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DISCIPLINA: FÃS E CULTURA MIDIÁTICA I
 PROFS: FERNANDA CARRERA, LUCIANA XAVIER E LUCAS WALTENBERG

 Aula 5: Cultura de Fãs

 Textos

 CURI, Pedro Peixoto. Fan films: da produção caseira a um cinema especializado. Dissertação
 de mestrado defendida no PPGCOM UFF, 2010. Capítulo 1: pp. 21 – 49

 Leitura complementar

 CAVICCHI, Daniel. “Loving music: listeners, entertainments and the origins of music fandom in
 Ninteenth-Century America”. In: GREY, Jonathan; CORNEL, Sandvoss & HARRINGTON, C. Lee.
 Fandom: identities and communities in a mediated world. New York and London: New York University
 Press, 2007.

 THORNTON, Sarah. Club cultures: music, media and subcultural capital. Middeltown: Wesleyan
 University Press, 1996.




Curso de Estudos de Mídia – UFF/RJ
10 de janeiro de 2013
O FÃ: Duas visões


Origem: fanaticus → “pertencente e um servidor de um tempo, devoto”.
→ Usado pela primeira vez no fim do século XIX no universo do esporte.
→ Empregado também para descrever as matinée girls.


VISÃO TRADICIONAL: patologia e alienação


Dois tipos de fãs propostos por Jenson (1992):


→ o “misantropo obsessivo” e a “multidão histérica”.


Relação do fã com a celebridade: “quase-interação mediada” (THOMPSON, 1995 apud CURI,
2010 ).


→ “Musicomania” (ref. CAVICCHI, 2007)
Relações conflituosas entre fãs e celebridades na ficção e na vida real
“Fanzoca de Rádio” - Carequinha
Filme: É de Chuá. Vitor Lima, 1958
VISÃO CONTEMPORÂNEA: do consumo à produção
→ Estudos Culturais


→ Investiga-se a relação do público com a cultura massiva e a forma como essas relações são importantes
para processos de socialização e formação de identidades.


→ Consumo visto como um processo ativo, uma vez que “a codificação da mensagem, na produção, está
ligada à sua decodificação, na recepção”.


→ “Um texto não carrega em si todos os sentidos que é capaz de gerar e não pode garantir que efeitos terá”.


→ De Certeau: “a leitura como uma operação de caça”.


→ Os fãs também podem ser percebidos como produtores: “consumidores que também produzem, leitores
que também escrevem, espectadores que também participam” (JENKINS, 1992 apud CURI, 2010).


→ Para Jenkins, diferentemente de De Certeau, a “leitura” é um processo social:
           Discussão → Reforço das interpretações individuais → Expansão da experiência → Criação de
novos sentidos.


→ Fãs se diferenciam dos consumidores comuns quando criam uma cultura própria.
Fandom e os objetos de fascínio


→ Para Grossberg (1992, apud CURI, 2010) não é possível definir o fã somente pelo
objeto de fascínio.


→ Público composto por dois grupos: uma massa de consumidores passivos e outro,
mais ativo, “capaz de se apropriar dos textos de forma criativa, dando novos
significados a eles”.


→ O fã seria uma elite dentro da audiência massiva.


→ Visão ainda elitista, mas apontando para um avanço na percepção dos fãs.
Jenkins (1992, apud CURI, 2010): Modelo de 5 categorias de comportamento existentes dentro do fandom.


→ Revela como algumas relações acontecem dentro das comunidades de fãs


→ Diferencia os fãs dos consumidores comuns:

     A recepção dos fãs se complementa na troca de informação com outros fãs e na criação de novos
     sentidos.



     A troca de informações e ideias com outros fãs proporciona um espaço em que novas leituras e
     avaliações são divididas.



     Os fãs são espectadores que participam ativamente da produção de seus objetos de fascínio.



     Os fãs se manifestam como artistas, escritores e cineastas, para falar pelos interesses da
     comunidade de que fazem parte. (…) Os fãs desenvolvem seus próprios meios de produção,
     distribuição, exibição e consumo, para poderem dividir seus produtos com outros fãs.



     A tietagem (fandom) funciona como uma sociedade alternativa, pois adquire características de uma
     sociedade complexa e organizada.
→ Janet Steiger (2005, apud CURI, 2010): uma outra categoria → “O fandom se extende para o dia a dia do
fã. Fãs reúnem e colecionam produtos relacionados com sua tietagem e os incorporam ao seu cotidiano e
espaço físico. Decoram suas casas, usam canecas, roupas e outros elementos ligados a seus objetos de
fascínio, tornando-os parte do mundo material em que vivem. Colecionar faz parte do seu universo”.
Comunidades de fãs: disputas e hierarquias


Em Distinção, Bourdieu usa o termo “capital cultural” para identificar o conhecimento acumulado
através da criação e da educação, que confere status social. “Capital cultural é o elemento central de
um sistema de distinção no qual hierarquias culturais correspondem a hierarquias sociais e os gostos
das pessoas são, predominantemente, marcadores de classe.” (THORNTON, 1996, p. 10)


Fiske e o capital cultural de Bourdieu:
→ Problemas:
   classe econômica como principal motivo de discriminação social
   aplica à cultura subordinada a mesma análise da cultura dominante


Solução: acrescentar outros critérios de discriminação como sexo, idade e raça; considerar a
heterogeneidade da cultura “popular” → capital cultural popular.
Thornton (1996): Capital subcultural


→ O capital subcultural pode ser objetificado ou corporificado.


