugal e
viveu nos séculos XV e XVI, no tempo dos Descobrimentos. Ele ficou conhecido por
comandar a expedição que partiu em 1519 de Sevilha, em Espanha, com o objetivo de
conseguir dar a primeira volta ao Mundo pelo mar, provando que se podia navegar
diretamente do Oceano Atlântico para o Oceano Pacífico e chegar às Molucas, ilhas que hoje
fazem parte da Indonésia e eram muito ricas em especiarias (produtos raros e valiosos nesse
tempo), sendo dado o nome de circum-navegação.
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Figura 2 - Nau "Victoria" que regressou a Sevilha
Fonte:https://sicnoticias.pt/pais/2019-09-20-Os-500-anos-da-primeira-volta-ao-mundo-
por-mar-em-1.125-dias-de-Magalhaes-e-Elcano
.
Assim, em 1519 saíram de Sevilha cinco naus, com os seguintes nomes:
"Trinidad" (comandada por Fernão de Magalhães);
"Concepción";
"San Antonio";
"Santiago";
"Victoria".
Destas cinco naus apenas regressou a nau “Victoria” e dos cerca de 250 homens que
embarcaram, apenas 18 (anexo 1) chegaram ao fim da viagem, sendo que alguns
revoltaram-se pela falta de condições e voltaram para Sevilha, mas a maioria acabou por
morrer durante a viagem, incluindo Fernão de Magalhães. Alguns morreram devido às
dificuldades que encontraram no mar, outros em confrontos a lutar com os outos povos,
mas principalmente devido às doenças que tiveram a bordo.
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Figura 3 - Homens doentes a bordo das naus.
Fonte:https://leviadrianogueira.wordpress.com/2017/03/13/o-dia-a-dia-dentro-das-embarcacoes/
1. As diversas doenças ocorridas
As doenças que ocorreram a bordo das naus de Fernão de Magalhães foram devidas a
vários motivos, sendo um deles o embarque de pessoas já doentes. "Filados à força, nos
meios menos recomendados e promíscuos, ladrões recrutados no Limoeiro, vadios e
mendigos, formavam as equipas dos nossos marinheiros. E, como já não bastassem as
enfermidades que no mar e nos trópicos sempre sobrevinham, estes marujos, embarcados
sem qualquer inspecção médica, levavam já consigo toda a espécie de doenças" (Frada,
1989, pág. 66).
No entanto, existiram um conjunto de várias doenças que existiram a bordo das naus
e que provocam muito sofrimento aos homens e que na sua maioria foram responsável pela
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Figura 4 - Exemplos de escorbuto.
Fonte: https://leviadrianogueira.wordpress.com/2017/03/13/o-
dia-a-dia-dentro-das-embarcacoes/
sua morte. Segundo alguns testemunhos de histórias desta viagem, as doenças que existiram
foram as seguintes:
ENJOO – Os homens ficavam com enjoo a navegar nos mares, sendo que acabavam
por vomitar imenso, o que os tornava mais fracos e com menos defesas em relação a
outras doenças (Lobo, 1971).
ESCORBUTO – é uma doença causada pela deficiência da vitamina C, que origina
feridas na boca, que acaba por afetar também as gengivas, os dentes e a língua. As
pessoas ficavam com anemia, hematomas, sangramento das gengivas e dentes
“amolecidos”.
Resumindo:
- as feridas: não
cicatrizam e começa a
existir pus;
- as gengivas: incham,
sangram e provocam
muitas dores;
- a língua: fica empolada
e muito sensível;
- os dentes: ficam
frágeis, amolecidos e
podem até cair.
Assim, o processo de comer fica muito difícil, pois existem muitas dores a comer e a
beber, as gengivas sangram, e como tal as pessoas começam a ficam fracas, cansadas e com
aparência pálida. Em muitos casos o escorbuto também afeta as articulações do corpo
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provocando muitas dores e sem tratamento levava à morte, com “aparecimento de icterícia,
febre, convulsões e hipotensão” (Wilson, 1995).
Para além dos enjoos e do escorbuto, existiram também os problemas intestinais e
pulmonares, a febre tifóide ou o mal de Holanda, descrito por Bluteau da seguinte forma: "O
mal de Holanda é uma espécie de sarna e corrupção do sangue, umas vezes a modo de
botões ou cordas entre a pele e os músculos, outras como um tumor especialmente por baixo
das queixadas, ou por dentro das coxas e por baixo do peitoral. É extremamente contagiosa
mas não grandemente mortífera" (Carvalho, 1938, pág. 283).
Ou seja, existiam também outras doenças como:
PROBLEMAS PULMONARES – infeções nos pulmões que provocam dificuldades
respiratórias, como por exemplo pneumonia. Ou seja, provocava tosse, falta de ar,
febre e até a morte.
