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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
COMPONENTE CURRICULAR: ESTAGIO SUPERVISIONADO I
A PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE LITERATURA NA SALA DE AULA: O
OLHAR ATRAVÉS DA VIVÊNCIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I
ANDREIA APARECIDA MEDEIROS MARTINS
MARIA ESTELA SOUTO DA SILVA
Campina Grande
Abril de 2017
A PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE LITERATURA NA SALA DE AULA: O
OLHAR ATRAVÉS DA VIVÊNCIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I
ANDREIA APARECIDA MEDEIROS MARTINS
MARIA ESTELA SOUTO DA SILVA
Artigo para composição da nota do
componente curricular: Estágio
Supervisionado I, elaborado pelas alunas
Andreia Aparecida Medeiros Martins e Maria
Estela Souto da Silva, orientado pela
professora Magliana Rodrigues da Silva do
Curso de Letras, da Universidade Estadual
da Paraíba/Campus I.
Campina Grande
Abril de 2017
RESUMO
O ensino de literatura que ocorre separadamente do ensino de gramática e
produção textual tem sido motivo de discussões em conferências e congressos na
área da educação. Notamos que há grande necessidade de discussões e de se
rever alternativas sobre o ensino de literatura nas escolas. Com base nessas
observações, através deste artigo, objetivamos apresentar nossa experiência do
estágio supervisionado I do curso de Letras Português da Universidade Estadual da
Paraíba, em que observamos durante vinte e cinco aulas de Língua Portuguesa, a
prática docente e o ensino de língua e literatura. No entanto, no presente artigo
voltamos nosso olhar para o ensino de literatura devido a temos percebido que há
uma problemática em torno da prática docente nas aulas de literatura, que por vez
passam a limitar suas aulas no uso apenas do livro didático que trazem em seu
conteúdo apenas textos fragmentados e atividades que não levam os discentes a
refletirem de fato, não contribuindo assim para a competência discursiva, que
segundo os PCN é primordial na formação de indivíduo crítico. Nosso estágio
ocorreu no período de fevereiro a abril de 2017, em quatro turmas do 1º ano do
ensino médio no Colégio Estadual de Segundo Grau Dr. Elpídio de Almeida,
localizado na cidade de Campina Grande – PB. Para o progresso e ampliação das
nossas ideias, seguimos Aguiar e Bordini (1988), Cosson (2016), Ferreira (2010),
Geraldi (2012), Ocem (2006), PCN (2000), Pietri (2007), entre outros que discorrem
sobre o ensino de literatura.
Palavras-Chave: Ensino de literatura, estágio supervisionado, agir docente.
INTRODUÇÃO
Consideramos que o estudo da literatura é essencial para a formação de um cidadão
crítico, enquanto leitor. No entanto, vem sendo motivo de muita discussão em
conferências e congressos, a forma como o ensino de literatura vem sendo
propagado na sala de aula. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio
defendem que se deve iniciar o trabalho com obras literárias contemporâneas, para
então abordar obras de séculos passados. Os OCEM defendem ainda o abandono
da utilização de textos fragmentados presentes em livros didáticos.
Atualmente há muitas cobranças e questionamentos em torno do ensino de literatura
nas escolas. Através das aulas de literatura que observamos percebemos que há
grande deficiência nesse ensino, devido também a muitos docentes ainda
lecionarem numa perspectiva tradicional, se prendendo apenas ao uso do LD que
contém apenas textos literários fragmentados e considerando que nas aulas de
Língua Portuguesa, muitos professores privilegiam o ensino de língua, deixando de
lado o ensino de literatura.
Considerando os textos literários como parte da linguagem e a linguagem como
forma expressiva de comunicação presente constantemente em nossa sociedade,
tornando-se a mesma prática rotineira em nosso convívio social, sabemos que
através das palavras, permitimos que ocorram as diferentes formas de interação
entre os indivíduos.
Embora concordemos com o fato de que a Literatura seja um modo
discursivo entre vários (o jornalístico, o científico, o coloquial, etc.), o
discurso literário decorre, diferentemente dos outros, de um modo de
construção que vai além das elaborações linguísticas usuais, porque de
todos os modos discursivos é o menos pragmático, o que menos visa a
aplicações práticas. Uma de suas marcas é sua condição limítrofe, que
outros denominam transgressão, que garante ao participante do jogo da
leitura literária o exercício da liberdade, e que pode levar a limites extremos
as possibilidades da língua: E nisso reside sua função maior no quadro do
ensino médio: pensada (a literatura) dessa forma, ela pode ser um grande
agenciador do amadurecimento (OCEM, 2006. p. 44)
Durante nossa experiência como estagiárias do curso de Letras Português da
Universidade Estadual da Paraíba, em turmas do 1º ano do ensino médio do Colégio
Estadual de Segundo Grau Dr. Elpídio de Almeida, localizado na Rua Duque de
Caxias, 235 no bairro da Prata na cidade de Campina Grande no estado da Paraíba,
observamos as aulas de língua portuguesa, sobretudo a abordagem aos conteúdos
e a didática do professor nas aulas voltadas à literatura.
O ensino de literatura na sala de aula
Segundo o dicionário Aurélio, a palavra Literatura significa: Conjunto das obras
literárias de um país ou de uma época, escritos narrativos, históricos, críticos, de
eloquência, de fantasia, de poesia, etc. Compreendemos a literatura também como
arte de expressão, não apenas escrita, mas também a arte visual e oral. A literatura
está atrelada a nossa língua, a mesma que utilizamos diariamente com propósito
comunicativo.
Na leitura e na escritura do texto literário encontramos o senso de nós
mesmos e da comunidade a que pertencemos. A literatura nos diz o que o
somos e nos incentivas a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos.
E isso se dá porque a literatura é uma experiência a ser realizada.
