O documento descreve a história, conceitos, objetivos e metodologias da biblioterapia. A biblioterapia usa a leitura como recurso terapêutico para promover o desenvolvimento pessoal através da discussão orientada de textos selecionados. O biblioterapeuta deve selecionar materiais adequados para cada grupo e conduzir discussões que permitam a expressão emocional e novas perspectivas.
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
Biblioterapia_Módulo 1
1. Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Teoria e Gestão da Informação
Graduação em Biblioteconomia
Tópicos em Informação e Cultura D (Biblioterapia)
Módulo 1
Biblioterapia: histórico, conceitos, objetivos,
metodologias e uma prática para o
desenvolvimento pessoal
2. Histórico
• O uso da leitura como recurso terapêutico é
bastante antigo:
• Egito Antigo: Faraó Rammsés II colocou no
frontispício de sua biblioteca: “Remédios para
Alma”.
• Idade Média: Inscrição na biblioteca de Abadia
de São Gall: “Tesouro dos remédios da alma”.
• Gregos: concebiam suas bibliotecas como “a
medicina da alma”.
3. Histórico
• 1802: pesquisador norte-americano Benjamin Rush
recomendou a leitura para doentes e em 1810
recomendou a biblioterapia como forma de apoio à
psicoterapia;
• Década de 1930: consolidação da biblioterapia como
campo de pesquisa: Isabel Du Boir e Emma Foreman;
• 1942: publicação do trabalho “Aspectos médicos da
literatura: um esboço bibliográfico”, de Ilse Bry;
• Décadas de 1940 e 50: Ph.D.’s e artigos publicados
sobre a biblioterapia sendo utilizada na prevenção.
4. Conceitos
• Biblioterapia: processo terapêutico baseado
na literatura, mas que utiliza materiais
selecionados com o objetivo de provocar o
insight e a catarse através de discussões
orientadas de um grupo constituído de forma
homogênea. Processo interativo de
sentimentos, valores e ações, tendo como
resultado final um processo harmônico e
equilibrado de crescimento e
desenvolvimento pessoal. (FERREIRA, p.38)
5. O que é catarse?
Palavra grega utilizada por Aristóteles para designar
o processo de purgação ou eliminação das paixões
que se produz no espectador quando, no teatro, ele
assiste à representação de uma tragédia. O termo
foi retomado por Sigmund Freud e Josef Breuer,
que, nos Estudos sobre a histeria, chamam de
método catártico o procedimento terapêutico pelo
qual um sujeito consegue eliminar seus afetos
patogênicos e então ab-reagi-los, revivendo os
acontecimentos traumáticos a que eles estão
ligados.
6. Conceitos
• Prescrição de materiais de leitura que auxiliem
a desenvolver maturidade e nutram e
mantenham a saúde mental. Inclui na
biblioterapia; romances, poesias, peças,
filosofia, ética, religião, arte, história e livros
científicos (CALDIN, p.2).
7. Conceitos
• Auxílio no tratamento que, através da leitura,
busca a aquisição de um conhecimento melhor
de si mesmo e das reações dos outros, resultando
em um melhor ajustamento à vida.
• Uso de livros, artigos e panfletos como
coadjuvantes no tratamento psiquiátrico.
(CALDIN, p.3)
• Processo dinâmico de interação entre a
personalidade do leitor e a literatura imaginativa,
que pode atrair as emoções do leitor e liberá-las
para o uso consciente e produtivo (CALDIN, p.4).
8. Conceitos
• A utilização de materiais de leitura selecionados como
coadjuvante terapêutico na medicina e na psiquiatria ; a
orientação na solução de problemas pessoais por meio
da leitura dirigida; o tratamento do mal ajustado para
promover sua recuperação à sociedade
• Leitura dirigida e discussão em grupo, que favorece a
interação entre as pessoas, levando-as a expressarem
seus sentimentos: os receios, as angústias e os anseios.
Dessa forma, o homem não está mais solitário para
resolver seus problemas; ele os partilha com seus
semelhantes, em uma troca de experiências e valores.
(CALDIN, p.5).
9. Objetivos
• Permitir ao leitor verificar que há mais de uma
solução para seu problema; auxiliar o leitor a
verificar suas emoções em paralelo às emoções
dos outros; ajudar o leitor a pensar na
experiência vicária em termos humanos e não
materiais; proporcionar informações necessárias
para a solução dos problemas, e, encorajar o
leitor a encarar sua situação de forma realista de
forma a conduzir à ação (CALDIN, p.2).
10. Objetivos
• Introspecção para o crescimento emocional;
melhor entendimento das emoções; verbalizar
e exteriorizar os problemas; ver objetivamente
os problemas, afastar a sensação de
isolamento; verificar falhas alheias
semelhantes às suas; aferir valores; realizar
movimentos criativos e estimular novos
interesses (CALDIN, p.3).
