2. Essas minhas interessantes viagens hão de ser
uma obra prima, erudita. brilhante, de
pensamentos novos, uma coisa digna do século.
(…) e declaro abertamente ao benévolo leitor a
profunda idéia que está oculta debaixo desta
ligeira aparência de uma viagenzinha que parece
feita a brincar, e no fim de contas é uma coisa
séria, grave, pensada(…).
3. • Gênero: misto – narrativa de viagens e narração
novelesca.
• Estrutura: 49 capítulos - introdução explicativa.
• Foco narrativo: primeira pessoa (viagem) e
terceira pessoa (digressão principal).
• Enredo: os registros de viagem (Lisboa a
Santarém) - a relação entre liberalistas e
absolutistas - a história de Carlos e Joaninha.
4. • Tempo: a viagem em 1843 – o romance de
1832 a 1834 (período da Guerra Civil).
• Espaço: Santarém – região do Ribatejo e locais
visitados pelo viajante.
• Linguagem: clássica, popular, jornalística e
dramática.
O diálogo com o leitor - a digressão.
5. A digressão
Sou sujeito a estas distrações, a este sonhar
acordado. Que lhe hei de eu fazer? Andando,
escrevendo: sonho e ando, sonho e falo, sonho
e escrevo.
6. A intertextualidade
Desde que entendo, que leio, que admiro Os
Lusíadas, enterneço-me, choro, ensoberbeço-me
com a maior obra de engenho que apareceu no
mundo, desde a Divina Comédia até ao Fausto.
O italiano tinha em fé em Deus, o alemão no
cepticismo, o português na sua pátria.
7. A busca por um modelo
Já preveni as observações com o texto acima:
bem sei quem era Camões e quem sou eu; mas
trata-se da entalação, que é a mesma apesar da
diferença dos entalados. o Autor dos Lusíadas viu-se
entalado entre as crenças dos seu país e as
brilhantes tradições da poesia clássica que tinha
por mestra e modelo.
8. “Ainda assim, belas e amáveis leitoras,
entendamo-nos; o que eu vou contar não é um
romance, não tem aventuras enredadas,
peripécias, situações e incidentes raros; é uma
história simples e singela, sinceramente contada e
sem pretensão.”
“Não senhor: a coisa faz-se muito mais facilmente.
Eu lhe explico. Todo o drama e todo o romance
precisa de: uma ou duas damas. Um pai. Dois ou
três filhos, de dezenove a trinta anos. Um criado
velho. Um monstro, encarregado de fazer as
maldades. Vários tratantes, e algumas pessoas
capazes para intermédios.”
9. Guerra civil portuguesa
• 1828 – 1834.
• Liberais X Tradicionalistas.
• D.Pedro X D. Miguel.
• Sucessão ao trono português.
10. Santarém
•Capital da antiga província do Ribatejo.
•“A mais histórica e monumental das vilas”.
•Símbolo da força dos antigos portugueses.
11. As viagens da viagem:
Reavaliação inicial da Guerra Civil: livrar o país
do governo absolutista.
Reflexão sobre a marcha do progresso social:
Princípio espiritualista X Princípio materialista
Absolutismo Liberalismo
12. Reflexo
Os interesses econômicos e políticos destruíram o
antigo esplendor da natureza – efeito do princípio
materialista.
14. Como hei de eu então, eu que nesta grave
Odisseia das minhas viagens tenho de inserir
o mais interessante e misterioso episódio de
amor que ainda foi contado ou cantado,
como hei de eu fazê-lo, eu que já não tenho
que amar neste mundo senão uma saudade
e uma esperança (…)?
15. •O narrador apresenta D. Francisca e Joaninha.
•A visita de Frei Dinis (sextas-feiras) > critica o
Carlos pela posiç ão política (liberalismo)
•O passado de Frei Dinis (armas e letras –
magistratura – ordenaç ão franciscana).
Obs: doa o dinheiro a D. Francisca antes de se
ordenar.
•A morte dos pais de Carlos e Joaninha.
•A partida de Carlos para o exílio (Inglaterra).
16. “Joaninha não era bela, talvez nem galante sequer
no sentido popular e expressivo que a palavra tem
em português, mas era o tipo de gentileza, o ideal
da espiritualidade. Naquele rosto, naquele corpo
de dezesseis anos, havia por dom natural e por
uma admirável simetria de proporç ões toda a
elegância nobre, todo o desembaraç o modesto,
toda a flexibilidade graciosa que a arte, o uso e a
conversaç ão da corte e da mais escolhida
companhia vêm a dar a algumas raras e
privilegiadas criaturas no mundo.”
17. •A conversa de Frei Dinis e D. Francisca >
isolamento de 3 dias e a cegueira.