(COSSON, 2016. p.17)
Quando falamos em linguagem e comunicação, nos referimos a textos, sejam eles
orais ou escritos. Os textos evidentemente, sempre ocupam lugar em nosso
cotidiano, sendo eles literários ou não literários. Quando partimos para a abordagem
a literatura, partimos para a perspectiva de abordagem a textos literários que
permeiam o universo da literatura em si.
A literatura lecionada em separação com a gramática e redação, não recebe a
devida atenção. Há docentes que priorizam o ensino de gramática, deixando a
literatura de lado. Há ainda docentes que trabalham superficialmente os textos
literários, sem aprofundarem esse ensino.
A divisão que ocorre em torno do ensino de língua e literatura, tem causado muitos
questionamentos. Os PCNs alegam que grande parte das escolas priorizam o
ensino de gramática, menosprezando a relação existente entre literatura, texto e
gramática.
A divisão repercutiu na organização curricular: a separação entre gramática,
estudos literários e redação. Os livros didáticos em geral, e mesmo os
vestibulares, reproduziram o modelo de divisão. Muitas escolas mantem
professores especialistas para cada tema e há até mesmo aulas especificas
como se leitura/literatura, estudos gramaticais e produção de textos não
tivessem relação entre si. (PCN, 2000. p. 16)
Essa divisão tem se evidenciado inclusive nos livros didáticos que trazem em sua
estrutura, partes separadas ou até mesmo capítulos direcionados a literatura.
Raramente um LD traz literatura, gramática e redação entrelaçadas de forma
contextualizada. Nesse âmbito, tocamos em um ponto importante que também tem
sido bastante discutido em congressos e conferências: O método de ensino e a
didática dos docentes em relação ao ensino de literatura. É nítido que muitos
professores já em atuação há algum tempo se encontram insatisfeitos com sua
profissão, sentem-se desvalorizados e desmotivados, continuam lecionando numa
perspectiva tradicional, prendendo-se ao uso exclusivo do livro didático, limitando
assim sua busca por novas formas de ensino, sem ampliar seus horizontes para
busca de novos recursos e materiais, permanecendo com a metodologia de ensino
de sempre.
Uma vez que sabemos da facilidade que o LD fornece ao docente, fica evidente a
comodidade garantida, pois grande parte dos professores limitam o planejamento de
suas aulas utilizando apenas o LD que direcionado ao docente traz o Manual do
professor com orientações básicas e resposta prontas, porém superficiais. Se o
docente utiliza apenas esse manual, o ensino torna-se mecânico, não havendo
espaços para reflexão nem por parte do educador e nem por parte do aluno. Ao
falarmos do livro didático, vale ressaltar que consideramos o mesmo como um
importante suporte para a atuação e prática docente Não criticamos o uso do LD
pelo professor para o planejamento de suas aulas, mas discordamos que suas
aulas, sejam baseadas apenas no LD. O que deve ser refletido é a forma como
muitos docentes vêm utilizando este suporte.
Em relação à abordagem a literatura, os LD trazem em sua grande maioria,
inúmeros textos literários, porém fragmentados, o que dificulta e problematiza o
ensino de literatura na sala de aula, pois esses textos, mesmo que façam parte de
uma rica obra literária, perdem sua essência, seu sentido real. Então se o professor
restringe suas aulas no uso do LD, entende-se que os alunos não terão um contato,
um estudo aprofundado em relação a textos literários. As aulas de literatura devem
partir do estimulo e incentivo aos discentes que devem ser provocados, para então
iniciarem um interesse pela literatura. Contudo é necessário dedicação por parte do
docente para planejar as aulas de literatura, considerando a necessidade de busca
por materiais que complementem as aulas de literatura.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Constatamos que estágio supervisionado é extrema importância para o docente em
formação inicial, pois na maioria das vezes é no estágio que o individuo inicia seu
contato com a sala de aula. No estágio é possível ainda, refletir sobre a prática
docente e sobre as teorias que estudamos na universidade. A disciplina de estágio
trouxe uma significante contribuição para nossa formação ainda em construção.
Realizamos nosso estágio supervisionado I no Colégio Estadual de Segundo Grau
Dr. Elpídio de Almeida, localizado na Rua Duque de Caxias, 235 no bairro da Prata
na cidade de Campina Grande no estado da Paraíba. Acompanhamos vinte e cinco
aulas as aulas de Língua Portuguesa. O colégio Estadual da Prata como é mais
conhecido, funciona com aulas nos turnos manhã, tarde e noite. Atuamos como
estagiárias no turno da manhã, observando as aulas de LP em quatro diferentes
turmas de primeiro ano do ensino médio: 1º ano A, 1º ano B, 1º ano D e 1º ano E,
em que dezesseis aulas das vinte e cinco que observamos foram direcionadas ao
ensino de literatura. Cada turma monitorada tem em média de 30 a 35 alunos. O
livro didático utilizado pela escola para o ensino médio é “Português Linguagens”
dos autores William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães.
DESCRIÇÃO DAS AULAS - ENSINO MÉDIO
SÉRIES/ TURMAS: 1º ANOS A, B, D e E
Nosso primeiro contato no estágio supervisionado ocorreu no dia 22 de fevereiro de
2017, nas turmas do 1º ano B, D e E. Em ambas as turmas o conteúdo abordado foi
Variação Linguística, direcionado as aulas de língua. No entanto nosso foco aqui são
as aulas de literatura, que ocorreram inicialmente no dia 29 de março do corrente
ano, nas turmas do 1º ano D, B e E. Durante as cinco aulas observadas neste dia 29
de março, o tema da aula foi “Texto poético”, em que ambas as turmas o professor
iniciou a aula falando sobre poesia e cordel de uma forma geral sem exemplificar e
nem citar nenhum poeta. Logo o professor solicitou aos alunos que no livro didático
localizassem o texto “Grito Negro” de José Craveirinha. Antes da leitura do texto o
professor incitou os alunos quanto ao titulo do texto, o sentido da palavra “negro”.