11. Objetivos
• Adquirir informação sobre a psicologia e a
fisiologia do comportamento humano; capacitar
o indivíduo a se conhecer melhor; criar interesse
em algo exterior ao indivíduo; proporcionar a
familiarização com a realidade externa; provocar
a liberação dos processos inconscientes; oferecer
a oportunidade de identificação e compensação;
clarificar as dificuldades individuais; realizar as
experiências do outro para obter a cura e auxiliar
o indivíduo a viver mais efetivamente (CALDIN,
p.3).
12. • Biblioterapeuta: qualquer um dos profissionais
que atuarão conjuntamente (psicólogo, educador,
bibliotecário, assistente social, enfermeiro etc.)
• Qualificações do biblioterapeuta:
– Entendimento profundo da natureza psicológica do
problema enfrentado pelo leitor;
– Compreensão do caminho que este problema
particular é tratado na seleção do livro prescrito;
– Habilidade em formular hipóteses que se refiram ao
impacto do material sobre o problema.
13. Diferenças entre Biblioterapia e Leitura
Terapêutica
• Existência de um usuário com um problema específico,
em que o bibliotecário conhece tanto o problema
como a história da pessoa. Sua orientação é dada não
de forma esporádica, mas dentro de um programa
estruturado que envolve muito mais do que a simples
transferência de informação. Em vez de uma
transferência horizontal da informação, há uma visão
transacional da leitura, que envolve o relacionamento
bibliotecário/usuário, os materiais selecionados, e as
respostas que eles provocam no usuário de acordo
com seu potencial e características específicas, sendo
necessário para sua aplicação conhecimentos
específicos de Psicologia e atuação interdisciplinar.
14. Biblioterapia para desenvolvimento
pessoal
• A linguagem em movimento, o diálogo, é o
fundamento da biblioterapia. O plurarismo
interpretativo dos comentários aos textos deixa
claro que cada um pode manifestar sua verdade e
ter sua visão do mundo. Entre os parceiros do
diálogo há o texto, que funciona como objeto
intermediário. No diálogo biblioterapêutico é o
texto que abre espaço para os comentários e
interpretações que propõem uma escolha de
pensamento e de comportamento. Assim, as
diversas interpretações permitem a existência da
alteridade e a criação de novos sentidos (CALDIN,
p.7).
15. Biblioterapia para desenvolvimento
pessoal
• O bibliotecário deverá:
• Corresponder às necessidades de cada faixa
etária;
• Informar os usuários sobre e estrutura do
programa;
• Identificar o problema do usuário antes de
planejar o programa.
16. Leitura na biblioterapia
• Abordagem psicanalítica:
Fases do processo:
1. Identificação
2. Projeção;
3. Ab-reação e catarse;
4. Insigth;
17. O que é ab-reação?
Processo de descarga emocional que, liberando
o afeto ligado à lembrança de um trauma, anula
seus efeitos patogênicos.
18. • Abordagem transacional:
Toda pessoa ao ler constrói um texto paralelo
intimamente relacionado ao texto que está sendo lido.
Este texto paralelo está intimamente relacionado às suas
experiências e vivências pessoais, desta forma o mesmo
texto tornando-se um texto diferente para cada leitor. O
texto criado pelo leitor está baseado em interferências,
referências e co-referências de esquemas individuais de
percepção. E é nesse texto que o leitor irá se basear
quando alguém lhe pedir que explique o que leu.
19. Como o bibliotecário deve criar um
programa de biblioterapia?
a) Escolher um local adequado;
b) Passar por um treinamento adequado e estar
capacitado para conduzir as discussões do
grupo;
c) Formar grupos homogêneos;
d) Preparar listas de material bibliográfico
adequadas às necessidades de cada grupo;
e) Estabelecer uma situação de ajuda entre o
bibliotecário e o usuário, a partir daí será
possível elaborar um programa estruturado;
20. f) bibliotecário ou biblioterapêuta, deve usar de
preferência materiais com os quais esteja
familiarizado;
g) selecionar materiais que contenham situações
familiares aos participantes do grupo, mas que
não precisam necessariamente conter situações
idênticas às vividas pelas pessoas envolvidas no
processo;
21. h) selecionar materiais que traduzam de forma
precisa os sentimentos e os pensamentos das
pessoas envolvidas sobre os assuntos e temas
abordados, com exceção de materiais que
contenham uma conotação muito negativa do
problema, como poesias sobre suicídios, por
exemplo;
i) selecionar materiais que estejam de acordo com a
idade cronológica e emocional da pessoa, sua
capacidade individual de leitura e suas preferências
culturais e individuais;
j) deve selecionar material impresso e não impresso
na mesma medida.
22. Título: O pequeno grande livro da tristeza feliz
Autor: Colin Thompson
Editora: Brinque Book
23. Referência
FERREIRA, Danielle Thiago. Biblioterapia : uma prática para o
desenvolvimento pessoal. ETD – Educação Temática Digital, Campinas,
SP, v.4, n.2, p 35-47 , jun. 2003.
CALDIN, Clarice Fortkamp. A leitura como função terapêutica:
Biblioterapia. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e
Ciência da Informação, Florianópolis, n. 12, dez. 2001. Disponível em
<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-
2924.2001v6n12p32>. Acesso em 23 ago. 2012.
ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio
de Janeiro (RJ): J. Zahar, 1998.