“Uma diferença primordial entre capital subcultural (como eu o exploro) e o capital cultural (como
desenvolvido por Bourdieu) é que a mídia é um fator primordial governando a sua circulação. (…) Meu
argumento é que é impossível entender as distinções entre culturas jovens sem alguma investigação
sistemática do seu consumo de mídia. Na economia do capital subcultural, a mídia não é simplesmente outro
bem simbólico ou marcador de distinção (…), mas uma rede crucial para a definição e distribuição de
conhecimento cultural. Em outras palavras, a diferença entre estar na ou fora de moda, em alta ou em baixa
com o capital subcultural, está relacionado de maneiras complexas com graus de cobertura, criação e
exposição midiática” (THORNTON, 1996, pp. 13 e 14)


“Capital subcultural é o elemento central de uma hierarquia alternativa nas quais os eixos de idade, gênero,
sexualidade e raça são todos empregados para manter à margem determinações de classe, renda
ocupação.” (THORNTON, 1996, p. 105)
Fãs são produtores e usuários de capital cultural.


Conhecimento como uma forma de poder
     → alimentado pela indústria e re-trabalhado pelos fãs.


Encontro do capital cultural e do capital econômico nas coleções.


“De acordo com Fiske, colecionar, na cultura dos fãs, é um ato mais inclusivo que exclusivo, pois
se fixaria muito mais em adquirir o maior número de bens possível do que conseguir raridades.
Os fãs procurariam produtos baratos, produzidos em larga escala, que lhe concederiam um
lugar na comunidade. Contudo, quando o fã possui capital econômico suficiente para se
diferenciar de outros fãs pelo consumo, procurará objetos que o diferenciarão dentro da
comunidade de fãs.” (CURI, 2010)
A Cultura dos Fãs


O fandom também tem os seus produtos culturais:


→ 3 níveis de produção e participação cultural dos fãs (FISKE):


    → semiótica
    → enunciativa
    → textual


Tipos:
→ Fan art
→ Fan fic
→ Filking
→ Fan video
→ Fan film
→ Fan art
→ Fan art
→ Fan art
→ Fan fic
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Cultura de Fãs

