Primeira edição do bibliozine CANTO NEGRO, publicação que é parte do projeto realizado pela Cia Cantando Conto de C@ntador@s de Histórias com o apoio do PROAC 2013 de Estímulo a Leitura em Biblioteca Públicas do Estado de São Paulo. Produção feita na oficina de AfroPublicações dinamizada por Edson Ikê na AfroEscola Laboratório Urbano, entre março e abril de 2014. Outras informações em www.cantandoconto.com.
1. Edição nº 1 do BiblioZine organizado
pela Cia Cantando Conto
Abril de 2014
CANTO
NEGRO
2. "Os homens morrem mas suas palavras
e obras podem viver para sempre"
Provérbio de Gana
Quem Somos............................3
Apresentação do projeto............5
O Coração do Baobá.................6
Brincadeira cantada 1...............8
Os três surdos...........................9
Brincadeira cantada 2............10
Entrevista Lenna Bahule.........11
AfroPedagogia........................14
Agenda....................................16
3. QUEM SOMOS
Somos um grupo de atores e músicos que realiza es-
petáculos, sessões de contação de histórias, shows
musicais, oficinas, projetos culturais e pedagógicos
que envolvem as artes cênicas, a música, as artes plás-
ticas e a literatura. Nossa pesquisa tem como base os
possíveis encontros entre o teatro narrativo e a músi-
ca. Os espetáculos acontecem a partir de uma intera-
ção com o público, o qual participa ativamente do
processo de criação do jogo cênico, sendo convidado
a realizar atividades de percussão corporal e brinca-
deiras cantadas apreendidas na hora para composição
da atmosfera cênica e audição dos contos.
Durante as sessões os artistas buscam criar uma pon-
te entre a literatura escrita e a tradição oral, utilizan-
do a música e as brincadeiras cantadas como fio
condutor das ações cênicas. Para nós cantar e contar
histórias constitui uma oportunidade de promover
encontros entre as pessoas, momentos de pausa e es-
cuta necessários para que possamos construir um
olhar mais sensível sobre a realidade que nos cerca.
A Cia Cantando Conto foi criada em 2009 e desde
de então tem realizado projetos culturais na cidade
de São Paulo e na região do ABC paulista, foi con-
templada por duas vezes pelo edital de fomento e in-
centivo à leitura do município de São Bernardo do
Campo. Tem realizado apresentações e oficinas em
diversos espaços, tais como: SESCs, CEUs, Bibliote-
cas, brinquedotecas e parques. Em 2013 realizou-se
uma parceria entre a Cia e a AfroEscola Laboratório
Urbano.
A AfroEscola é uma proposta cidadã que nasce inspi-
rada nas incontáveis manifestações e resistências dos
povos negros ao longo dos tempos e é pensada como
uma ação afirmativa contemporânea. Ação de valori-
zação dos afrodescendentes e de todas as culturas afro
que se espalharam de modo não espontânea pelo
planeta.
Historicamente a sociedade brasileira tem desvalori-
zado sua diversidade étnica quando se trata de temá-
ticas importantes para as decisões nacionais.
Indígenas e pret@s – negr@s e pard@s – visivelmente
são @s mais afetad@os. E a Educação tem papel es-
tratégico nessa manutenção de controle manipulador
na mão de alguns pouc@s.
Concretamente a AfroEscola surge em julho de
2013, em seu formato Laboratório Urbano, ocupan-
do um imóvel na cidade de Santo André, região do
ABC paulista. De maneira itinerante e experimental,
utilizando uma tenda como espaço de aprendizagem,
vem atuando desde 2009. E filosoficamente é uma
continuação amplificada da iniciativa NEGRO
UNIVERSO - a essência dos afrodescendentes, hoje
e sempre, iniciativa interdisciplinar que ocorre desde
2002.
Como objetivos temos:
- Criar um espaço onde as africanidades – tradições,
Culturas e Histórias – sejam realmente respeitadas,
estudadas e difundidas;
- Proporcionar aos afrodescendentes, acesso a infor-
mações, a formações e a capacitações dignas e signi-
ficativas;
- Repensar as práticas educativas atuais, principal-
mente nos segmentos infantil e fundamental, e vi-
venciar outros conceitos e conteúdos.
Apesar do foco principal ser a temática afro, muitas
4. outras investigações e práticas são parte do dia a dia
da AfroEscola: Comunicação Popular, Agroecologia,
Alimentação, Economias Criativa e Solidária, Espor-
tes ativistas, Interculturalidades, Intercâmbios e tan-
tas outras tecnologias sociais.
Desse encontro surgiu o projeto Canto Negro que
conta com o apoio do Governo do Estado de São
Paulo – Programa de Ação Cultural da Secretaria da
Cultura, Edital de Estímulo à Leitura em Bibliotecas
Municipais de 2013. Através desse apoio foi possível
tornar essa publicação uma realidade. E através dela
pretendemos compartilhar um pouco da nossa pes-
quisa no campo da cultura e produção literária afro-
brasileira.
“O tambor, na mão do outro, não satisfaz.
