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ACIDENTES QUÍMICOS
    AMPLIADOS

        Marcelo Firpo Porto
 Pesquisador Titular do Centro de Estudos da
 Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da
      Escola Nacional de Saúde Pública
           CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
     Mail: marcelo.firpo@ensp.fiocruz.br
Apresentação
 Definição de Acidentes Ampliados: eventos tais como
 explosões, incêndios e emissões envolvendo substâncias químicas
 perigosas, e que podem estar relacionadas a alguma fase do ciclo
 produtivo (extração, produção, transporte, armazenamento, uso ou
 descarte), gerando danos à saúde dos grupos expostos e ao meio
 ambiente.

 Por que ampliado ? Questão de escala espacial (além dos muros
 das fábricas: bairros, cidades, países) e temporal (efeitos
 toxicológicos e ecotoxicológicos de curto, médio e longo prazos)

 Quem está exposto ? trabalhadores de indústrias químicas e
 petroquímicas, moradores em áreas de risco como proximidades de
 fábricas e outras instalações de risco, população em geral.
Complexidade do problema: multiplicidade de situações e
eventos (instalações fixas e não fixas); multiplicidade de setores e
instituições envolvidos (meio ambiente, trabalho, saúde, defesa civil,
transportes etc.) exigindo ações intersetoriais para a prevenção e
controle; amplitude de áreas e populações afetadas, o que é
agravado em contextos vulneráveis.

Exemplos internacionais de grandes acidentes industriais:
Seveso (Itália, 1976); Bhopal (Índia, 1984) 2500 mortes imediatas;
Piper-Alpha (Mar Norte, 1988) com 167 mortos

Exemplos brasileiros: REDUC/RJ (1972 com 39 mortos);
Ipojuca/BA (1983); Vila Socó/Cubatão (1984); Plataformas da Bacia
de Campos (Enchova em 1984 com 37 mortos; Baía de Guanabara
em 2000 com vazamento de 1,3 milhões litros; P-36 em 2001 com
11 mortos)
Agravamento Periférico Sócio-Político: Índia, Brasil, México,
       China, Indonésia possuem piores indicadores de gravidade (total de
       mortes; mortes por acidente)

       Por que o agravamento sócio-político ?
i.     Vulnerabilidade institucional: falta de legislação; baixos recursos
       humanos, técnicos e financeiros; elevada fragmentação entre
       setores e instituições;
ii.    Vulnerabilidade social: grupos afetados, como trabalhadores e
       moradores em áreas de risco (favelas ao redor de instalações de
       alto risco, como fábricas e dutos); problemas no gerenciamento de
       riscos nos locais de trabalho, relações autoritárias de trabalho,
       baixo treinamento, terceirização.
iii.   Exportação de riscos e duplo padrão.

       Consequências: maior número de eventos, maior gravidade,
       confluência entre áreas de risco e zonas de sacrifício.

       Relação entre acidentes ampliados e (in)justiça ambiental.
Fases de prevenção
I. Fase do projeto e do planejamento (prevenção preditiva):
    Objetivo: eliminar ou reduzir riscos de acidentes durante o desenvolvimento
    do projeto de tecnologias, instalações e organizações.
    Inclui o licenciamento ambiental para novas instalações e tecnologias:
    localização, análise de riscos, processos decisórios.

II. Fase do gerenciamento de riscos em situações reais de trabalho
    (prevenção operacional):
    Objetivo: Evitar acidentes durante a operação de instalações, funcionamento
    de fábricas etc.
    Inclui a organização do trabalho adequada (política de seleção e
    qualificação, procedimentos operacionais formais de segurança e de
    emergência, produtividade compatível com segurança etc.); confiabilidade de
    máquinas, processos e instalações (manutenção versus degradação);
    sistemas de registro e análise de falhas, incidentes e acidentes; espaços
    coletivos de discussão e decisão sobre saúde e segurança (CIPA’s, comitês
    diversos, atuação sindical...).

III.Fase de remediação ou atenuação dos riscos (prevenção mitigadora)
    Objetivo: Reduzir ao máximo as conseqüências negativas de
    eventos/acidentes ocorridos. acidentes durante a operação de instalações,
    funcionamento de fábricas etc.
    Inclui a existência de plano de emergência interno (in site) e externo (off-
    site), treinamento com simulados, atenção às vítimas, primeiros socorros,
    indenizações e punições aos responsáveis (criadores de riscos).
Alguns Desafios
Realizar inventário das instalações de risco em todo o estado, com
análise de risco e de vulnerabilidade nesses locais: qual o número
de vítimas possíveis em caso de acidentes ?

Como desenvolver e implementar planejamento de emergências
envolvendo também a população, principalmente em áreas e grupos
vulneráveis?

Como melhorar a prevenção nas três fases (projeto, gerenciamento
de riscos e mitigação das conseqüências)

Análise de acidentes: é necessário acelerar a transição do
paradigma no Brasil, passando da análise das causas imediatas e
individuais para as causas latentes ou subjacentes de natureza
gerencial. Organização e modelos de gerenciamento são as causas
subjacentes ou latentes mais importantes dos acidentes.

