Uma menina de 2 anos e 7 meses foi internada com tosse e febre há 15 dias. Ao exame físico apresentava sinais de pneumonia. Exames mostraram leucócitos elevados e infiltrado pulmonar no raio-x. Foi diagnosticada com pneumonia e tratada com antibióticos, apresentando melhora dos sintomas.
4. Relata que há 15 dias iniciou quadro de tosse seca,
que piorava à noite, sem guincho ou cianose
associada à febre há 9 dias aferida até 38,5°C que
cedia com uso de 15-20 gotas de paracetamol.
Relata que nesse período sintomas tornaram-se
mais frequentes e, há 1 dia associou-se ao quadro
esforço respiratório. Nega queixa álgica, chiado no
peito, náusea, vômitos, coriza ou obstrução nasal.
5. PATOLÓGICOS
Nega internações prévias, antecedente de
broncoespasmo, alergia a medicamentos.
FISIOLÓGICOS
Mãe G2C2P0A0, relata gestação sem
intercorrências, realizadas 8 consultas de pré-natal,
iniciado no 1º trimestre, não sabe relatar
sobre uso de medicamentos.
Nasceu a termo, de parto cesáreo por DCP,
P=3932g, PC=34cm, comprimento =50cm
Cartão vacinal atualizado (SIC)
6. FAMILIARES
Mãe, 20 anos, do lar, aparentemente sadia
Pai 23 anos, autônomo, aparentemente sadio
Irmã , 7 meses, sadia
CONDIÇÕES DE MORADIA
Reside com pais, em moradia de alvenaria, com
fossa e eletricidade.
Lar pouco ventilado, com mofo.
7. Paciente em BEG, ativo e reativo, corado, anictérico,
acianótico, taquipneico, afebril
SINAIS VITAIS:
FC: 135bpm FR: 59bpm SATO2 com 2l/min O2 95%
AR: MVF+ com redução em base direita, sem RA.
ausência de esforço respiratório.
ACV: RCR 2T BNF, sem sopros
ABD: globoso, RHA+, flácido, normotimpânico, indolor
à palpação.
Extremidades: sem edema, TEC<2s.
15. EVOLUÇÃO
Paciente evoluiu com febre até o quarto dia de
internação, persistência de hiporexia, dependente de
O2 até sexto dia, apresentou sibilos a ausculta sendo
utilizado salbutamol spray 5 jatos de 6/6h, progrediu
com melhora do desconforto respiratório e dispnéia.
Alta hospitalar no oitavo dia, após 7 dias de Penicilina
Cristalina EV, com 8 dias de amoxicilina domiciliar.
16.
17. Inflamação do parênquima pulmonar por agentes
infecciosos que estimulam resposta inflamatória
promovendo lesão tissular.
18. Principal causa de morbidade e mortalidade infantil,
especialmente em países em desenvolvimento;
No Brasil, as IRA constituem a 2ª causa de óbito em
crianças <5 anos em grande parte dos estados;
Mais de 2 milhões de crianças morrem de pneumonia por
ano no mundo;
Crianças têm de 4 a 6 infecções respiratórias agudas (IRA)
por ano, sendo que 2-3% evoluem para pneumonia
80% das mortes por IRA é devido à pneumonia;
Maior vulnerabilidade: menores de 5 anos
19. Desnutrição
Baixa Idade
Comorbidades
Baixa
imunidade
Ausência de
Aleitamento
Materno
Baixo Peso ao
Nascer
Baixo Nível
Socio-
Econômico
Permanência
em creches
Ambiente
20. O patógeno não é identificado em até 60% dos casos de
pneumonia, mas o conhecimento do perfil etiológico das
pneumonias é indispensável para orientar a terapêutica.
21. Idade Patógeno (ordem de freqüência)
RN
< 3 dias
Streptococcus grupo B, Gram negativo (E.
Coli), Listeria sp. (pouco comum)
RN
> 3 dias
Staphylococcus aureus, Staphilococcus
epidermidis e Gram negativos.