Poucos dos alunos opinaram a respeito. Em seguida o professor pediu que os
alunos realizassem a leitura silenciosa do texto. Passado alguns minutos, o docente
iniciou a leitura do texto em voz alta. Finalizada a leitura, ele questionou os alunos
sobre a quem se referia o eu lírico do poema, não se atendo muito a analise do
texto, pediu que a turma que realizassem a atividade de compreensão do texto
proposta pelo LD.
Observamos nas três aulas monitoradas neste mesmo dia que a abordagem do
professor e o conteúdo trabalhado ocorreram do mesmo modo, não havendo uma
postura diferenciada por parte do docente nas diferentes turmas. Notamos que o
professor adotou apenas o livro didático como instrumento para o ensino da
literatura. Ao entrar na leitura e discussão do texto literário, mesmo que os alunos já
possuam certo conhecimento em relação ao gênero textual pertencente ao texto que
irão trabalhar, é aconselhável que o professor elabore uma revisão, retomando o
conceito e características do gênero utilizado, o que não ocorreu nas aulas
observadas. O LD utilizado pelo professor não traz esse conceito de gênero textual e
nem provoca uma reflexão profunda em torno dos textos que o integram. Nesse
momento, notamos a problemática em torno do ensino de literatura devido à postura
do educador que vem sendo discutida; o uso exclusivo do LD. O professor solicitava
com grande frequência que seus alunos realizarem leituras silenciosas dos textos
literários presente no LD adota pela escola. Nesse sentido, tal leitura silenciosa não
desperta o interesse dos alunos, mas caso fosse realizada de modo como o
sugerido na perspectiva do método recepcional, os alunos teriam mais gosto pela
leitura. Ademais, o docente poderia trazer os textos completos, fugindo da
fragmentação.
Formar para o gosto literário, conhecer a tradição literária local e oferecer
instrumentos para uma penetração mais aguda nas obras −
tradicionalmente objetivos da escola em relação à literatura − decerto
supõem percorrer o arco que vai do leitor vítima ao leitor crítico. Tais
objetivos são, portanto, inteiramente pertinentes e inquestionáveis, mas
questionados devem ser os métodos que têm sido utilizados para esses
fins. (OCEM, 2000, p.69)
Assim como o OCEM recomenda à necessidade de se trabalhar a tradição literária
local, isto é, considerar quais obras estão mais presentes no contexto social
daqueles alunos e começar a partir delas. E não exigir a leitura de determinado texto
para a resolução de exercícios como o docente em questão trabalha, tornando-o
uma leitura forçada. É importante que o aluno conheça a tradição literária brasileira,
mas não a decore. Outro ponto em questão é o tempo em sala de aula, como
trabalhar textos literários extensos em um curto contato de meros 45 minutos com os
docentes, o ideal seria trabalhar textos mais curtos.
Em nosso terceiro dia de estágio, segundo dia em relação às aulas de literatura, no
dia 05 de abril do corrente ano, estivemos observando novamente cinco aulas nas
turmas do 1º ano B, D e E. Na turma do 1º ano B, o professor retomou a atividade do
texto poético “Grito Negro” de José Craveirinha, realizando oralmente a correção
dessa atividade.
Nas turmas do 1º ano D e E, o professor iniciou sua aula com o tema “Estilos de
época: adequação e superação”, questionando os alunos sobre o que eles
entendiam por estilos de épocas. Poucos alunos opinaram então o professor citou
mudanças ocorridas na literatura, utilizando a figura da mulher para exemplificar.
Após uma breve explanação do professor, ele pediu que os alunos localizassem no
LD os textos Meus oito anos de Casimiro de Abreu e E com vocês a modernidade de
Antônio Cacaso, fizessem a leitura silenciosa do texto e observassem as diferenças
existentes entre os dois textos. Depois de algum tempo, ao observar que a maioria
dos alunos tinham feito a leitura, o professor realizou a leitura dos textos em voz alta
e ao final de sua leitura, perguntou aos alunos sobre qual dos textos seria mais real
e qual seria mais fictício. Para essa constatação, o educador retomou algumas
expressões do texto para auxiliar nessa análise. O professor seguiu a aula
solicitando que os discentes realizassem a atividade referente ao texto proposto pelo
LD, em seguida a aula terminou.
No nosso quarto dia de estágio, dia 07 de abril do corrente ano, observamos nas
turmas do 1º ano A, B e D, seis aulas de literatura, duas aulas em cada. Nas turmas
do 1º ano A e D, o professor retomou o conteúdo da aula anterior Estilos de época:
adequação e superação. Nessas duas turmas, o docente iniciou a aula realizando
em voz alta a leitura dos textos Meus oito anos de Casimiro de Abreu e E com vocês
a modernidade de Antônio Cacaso, em seguida, ele realizou oralmente a correção
da atividade textual proposta pelo LD. Na turma do 1º ano A, a aula foi encerrada ao
final da correção da atividade textual.
No 1º ano D, após a correção da atividade textual, o professor iniciou o conteúdo
Diálogos na tradição literária, da mesma forma que ocorreu no 1º ano B, abordando
a relação entre texto, autor e leitor. O docente pediu que um aluno realizasse a
leitura do texto Literatura na escola, sugerido pelo LD. Após a leitura do texto, o
professor falou da periodização da literatura, citando as escolas literárias. Em
seguida, ele falou rapidamente dos gêneros textuais. Finalizou a aula solicitando que
os discentes lessem três textos de diferentes gêneros textuais.