  • 1. DISCIPLINA: FÃS E CULTURA MIDIÁTICA I PROFS: FERNANDA CARRERA, LUCIANA XAVIER E LUCAS WALTENBERG Aula 5: Cultura de Fãs Textos CURI, Pedro Peixoto. Fan films: da produção caseira a um cinema especializado. Dissertação de mestrado defendida no PPGCOM UFF, 2010. Capítulo 1: pp. 21 – 49 Leitura complementar CAVICCHI, Daniel. “Loving music: listeners, entertainments and the origins of music fandom in Ninteenth-Century America”. In: GREY, Jonathan; CORNEL, Sandvoss & HARRINGTON, C. Lee. Fandom: identities and communities in a mediated world. New York and London: New York University Press, 2007. THORNTON, Sarah. Club cultures: music, media and subcultural capital. Middeltown: Wesleyan University Press, 1996. Curso de Estudos de Mídia – UFF/RJ 10 de janeiro de 2013
  • 2. O FÃ: Duas visões Origem: fanaticus → “pertencente e um servidor de um tempo, devoto”. → Usado pela primeira vez no fim do século XIX no universo do esporte. → Empregado também para descrever as matinée girls. VISÃO TRADICIONAL: patologia e alienação Dois tipos de fãs propostos por Jenson (1992): → o “misantropo obsessivo” e a “multidão histérica”. Relação do fã com a celebridade: “quase-interação mediada” (THOMPSON, 1995 apud CURI, 2010 ). → “Musicomania” (ref. CAVICCHI, 2007)
  • 3. Relações conflituosas entre fãs e celebridades na ficção e na vida real
  • 4. “Fanzoca de Rádio” - Carequinha Filme: É de Chuá. Vitor Lima, 1958
  • 5. VISÃO CONTEMPORÂNEA: do consumo à produção → Estudos Culturais → Investiga-se a relação do público com a cultura massiva e a forma como essas relações são importantes para processos de socialização e formação de identidades. → Consumo visto como um processo ativo, uma vez que “a codificação da mensagem, na produção, está ligada à sua decodificação, na recepção”. → “Um texto não carrega em si todos os sentidos que é capaz de gerar e não pode garantir que efeitos terá”. → De Certeau: “a leitura como uma operação de caça”. → Os fãs também podem ser percebidos como produtores: “consumidores que também produzem, leitores que também escrevem, espectadores que também participam” (JENKINS, 1992 apud CURI, 2010). → Para Jenkins, diferentemente de De Certeau, a “leitura” é um processo social: Discussão → Reforço das interpretações individuais → Expansão da experiência → Criação de novos sentidos. → Fãs se diferenciam dos consumidores comuns quando criam uma cultura própria.
  • 6. Fandom e os objetos de fascínio → Para Grossberg (1992, apud CURI, 2010) não é possível definir o fã somente pelo objeto de fascínio. → Público composto por dois grupos: uma massa de consumidores passivos e outro, mais ativo, “capaz de se apropriar dos textos de forma criativa, dando novos significados a eles”. → O fã seria uma elite dentro da audiência massiva. → Visão ainda elitista, mas apontando para um avanço na percepção dos fãs.
  • 7.
  • 8. Jenkins (1992, apud CURI, 2010): Modelo de 5 categorias de comportamento existentes dentro do fandom. → Revela como algumas relações acontecem dentro das comunidades de fãs → Diferencia os fãs dos consumidores comuns:  A recepção dos fãs se complementa na troca de informação com outros fãs e na criação de novos sentidos.  A troca de informações e ideias com outros fãs proporciona um espaço em que novas leituras e avaliações são divididas.  Os fãs são espectadores que participam ativamente da produção de seus objetos de fascínio.  Os fãs se manifestam como artistas, escritores e cineastas, para falar pelos interesses da comunidade de que fazem parte. (…) Os fãs desenvolvem seus próprios meios de produção, distribuição, exibição e consumo, para poderem dividir seus produtos com outros fãs.  A tietagem (fandom) funciona como uma sociedade alternativa, pois adquire características de uma sociedade complexa e organizada.
  • 9. → Janet Steiger (2005, apud CURI, 2010): uma outra categoria → “O fandom se extende para o dia a dia do fã. Fãs reúnem e colecionam produtos relacionados com sua tietagem e os incorporam ao seu cotidiano e espaço físico. Decoram suas casas, usam canecas, roupas e outros elementos ligados a seus objetos de fascínio, tornando-os parte do mundo material em que vivem. Colecionar faz parte do seu universo”.
  • 10. Comunidades de fãs: disputas e hierarquias Em Distinção, Bourdieu usa o termo “capital cultural” para identificar o conhecimento acumulado através da criação e da educação, que confere status social. “Capital cultural é o elemento central de um sistema de distinção no qual hierarquias culturais correspondem a hierarquias sociais e os gostos das pessoas são, predominantemente, marcadores de classe.” (THORNTON, 1996, p. 10) Fiske e o capital cultural de Bourdieu: → Problemas: classe econômica como principal motivo de discriminação social aplica à cultura subordinada a mesma análise da cultura dominante Solução: acrescentar outros critérios de discriminação como sexo, idade e raça; considerar a heterogeneidade da cultura “popular” → capital cultural popular.
  • 11. Thornton (1996): Capital subcultural → O capital subcultural pode ser objetificado ou corporificado. “Uma diferença primordial entre capital subcultural (como eu o exploro) e o capital cultural (como desenvolvido por Bourdieu) é que a mídia é um fator primordial governando a sua circulação. (…) Meu argumento é que é impossível entender as distinções entre culturas jovens sem alguma investigação sistemática do seu consumo de mídia. Na economia do capital subcultural, a mídia não é simplesmente outro bem simbólico ou marcador de distinção (…), mas uma rede crucial para a definição e distribuição de conhecimento cultural. Em outras palavras, a diferença entre estar na ou fora de moda, em alta ou em baixa com o capital subcultural, está relacionado de maneiras complexas com graus de cobertura, criação e exposição midiática” (THORNTON, 1996, pp. 13 e 14) “Capital subcultural é o elemento central de uma hierarquia alternativa nas quais os eixos de idade, gênero, sexualidade e raça são todos empregados para manter à margem determinações de classe, renda ocupação.” (THORNTON, 1996, p. 105)
  • 12. Fãs são produtores e usuários de capital cultural. Conhecimento como uma forma de poder → alimentado pela indústria e re-trabalhado pelos fãs. Encontro do capital cultural e do capital econômico nas coleções. “De acordo com Fiske, colecionar, na cultura dos fãs, é um ato mais inclusivo que exclusivo, pois se fixaria muito mais em adquirir o maior número de bens possível do que conseguir raridades. Os fãs procurariam produtos baratos, produzidos em larga escala, que lhe concederiam um lugar na comunidade. Contudo, quando o fã possui capital econômico suficiente para se diferenciar de outros fãs pelo consumo, procurará objetos que o diferenciarão dentro da comunidade de fãs.” (CURI, 2010)
  • 13. A Cultura dos Fãs O fandom também tem os seus produtos culturais: → 3 níveis de produção e participação cultural dos fãs (FISKE): → semiótica → enunciativa → textual Tipos: → Fan art → Fan fic → Filking → Fan video → Fan film