Quando o tomamos, incomodamos”
provérbio etíope
5. APRESENTAÇÃO DO PROJETO CANTO NEGRO
Esta publicação a qual demos o nome de bibliozine trata-
se de uma atividade de produção de textos, pesquisas, en-
trevistas e confecção de publicações que serão divulgadas
via web e impressas para serem distribuídas em outras
ações de nossa agenda. Este projeto prevê a realização de
ações culturais de estimulo a leitura pelo grupo “CAN-
TANDO CONTO” de narradores de histórias em biblio-
tecas públicas e instituições parceiras na região do ABC
paulista (local onde está a sede do grupo). Tais ações in-
cluirão atividades de contação de histórias, oficinas de
fruição artística, sarau literário, publicação de uma revista
(bibliozine), publicação de audiohistórias e wokshops de
formação na arte de contar histórias.
O grupo pretende realizar um projeto que estimule o
gosto pela literatura junto ao público infanto-
juvenil e o incentivo ao hábito por
frequentar bibliotecas ao aproximar a
arte literária do cotidiano desses jo-
vens e crianças. As obras escolhi-
das possuem grande valor
artístico, lingüístico e histórico e
serão apresentadas ao público de
forma lúdica e instigante, in-
centivando reflexões e apropria-
ções das obras apresentadas ao
repertório cultural dos freqüenta-
dores das vivências.
O desenvolvimento integral do ser
humano, e por consequência de seu en-
torno, passa necessariamente pelo reconhe-
cimento e pela valorização do próprio indivíduo,
apoiado no entendimento também de outros povos e suas
peculiaridades. Nesse sentido, a Literatura se apresenta
como instrumento extraordinário na aproximação com as
realidades étnicas e estéticas de distintas comunidades.
Além disso favorece a criação do respeito com o ser alheio
e possibilita a construção de uma visão ampliada em rela-
ção ao gigantesco mundo que habitamos. Na composição
desta proposta, tomamos como inspiração a análise do ve-
nezuelano Mário Briceño Iragorry (intelectual, escritor,
professor que viveu entre 1897 e 1958), que diz:
“Os povos que provaram maior vitalidade tem mostrado
um empenho ardoroso em olhar para trás em favor de
uma clara explicação de si próprios. Do mesmo modo,
como o homem vive enquanto tem memória de seu ante-
passado, as nações se projetam ao futuro mantendo as
tradições como fundo...“
(Briceño-Irragorry, 1989, pp. 306-307).
Assim, transportando tudo isso para nosso tempo e nosso
espaço, aportamos na região do ABC paulista onde o
projeto Canto Negro deseja incrementar o acesso ao uni-
verso literário, através de um diálogo aberto e direto com
outras linguagens artísticas, tradicionais e contemporâ-
neas, com o próprio saber popular vivo, com a própria
história comunitária de cada potencial leitor.
Pensando em cultura brasileira ela esta impregnada pelas
influências da matriz africana, presente no nosso vocabu-
lário, na nossa religiosidade, na nossa alimentação, na
nossa música e no nosso modo de nos relacionarmos so-
cialmente.
Resgatando histórias e mitos desses po-
vos que migraram forçadamente para
o Brasil, os contadores de histórias
do grupo Cantando Conto pre-
tendem revelar parte da beleza e
da riqueza presente nessa tradi-
ção, que tanto contribuiu para a
formação cultural do nosso país.
Os ritmos africanos possuem
uma grande influência na forma-
ção musical brasileira, dando ori-
gem a diversas manifestações tais
como: Coco, Samba, Congada, Ca-
poeira e outras mundialmente reconhe-
cidas como símbolo da cultura do Brasil.
Neste projeto os artistas pretendem unir as narra-
ções orais às canções e ritmos de matriz africana para
apresentar ao público de forma lúdica e poética histórias
que por séculos têm encantado povos de todas as origens.
Os heróis dos mitos africanos assim como todos os outros
de tradições indígenas, russas, árabes entre outras, reve-
lam aos homens personagens arquetípicos que inspiram
coragem, confiança e valores humanos.
Trazer a tona tais legados pode contribuir para a valoriza-
ção dessa cultura muitas vezes marginalizada ao longo
história humana, devido às centenas de anos em que os
povos africanos foram subjugados por culturas hegemôni-
cas.
6. O CORAÇÃO DO BAOBÁ
Era uma vez, num lugar distante, uma árvore estranha
plantada no meio de um prado verde penteado pelo vento.
Seus galhos ,grandes e retorcidos, pareciam raízes que
invadiam o céu.
Durante o dia parecia uma árvore comum. Mas quando
chegava a noite, quando o sol tirava seu contorno do céu e a
lua começava a se esboçar, de seus galhos surgia um suave
murmúrio.
Cada uma de suas folhas, que tinham bocas, contava uma
história única que o vento logo espalhava por toda a savana.
Essa árvore conhecia todas as palavras, inclusive as que não
foram pronunciadas pelos humanos. Conhecia todos os
contos, inclusive aqueles que nunca foram explicados.
Conhecia todas as lendas, inclusive aquelas que pertencem a
povos que perderam a memória. Falava todas as línguas,
inclusive as que falam os animais. Era a árvore da palavra.