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  • 1. ACIDENTES QUÍMICOS AMPLIADOS Marcelo Firpo Porto Pesquisador Titular do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública CESTEH/ENSP/FIOCRUZ Mail: marcelo.firpo@ensp.fiocruz.br
  • 2. Apresentação Definição de Acidentes Ampliados: eventos tais como explosões, incêndios e emissões envolvendo substâncias químicas perigosas, e que podem estar relacionadas a alguma fase do ciclo produtivo (extração, produção, transporte, armazenamento, uso ou descarte), gerando danos à saúde dos grupos expostos e ao meio ambiente. Por que ampliado ? Questão de escala espacial (além dos muros das fábricas: bairros, cidades, países) e temporal (efeitos toxicológicos e ecotoxicológicos de curto, médio e longo prazos) Quem está exposto ? trabalhadores de indústrias químicas e petroquímicas, moradores em áreas de risco como proximidades de fábricas e outras instalações de risco, população em geral.
  • 3. Complexidade do problema: multiplicidade de situações e eventos (instalações fixas e não fixas); multiplicidade de setores e instituições envolvidos (meio ambiente, trabalho, saúde, defesa civil, transportes etc.) exigindo ações intersetoriais para a prevenção e controle; amplitude de áreas e populações afetadas, o que é agravado em contextos vulneráveis. Exemplos internacionais de grandes acidentes industriais: Seveso (Itália, 1976); Bhopal (Índia, 1984) 2500 mortes imediatas; Piper-Alpha (Mar Norte, 1988) com 167 mortos Exemplos brasileiros: REDUC/RJ (1972 com 39 mortos); Ipojuca/BA (1983); Vila Socó/Cubatão (1984); Plataformas da Bacia de Campos (Enchova em 1984 com 37 mortos; Baía de Guanabara em 2000 com vazamento de 1,3 milhões litros; P-36 em 2001 com 11 mortos)
  • 4. Agravamento Periférico Sócio-Político: Índia, Brasil, México, China, Indonésia possuem piores indicadores de gravidade (total de mortes; mortes por acidente) Por que o agravamento sócio-político ? i. Vulnerabilidade institucional: falta de legislação; baixos recursos humanos, técnicos e financeiros; elevada fragmentação entre setores e instituições; ii. Vulnerabilidade social: grupos afetados, como trabalhadores e moradores em áreas de risco (favelas ao redor de instalações de alto risco, como fábricas e dutos); problemas no gerenciamento de riscos nos locais de trabalho, relações autoritárias de trabalho, baixo treinamento, terceirização. iii. Exportação de riscos e duplo padrão. Consequências: maior número de eventos, maior gravidade, confluência entre áreas de risco e zonas de sacrifício. Relação entre acidentes ampliados e (in)justiça ambiental.
  • 5. Fases de prevenção I. Fase do projeto e do planejamento (prevenção preditiva): Objetivo: eliminar ou reduzir riscos de acidentes durante o desenvolvimento do projeto de tecnologias, instalações e organizações. Inclui o licenciamento ambiental para novas instalações e tecnologias: localização, análise de riscos, processos decisórios. II. Fase do gerenciamento de riscos em situações reais de trabalho (prevenção operacional): Objetivo: Evitar acidentes durante a operação de instalações, funcionamento de fábricas etc. Inclui a organização do trabalho adequada (política de seleção e qualificação, procedimentos operacionais formais de segurança e de emergência, produtividade compatível com segurança etc.); confiabilidade de máquinas, processos e instalações (manutenção versus degradação); sistemas de registro e análise de falhas, incidentes e acidentes; espaços coletivos de discussão e decisão sobre saúde e segurança (CIPA’s, comitês diversos, atuação sindical...). III.Fase de remediação ou atenuação dos riscos (prevenção mitigadora) Objetivo: Reduzir ao máximo as conseqüências negativas de eventos/acidentes ocorridos. acidentes durante a operação de instalações, funcionamento de fábricas etc. Inclui a existência de plano de emergência interno (in site) e externo (off- site), treinamento com simulados, atenção às vítimas, primeiros socorros, indenizações e punições aos responsáveis (criadores de riscos).
  • 6. Alguns Desafios Realizar inventário das instalações de risco em todo o estado, com análise de risco e de vulnerabilidade nesses locais: qual o número de vítimas possíveis em caso de acidentes ? Como desenvolver e implementar planejamento de emergências envolvendo também a população, principalmente em áreas e grupos vulneráveis? Como melhorar a prevenção nas três fases (projeto, gerenciamento de riscos e mitigação das conseqüências) Análise de acidentes: é necessário acelerar a transição do paradigma no Brasil, passando da análise das causas imediatas e individuais para as causas latentes ou subjacentes de natureza gerencial. Organização e modelos de gerenciamento são as causas subjacentes ou latentes mais importantes dos acidentes.