Este documento discute o pós-modernismo em três partes principais:
1) Define o pré-moderno, moderno e pós-moderno, notando que o pós-modernismo nega os sistemas da modernidade que negam a experiência sensorial.
2) Apresenta alguns pensadores-chave do pós-modernismo como Lyotard, Derrida e Foucault e como eles influenciaram os campos da filosofia, história e literatura.
3) Discute como as ideias pós-modernas se espalharam para
Arquitetura de restaurantes (acessibilidade, sustentabilidade e planejamento)
Pós modernidade
1.
2. JOGO DE PALAVRAS
Pré-moderno
•“Moderno” é sinônimo de “atual” desde 495, quando
surgiu a palavra modernus
•A filosofia clássica não procurava criar sistemas, mas
aproximar-se da verdade acerca do mundo e do
homem
Moderno
•A Idade Moderna considerava-se a superação da
antecedente
•Baseou-se em sistemas que negam a experiência dos
sentidos ou o processo de pensamento, que têm um
único ou poucos pontos de contato com a realidade e
que reivindicam ser a única explicação global
Pós-moderno
•Negação de uma época que se considerava perene
•Começa com a invenção da geometria não-
Euclidiana, os movimentos artísticos dos anos 20 e o
romance Finnegans Wake (1939) de James Joyce
•Somente após a 2ª Guerra, suas evidências tornaram-
se inequívocas
3.
4. ENTRE A CRENÇA E A CIÊNCIA
Modernismo ou
sola ratio
Fideísmo ou
sola fide
Pós-modernismo ou
nec ratio nec fides
Catolicismo ou
fides et ratio
5. ÂMBITOS DE ATUAÇÃO
Mundo da academia
Mundo da mídia
Mundo da cultura
Mundo do ethos
Mundo da mística
6.
7. DIAGNÓSTICO PESSIMISTA
Racionalismo destruidor
Metanarrativas frustradas
Grandes
Guerras
Holocausto
eliminação da dor
Desencanto
pela ciência e
tecnologia
fim da religião
Guerra Fria mediante o
progresso e a
educação “morte “morte “morte
de Deus” do homem” da razão”
crise
fim da guerra
através da (Nietzsche) (Foucault) (Storck)
energética prosperidade
dos anos 70
8. DECLÍNIO RACIONALIZADO
Desumanização literária Pós-modernismo filosófico Desconstrução
• O pós-modernismo ataca o • A filosofia tentou justificar o • As metanarrativas
homem como o modernismo movimento literário ex post pretenderam construir
atacou a Deus para exaltar o facto edifícios intelectuais, vistos
homem • Não é um sistema doutrinal como tentativas de
• Alain Robbe-Grillet queria que estruturado, mas uma prescrever, circunscrever e
a literatura descrevesse o atmosfera, uma tonalidade controlar a realidade, mais do
homem como um objeto, no • Não busca a verdade, mas que de descrevê-la
máximo “um inseto entre nega que seja alcançável e • O extremismo
insetos”, técnica aplicada em inclusive nega a natureza desconstrutivista é uma
suas obras “antidefinição” teórica do
pensamento
9.
10. ESTOPIM: FRANÇOIS LYOTARD (1924-1998)
• Pertencia à geração de
pensadores como Michel
Foucault, Jacques
Derrida, Charles
Deleuze, Georges
Dumézil, Roland Barthes e
Jean Baudrillard
• Foi membro ativo do grupo
Socialisme ou
Barbarie, mas acabou
criticando tanto o
capitalismo quanto a
burocracia soviética
• Ironizou os discursos de
poder e os projetos da
modernidade
11. A OBRA: “LA CONDITION POSMODERNE” (1979)
• Síntese razoável das
tendências culturais
• Diagnóstico certeiro das
mudanças intelectuais
então em voga na Europa
• Consagrou o nome
pós-modernismo para a o
movimento geral
Não se confunda com
“Condição pós-moderna”
(The Condition of Postmodernity,
1989), do geógrafo
marxista britânico
David Harvey
12. CONTEÚDO: MODELOS EXPLICATIVOS FALHOS
Ao marxismo, ao estruturalismo e a outros ismos,
seguiram-se novas questões intelectuais que o próprio índice do livro já apontava:
legitimação do saber
prioridade da linguagem
nas ciências sociais
cultura acima da
economia
explicações holísticas
13.