A árvore da palavra fascinava tanto os humanos como os
animais da savana. Todos se reuniam debaixo de sua sombra e
compartilhavam tempo e sentimento. Alguns pediam
conselhossobre um assunto que preocupava. Outros só
sentavam para dialogar inquietudes. Os mais sonhadores
confessavam seusdesejos mais profundos. E os aventureiros
falavam de viagens e histórias...
Um dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, cor-
ria pela planície uma lebre macho, que estando exausto e sua-
do, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E
ali, protegido pela árvore, sentiu-se tão bem, tão reconfortado,
que olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você tem, baobá! Muito
obrigado!
Repentinamente algo estranho começou a acontecer. Das gran-
des folhas do baobá foi possível ouvir uma canção:
“Caluê, Caluê, dendê
Sem boca cantamos para você
Caluê, Caluê, dendê
Sem voz falamos com você
Caluê, Caluê, dendê
Coração abre a porta e ninguém vê”
O baobá, que não costumava receber palavras de agradecimen-
to, ficou tão reconhecido, que fez balançar os seus galhos e tre-
mular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
A lebre, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um
pouquinho da situação e disse assim:
- É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus
frutos que eu estou vendo lá em cima? Não me parecem assim
grande coisa...
O baobá, picado no seu amor próprio, caiu na armadilha. E
soltou, lá de cima de seus galhos, um belo e redondo fruto, que
rolou pelo capim, perto da lebre. Este, mais do que depressa,
farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso. Saciado, vol-
tou para a sombra da árvore, agradecendo:
- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor
qualidade. Mas... e o seu coração, baobá? Será ele doce como
seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção
que há muito tempo não sentia. Mostrar o seu coração? Ah...
Como ele queria... Mas era tão difícil... Por outro lado, o
senhor lebre havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim,
hesitante, hesitando, o baobá foi lentamente abrindo o seu
tronco. Foi abrindo, abrindo, até formar uma fenda, por onde
o senhor lebre pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pe-
dras e joias preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofe-
receu o seu amigo. Maravilhado, o senhor lebre pegou algumas
joias e saiu agradecendo:
- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!
O Baobá respondeu:
- Leve lebre... leve o que for possível carregar com você... é
presente do meu coração.
E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a senhora lebre, a
quem presenteou com as joias. A dona lebre, mais do que de-
pressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e braceletes e saiu
para se exibir para suas amigas. A primeira que ela encontrou
foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo saber onde ela
havia conseguido joias tão faiscantes. A lebre lhe disse que nada
sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu
tempo: foi ter com o senhor lebre, que lhe contou o que havia
acontecido.
No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela
planície e repetia passo a passo tudo o que o senhor lebre lhe
havia contado. Foi deitar-se à sombra do baobá, elogiou-lhe a
sombra e escutou sua canção:
“Caluê, Caluê, dendê
Sem boca cantamos para você
7. Caluê, Caluê, dendê
Sem voz falamos com você.
Caluê, Caluê, dendê
Coração abre a porta e ninguém vê”
Depois pediu-lhe um fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o
coração.
O baobá, a quem o senhor lebre lebre na véspera havia tornado mais confiante e
mais generoso, dessa vez nem hesitou.Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem
devagarinho, saboreando cada minutinho de entrega. Mas a hiena, impaciente,
pulou com suas garras no tronco do baobá, gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse te-
souro para mim, eu quero tudo, entendeu?
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de
fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela
arranhasse a árvore, ela nada conseguiu.
A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos
animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal sabe ela que esse
tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.
Quanto ao baobá, nunca mais ele se abriu. A ferida que ele sofreu é invisível,
mas dificilmente curável. O coração dos homens também se parece com o do
baobá. Por que ele se abre tão medrosamente, isso quando ele se abre... Por
que às vezes ele nem se abre? De que hiena será que ele se recorda e tem me-
do?
Recriação pelo grupo Cantando Conto a partir das seguintes referências:
A Árvore dos Tesouros
tradução de Maria do Rosário Pedreira.
FONTE: www.portaldacrianca.com.pt/ler1historiap.php?id=81
Mãe África - Mitos, lendas, fábulas e contos
Celso Cisto
Editora Paulus
8. Brincadeira cantada 1 (SiMama Kaa - Tanzânia)
SiMama Kaa
SiMama Kaa
Ruka, ruka, ruka
SiMama Kaa
Tembea, tembea, tembea
Tembea, tembea, tembea
Ruka, ruka, ruka
SiMama Kaa
Kimbia, kimbia, kimbia
Kimbia, kimbia, kimbia
Ruka, ruka, ruka
SiMama Kaa
Em um círculo ou espalhados as pessoas se movem segundo as instruções
da música que está em Suaíle, um dos idiomas falados em Tanzânia.
Tradução:
SSiiMMaammaa: ficar em pé
KKaaaa: abaixar
RRuukkaa: pular
TTeemmbbeeaa: andar
KKiimmbbiiaa: correr
9. OS TRÊS SURDOS
Essa é a história de uma mulher que era surda, tão tão surda
que não ouvia nadinha. Todas as manhãs colocava o filho nas
costas e ia trabalhar no campo. Tinha um imenso campo de
painço.
