2. Definição
Pneumonia é uma inflamação do
parênquima pulmonar, na maioria das
vezes de causa infecciosa.
Nelson Textbook of Pediatrics, 19th ed, 2011
3. Causas
NÃO INFECCIOSAS INFECCIOSAS
Aspiração
Corpo estranho
Substâncias lipóides
Reações de hipersensibilidade
Pneumonite induzida por droga
ou radiação
Vírus
Bactérias
Mycoplasma
Fungos
Protozoários
etc.
Nelson Textbook of Pediatrics, 19th ed, 2011
4. Causas infecciosas
Um terço das pneumonias comunitárias (PACs) são causadas por infecções
mistas (virus e bactérias). – 23 a 33%.
Vírus parecem causar 30-67% das PACs em crianças, sendo mais comuns
em menores de 1 ano e menos comuns acima dos 2 anos. --- 77 vs 59%.
Bactérias também causam pneumonias em menores de 2 anos. Na metade
dos casos representam infecções mistas.
Com o avançar da idade as bactérias se tornam mais comuns e as infecções
mistas menos frequentes.
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
5. Causas infecciosas
Os principais virus causadores de pneumonia na criança sãoVSR, parainfluenza e
influenza.
Outros: adenovirus, rinovirus, virus varicela zoster, CMV, herpes simplex,
enterovirus, etc.
Vírus mais novos: metapneumovirus, bocavirus, coronavirus.
Streptococcus pneumoniae é a causa bacteriana mais comum.
Pneumonias por Streptococcus do grupo A e por Staphylococcus aureus são mais
propensas a evoluir com maior gravidade (UTI) e de causar empiema.
Em crianças mais velhas, após o S. pneumoniae, os agentes mais comuns sãp
Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae.
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
6. Epidemiologia
A OMS estimou que, de 2000 a 2003, a pneumonia foi responsável por 2
milhões de mortes a cada ano, ou por 19% dos 10,6 milhões de mortes em
menores de 5 anos.
A maioria destas mortes ocorreu em países em desenvolvimento, onde
uma criança menor de 5 anos morre a cada 7 segundos por infecção respiratória
aguda (IRA).
A desnutrição é um grande fator de risco para estas mortes.
Mesmo em países desenvolvidos, a pneumonia é importante causa de
morbidade e de hospitalização.
No Brasil, as infecções respiratórias agudas (IRA) constituem a segunda causa
de óbito em crianças menores de cinco anos.
Taussig. Pediatric Respiratory Medicine, 2nd
ed., 2008
Pneumonia: the forgotten killer of children. WHO, 2006
http://whqlibdoc.who.int/publications/2006/9280640489_eng.pdf
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf
7.
8. Vias de infecção
Microaspiração
Aerossolização/inalação
Aspiração grosseira
Via hematogênica
Contiguidade
11. Outras definições importantes
Pneumonia recorrente (ou de repetição) é definida como 2 ou mais
episódios de pneumonia em um único ano ou 3 ou mais episódios a cada
ano, com radiografias normais entre eles.
Uma condição predisponente deve ser considerada ao se abordar uma criança
com pneumonia bacteriana recorrente.
Pneumonia de resolução lenta refere-se à persistência de sintomas ou
de anormalidade radiológica além do tempo esperado.
Este tempo depende do agente etiológico envolvido, da extensão da
doença e da presença de complicações associadas.
Nelson Textbook of Pediatrics, 19th ed, 2011
12. Fatores de Risco
Desnutrição
Baixa idade
Comorbidades
Baixo peso ao nascer
Creche
Sibilos/pneumonias prévios
Ausência de aleitamento materno
Vacinação incompleta
Condições sócio-econômicas
Condições ambientais
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
Nelson Textbook of Pediatrics, 19th ed, 2011
13. Etiologia infecciosa
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf
15. Etiologia das PAC de acordo com a idade
Idade Patógeno (ordem de frequência)
RN
< 3 dias Streptococcus do grupo B, Gram negativo (sobretudo E. coli),
Listeria sp. (pouco comum em nosso meio)
> 3 dias Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Gram negativo
1 a 3 meses Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Chlamydia trachomatis,
Ureaplasma urealiticum
1 mês a 2 anos Vírus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo B,
H. influenzae não tipável, S. aureus
2 a 5 anos Vírus, S. pneumoniae, H. influenzae tipo B, H influenzae não
tipável, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, S. aureus
6 a 18 anos Vírus, S. pneumoniae, C. pneumoniae, H. influenzae não tipável
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf
16. Agentes etiológicos em doenças de base
Situação Agentes etiológicos
Imunodeficiência * Pneumocystis jiroveci
* CMV
* Fungos
* Mycobacterium tuberculosis
Anemia falciforme * S. pneumoniae
* H. influenzae
* M. pneumoniae
Fibrose cística * S. aureus
* H. influenzae
* P. aeruginosa
* Burkholderia cepacia
Encefalopatias crônicas, AVC, Demência * Anaeróbios
* K. pneumoniae
Cetoacidose diabética * Streptococcus pneumoniae
* Staphylococcus aureus
Alcoolismo * Streptococcus pneumoniae
* Klebsiella pneumoniae
* S. aureus
* Anaeóbios
17. Agentes etiológicos segundo a
origem da infecção
Pneumonia Comunitária Pneumonia Hospitalar
Streptococcus pneumoniae Staphylococcus aureus
Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa
Haemophilus influenzae Gram negativos
Mycoplasma, Chlamydia Fungos
Virus
18. IVAS precedente é comum.
Principais manifestações
(OMS): tosse, taquipnéia e
dificuldade respiratória.
Febre pode estar ausente.
Dor abdominal é queixa
freqüente em criança.
Sinais sugestivos ao exame
do tórax.