Nessas últimas aulas de literatura que observamos, mais uma vez evidenciamos que
o professor utiliza apenas o livro didático, não trazendo nenhum outro material
pedagógico para complementar suas aulas. Como falamos já, o LD utilizado pelo
docente não traz nenhum estudo sobre o conceito, a estrutura ou características de
gêneros textuais, e os textos literários que o compõem são textos fragmentados, que
virá a contribuir de forma negativa para a formação de leitores e no ensino da
literatura em geral.
Uma atividade de leitura centrada nas habilidades mecânicas de
decodificação da escrita, sem dirigir, contudo a aquisição de tais habilidades
para a dimensão da interação verbal – quase sempre, nessas
circunstâncias, não há leitura, porque não há “encontro” com ninguém do
outro lado do texto. (ANTUNES, 2003. p. 27)
As leituras realizadas tinham como objetivo apenas responder as atividades do LD
que o professor solicitava que os alunos respondessem logo em seguida. Assim, é
possível que grande parte daqueles alunos criem em sua mente, a ideia de que a
leitura serve apenas para responder questões prontas, sugeridas pelos LD.
Infelizmente é essa noção que temos ao presenciar práticas docentes como essa. É
preciso que levemos para nossa sala de aula, textos literários completos, que
coincidam com a realidade de nossos alunos. Pois o texto fragmentado,
disponibilizados nos livros didáticos sofre alterações que provavelmente modificam
seu sentido em relação à ideia do autor. Um texto fragmentado desconstrói a noção
de autoria, isto é, a ideia central que o autor quis passar não fica clara ou não é
entendida, consequentemente interferindo na formação leitora dos alunos. O livro
didático utilizado pelo docente apresenta fragmentos de obras literárias conhecidas,
recortes que se distanciam da ideia central do autor do texto.
O livro didático ao desconstruir a noção de autoria, rompe com a ordem em
que nos encontramos como produtores e leitores de textos em nossa
sociedade. Se um dos objetivos da escola é levar o aluno a se tornar um
leitor proficiente e possibilitar que esse aluno faça parte das práticas de
leituras valorizadas socialmente, apenas as leituras dos textos tais como se
apresentam nos livros didáticos pode impedir que o aluno entre nessa
ordem que rege a produção da escrita e da leitura em nossa sociedade.(
PIETRI, 2007. p. 42)
Caberia então ao professor que possui papel de principal mediador, desprender-se
do uso contínuo do LD e buscar outras ferramentas para trabalhar com seus alunos
em sala de aula, trazer textos completos e outros textos que façam textualidade com
aquele fragmentado. Devemos considerar ainda que determinada pessoa ao estudar
um texto literário, baseia-se em seus conhecimentos sociais e linguísticos para vim a
compreender a obra ao seu ponto de vista. Deve-se considerar que o texto literário
abre margem para diversas interpretações, um aluno pode ler e compreender de
uma forma, já outro pode ler e atribuir outro sentido, isso se bem trabalhado em sala
de aula, desperta o interesse dos alunos.
A recepção é concebida, pelos teóricos alemães da escola de Constança,
como uma concretização pertinente à estrutura da obra, tanto no momento
da sua produção como no da sua leitura, que pode ser estudada
esteticamente, o que dá ensejo à denominação da estética da recepção.
(AGUIAR, 1988, PAG 82)
As discussões realizadas sobre os textos abordados durante as aulas foram
discussões breves que não levavam os alunos a refletirem de fato, não contribuindo
para o desenvolvimento da competência discursiva, que segundo os PCNS é
primordial na formação de indivíduo crítico. Notamos também que houve pouca
interação entre aluno, texto e professor. Muitos alunos se distraiam em conversas
com colegas ao lado ou utilizando celulares. A partir daí notamos quão cansativa
estava sendo as aulas de língua portuguesa para aqueles alunos do 1º ano do
ensino médio, que é um público considerado ativo.
Considerações finais
O ensino de literatura ainda é um desafio para os docentes que na maioria das
vezes não sabem por onde começar e acabam por seguir sob uma perspectiva
tradicional, utilizando apenas o livro didático como suporte para o planejamento de
suas aulas. A leitura superficial dos textos, atividades de mera decodificação que
utilizam o texto como pretexto retirado dos LD, são indícios de professores que
necessitam refletir sobre sua atuação em sala de aula. Olhando para o ensino de
literatura nessa perspectiva, a formação da competência leitora do aluno é afetada,
pois, como haverá a formação de cidadãos críticos, se a leitura realizada em sala de
aula serve apenas para resolução de exercícios e não há o questionamento dos
textos sem a necessidade exclusiva de responder ao exercício? É necessário que o
docente aborde em suas aulas, textos literários completos, mas que antes de tudo,
provoque nos alunos o interesse pela leitura. Para isso, o professor precisa criar
estratégias para despertar em seus alunos o interesse pela literatura, partindo de
textos literários contemporâneos. A busca por novas ferramentas deve fazer parte
de suas estratégias. Inovar nas aulas de literatura, trazer novas práticas e
metodologia é uma tarefa que exige dedicação e comprometimento por parte do
educador torna-se essencial para que as aulas de literatura ocorram de forma
interativa.
Nós enquanto futuras professoras de língua portuguesa, precisamos começar a
refletir de agora sobre as práticas de ensino que estão ocorrendo no ensino básico.
A educação necessita urgentemente de métodos de ensino inovador, de educadores
que tenham consciência de sua função e que estejam dispostos a serem também
pesquisadores constantes, pois a educação se renova sempre, e o docente deve
procurar acompanhar essas inovações.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira de. Bordini, Maria da Glória. - Literatura: a formação do
leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado aberto.
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola
editorial, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. In:
Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua portuguesa. Brasília: Ministério de
Educação, 2000.
BRASIL. Orientações curriculares para o ensino médio linguagens códigos e
suas tecnologias. Brasília: MEC, Secretaria da educação básica, 2006.