Uma manhã, enquanto trabalhava tranquilamente apareceu
um homem. Um homem que também era surdo, tão tão surdo
que não ouvia nadinha. Esse homem buscava suas ovelhas e
perguntou à mulher:
- Senhora, não terá visto umas ovelhas por aqui? Sumiram mas
as suas pegadas me trouxeram até aqui. Uma delas está ferida.
Se me ajudar a encontrá-las, posso lhe dar esta ferida e sempre
pode servir para algo.
A mulher, que não havia ouvido nada, pensou que o homem
perguntava onde acabava seu campo e respondeu:
- Meu campo acaba ali embaixo.
O homem que também não tinha ouvido nada acreditou que a
senhora estava indicando a direção por onde havia escapado
suas ovelhas e foi para lá. Por coincidência, encontrou os
animais pastando tranquilamente atrás de uns arbustos. Muito
contente, retornou até onde estava a mulher para lhe dar a
ovelha ferida como havia prometido. Contudo, como a mulher
não ouvia nada, imaginou que o homem estava a acusando de
ter machucado sua ovelha. Ficou irritada e disse:
- Senhor, eu não fiz nada com sua ovelha. Vá pedir explicações
a outro.
O homem, quando viu a irritação da mulher, pensou que ela
não queria a ovelha ferida e sim uma saudável e mais gorda. E
também irritado replicou:
- Senhora, essa é a ovelha que lhe havia prometido. Não vou
dar nenhuma outra.
E os dois foram ficando mais e mais nervosos até o ponto que
chegaram aos tribunais.
Naquele tempo, na África, os tribunais aconteciam na praça
central dos povoados, à sombra de uma grande árvore: a árvore
da palavra. E o juiz era o chefe da comunidade rodeado de
pessoas conhecidas como notáveis. Perante o juiz e os notáveis,
a mulher e o homem expuseram a situação:
- Senhor juiz – começou a mulher – esse senhor se apresentou
a mim enquanto eu trabalhava e perguntou onde terminava o
meu campo. Eu mostrei e segui trabalhando. Depois, ele
voltou com uma ovelha ferida e me acusou como culpada pelo
dano. Por isso estou aqui, senhor juiz.
Quando chegou sua vez, o homem explicou a situação:
- Estava buscando minhas ovelhas extraviadas e suas pegadas
me levaram ao campo dessa senhora. Disse a ela que se me
ajudasse a encontrá-las, lhe daria uma e especifiquei bem que
seria a que estava ferida. Acreditam que daria a ela uma ovelha
mais gorda? Por isso estou aqui, senhor juiz.
O fato é que o juiz era mais surdo que uma parede e não tinha
ouvido nada. Quando viu o menino nas costas da mãe pensou
que se tratava de uma pequena disputa caseira. Então dirigiu-se
ao homem:
- Senhor, essa criança é seu filho. Veja como é parecido. É um
mal marido e um mal pai. E você senhora, não deveria vir na
frente de todos falar sobre esses pequenos problemas.
Retornem a sua casa e espero que se reconciliem em breve.
Ao ouvir essa sentença, todos romperam em gargalhadas. E a
risada contagiou o juiz. E a mulher e o homem, mesmo sem
ter ouvido nadinha de nada, ao ver todos rindo, também
começaram a rir.
Conclusão: em conversa de surdo, o melhor é ficar mudo.
10. Brincadeira cantada 2 (Zama Zama - Tanzânia)
Zama Zama, lê lê lê lê lê, Zama (2x)
Wel Zama one toto, lê lê lê lê lê, Zama
“Dois”
Um, dois, lê lê lê lê lê, Zama
Zama Zama, lê lê lê lê lê, Zama
(2x)
Wel Zama one toto, lê lê lê lê lê, Zama
“Três”
Um, dois, três, lê lê lê lê lê, Zama
Em círculos ou espalhados as pessoas marcam o ritmo batendo nas
coxas. Quando o líder ordena “dois”, os jogadores levantam
alternadamente as pernas e batem palmas embaixo das que estão
suspensas duas vezes. A ordem de “três” fazem o mesmo três vezes.
E assim sucessivamente.
ZZaammaa zzaammaa: um tempo que passou.