1 a 3
meses
Virus sincicial respiratório, Chlamydia
trachomatis, Ureaplasma urealyticum
22. Idade Patógeno
1 mês a
2 anos
Vírus, Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenza tipo b, H. influenza não
tipável, S. aureus.
2 a 5
anos
Virus, Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenza tipo b, H. influenza não
tipável, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia
pneumoniae, S. aureus.
6 a 18
anos
Vírus, S. pneumoniae, M. pneumoniae, C.
pneumoniae, H. influenzae não tipável.
23. Precedida por um quadro de infecção viral alta
Taquipnéia fora do período febril
< 2 meses: FR>60 irpm
2 a 12 meses: FR> 50 irpm
1 a 5 anos: FR > 40 irpm
Desconforto respiratório
Tiragens
Batimento de asa de nariz
Retração de fúrcula
Uso de musculatura acessória
24. Bacteriana: tosse produtiva, febre alta, dor
abdominal ou torácica, prostração, hiporexia.
Viral: início mais gradativo com cefaléia, mal estar,
tosse não produtiva e febre.
Atenção! Pneumonia afebril do lactente: instalação
insidiosa, iniciando com coriza ou obstrução nasal,
seguido por tosse, às vezes com paroxismos de
aspecto coqueluchóide, taquipnéia leve ou
moderada e preservação do estado geral (< 3 meses).
25. < 2 meses: internar sempre!
Sat O2 < 92%, cianose
Falha da terapêutica ambulatorial
Dificuldade respiratória
Apnéia intermitente
Impossibilidade de se alimentar
Doença grave concomitante
Incapacidade da família em tratar o paciente
em domicílio
Sinal radiológico de gravidade
26. Quadro Clínico e exame físico
RX de tórax: Avaliar extensão do acometimento
Hemograma: pouco valor, leucocitose com neutrofilia e
desvio à esquerda, anemia e plaquetopenia
Teste sorológico: Mycoplasma
Biópsia pulmonar
TC de tórax
USG
Lavado broncoalveolar
27. RADIOLOGIA
Confirma o diagnóstico, avalia extensão e identifica
complicações. NÃO deve ser usada para controle de
cura.
Nas pneumonias exclusivamente virais, predominam
espessamentos brônquicos e peribrônquicos,
infiltrados intersticiais, adenopatia hilar e parahilar,
hiperinsuflação e atelectasia.
As pneumonias bacterianas apresentam-se com
padrão alveolar segmentar ou lobar, broncograma
aéreo, abscessos, pneumatoceles, espessamento ou
derrame pleurais.
28. LEUCOGRAMA
Tem pouco valor na distinção de processos virais x
bacterianos.
PCR
Não é recomendada a utilização rotineira.
HEMOCULTURA
Deve ser feita em todos os pacientes
hospitalizados;
Fornece informações importantes pela
identificação bacteriana e perfis de sensibilidade
aos antimicrobianos.
31. Em pacientes menores de 5 anos, com rápida evolução ou
pneumonia extensa, é importante entrar com oxacilina,
associada a cefalosporina de 3 geração ou cloranfenicol, pelo
aumento da prevalência de St. aureus ou H. influenzae
32. Derrame pleural (mais frequente)
Deve ser investigado quando há falha terapêutica após 48-
72h de tratamento adequado.
Toracocentese indicada quando coleção > 10mm no Rx de
tórax em Laurell e enviar material para estudo.
Drenagem se empiema ou derrame pleural complicado.
Pneumatocele
Abscesso Pulmonar
Empiema
Atelectasia
Disseminação hematogênica
36. Quando não há resposta clínica após 48-72h da
antibioticoterapia, é importante a averiguação das
complicações
A presença de gravidade na internação é variável
isolada associada a óbito.
38. Ancona L, et.al. Tratado de pediatria: Sociedade
Brasileira de Pediatria . Barueri, SP: Manole, 2010.
Diretrizes brasileiras em pneumonia adquirida na
comunidade em pediatria. J Bras Pneumol.
2007;33(Supl 1):S 31-S 50.
Tratado de Pediatria Nelson – 18ª Edição
Doenças respiratórias - USP