CEREJA, William Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens.
São Paulo: Saraiva. 2013
COSSON, Rildo. Letramento Literário. São Paulo: Contexto. 2016
DE PIETRI, Émerson. Práticas de leitura e elementos para a atuação docente.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
GERALDI, João Wanderley (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Anglo. 2012

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Ensino de literatura na sala de aula

  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES COMPONENTE CURRICULAR: ESTAGIO SUPERVISIONADO I A PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE LITERATURA NA SALA DE AULA: O OLHAR ATRAVÉS DA VIVÊNCIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I ANDREIA APARECIDA MEDEIROS MARTINS MARIA ESTELA SOUTO DA SILVA Campina Grande Abril de 2017
  • 2. A PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE LITERATURA NA SALA DE AULA: O OLHAR ATRAVÉS DA VIVÊNCIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I ANDREIA APARECIDA MEDEIROS MARTINS MARIA ESTELA SOUTO DA SILVA Artigo para composição da nota do componente curricular: Estágio Supervisionado I, elaborado pelas alunas Andreia Aparecida Medeiros Martins e Maria Estela Souto da Silva, orientado pela professora Magliana Rodrigues da Silva do Curso de Letras, da Universidade Estadual da Paraíba/Campus I. Campina Grande Abril de 2017
  • 3. RESUMO O ensino de literatura que ocorre separadamente do ensino de gramática e produção textual tem sido motivo de discussões em conferências e congressos na área da educação. Notamos que há grande necessidade de discussões e de se rever alternativas sobre o ensino de literatura nas escolas. Com base nessas observações, através deste artigo, objetivamos apresentar nossa experiência do estágio supervisionado I do curso de Letras Português da Universidade Estadual da Paraíba, em que observamos durante vinte e cinco aulas de Língua Portuguesa, a prática docente e o ensino de língua e literatura. No entanto, no presente artigo voltamos nosso olhar para o ensino de literatura devido a temos percebido que há uma problemática em torno da prática docente nas aulas de literatura, que por vez passam a limitar suas aulas no uso apenas do livro didático que trazem em seu conteúdo apenas textos fragmentados e atividades que não levam os discentes a refletirem de fato, não contribuindo assim para a competência discursiva, que segundo os PCN é primordial na formação de indivíduo crítico. Nosso estágio ocorreu no período de fevereiro a abril de 2017, em quatro turmas do 1º ano do ensino médio no Colégio Estadual de Segundo Grau Dr. Elpídio de Almeida, localizado na cidade de Campina Grande – PB. Para o progresso e ampliação das nossas ideias, seguimos Aguiar e Bordini (1988), Cosson (2016), Ferreira (2010), Geraldi (2012), Ocem (2006), PCN (2000), Pietri (2007), entre outros que discorrem sobre o ensino de literatura. Palavras-Chave: Ensino de literatura, estágio supervisionado, agir docente. INTRODUÇÃO Consideramos que o estudo da literatura é essencial para a formação de um cidadão crítico, enquanto leitor. No entanto, vem sendo motivo de muita discussão em conferências e congressos, a forma como o ensino de literatura vem sendo propagado na sala de aula. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio defendem que se deve iniciar o trabalho com obras literárias contemporâneas, para então abordar obras de séculos passados. Os OCEM defendem ainda o abandono da utilização de textos fragmentados presentes em livros didáticos.
  • 4. Atualmente há muitas cobranças e questionamentos em torno do ensino de literatura nas escolas. Através das aulas de literatura que observamos percebemos que há grande deficiência nesse ensino, devido também a muitos docentes ainda lecionarem numa perspectiva tradicional, se prendendo apenas ao uso do LD que contém apenas textos literários fragmentados e considerando que nas aulas de Língua Portuguesa, muitos professores privilegiam o ensino de língua, deixando de lado o ensino de literatura. Considerando os textos literários como parte da linguagem e a linguagem como forma expressiva de comunicação presente constantemente em nossa sociedade, tornando-se a mesma prática rotineira em nosso convívio social, sabemos que através das palavras, permitimos que ocorram as diferentes formas de interação entre os indivíduos. Embora concordemos com o fato de que a Literatura seja um modo discursivo entre vários (o jornalístico, o científico, o coloquial, etc.), o discurso literário decorre, diferentemente dos outros, de um modo de construção que vai além das elaborações linguísticas usuais, porque de todos os modos discursivos é o menos pragmático, o que menos visa a aplicações práticas. Uma de suas marcas é sua condição limítrofe, que outros denominam transgressão, que garante ao participante do jogo da leitura literária o exercício da liberdade, e que pode levar a limites extremos as possibilidades da língua: E nisso reside sua função maior no quadro do ensino médio: pensada (a literatura) dessa forma, ela pode ser um grande agenciador do amadurecimento (OCEM, 2006. p. 44) Durante nossa experiência como estagiárias do curso de Letras Português da Universidade Estadual da Paraíba, em turmas do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual de Segundo Grau Dr. Elpídio de Almeida, localizado na Rua Duque de Caxias, 235 no bairro da Prata na cidade de Campina Grande no estado da Paraíba, observamos as aulas de língua portuguesa, sobretudo a abordagem aos conteúdos e a didática do professor nas aulas voltadas à literatura. O ensino de literatura na sala de aula Segundo o dicionário Aurélio, a palavra Literatura significa: Conjunto das obras literárias de um país ou de uma época, escritos narrativos, históricos, críticos, de eloquência, de fantasia, de poesia, etc. Compreendemos a literatura também como arte de expressão, não apenas escrita, mas também a arte visual e oral. A literatura