PROBLEMAS INTESTINAIS – como por exemplo a diarreia, que podia levar à
desidratação da pessoa.
FEBRE TIFÓIDE - O sintoma mais normal é febre, que vai aumentado diariamente.
Existem outros sintomas como a fraqueza, dor abdominal, obstipação e dor de
cabeça. A diarreia é pouco frequente e os vómitos geralmente não são graves.
Algumas pessoas desenvolvem erupções cutâneas com pontos de tonalidade rosa.
Nos casos mais graves pode haver confusão mental. Sem tratamento, os sintomas
podem durar semanas ou meses. Muitas pessoas podem ser portadoras da bactéria
sem desenvolverem a doença. No entanto, são capazes de transmitir a doença a
outros.
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2. As causas das doenças
Embora existissem a embarcar pessoas com algumas doenças, a maioria acabava por
ficar ao longo da viagem nas naus. As causas eram diversas, mas essencialmente eram
originadas pela má alimentação, a falta de higiene, a falta de assistência médica e os
tratamentos existentes nessa época eram pouco eficazes.
Assim, podemos explicar melhor como estas causas provocam muitas doenças a
bordo:
Alimentação – Existia uma grande carência nutricional, não tinham acesso a uma
alimentação rica em vitamina C, não tinham alimentos frescos e os alimentos eram
conservados em más condições. Quando se verificavam temperaturas elevadas os
mantimentos ficavam estragados, a água ficava com um sabor horrível, a manteiga, o
azeite, a marmelada e o mel ferviam com o calor. As carnes secas chegavam até a
ganhar bichos.
Como não tinham alternativa comiam a comida estragada, o que originava muitas
doenças.
Higiene – A higiene era muito precária o que originava muitas doenças, por exemplo
o fornecimento de água doce que estava guardada em tonéis de madeira, que
apodrecia provocava logo de imediato problemas de saúde e a fome estava sempre
presente.
A falta de água também levava à impossibilidade de tomar banho e também usavam
a mesma roupa durante toda a viagem, o que fazia aumentar o mau cheiro ao longo
da viagem. Esta situação originava o aparecimento de pragas como os piolhos,
percevejos e pulgas.
Os pratos, talheres eram partilhados sem serem lavados facilitando a propagação das
doenças.
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Figura 5 - Colocação de ordem perante o desespero da tripulação.
Fonte:https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/09/28/a-1-volta-ao-mundo-
os-500-anos-da-brutal-viagem-de-fernao-de-magalhaes-da-qual-so-18-dos-250-tripulantes-
sobreviveram.htm
As necessidades fisiológicas faziam-se a bordo, apenas os mais abastados da
tripulação faziam numa bacia e lançavam no mar, mas os restantes faziam nas bordas
dos navios de forma que os dejetos caíssem no mar.
Falta de assistência médica – Nem sempre embarcavam médicos e os cuidados de
saúde eram prestados por membros do clero e por barbeiros.
Tratamentos escassos – Os tratamentos para as diversas doenças eram escassos,
sendo na sua maioria inexistentes, ou seja, não existia como nos nossos dias uma
farmácia composta de medicamentos. Estes eram feitos e aplicados através do
conhecimento popular.
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3. Os tratamentos existentes
Os tratamentos para todas estas doenças eram muito poucos, até porque nem
sempre existiam médicos nas naus, sendo membros do Clero e os barbeiros que prestavam
os cuidados de saúde.
Mesmo que existissemrecomendações régias para que nas embarcações existissema
botica necessária para os tratamentos ao longo da viagem, verifica-se que o mesmo não
acontecia. Nesta época era normal que as doenças fossem tratadas através da expulsão do
seu corpo dos fluidos prejudiciais e para isso eram feitos tratamentos com base em
suadouros, sangrias, purgas e clisteres.
A medicina ainda se caracteriza como muito precária, com base no estudo teórico,
onde o médico raramente tocava o paciente. Esse contacto apenas era feito pelo cirurgião e
pelo barbeiro, pois aprendiam através da prática. Estes tinham funções diferentes, enquanto
o cirurgião realizava as amputações, desarticulações, redução de luxações, ligamento de
artérias e lancetavam abscessos e tumorações. Os barbeiros podiam plicar ventosas,
arrancar dentes e realizar sangrias.
Existiam também os herbalistas, curandeiros entre outros que realizavam a medicina
empírica, resultado da sua experiência.
Assim, com a ausência de profissionais habilitados, nas embarcações ia-se ao
encontro de quem conseguisse ajudar, por isso, deu-se muita importância às “boticas de
bordo”. Como os boticários tinham muito conhecimento prático e acabavam por ser
melhores do que os médicos, e aplicavam tratamentos conhecidos por “mezinhas”, desde as
mais simples até às mais complexas.