11. ENTREVISTA COM LENNA BAHULE
Lenna Bahule segundo suas próprias palavras “se jogou” no
Brasil. Queria aprender coisas novas, explorar a música, outros
caminhos da música, descobrir sua própria identidade – pois
dizem que quando estamos fora de nosso país ficamos mais
“patriotas”. Vem de Moçambique. Conhecer outras pessoas,
outras culturas, outras formas de fazer Arte e de se autodesen-
volver, estão em seus objetivos aqui em nosso país. Desde cri-
ança teve influência da cultura brasileira (através de programas
de TV) e a curiosidade a levou a um grupo moçambicano de
bossa nova, começando a se envolver com as canções de Chico
Buarque, Gil, entre outros. Logo vieram informações sobre
Hermeto Pascoal, Caetano; em seguida, grupos populares de
Coco, Maracatu, etc. O destino primeiro seria Boston: ganhou
uma bolsa mas não teve como mantê-la. Em 1 ano e 5 meses
(ela chegou em 22 de novembro de 2012), foi adentrando as
artérias da cidade e realizando vários projetos. Diferente de boa
parte dos imigrantes, já trouxe os ideais de continuar vivendo
de Arte e de Cultura como fazia em sua terra natal. Apesar de
considerá-la hoje muito mais “alternativa” que antes – numa
cidade pequena não fazia tantas apresentações por ano. Em São
Paulo, conseguiu dar vazão à veia temática que a caracteriza,
propondo cada show como ocasião única. Em Moçambique,
trabalhos com o NKhuvu! que acompanha Stewart Sukuma
(um Gilberto Gil daquele país), foi sua virada profissional.
Chegando aqui, nova guinada: vieram as oficinas, o envolvi-
mento com arte-educação, práticas de música corporal, música
coletiva e agregadora.
Sua trajetória se inicia aos 5 anos de idade com estudos de pia-
no, canto coral, solfejo, flauta doce, literatura e uma dança
tradicional de nome makwayela, parecida com o gumboot dos
sul-africanos. Após 8 anos de formação nem imaginava seguir
esse caminho profissional. Sonhava com a Medicina, especiali-
dade cirúrgica, abrir clínica grátis para os necessitados. Acabou
ingressando em Ciências Biológicas. Trocou por Medicina,
voltou para as biológicas e 3 anos mais tarde abandonou tudo.
Assumiu definitivamente a música e toda a performatividade
crédito: Anna Kumamoto
"O Brasil está nessa fome, nesse
desejo de buscar a sua conexão com
África"
12. associada (teatro, dança, vídeo, poesias), mundo que já a solici-
tava desde os tempos da faculdade pois tudo rolava em parale-
lo.
Então chegou o momento de desistir da faculdade e buscar a
seriedade na carreira. Nesse exato momento veio a oportunida-
de de atuar com Nkhuvu, uma banda local já reconhecida e
que acompanhava o astro Sukuma. E com ela, o merecido re-
torno de investimento feito a longo prazo. Mas ela queria
mais, muito mais...
Um sonho era estudar fora de seu país. E logo conseguiu bolsa
numa conceituada universidade de Boston, Estados Unidos. Só
que precisava de um respaldo financeiro para os demais gastos
o que a impossibilitou de concretizar o plano. Nas dinâmicas
da vida, chegou ao Brasil. E foi estudar no Conservatório Mu-
sical Souza Lima e depois na Escola de Música do Estado de
São Paulo – EMESP (antiga Universidade Livre de Música –
ULM), fazendo cursos curtos como o de canto popular. Mas o
desejo permanece e atualmente se organiza para cursar uma
universidade, talvez Pedagogia porque suas andanças artísticas
a levaram a caminhos que os cursos tradicionais pouco con-
templam.
Mais 4 anos é o que vislumbra ficar aqui no país e em seguida
ir ao outro lado do mundo, começar tudo novamente. Viver
várias possibilidades, apesar de considerar o Brasil um lugar ri-
co em cultura, natureza, beleza, etc. “Quando eu for uma pes-
soa com muito dinheiro, vou comprar uma casa na Amazônia,
sair em viajem pelo planeta e sempre retornar para casa”, co-
menta. Para ter sensações de paz e tranquilidade, coisas que a
fazem sentir saudades de sua terra natal. Aqui, se referindo a
São Paulo, há de tudo mas os bens não são tão acessíveis como
se propaga, existe muita burocracia para tudo. Também quer ir
mais a Moçambique para se revitalizar com as culturas de raii e
poder, com mais propriedade e maturidade, divulgá-las por
onde passe.
A experiência brasileira mostrou que sua própria história é o
canal de conexão com o mundo, com a diversidade global.
Achou que viria só para expandir seu universo musical e por
aqui tem contado, dançado, brincado muito com as tradições
moçambicanas. E isso abriu muitas portas. Já ao chegar, foi
convidada por Gabriel Levy para contribuir com um curso de
músicas do mundo, fato que a estimulou a desenvolver a habi-
lidade da investigação. Tudo de maneira natural no início,
porque é parte inerente das culturas africanas em geral, mas
que hoje toma outras proporções.
Aliás, pluralidade é o que não falta naquele continente. Só em
Moçambique são 20 línguas catalogadas segundo Lenna e
muitas outras populares. “Os dialetos destas línguas”, comple-
ta. Bom, na verdade, eles chamam tudo que não é o português,
o idioma oficial, de dialeto. Então o tsonga, um dialeto do sul
por exemplo, tem inúmeras ramiicações, também dialetos,
como o changana, o ronga, o xompi.
Lenna se considera uma africana que teve acesso. “Nasci perto
de tudo, próxima do centro urbano, internet, música em vinil.