  • 5. está atrelada a nossa língua, a mesma que utilizamos diariamente com propósito comunicativo. Na leitura e na escritura do texto literário encontramos o senso de nós mesmos e da comunidade a que pertencemos. A literatura nos diz o que o somos e nos incentivas a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos. E isso se dá porque a literatura é uma experiência a ser realizada. (COSSON, 2016. p.17) Quando falamos em linguagem e comunicação, nos referimos a textos, sejam eles orais ou escritos. Os textos evidentemente, sempre ocupam lugar em nosso cotidiano, sendo eles literários ou não literários. Quando partimos para a abordagem a literatura, partimos para a perspectiva de abordagem a textos literários que permeiam o universo da literatura em si. A literatura lecionada em separação com a gramática e redação, não recebe a devida atenção. Há docentes que priorizam o ensino de gramática, deixando a literatura de lado. Há ainda docentes que trabalham superficialmente os textos literários, sem aprofundarem esse ensino. A divisão que ocorre em torno do ensino de língua e literatura, tem causado muitos questionamentos. Os PCNs alegam que grande parte das escolas priorizam o ensino de gramática, menosprezando a relação existente entre literatura, texto e gramática. A divisão repercutiu na organização curricular: a separação entre gramática, estudos literários e redação. Os livros didáticos em geral, e mesmo os vestibulares, reproduziram o modelo de divisão. Muitas escolas mantem professores especialistas para cada tema e há até mesmo aulas especificas como se leitura/literatura, estudos gramaticais e produção de textos não tivessem relação entre si. (PCN, 2000. p. 16) Essa divisão tem se evidenciado inclusive nos livros didáticos que trazem em sua estrutura, partes separadas ou até mesmo capítulos direcionados a literatura. Raramente um LD traz literatura, gramática e redação entrelaçadas de forma contextualizada. Nesse âmbito, tocamos em um ponto importante que também tem sido bastante discutido em congressos e conferências: O método de ensino e a didática dos docentes em relação ao ensino de literatura. É nítido que muitos professores já em atuação há algum tempo se encontram insatisfeitos com sua profissão, sentem-se desvalorizados e desmotivados, continuam lecionando numa perspectiva tradicional, prendendo-se ao uso exclusivo do livro didático, limitando assim sua busca por novas formas de ensino, sem ampliar seus horizontes para
  • 6. busca de novos recursos e materiais, permanecendo com a metodologia de ensino de sempre. Uma vez que sabemos da facilidade que o LD fornece ao docente, fica evidente a comodidade garantida, pois grande parte dos professores limitam o planejamento de suas aulas utilizando apenas o LD que direcionado ao docente traz o Manual do professor com orientações básicas e resposta prontas, porém superficiais. Se o docente utiliza apenas esse manual, o ensino torna-se mecânico, não havendo espaços para reflexão nem por parte do educador e nem por parte do aluno. Ao falarmos do livro didático, vale ressaltar que consideramos o mesmo como um importante suporte para a atuação e prática docente Não criticamos o uso do LD pelo professor para o planejamento de suas aulas, mas discordamos que suas aulas, sejam baseadas apenas no LD. O que deve ser refletido é a forma como muitos docentes vêm utilizando este suporte. Em relação à abordagem a literatura, os LD trazem em sua grande maioria, inúmeros textos literários, porém fragmentados, o que dificulta e problematiza o ensino de literatura na sala de aula, pois esses textos, mesmo que façam parte de uma rica obra literária, perdem sua essência, seu sentido real. Então se o professor restringe suas aulas no uso do LD, entende-se que os alunos não terão um contato, um estudo aprofundado em relação a textos literários. As aulas de literatura devem partir do estimulo e incentivo aos discentes que devem ser provocados, para então iniciarem um interesse pela literatura. Contudo é necessário dedicação por parte do docente para planejar as aulas de literatura, considerando a necessidade de busca por materiais que complementem as aulas de literatura. RELATO DE EXPERIÊNCIA Constatamos que estágio supervisionado é extrema importância para o docente em formação inicial, pois na maioria das vezes é no estágio que o individuo inicia seu contato com a sala de aula. No estágio é possível ainda, refletir sobre a prática docente e sobre as teorias que estudamos na universidade. A disciplina de estágio trouxe uma significante contribuição para nossa formação ainda em construção. Realizamos nosso estágio supervisionado I no Colégio Estadual de Segundo Grau Dr. Elpídio de Almeida, localizado na Rua Duque de Caxias, 235 no bairro da Prata
  • 7. na cidade de Campina Grande no estado da Paraíba. Acompanhamos vinte e cinco aulas as aulas de Língua Portuguesa. O colégio Estadual da Prata como é mais conhecido, funciona com aulas nos turnos manhã, tarde e noite. Atuamos como estagiárias no turno da manhã, observando as aulas de LP em quatro diferentes turmas de primeiro ano do ensino médio: 1º ano A, 1º ano B, 1º ano D e 1º ano E, em que dezesseis aulas das vinte e cinco que observamos foram direcionadas ao ensino de literatura. Cada turma monitorada tem em média de 30 a 35 alunos. O livro didático utilizado pela escola para o ensino médio é “Português Linguagens” dos autores William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. DESCRIÇÃO DAS AULAS - ENSINO MÉDIO SÉRIES/ TURMAS: 1º ANOS A, B, D e E Nosso primeiro contato no estágio supervisionado ocorreu no dia 22 de fevereiro de 2017, nas turmas do 1º ano B, D e E. Em ambas as turmas o conteúdo abordado foi Variação Linguística, direcionado as aulas de língua. No entanto nosso foco aqui são as aulas de literatura, que ocorreram inicialmente no dia 29 de março do corrente ano, nas turmas do 1º ano D, B e E. Durante as cinco aulas observadas neste dia 29 de março, o tema da aula foi “Texto poético”, em que ambas as turmas o professor iniciou a aula falando sobre poesia e cordel de uma forma geral sem exemplificar e nem citar nenhum poeta. Logo o professor solicitou aos alunos que no livro didático localizassem o texto “Grito Negro” de José Craveirinha. Antes da leitura do texto o professor incitou os alunos quanto ao titulo do texto, o sentido da palavra “negro”. Poucos dos alunos opinaram a respeito. Em seguida o professor pediu que os alunos realizassem a leitura silenciosa do texto. Passado alguns minutos, o docente iniciou a leitura do texto em voz alta. Finalizada a leitura, ele questionou os alunos sobre a quem se referia o eu lírico do poema, não se atendo muito a analise do texto, pediu que a turma que realizassem a atividade de compreensão do texto proposta pelo LD. Observamos nas três aulas monitoradas neste mesmo dia que a abordagem do professor e o conteúdo trabalhado ocorreram do mesmo modo, não havendo uma postura diferenciada por parte do docente nas diferentes turmas. Notamos que o professor adotou apenas o livro didático como instrumento para o ensino da