Clínica menos clássica
quanto menor for a criança.
Manifestações clínicas
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf
Nelson Textbook of Pediatrics, 19th ed, 2011
20. Diagnóstico
“Para a criança com pneumonia sem gravidade, que vai ser
tratada na comunidade,
nenhum exame complementar é necessário.”
“Para a criança com pneumonia sem gravidade, que vai ser
tratada na comunidade,
nenhum exame complementar é necessário.”
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
21. Diagnóstico
Clínica
Oximetria
Radiografia de tórax
Reagentes de fase aguda
Exames específicos em busca da
etiologia
Exames especializados em caso de
complicações.
Nelson Textbook of Pediatrics, 19th ed, 2011
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23
PCP Guidelines. CID, 2011:53:e25e76
22. Radiografia
Não precisa ser feita na criança tratada em casa.
Radiografias em perfil não precisam ser feitas rotineiramente,
em todos os casos.
A imagem radiológica não distingue etiologia viral ou
bacteriana.
Não se recomenda radiografias de controle, exceto para
pneumonias complicadas, como com derrame pleural ou
atelectasia.
31. Reagentes de fase aguda
Exemplos: hemograma, proteína C reativa (PCR),VHS,
citocinas, procalcitonina.
Não distiguem pneumonias virais de bacterianas.
Não devem ser realizados de rotina.
PCR não é útil em pneumonias não complicadas.
32. Diagnóstico etiológico
Investigações microbiológicas não devem ser feitas para
crianças com doença leve tratadas no domicílio.
No entanto, devem ser feitas em crianças graves,
internadas em CTI, ou com complicações de pneumonia
Investigações microbiológicas não devem ser feitas para
crianças com doença leve tratadas no domicílio.
No entanto, devem ser feitas em crianças graves,
internadas em CTI, ou com complicações de pneumonia
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
33. Diagnóstico etiológico
Hemocultura
Secreção nasofaríngea ou swab nasal para detecção viral por PCR e/ou
imunofluorescência
Sorologia de fase auda e de convelescença para agentes virais, Mycoplasma e
Chlamydia.
Se tiver derrame pleural, o líquido deve ser enviado para microscopia,
cultura, pesquisa de antígenos pneumocócicos e/ou PCR,
Pesquisa de antígenos urinários para pneumococo não é recomendada para
crianças.
34. Tratamento
A escolha do antibiótico é empírica geralmente.
A decisão por tratamento ambulatorial ou hospitalar se baseia na gravidade
do quadro e leva em consideração também a idade da criança, o local
onde adquiriu a pneumonia e a existência ou não de doença de base
e/ou fatores de risco.
Taussig. Pediatric Respiratory Medicine, 2nd
ed., 2008
35. Classificação de gravidade
em crianças de 2 meses a 5 anos
(OMS, 2005)
Sinal ou sintoma Classificação
Cianose central Pneumonia muito grave
Dificuldade respiratória grave Pneumonia muito grave
Incapacidade de beber Pneumonia muito grave
Tiragem subcostal Pneumonia grave
Respiração rápida Pneumonia
Estertores finos à ausculta pulmonar Pneumonia
Nenhum dos sinais NÃO é pneumonia
CRITÉRIOS MODIFICADOS
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf
36. Fatores indicativos de internação
Idade < 6 meses (principalmente < 2 meses)
Prematuridade ou baixo peso ao nascer
Recusa em ingerir líquidos ou desidratação
Dificuldade respiratória (ex. tiragem subcostal), gemido, apnéias
Sinais de hipoxemia; saturação <92%
Comorbidades: anemia, cardiopatia, desnutrição grave, doenças respiratórias
que causam infecções, como fibrose cística e bronquiectasias, imunodeficiências, etc.
Convulsões
Sinais radiológicos de gravidade: derrame pleural, pneumatoceles, abscesso
Falha da terapêutica ambulatorial
Problema social
J Pneumol, 24 (2), 1998
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
37. Tratamento domiciliar
Manter o estado nutricional
Manter o estado de hidratação
Antibiótico
Anti-térmico
Manter as vias aéreas pérvias
Os pais/responsáveis devem ser alertados sobre quais sinais
observar na reavaliação da criança no domicílio.
Os pais/responsáveis devem ser alertados sobre quais sinais
observar na reavaliação da criança no domicílio.
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
38. Manter as vias aéreas limpas e livres de secreções.
Hidratar a criança. Monitorizar eletrólitos e escórias.
Tratar a febre e a dor.
Tratar a sibilância, quando presente.
Escolher adequadamente o agente antimicrobiano.
Garantir a oxigenioterapia adequada, quando for necessária.
Avaliar a evolução cuidadosamente.
Fisioterapia de rotina NÃO está indicada.
Tratamento hospitalar
Diretrizes Bras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007, 33 (Supl1): S31-S50
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
49. Manutenção do bom estado nutricional
Vacinação
Combate ao tabagismo passivo
Medidas de prevenção
BTS Guideline. Thorax, 2011;66:ii1-ii23.
Notas do Editor
Nosso enfoque principal será em PAC.
Def. É aquela que acomete o paciente for a do ambiente hospitalar ou que surge nas primeiras 48 horas da admissão.
A maioria das crianças tem 4 a 6 IRA por ano.
Destas, 2 a 3% evoluem para pneumonia.
Entretanto 80% das mortes por IRA é devido a pneumonia.
Sete a 13% necessitam de internação hospitalar devido à gravidade.
A maioria das crianças tem 4 a 6 IRA por ano.
Destas, 2 a 3% evoluem para pneumonia.
Entretanto 80% das mortes por IRA é devido a pneumonia.
Sete a 13% necessitam de internação hospitalar devido à gravidade.