Por isso essa minha facilidade de fazer as coisas aqui em São
Paulo”. Acredita que muitos imigrantes venham do meio rural
e que ao encararem uma grande cidade tenham maior dificul-
Equipe de reportagem
13. dade de se recompor. Às vezes, inclusive, foi uma fuga de sua
dura realidade. “Eu não fugi, eu vim”. O reencontro com gen-
te de seu povo nem sempre é confortável pois considera ainda
a cultura de seu país conservadora, machista e preconceituosa.
“Assumo que prefiro descobrir outros valores a contatar algo
que já conheço e não concordo”. Uma contradição já que diz
ter sido convidada a voltar às raízes para ser alguém aqui: “a
maioria dos convites foram e são feitos por conta de minha
condição de moçambicana, de africana – o Brasil está nessa fo-
me, nesse desejo de buscar a sua conexão com África”. Desejo
fresco e voraz que está se materializando em vários de seus tra-
balhos e que vai mostrando um lado bom, positivo da relação
difícil anteriormente vivida. “É um conflito, mas misturar as
tradições e as contemporaneidades que me formaram tem sido
o grande exercício atual, a busca pelo equilíbrio”.
A intuição a conduz, tanto nas pesquisas para compreender a si
mesma, quanto nas descobertas em processo no Brasil. Escu-
tando muita música, novas, diferentes, fazendo oficinas, indo a
grupos regionais. Mudanças profundas que atingem até a roti-
na diária: menos objetos, menos consumos, outra alimentação,
coisas inspiradoras, para arte e para a vida. “Os mesmos ingre-
dientes, mas jeitos de preparar distintos”, a analogia é com a
comida, mas serve para outros hábitos de brasileiros e moçam-
bicanos. “Claro, com flexibilidade”. Carne não mais porque há
agressividade, falta de humanidade: “lá existe uma necessidade,
aqui é esbalde”.
“Se eu quero crescer, eu preciso fazer, me sacrificar”. Esse foi a
sensação ao sair de Moçambique e o pensamento / ação que se
confirmou no Brasil. “Mas acho que estou me saindo bem. E
São Paulo tem me ajudado nesse sentido”. Muita gente, novas
relações e situações. O dinheiro pesou algumas vezes, mas com
programação, disposição e disponibilidade todos evoluem.
“Me colocar em situações inusitadas tem me feito crescer bas-
tante também. E isso se reflete em minha arte pois não consigo
separar as nuances pessoais de minha produção. Isso me da
forças”.
Lenna Bahule, sem dúvida, é uma grande artista e sua experi-
ência e obra vale a pena conhecida e apreciada. Acesse www.fa-
cebook.com/lennabahuleofficial.
crédito: Anna Kumamoto
14. AFROPEDAGOGIA - A PEDAGOGIA DOS MESTRES
Alguns possivelmente vão estranhar a abordagem desse tema
aqui numa publicação que se propõe a divulgar a arte de con-
tar histórias. Natural tal impressão já que somos parte de um
sistema social que há muito tempo se apóia na fragmentação
do conhecimento para manter o controle sobre indivíduos e
populações.
O termo pedagogia griô difundindo no brasil - e que optamos
aqui por chamar de pedagogia do mestres - refere-se a um con-
ceito pedagógico que tem como base a valorização da cultura
da transmissão oral de conhecimento. Diz José Pacheco,
fundador da Escola da Ponte: ”O termo griô surgiu na região
do noroeste da África. Lá, a colonização foi francesa, por isso,
os mestres eram chamados griots, que denomina figuras como
contadores de histórias, genealogistas, mediadores políticos,
comunicadores, cantadores e poetas populares. Os griots têm
diversas formas de expressão, mas em comum são responsáveis
pela biblioteca viva da tradição oral.”
Então aproveitamos o início desse texto para fortalecer uma fi-
losofia que adotamos e que estamos incrementando a cada no-
va atuação, a cada nova relação: para nós, pesquisar e
compartilhar narrativas de conteúdo e de inspiração relaciona-
das às africanidades, é SIM uma ação artística e cultural mas,
sobretudo, pedagógica e política. E muito espiritual também.
A opção pelo termo afro como prefixo em inúmeras iniciativas
serve para explicar que nossas propostas e pensamentos não são
mero acaso. O que estamos vislumbrando - e já praticando - é
uma valorização radical da afrodescendência em seus mais am-
plos aspectos. Não se trata de simples coleta de textos, de nu-
merosos registros audiovisuais sem sentido, de enaltecimento
do tema por conta da moda, de datas ou de leis. Queremos
com sinceridade trazer a tona essa riqueza e essa diversidade de
povos que sofreram e continuam sofrendo saques e violações
humanas. Porque acreditamos que seus valores civilizatórios
podem trazer benefícios a nossas realidades e porque necessita-
mos tais conceitos para ressignificar nossas dignidades.
O conceito da afrocontação é assumido no final de 2011, após
inesquecível participação em mostra promovida pelo muni-
cipios de São Paulo, no qual o contato com o público, princi-
15. palmente o jovem, se deu de maneira comovente. Ficou o sen-
timento de que ali estava um segmento social que merecia um
cuidado mais elaborado. Pouco antes, no mesmo ano, outra
expressiva imersão: a primeira viagem a Cuba e o encontro
com sua África também maltratada e hoje para puro consumo.