  • 8. literatura. Ao entrar na leitura e discussão do texto literário, mesmo que os alunos já possuam certo conhecimento em relação ao gênero textual pertencente ao texto que irão trabalhar, é aconselhável que o professor elabore uma revisão, retomando o conceito e características do gênero utilizado, o que não ocorreu nas aulas observadas. O LD utilizado pelo professor não traz esse conceito de gênero textual e nem provoca uma reflexão profunda em torno dos textos que o integram. Nesse momento, notamos a problemática em torno do ensino de literatura devido à postura do educador que vem sendo discutida; o uso exclusivo do LD. O professor solicitava com grande frequência que seus alunos realizarem leituras silenciosas dos textos literários presente no LD adota pela escola. Nesse sentido, tal leitura silenciosa não desperta o interesse dos alunos, mas caso fosse realizada de modo como o sugerido na perspectiva do método recepcional, os alunos teriam mais gosto pela leitura. Ademais, o docente poderia trazer os textos completos, fugindo da fragmentação. Formar para o gosto literário, conhecer a tradição literária local e oferecer instrumentos para uma penetração mais aguda nas obras − tradicionalmente objetivos da escola em relação à literatura − decerto supõem percorrer o arco que vai do leitor vítima ao leitor crítico. Tais objetivos são, portanto, inteiramente pertinentes e inquestionáveis, mas questionados devem ser os métodos que têm sido utilizados para esses fins. (OCEM, 2000, p.69) Assim como o OCEM recomenda à necessidade de se trabalhar a tradição literária local, isto é, considerar quais obras estão mais presentes no contexto social daqueles alunos e começar a partir delas. E não exigir a leitura de determinado texto para a resolução de exercícios como o docente em questão trabalha, tornando-o uma leitura forçada. É importante que o aluno conheça a tradição literária brasileira, mas não a decore. Outro ponto em questão é o tempo em sala de aula, como trabalhar textos literários extensos em um curto contato de meros 45 minutos com os docentes, o ideal seria trabalhar textos mais curtos. Em nosso terceiro dia de estágio, segundo dia em relação às aulas de literatura, no dia 05 de abril do corrente ano, estivemos observando novamente cinco aulas nas turmas do 1º ano B, D e E. Na turma do 1º ano B, o professor retomou a atividade do texto poético “Grito Negro” de José Craveirinha, realizando oralmente a correção dessa atividade.
  • 9. Nas turmas do 1º ano D e E, o professor iniciou sua aula com o tema “Estilos de época: adequação e superação”, questionando os alunos sobre o que eles entendiam por estilos de épocas. Poucos alunos opinaram então o professor citou mudanças ocorridas na literatura, utilizando a figura da mulher para exemplificar. Após uma breve explanação do professor, ele pediu que os alunos localizassem no LD os textos Meus oito anos de Casimiro de Abreu e E com vocês a modernidade de Antônio Cacaso, fizessem a leitura silenciosa do texto e observassem as diferenças existentes entre os dois textos. Depois de algum tempo, ao observar que a maioria dos alunos tinham feito a leitura, o professor realizou a leitura dos textos em voz alta e ao final de sua leitura, perguntou aos alunos sobre qual dos textos seria mais real e qual seria mais fictício. Para essa constatação, o educador retomou algumas expressões do texto para auxiliar nessa análise. O professor seguiu a aula solicitando que os discentes realizassem a atividade referente ao texto proposto pelo LD, em seguida a aula terminou. No nosso quarto dia de estágio, dia 07 de abril do corrente ano, observamos nas turmas do 1º ano A, B e D, seis aulas de literatura, duas aulas em cada. Nas turmas do 1º ano A e D, o professor retomou o conteúdo da aula anterior Estilos de época: adequação e superação. Nessas duas turmas, o docente iniciou a aula realizando em voz alta a leitura dos textos Meus oito anos de Casimiro de Abreu e E com vocês a modernidade de Antônio Cacaso, em seguida, ele realizou oralmente a correção da atividade textual proposta pelo LD. Na turma do 1º ano A, a aula foi encerrada ao final da correção da atividade textual. No 1º ano D, após a correção da atividade textual, o professor iniciou o conteúdo Diálogos na tradição literária, da mesma forma que ocorreu no 1º ano B, abordando a relação entre texto, autor e leitor. O docente pediu que um aluno realizasse a leitura do texto Literatura na escola, sugerido pelo LD. Após a leitura do texto, o professor falou da periodização da literatura, citando as escolas literárias. Em seguida, ele falou rapidamente dos gêneros textuais. Finalizou a aula solicitando que os discentes lessem três textos de diferentes gêneros textuais. Nessas últimas aulas de literatura que observamos, mais uma vez evidenciamos que o professor utiliza apenas o livro didático, não trazendo nenhum outro material pedagógico para complementar suas aulas. Como falamos já, o LD utilizado pelo docente não traz nenhum estudo sobre o conceito, a estrutura ou características de