14. “PÓS-MODERNISMO”
• Qualquer revisão crítica do
legado do racionalismo
ilustrado, comumente
etiquetado como
modernidade
• Posição a favor do não,
mais do que nova proposta
aos velhos problemas
• Mal-estar das minorias,
insatisfação com a
uniformização e o
ordenamento
15. PENETRAÇÃO DA IDEIA
• Desde Paris, multinacional
da novidade
intelectual, infiltrou-se em
todos os âmbitos:
arquitetura, cinema, literat
ura, jornalismo
• Gerou debates e polêmicas
• Tornou-se tema de
cientistas sociais que não
sabem em quê consistia
exatamente
16. O PÓS-MODERNISMO NA RUA
• Pós-modernidade é o
pós-modernismo dando a
cara
• Contrariando a profecia
derridana, as ideias
escaparam dos textos
acadêmicos para o
dia-a-dia das pessoas
17.
18. IMPERATIVOS PÓS-MODERNOS
A presença de A exposição da Arte-lixo vendida O espetáculo A aparência vale
personagens intimidade como a preço de e o ícone mais que a
desimportantes moeda corrente ouro, o banal substituem realidade e o
nos meios de no reino do tornado sacral monumentos e resultado, mais
comunicação intranscendente silhares que o processo
19. VALORES E DESVALORES
• Valores do pós-guerra:
transparência, informação,
abertura; liberdade de
expressão e de escolha;
solidariedade; consenso
• Mas isso também gerou
a difusão midiática do
secularismo,
do hedonismo,
da infidelidade,
do transitório e do
episódico
20. NOVOS BÁRBAROS
• Bebe-se a cultura do
know-how tecnológico,
avanços científicos,
trivialidades efêmeras e
aforismos politicamente
corretos
• Falta sentido da vida
(know-how da alma)
• Perdeu-se a arte de ler,
pensar, conversar: só
existem os “hollow men”
de T.S. Eliot
21. DESEJOS MUDOS
• Famílias
desestruturadas, orfandad
e doméstica, vizinhança
sem rosto, emigrantes
sem-teto, compras
substituindo as festas
• Fome de
reconhecimento, amizade,
intimidade, comunhão
• A miríade de escolhas
oculta sentimento de
rejeição
22. DE PAZES COM A ILUSÃO
• As pessoas não encontram
a verdade nem a sabem
procurar
• Existe satisfação com a
realidade fictícia
desenhada pelo abuso da
linguagem e pelas falsas
convicções
• A ausência de experiência
espiritual impede de
perceber tais anseios
23.
24. DA DECADÊNCIA À ALTERNATIVA
filha da
crise três viradas
(turns) geraram
discurso movimentos
radical Derrida Foucault mais
duradouros e
mera práticos nas
especulação ciências sociais
Decadência “Novos sofistas” Alternativas
25. VIRADA LINGUÍSTICA FILOSÓFICA
• Mais antiga, foi a causa
indireta das demais
• “Não há realidade fora do
texto” (Jacques Derrida)
• A linguística e a
antropologia tornaram-se
as estrelas do novo
panorama epistemológico
• É preciso conhecer os
mecanismos de criação e
uso da palavra para não
cair na sua rede invisível
26. VIRADA NARRATIVA
• Os historiadores se deram
conta de que seu linguajar
tornara-se hermético, sem
interesse
público, abstrato, mais
feito de processos do que
de história, de esquemas a
priori do que de
interpretação de dados
• Daí a volta para o
sujeito, para as
coisas, para a cultura
27. VIRADA HISTORICISTA LITERÁRIA
• Busca de uma nova
concepção de mundo
• Os valores identitários,
as tradições adventícias,
a consciência das
vicissitudes
históricas, assumem um
importante papel acima da
economia e do monstro
ordenador da modernidade
28.
29. UMA REAÇÃO À FALTA DE CRIATIVIDADE
Cultura de massa do entre-Guerras
•Derrubada das fronteiras de classe
•Lógica depauperização de todo movimento elitista aplicado de
forma sistêmica
•O igualitarismo transformou os espectadores em protagonistas
Show do desagrado
•Sofrimento alheio
•Affairs de esportistas desimportantes
•Estupidez das beldades
Novas perspectivas
•Responsabilidade a que não se pode mais renunciar
•A identidade só é resgatada quando se toma consciência de um
mundo à deriva
•Desafio de conduzir a contento os processos de integração social
30. COORDENADAS: IDENTIDADE E CONSCIÊNCIA
Reposicionamento
Resgate Restabelecimento
do indivíduo na
da memória de relações
coletividade
Recomposição das Remoção de máscaras
notícias fragmentárias e holofotes
31.
