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Curso de Multimeios Didáticos
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MÓDULO 1: A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Olá aluno (a)!!!
Neste primeiro módulo, você estudará sobre a Psicologia como área do conhecimento que busca compreender a
integração das estruturas físicas, psíquicas e emocionais do ser humano e sua relação direta com o comportamento. Os
objetivos propostos para este estudo são:
a. Apresentar o desenvolvimento do pensamento humano e sua relação com a formação da Psicologia como
ciência.
b. Refletir sobre o papel e a importância da Psicologia para a compreensão do ser humano.
c. Conhecer os principais teóricos da Psicologia e suas respectivas teorias.
d. Descrever como a Psicologia chegou ao Brasil e de que forma ela contribui para a educação.
Com estes objetivos a serem alcançados, você primeiramente fará um breve estudo sobre a história da formação
da Psicologia como área do conhecimento humano. Em segundo lugar, você estudará a Psicologia como ciência que
possui um objeto específico de estudo, teorias e métodos particulares para a compreensão do ser humano. Em seguida,
seus estudos o levarão a conhecer os principais pesquisadores da Psicologia e suas respectivas teorias. Por fim, você
saberá como a Psicologia chegou ao Brasil e como seus teóricos, conceitos e métodos contribuem para a educação ainda
hoje.
Sendo assim, veja que este módulo está dividido em quatro subtópicos:
1.1 INTRODUÇÃO
1.2 A Psicologia como ciência
1.3 Os teóricos e teorias da Psicologia
1.4 A presença da Psicologia na educação brasileira
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Esperamos que estes conteúdos possam conceder a você uma visão mais ampla sobre a influência dos fatores
psicológicos nos processos educativos.
Fique atento às várias oportunidades de aprendizagem, aprofundamento dos conteúdos, reflexões sobre os tópicos
desenvolvidos e oportunidades de avaliação do processo educativo. Os ícones abaixo sempre levarão vocês para novas
experiências no maravilhoso mundo do saber.
Bom estudo!!!
Prof. Dr. Israel Serique dos Santos
Hiperlinks de Texto
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1.1 INTRODUÇÃO
Olá aluno (a)!!
Penso que você algum dia já tenha dito algo como “Fulano puxou ao
pai... o temperamento dele é calmo” ou, em outra circunstância, tenha ouvido
a frase “Beltrana parece psicóloga, só vive analisando a gente!!!”.
Estas duas circunstâncias exemplares revelam que existem em nossa
cultura ideias com as quais ligamos à Psicologia. A partir do senso comum,
compreendemos que as pessoas têm temperamento, possuem uma
personalidade, são influenciadas em suas decisões por fatores emocionais,
que as experiências passadas, muitas vezes, interferem no dia a dia das
pessoas etc.
Quando você aconselha alguém a deixar a “poeira baixar” para poder resolver um problema com outrem, você está
usando os conceitos do senso comum em psicologia para mediar situações conflituosas. Quando alguém diz “tome
cuidado, ele é instável emocionalmente, trate a questão com delicadeza”, aquele que aconselha está apontando certas
características emocionais e comportamentais de um outro interlocutor. Quando alguém comenta que determinada
pessoa é “birrenta como uma criança”, mais uma vez o senso comum é acionado para a identificação predominante da
“birra” em determinada faixa etária, ou seja, a infância. Estes exemplos evidenciam o modo pelo qual nos relacionamos
com esta área do conhecimento humano e o quanto a psicologia faz parte de nosso cotidiano.
Senso comum é o conjunto de
conhecimentos que o ser humano adquire
como fruto de sua percepção, vivência e
experiência no mundo. Nele não há rigor
científico, apenas conclusão geral a
respeito de fatos humanos ou questões
ligadas à natureza.
Senso comum
https://www.youtube.com/watch?v=fnG-ubmIOIc
Ciência, senso comum e revoluções
científicas: ressonâncias e paradoxos
http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a04v33n3
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Além destes exemplos pitorescos, a Psicologia se faz presente em várias circunstâncias, em vários ambientes, nos
produtos comercializados e no modo como eles são apresentados nos comerciais, nos símbolos, nas estratégias de
marketing, nas produções literárias, na definição de perfis profissionais, nas entrevistas seletivas para emprego, nos
consultórios dos psicopedagogos etc.
https://i2.wp.com/www.janiltonpsicologo.com.br/wp-content/uploads/2015/08/diva.gif http://fdipublicidad.com.ec/wp-content/uploads/2014/02/neuromarketing-koka.jpg
Esta presença marcante da Psicologia em nossa sociedade é resultante de uma caminhada histórica realizada por
vários pensadores, os quais compreenderam que o ser humano era muito mais do que um organismo vivo formado por
um sistema unicamente biológico. Para esses pesquisadores e teóricos, o gênero humano possuía uma dimensão
marcada pelos sentimentos, percepções, apreensões, e modos de ser no mundo, os quais deveriam ser pesquisados e
problematizados para se melhor compreender o homem.