  • 10. gêneros textuais, e os textos literários que o compõem são textos fragmentados, que virá a contribuir de forma negativa para a formação de leitores e no ensino da literatura em geral. Uma atividade de leitura centrada nas habilidades mecânicas de decodificação da escrita, sem dirigir, contudo a aquisição de tais habilidades para a dimensão da interação verbal – quase sempre, nessas circunstâncias, não há leitura, porque não há “encontro” com ninguém do outro lado do texto. (ANTUNES, 2003. p. 27) As leituras realizadas tinham como objetivo apenas responder as atividades do LD que o professor solicitava que os alunos respondessem logo em seguida. Assim, é possível que grande parte daqueles alunos criem em sua mente, a ideia de que a leitura serve apenas para responder questões prontas, sugeridas pelos LD. Infelizmente é essa noção que temos ao presenciar práticas docentes como essa. É preciso que levemos para nossa sala de aula, textos literários completos, que coincidam com a realidade de nossos alunos. Pois o texto fragmentado, disponibilizados nos livros didáticos sofre alterações que provavelmente modificam seu sentido em relação à ideia do autor. Um texto fragmentado desconstrói a noção de autoria, isto é, a ideia central que o autor quis passar não fica clara ou não é entendida, consequentemente interferindo na formação leitora dos alunos. O livro didático utilizado pelo docente apresenta fragmentos de obras literárias conhecidas, recortes que se distanciam da ideia central do autor do texto. O livro didático ao desconstruir a noção de autoria, rompe com a ordem em que nos encontramos como produtores e leitores de textos em nossa sociedade. Se um dos objetivos da escola é levar o aluno a se tornar um leitor proficiente e possibilitar que esse aluno faça parte das práticas de leituras valorizadas socialmente, apenas as leituras dos textos tais como se apresentam nos livros didáticos pode impedir que o aluno entre nessa ordem que rege a produção da escrita e da leitura em nossa sociedade.( PIETRI, 2007. p. 42) Caberia então ao professor que possui papel de principal mediador, desprender-se do uso contínuo do LD e buscar outras ferramentas para trabalhar com seus alunos em sala de aula, trazer textos completos e outros textos que façam textualidade com aquele fragmentado. Devemos considerar ainda que determinada pessoa ao estudar um texto literário, baseia-se em seus conhecimentos sociais e linguísticos para vim a compreender a obra ao seu ponto de vista. Deve-se considerar que o texto literário abre margem para diversas interpretações, um aluno pode ler e compreender de uma forma, já outro pode ler e atribuir outro sentido, isso se bem trabalhado em sala de aula, desperta o interesse dos alunos.
  • 11. A recepção é concebida, pelos teóricos alemães da escola de Constança, como uma concretização pertinente à estrutura da obra, tanto no momento da sua produção como no da sua leitura, que pode ser estudada esteticamente, o que dá ensejo à denominação da estética da recepção. (AGUIAR, 1988, PAG 82) As discussões realizadas sobre os textos abordados durante as aulas foram discussões breves que não levavam os alunos a refletirem de fato, não contribuindo para o desenvolvimento da competência discursiva, que segundo os PCNS é primordial na formação de indivíduo crítico. Notamos também que houve pouca interação entre aluno, texto e professor. Muitos alunos se distraiam em conversas com colegas ao lado ou utilizando celulares. A partir daí notamos quão cansativa estava sendo as aulas de língua portuguesa para aqueles alunos do 1º ano do ensino médio, que é um público considerado ativo. Considerações finais O ensino de literatura ainda é um desafio para os docentes que na maioria das vezes não sabem por onde começar e acabam por seguir sob uma perspectiva tradicional, utilizando apenas o livro didático como suporte para o planejamento de suas aulas. A leitura superficial dos textos, atividades de mera decodificação que utilizam o texto como pretexto retirado dos LD, são indícios de professores que necessitam refletir sobre sua atuação em sala de aula. Olhando para o ensino de literatura nessa perspectiva, a formação da competência leitora do aluno é afetada, pois, como haverá a formação de cidadãos críticos, se a leitura realizada em sala de aula serve apenas para resolução de exercícios e não há o questionamento dos textos sem a necessidade exclusiva de responder ao exercício? É necessário que o docente aborde em suas aulas, textos literários completos, mas que antes de tudo, provoque nos alunos o interesse pela leitura. Para isso, o professor precisa criar estratégias para despertar em seus alunos o interesse pela literatura, partindo de textos literários contemporâneos. A busca por novas ferramentas deve fazer parte de suas estratégias. Inovar nas aulas de literatura, trazer novas práticas e metodologia é uma tarefa que exige dedicação e comprometimento por parte do educador torna-se essencial para que as aulas de literatura ocorram de forma interativa. Nós enquanto futuras professoras de língua portuguesa, precisamos começar a refletir de agora sobre as práticas de ensino que estão ocorrendo no ensino básico.
  • 12. A educação necessita urgentemente de métodos de ensino inovador, de educadores que tenham consciência de sua função e que estejam dispostos a serem também pesquisadores constantes, pois a educação se renova sempre, e o docente deve procurar acompanhar essas inovações. REFERÊNCIAS AGUIAR, Vera Teixeira de. Bordini, Maria da Glória. - Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado aberto. ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola editorial, 2003. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. In: Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua portuguesa. Brasília: Ministério de Educação, 2000. BRASIL. Orientações curriculares para o ensino médio linguagens códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, Secretaria da educação básica, 2006. CEREJA, William Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens. São Paulo: Saraiva. 2013 COSSON, Rildo. Letramento Literário. São Paulo: Contexto. 2016 DE PIETRI, Émerson. Práticas de leitura e elementos para a atuação docente. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. GERALDI, João Wanderley (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Anglo. 2012