Em 2012 criamos o HADITHI NJOO, um festival – leia-se
FESTA!!! – dedicado exclusivamente a ideia do afrocontar: 3
dias intensos de apresentações, oficinas, exposições e muito
AXÉ. Tornou-se itinerante e internacional em 2013 e em 2014
já conquista outras fronteiras. Todas essas experiências vem
consolidar um processo extremamente educativo / pedagógico
iniciado em 2002 com o NEGRO UNIVERSO, encontro
multidisciplinar caracterizado pela experimentação e que assu-
me a cada edição formatos e parcerias distintas.
Mas de fato, o que acreditamos ser uma afrocontação? E qual
seu teor pedagógico, educativo? As respostas vem das próprias
vivências: das recordações sobre o que de mais consistente ad-
quirimos como conhecimento ao longo de nossas trajetórias.
As relações afetivas são, sem hesitação, nossas maiores mestras,
principalmente as desenvolvidas nas primeiras duas décadas de
vida. E se ampliamos a observação, chegamos até as manifesta-
ções religiosas e populares dos afrodescendentes brasileiros. To-
das, sem exceção, tem como base, sólida e incorruptível, a
transmissão oral dos costumes e das tecnologias sociais entre as
incontáveis comunidades. As narrativas e as histórias tradicio-
nais, portanto aí estão presentes.
Avançando na proposta e nas investigações descobrimos a la-
cuna de m processo que eduque, formal ou informalmente,
privilegiando a negritude. Assim abrimos nossas cabeças e ou-
vidos a Joseph Ki-Zerbo, Amadou Hampate Ba, Cheik Anta
Diop. Mas também Ivan Illich, Paulo Freire, Tião Rocha. E lo-
gicamente Abdias do Nascimento, Milton Santos, Mãe Estela
de Oxossi, entre outros. E começamos a traçar nossos cami-
nhos. Caminhos que, ao mesmo tempo, escancaram informa-
ções e práticas humanizadoras e agregam possibilidades que
potencializam resistências e progressos. Ação Griô, Pedagogia
da Terra, Educação Democrática, Antroposofia, são estudadas e
influenciam. Mas vamos além, temos especificidades...
Em África e na diáspora, as histórias tem sido importantes para
manter o elo entre o passado, o presente e o futuro. São das
poucas coisas que não podem ser usurpadas e são carregadas e
espalhadas com naturalidade e com prazer. Assim conhecemos
nossas origens, assim celebramos nossas crenças, assim com-
preendemos o mundo e a ele explicamos o que somos.
16. PROGRAMAÇÃO
AAffrrooPPuubblliiccaaççõõeess
O objetivo desses encontros é o de pro-
duzir as publicações e as mídias de difu-
são do projeto Canto Negro e aprender
na prática a (Edu)Comunicação.
DDee 66 ddee mmaarrççoo aa 2244 ddee aabbrriill
qquuiinnttaass,, ààss 1199 hhoorraass
Local: AfroEscola Laboratório Urbano
(Espaço SocioCultural Ekedi Gracina
Eustachio dos Santos)
Avenida Atlântica, 904, Valparaíso,
Santo André, SP
OOffiicciinnaa AAffrrooCCoossttuurraa
DDee 77 mmaarrççoo aa 2255 ddee aabbrriill
sseexxttaass,, ààss 1199 hhoorraass
Local: AfroEscola Laboratório Urbano
(Espaço SocioCultural Ekedi Gracina
Eustachio dos Santos)
Avenida Atlântica, 904, Valparaíso,
Santo André, SP
WWoorrsshhoopp ““AA aarrttee ddee ccoonnttaarr hhiissttóórriiaass””
Nos workshops ministrados a interessa-
dos na arte de contar histórias serão
abordados temas teóricos e práticos rela-
cionados a prática do contador de histó-
rias tais como:
- Escolha do repertório;
- Composição do espaço adequado para
contação;
- Uso de recursos externos tais como ob-
jetos e instrumentos musicais;
- Bibliografia e discografia recomendada.
Esses wokshops pretendem disseminar a
prática de se contar histórias e promover
uma reflexão sobre tal prática.
DDiiaa 2211 ddee mmaaiioo,, ààss 1188hh3300
Biblioteca do Cesa Vila Floresta em par-
ceria com os profesores da EMEF
Endereço: Rua Parintins, 344,
Santo André, SP
Telefones: (11) 4425-6206
DDiiaa 99 ddee jjuunnhhoo,, ààss 1144 hhoorraass
Biblioteca Municipal de Rio Grande da
Serra (Monteiro Lobato)
Endereço: Rua Progresso, 251,
Rio Grande da Serra, SP
Telefone: (11) 4820-3214
AApprreesseennttaaççõõeess ee ooffiicciinnaass ppaarraa oo ppúúbblliiccoo
iinnffaannttoo--jjuuvveenniill
ÁÁffrriiccaa eemm CCoonnttooss
O grupo Cantando Conto apresenta seu
mais recente projeto intitulado Canto
Negro, um resgate e valorização de his-
tórias e de mitos dos povos de matriz
afro que migraram forçadamente para o
Brasil e para outras partes do planeta.
