2. HERANÇA CULTURAL GREGA
Os gregos lançaram os principais alicerces da civilização ocidental.
Ainda hoje, a cultura contemporânea revela a enorme influência da
Grécia nas artes, no teatro, na arquitetura, nas ciências e na
filosofia. Já houve até quem afirmasse que nada existe movendo o
nosso mundo que não seja grego em sua origem.
A Grécia atravessou um período de notável desenvolvimento
artístico-cultural. O “Século de Péricles” constituiu o momento
áureo da cultura grega no denominado Período Clássico.
O pensamento grego tinha por base a razão e, por isso, valorizava o
ser humano. “O Homem era a medida de todas as coisas”. Nesse
sentido podemos enfatizar as seguintes características da cultura
grega: o antropocentrismo, o racionalismo, o humanismo, o
individualismo, a liberdade de criação e o perfeccionismo.
Características essas que inspiraram a cultura romana e o
Renascimento cultural europeu na Idade Moderna.
A religião grega caracterizou-se pelo politeísmo antropomórfico, ou
seja, os gregos acreditavam em vários deuses que tinham formas e
atributos semelhantes às da espécie humana: suas fraquezas,
paixões e virtudes.
3. > Mas uma característica fundamental distinguia os deuses dos humanos: a
imortalidade. A religião grega era essencialmente uma religião cívica, ou
seja,
uma
religião
ligada
à
cidade.
> Uma das principais expressões da arte grega, o teatro tem suas origens
ligadas às festas em homenagem a Dioniso, deus do vinho. Essas festividades
incluíam, além de sacrifícios, danças, músicas e poesias. Desses festivais
originaram-se os dois gêneros clássicos do teatro grego: a tragédia e a
comédia. Os gregos criaram o teatro a partir da representação de um texto.
> Na arquitetura e na escultura os gregos revelaram todo o brilho do seu
talento artístico, criando obras marcadas pela harmonia, unidade e equilíbrio.
> Na escultura, destacam-se estátuas humanas que constituem verdadeiras
exaltações idealizadas do corpo humano, na plenitude de sua
forma
física.
> Com suas colunas de estilo jônico, dório ou coríntio, a arquitetura grega
exerceu
influência
decisiva
na
arte
ocidental.
4. A FILOSOFIA GREGA
> Os gregos sempre se preocuparam com questões como a vida, o
universo e o ser. Alguns pensadores tentaram explicar a origem das
coisas, questionando a autoridade dos mitos (narrativa de natureza
religiosa). Eram os filósofos, ou seja, aqueles que deram origem ao
pensamento filosófico. A palavra “filosofia” é composta por Philo –
amizade, amor, respeito – e Sophia, sabedoria. Assim, a filosofia é o amor
à sabedoria. A verdadeira ciência era a filosofia, e a razão constituía a
fonte do conhecimento universal.
> A filosofia surgiu no período arcaico da história grega com a chamada
Escola de Mileto, da qual se destacaram Tales, Anaxímenes e
Anaximandro. Na concepção dessa escola, tudo na natureza descendia de
um elemento básico (água, o ar ou matéria). Buscavam-se explicações,
para o mundo e para a vida, que superassem as compreensões mágica,
mítica e religiosa; perseguiam, enfim, explicações fundadas na
racionalidade.
> Depois da escola de Mileto se destacaram os pitagóricos – seguidores de
Pitágoras -, que favoreceram significativamente o desenvolvimento da
matemática. Tais pensadores atribuíam aos números a essência do
universo, acreditando em sua imobilidade. Heráclito opôs-se a essas
idéias, afirmando que o universo se achava em constante mudança.
5. > No século V a.C. surgiram os sofistas – pensadores dedicados à crítica das
tradições, do Estado, da religião e dos privilégios, e defensores da democracia.
Tinha no homem o alvo de suas preocupações, recriminando os que
simplesmente especulavam sobre o universo. Dizia Protágoras: “O homem é a
medida de todas as coisas”. Os sofistas não acreditavam em verdades
absolutas; na opinião deles, havia visões diferentes sobre o mundo e as
coisas, que estavam em contínua transformação.
> No final do século V a.C., filosofia e ciência começaram a se distinguir uma
da outra em um processo que seria concluído apenas nos tempos modernos,
surgindo a Escola Socrática, inspirada no pensamento de Sócrates, cuja
filosofia se ocupava, primordialmente, da justiça, do homem e de sua ética.
> Tudo o que se sabe a respeito de Sócrates e de suas idéias se deve a seus
discípulos, especialmente Platão, pois ele mesmo não deixou nada escrito.
> Para Sócrates, a felicidade e a sabedoria consistiam na prática da virtude.
Todo aquele que conhecesse o bem nunca praticaria o mal. Suas críticas à
ordem ateniense na época das Guerras do Peloponeso acabaram por levá-lo à
morte, ou seja, foi julgado e condenado a beber cicuta – um tipo de veneno.
> Platão defendia a virtude não como produto dos sentidos, mas como algo
proveniente das idéias eternas de bondade, justiça etc. Essa ênfase
transformou-o no “teórico das idéias”, sendo muito conhecido por sua obra “A
República”.
6. > Aristóteles foi outro célebre filósofo da corrente socrática. Famoso por
sua obra “A Política”, dizia que não eram as idéias, mas o mundo
material o que interessava. Deu impulso ao estudo da lógica.
CULTURA HELENÍSTICA
> A expansão militar do Império Macedônio, efetuada por Alexandre
Magno, representou também a expansão da cultura grega entre os
povos do Oriente. Por suas vez, a cultura dos povos orientais passou a
exercer influência dentro da cultura grega. O resultado desse processo
de interação cultural foi o surgimento da cultura helenística, que tinha
um sentido cosmopolita (o mundo inteiro era a pátria do homem),
opondo-se ao regionalismo das pólis gregas. A cultura helenística
significou a interação da cultura grega com a cultura do Oriente.
> A cultura helenística caracterizou-se por apresentar uma arte mais
realista, exprimindo violência e dor, componentes constantes dos novos
tempos de guerras.
Em termos de filosofia, a cultura helenística substituiu a concepção
clássica de que o “homem é a medida de todas as coisas” pelo
monumentalismo, pessimismo, negativismo e relativismo. Essa visão
acabou originando novas correntes filosóficas, como:
7. . o estoicismo – fundada por Zenão, defendia a felicidade como o
equilíbrio interior, o qual oferecia ao homem a possibilidade de aceitar,
com serenidade, a dor e o prazer, a ventura e o infortúnio;
. o epicurismo – fundada em Atenas por Epicuro, pregava a obtenção
do prazer, base da felicidade humana, e defendia o alheamento dos
aspectos negativos da vida;
. o ceticismo - fundada por Pirro, caracterizava-se, essencialmente,
pelo negativismo e defendia que a felicidade consistia em não julgar
coisa alguma.
> A cultura helenística também se manifestou em outras áreas: na
arquitetura, predominavam o luxo e a grandiosidade – reflexo da
imponência do Império Macedônio. Na escultura, turbulência e agitação
eram traços significativos. Nas ciências, vale destacar o avanço da
matemática com Euclides, criador da geometria; da física com
Arquimedes de Siracusa; da geografia com Eratóstenes e da
astronomia com Aristarco, Hiparco e Ptolomeu, este último defensor do
geocentrismo (a terra era o centro do universo), teoria aceita até o
início dos tempos modernos (séculos XV-XVI).