•A invasão das tropas constitucionalistas no vale.
•O respeito dos soldados por Joaninha – a
“menina dos rouxinó is”.
•Joaninha adormece no campo – observada por
Carlos.
18. • O encontro e a separaç ão: Joaninha volta
escoltada pelos soldados.
• Joaninha escreve a Carlos > cria uma histó ria
para a avó .
• O conflito emocional de Carlos: entre Joaninha e
Georgina.
• O encontro no fim de tarde: Joaninha pede que
Carlos visite D. Francisca.
19. Obs: Joaninha repara nos traç os faciais de Carlos:
semelhanç a com Frei Dinis.
•As juras de amor e a promessa de um novo
encontro.
•Joaninha percebe a tristeza de Carlos: descoberta
de uma outra mulher.
Retorna à narrativa da viagem: a chegada à
Santarém.
20. - Tu não me amas, Carlos.
- Não te amo! eu... Santo Deus, eu não
a amo...
- Não. Tu amas outra mulher.
- Eu! Joana, oh! Se tu soubesses...
- Sei tudo.
- Não sabes.
- Sei: amas outra mulher, outra mulher
que te ama, que tu não podes, que tu
não deves abandonar, e que eu...
21. A continuaç ão da histó ria:
•Carlos ferido na batalha de Almoster: cuidado por
Georgina e Frei Dinis.
•Georgina termina o relacionamento com Carlos e
pede que ele fique com Joaninha.
•O encontro de Carlos e Frei Dinis no Convento de
São Francisco – o desejo de vinganç a.
22. • A chegada de D. Francisca e a revelaç ão da
paternidade de Carlos.
• Frei Dinis revela que matou o outro pai de Carlos
e também seu tio.
• Carlos finge perdoar o frei e a avó , mas vai
embora para É vora.
23. O último registro da viagem:
Passeios por Santarém – a cidade em ruínas.
A degradaç ão das construç ões.
A profanaç ão do túmulo de S. Frei Gil.
24. O desfecho da histó ria de Carlos e
Joaninha
• O retorno do narrador: encontro com Frei Dinis na
casa de D. Francisca.
• A carta de Carlos a Joaninha: revelaç ão do
passado na Inglaterra:
A paixão pelas 3 irmãs: Laura – Júlia – Georgina.
Confessa-se indigno do amor de Joaninha: a
despedida definitiva.
25. “É s mulher, e as mulheres não entendem os
homens. Sempre o entrevi, hoje sei-o
perfeitamente. A mulher não pode nem deve
compreender o homem. Triste da que chega a
sabê-lo!...
(...)
Tu és jovem e inexperiente; a tua alma está
cheia de ilusões doces; vou dissipá-las enquanto
se não condensam; que te ofusquem a razão e te
deixem para sempre escrava, cega do maior
inimigo que temos - o coraç ão.”
26. “Quero contar-te a minha histó ria; verás nela
o que vale um homem. Sabe que os não há
melhores que eu; e tão bons, poucos. Olha o que
será o resto!”
27. “E não há mais doce nem mais suave
entretenimento de espírito do que o flertar com
uma elegante e graciosa menina inglesa; com
duas é prazer angélico, e com três é divino.
Veio a admiraç ão primeiro. E como as eu
admirava todas três. as minhas gentis
fascinadoras! E elas conheciam-no, riam,
folgavam e estavam encantadas de me encantar.
Fizeram nascer os desejos! Julguei-me perdido,
e quis fugir.”
28. Os destinos finais
•Carlos engordou, enriqueceu e tornou-se barão.
•Joaninha enlouqueceu e morreu.
•Georgina tornou-se abadessa num convento.
•D. Francisca enlouqueceu e torna-se uma
espécie de morta-viva.
29. A despedida do autor e do Frei Dinis: um
balanç o entristecido das posiç ões políticas de
liberais e absolutistas.
O autor — Erramos ambos.
O frei — Erramos e sem remédio. A
sociedade já não é o que foi, não pode tornar a
ser o que era: — mas muito menos ainda pode
ser o que é. O que há de ser, não sei. Deus
proverá.
30. A crítica ao Romantismo idealizador
Mas aqui é que me aparece uma incoerência
inexplicável. A sociedade é materialista; e a
literatura, que é a expressão da sociedade, é
toda excessivamente e absurdamente e
despropositadamente espiritualista! Sancho rei
de fato, Quixote rei de direito.
31. O caráter alegó rico das personagens
Carlos: contraditó rio e sem capacidade de
amar: sociedade burguesa.
Frei Dinis: Absolutismo conservador.
Joaninha: pureza que não pode existir mais.
D. Francisca: Portugal cego que apenas sofre
pelos filhos.