Trata-se de uma iniciativa interdiscipli-
nar que pretende revelar parte da beleza
e da riqueza presente nessas tradições
que tanto contribuiram para a formação
cultural do nosso país. As narrações orais
serão unidas a canções, ritmos, brinca-
deiras e outras expressões afro para apre-
sentar ao público, de forma lúdica e
poética, experiências estéticas que por
séculos têm encantado pessoas de todas
as origens.
OOffiicciinnaass ppaarraa ppúúbblliiccoo iinnffaannttoo jjuuvveenniill
Atividade de criação artística que traçará
diálogos entre as obras literárias apre-
sentadas e outras linguagens (musical,
teatral, visual e expressão corporal). Para
crianças com idade a partir de 10 anos
confeccionaremos as bonecas Abayomi
que carregam uma simbologia extrema-
mente importante nas culturas afro. Para
crianças de faixa etária inferior a citada a
cima serão realizadas oficinas de musica-
lização e corporalidade. Durante a ofici-
na os participantes terão a oportunidade
de traçar reflexões e apreciar outros tan-
tos materiais que estarão exposto em
nossa instalação afro (uma tenda perso-
17. nalizada) montada no lado externo da
biblioteca e que dialoga com conteúdos
e sentimentos despertados pelas histórias
contadas e ouvidas.
DDiiaa 1144 ddee aabbrriill,, ààss 1100 hhoorraass
Biblioteca do CESA Vila Floresta.
Endereço: Rua Parintins, 344,
Santo André, SP
Telefones: (11) 4425-6206
DDiiaa 1144 ddee aabbrriill,, ààss 1144 hhoorraass
Biblioteca Nair Lacerda
Endereço: Praça IV Centenário, s/n,
Santo André, SP
Telefone: (11) 4433-0760
DDiiaa 2266 ddee mmaaiioo,, ààss 1144 hhoorraass
Biblioteca Paineiras
Endereço: Rua Eduardo Matos, 159,
Diadema, SP
Telefone: (11) 4091-2299
DDiiaa 3300 ddee mmaaiioo,, ààss 1155hh3300
Biblioteca do CEU Parque Bristol
Endereço: Rua Professor Arthur Prima-
vesi, s/n
São Paulo, SP
Telefone: (11) 2334-1405
DDiiaa 22 ddee jjuunnhhoo,, ààss 1144 hhoorraass
Biblioteca Comunitária Paulo Freire
Endereço: Rua Carlos Spera, 484,
Mauá, SP
Telefone: (11) 4549-8442
DDiiaa 99 ddee jjuunnhhoo,, ààss 1144 hhoorraass
Biblioteca Municipal de Rio Grande da
Serra (Monteiro Lobato)
Endereço: Progresso, 251
Rio Grande da Serra, SP
Telefone: (11) 4820-3214
BBiibblliiooSSaarraauu
O grupo Cantando Conto convida al-
guns artistas amigos para com suas práti-
cas estabelecerem conexões entre a
palavra, a oralidade e as africanidades. A
atividade é aberta à população em geral e
esta pode se manifestar também em rela-
ção ao tema.
1122 ddee mmaaiioo,, ààss 1144 hhoorraass
Biblioteca Central de Ribeirão Pires
Endereço: Av. Humberto de Campos,
70
Ribeirão Pires, SP
telefone: (11) 4823-7533
BBiibblliiooRRááddiioo
Atividade de produção de sonorida-
des,pesquisas, entrevistas e confecção de
publicações que serão divulgadas e dis-
tribuídas em outras ações de nossa agen-
da bem como disponibilizadas via web
no site do grupo.
- Lançamento do BiblioRádio, on line,
nos dias::
28 de abril, 26 de maio, 30 de junho, 28
de julho, 25 de agosto e 15 de setembro
PROGRAMAÇÃO
18. FICHA TÉCNICA
CC@@nnttaaddoorr@@ss ddee HHiissttóórias: Ana Moreira
Rogério "Odé" Amorim e Rodrigo Scarcello
EEqquuiippee ddee ddiiaaggrraammaaççããoo: Edson Ikê, Leandro
Valquer, Carolina Ortiz e Ana Luiza
EEqquuiippee ddee ffiigguurriinnoo:: Juliana Ferraz, Rosana
Delgado, Fabiana Araujo e Roberta Joanez
IIlluussttrraaddoorr ee FFoottóóggrraaffoo:: Daniel Freitas
CONTATO
www.cantandoconto.com
AfroEscola Laboratório Urbano
(Espaço SocioCultural Ekedi Gracina Eustachio dos Santos)
Avenida Atlântica, 904, Valparaíso, Santo André, SP
telefone: (11) 4425 4458
projetooficinativa@hotmail.com
www.oficinativa.blogspot.com.br
19. “quando não se tem anciãos o povo
está estragado”
Provérbio Yorubá - Nigéria
20. Projeto realizado com apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura-Programa de Ação Cultural 2013-
Estimulo à Leitura em Bibliotecas Públicas