Só por curiosidade apenas nos finais do século XVII se começa a levar nas
embarcações, cascas de limão de forma permitir a doença de escorbuto.
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Conclusão
A circum-navegação de Fernão de Magalhães, mais conhecida como a primeira volta ao
mundo através do mar foi um marco muito importante na nossa história, pois “esta foi a
maior viagem até então realizada e veio confirmar a esfericidade da Terra” (PROENÇA, 2009,
pág. 77).
No entanto, não nos podemos esquecer que durantes estes três anos morreram muitos
homens, como referimos anteriormente dos 250 homens, apenas regressavam 18 em
setembro de 1522. Morreram principalmente devido a doenças a bordo das naus, como o
escorbuto, os enjoos, problemas pulmonares, problemas intestinais, febre tifoide entre
outras.
As causas das destas doenças foram essencialmente a fraca alimentação, falta de
condições de higiene, a pouca assistência médica, nomeadamente, a falta de médicos nas
embarcações e o recurso a tratamentos mais caseiros que embora ajudassem na maioria
eram insuficientes para a solução das graves doenças que existiam a bordo das naus.
Em suma, as doenças a bordo nas naus de Fernão de Magalhães levaram a muito
sofrimento e causaram muitas mortes, no entanto, essas doenças, as causas e os
tratamentos que na época utilizavam, permitiram que existisse no futuro uma procura na
melhoria dos tratamentos. Um simples exemplo disso mesmo foi a colocação nas
embarcações de casca de limão, de forma a existir vitamina C que permitisse combater a
doença do escorbuto.
12. As doençasa bordodas nausde Fernãode Magalhães
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Bibliografia
CARVALHO, Sebastião José de - "Organização dos Serviços Clínicos e Hospitalares dos
Portugueses no Ultramar nos Séculos XVI e XVII", in I Congresso da História da Expansão
Portuguesa no Mundo, 2ª secção- Oriente, Lisboa, 1938, págs. 251 a 289.
FRADA, João José Lúcio - "História, Medicina e Descobrimentos Portugueses", in
Revista do ICALP, Lisboa, ICALP, nº18, Dezembro de 1989.
LOBO, Jerónimo- Itinerário e outros Escritos Inéditos, Barcelos, Livraria Civilização -
Editora, "Biblioteca Histórica - Série Ultramarina", 1971.
PROENÇA, Maria Cândida – “História de Portugal – Descobrimentos e expansão –
Séculos XV – XVI”, Circulo de Leitores, Lisboa, 2009, pág. 77.
Apontamentos cedidos na disciplina de História e Geografia de Portugal.
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Webgrafia
https://tag.jn.pt/a-grande-viagem-de-fernao-de-magalhaes/, (acedido em
08/02/2020).
https://sicnoticias.pt/pais/2019-09-20-Os-500-anos-da-primeira-volta-ao-mundo-
por-mar-em-1.125-dias-de-Magalhaes-e-Elcano , (acedido em 08/02/2020).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Victoria_(nau), (acedido em 09/02/2020).
https://leviadrianogueira.wordpress.com/2017/03/13/o-dia-a-dia-dentro-das-
embarcacoes/, (acedido em 09/02/2020).
https://alvarovelho.net/images/patrono/Viver_no_mar.pdf, (acedido em
08/02/2020).
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/09/28/a-1-volta-ao-mundo-
os-500-anos-da-brutal-viagem-de-fernao-de-magalhaes-da-qual-so-18-dos-250-
tripulantes-sobreviveram.htm, (acedido em 09/02/2010).
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Anexo 1
Tripulação que regressou:
Nome Função
Juan Sebastián Elcano, de Getaria (Espanha) Comandante
Francisco Albo, de Rodas em Tui (Galiza) Piloto
Miguel de Rodas, de Tui (Galiza) Piloto
Juan de Acurio, de Bermeo Piloto
Antonio Lombardo (Pigafetta), de Vicenza Supernumerário
Martín de Judicibus, de Génova Imediato
Hernándo de Bustamante, de Alcântara Marinheiro
Nicholas the Greek, de Náuplia Marinheiro
Miguel Sánchez, de Rodas em Tui Galiza Marinheiro
Antonio Hernández Colmenero, de Huelva Marinheiro
Francisco Rodrigues, português de Sevilha Marinheiro
Juan Rodríguez, de Huelva Marinheiro
Diego Carmena, de Baiona Marinheiro
Hans de Aachen (Sacro Império Romano-Germânico) Artilheiro
Juan de Arratia, de Bilbao Habilidoso
Vasco Gómez Gallego, de Baiona Habilidoso
Juan de Santandrés, de Cueto Aprendiz
Juan de Zubileta, de Baracaldo Pajem
Tabela 1 - Nome dos navegadores sobreviventes da viagem de Fernão de Magalhães.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Victoria_(nau)