32. Michel Foucault Jacques Derrida Richard Rorty
(1926-1984) (1930-2004) (1931-2007)
•Relativismo •Desconstrutivismo •Organizou a obra conjunta
•Resgatou elementos da •Descobriu os mecanismos A Virada Linguística,
psicologia culturais de criação de criando a moda dos volumes
•Loucura, corporalidade e poder significados recompilatórios
reconstruídos conforme os •Colheu contribuições de •Consagrou a expressão e
valores sociais Saussure, Heidegger e colocou a linguística no centro
Wittgenstein do debate contemporâneo
33. Meta-história (1973):
Bem acolhido entre os filósofos e críticos
literários, menos entre os historiadores
que se consideravam cientistas
Apresentou o texto histórico como
artefato literário e não como produto de
ciência experimental
Natalie Z. Davis (1928-)
•Reintroduziu a história das mulheres e
resgatou a linguagem narrativa como
alternativa à linguagem marxista,
quantitativista e estruturalista
Carlo Ginzburg (1939-)
•Introduziu a micro-história, centrada no
quotidiano de personagens anônimos
Hayden White Simon Schama (1945-)
•Mitologia e memória coletiva
(1928-)
34. Tempo e narrativa, 3 vol. (1983-85):
Especulação sobre o relato tanto
como forma de transmissão quanto
como configurador da existência
Perquiriu as raízes da identidade e
como a linguagem configura a
memória
Hans-Georg Gadamer
(1900-2002)
• Mais brilhante discípulo de
Heidegger, aplicou seu
transcendentalismo e sua
ontologia às criações linguísticas
Paul Ricœur
(1913-2005)
35. O processo civilizador (1936):
Obra só recebida nos anos 80,
influenciada por Weber, Marx e o
pintor britânico Lucien Freud
Demonstra o nascimento de uma
nova ideia de indivíduo e de
autoconsciência com seus
mecanismos de autocontrole
Norbert Elias
(1897-1990)
36.
37. TEMPO DE CRISE
• Crescente brecha entre
ricos e pobres
• Mas, para muitos
ocidentais, a vida pode ser
bastante boa
• O que se quiser consumir,
pode-se conseguir
• Cultura publicitária
orientada deliberadamente
aos consumidores mais
jovens
38. TUDO É POSSÍVEL, NADA É CERTO
• A verdade já não se recebe
nem precisa ser provada,
pois “não existe nada
objetivo”
• Quase todas os gostos
pessoais podem ser
atendidos e satisfeitos
• Aspiração generalizada pelo
agora, mais e melhor
• A inflação do individualismo
ameaça a coesão social: a
família e a comunidade
39. TEMPORADA PARA FUTUROLOGIA
• Cultura dominada pela
escolha, preferência
pessoal e imediatez
• A religião torna-se a la
carte, mas o futuro
apresenta-se enigmático
• A Igreja institucional tende
a parecer antiquada para
as novas gerações
• O esoterismo aparenta
oferecer respostas
40. A VELHA FARMACOPEIA
Necessitado
para
ajudar
Comunidade
para
pertencer
Deus
para
responder
41.
42. 1ª POSTURA: ABRAÇAR O NIILISMO
Nietzsche Campos mais afetados
•herói intelectual do nazismo •ciências sociais
•ícone dos tempos modernos •comunicação
•autor mais lido nas universidades •artes
•humanidades
O ceticismo e a descrença que o
iluminismo liberal direcionou contra a
religião tradicional devem voltar-se
contra os próprios fundamentos do
liberalismo
43. 2ª POSTURA: CLÁSSICOS VS. ANACRÔNICOS
• Abandono
Lado negro da experiência Ocidental
da
tradição
Nietzsche:
o homem sem
Hobbes & Locke: Deus, capaz de • Crise
o homem
politicamente
tudo
moral
individualizado
Maquiavel & Bacon:
Donald Kagan o homem
insolente, dominador • Abuso da
da natureza
liberdade
Pico della
Mirandola:
o homem livre
para se moldar • Lei do
mais forte
Protágoras: o
homem como
regra de todas
as coisas • Mau
exemplo
para o
mundo
44. 3ª POSTURA: A ÉTICA DA AUTENTICIDADE
Charles Taylor Virada subjetiva
Originalidade:
Johann Herder liberdade
Jean-Jacques Autodeterminação:
Rousseau responsablidade
Vontade prévia à sociedade:
John Locke democracia participativa
Pensar por si:
René Descartes independência