O registro deste novo olhar sobre o ser humano começa com a civilização grega e chega até nós como resultado de
intensas pesquisas e produção literária realizada durante séculos em busca de se entender a complexa realidade que é a
alma humana em sua multiforme expressão e interação com o mundo individual e social.
Senso comum
https://www.youtube.com/watch?v=fnG-ubmIOIc
Ciência, senso comum e revoluções
científicas: ressonâncias e paradoxos
http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a04v33n3
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1.2 A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Quando estudamos a questão do desenvolvimento da Psicologia como
ciência, percebemos que o mesmo só foi possível quando o ser humano
começou a refletir sobre si mesmo e sobre o mundo a partir de referenciais
não associados às narrativas mitológicas, do senso comum e da visão religiosa
que simplificava a origem e o funcionamento do mundo a partir da ideia de
que tudo era vontade dos deuses.
Estes três elementos (o mito, o senso comum e a visão religiosa) foram
durante muito tempo as lentes interpretativas do mundo. Através deles,
sociedades foram fundadas, estruturas sociais legitimadas, fenômenos físicos
explicados, a origem do homem ritualizada, técnicas e ferramentas elucidadas
sobre suas origens.
A respeito dos mitos como narrativas fundamentes da criação, Goulart
(2012) cita o exemplo da mitologia Tupi-Guarani, a qual descreve a criação
como obra de Iamandu (ou Nhanderu ou Tupã), o deus sol. Segundo a
narrativa, este deus criou todas as coisas com o auxílio da deusa Araci (lua), na
região de Aregua, Paraguai. Após a criação da natureza, este deus dedicou-se
na criação do homem e da mulher, os quais teriam sido formados a partir de
estátuas de argila, em uma cerimônia elaborada.
Quanto ao senso comum, são várias as referências ao sangue como
sinônimo de vida. Segundo o criado em muitas culturas, havia uma relação
direta entre o sangue e a continuidade da existência pessoal e até mesmo da
comunidade. O derramamento de sangue, nos sacrifícios, vinha acompanhado
Os mitos são narrativas fundantes criadas
pelas sociedades antigas com o objetivo de
dar uma explicação autoritária sobre os
fenômenos físicos (a chuva, o relâmpago, o
fogo), estruturas sociais (classes sociais,
liderança política), origem dos homens,
localização geográfica do clã etc.
Da mitologia à Filosofia
https://www.youtube.com/watch?v=QH1ByP5Ka6o
Muitos povos antigos tinham a prática
ritualista de oferecer sacrifícios humanos aos
deuses com o fim lhes aplacar a ira. O
derramamento do sangue de um membro da
sociedade era a garantia da continuidade da
vida social.
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pelo gradativo esvaecimento das forças e, por fim, da vida. Em muitas
culturas, esta percepção visual assegurava que, de fato, o sangue é vida.
Princípio relativamente verdadeiro quando analisamos a função do sangue
para o bom funcionamento do corpo humano.
Uma síntese da Teologia Cristã sobre a questão da origem do mundo e
do ser humano nós encontramos no famoso discurso de Paulo no Areópago
de Atenas, diante de estoicos e epicureus, registrado no texto de Atos 17, que
diz:
24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em
santuários feitos por mãos humanas. 25 Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa
precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; 26 de um só fez toda a raça
humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os
limites da sua habitação; 27 para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não
está longe de cada um de nós; 28 pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos
poetas têm dito: Porque dele também somos geração.
Analisando o transcurso histórico do desenvolvimento do pensamento humano sobre a natureza do homem e a
influência dos aspectos emocionais em suas ações cotidianas, podemos dizer que o ponto de referência do início deste
pensar foi a civilização grega. Foram os gregos os primeiros a tentar formular um corpo racional, formal e sistemático
sobre o que é o ser humano.
HIPERLINK DE TEXTO
Epicureus
http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/68/10a17.pdf
O epicurismo .....
HIPERLINK DE TEXTO
Estoicos
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-estoicos.htm
O epicurismo .....
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De origem grega, o termo psicologia é derivado de dois outros
vocábulos, a saber: psyché, que pode significar “vida”, “alma”, “pessoa”; e
logos, cujo alcance semântico está no sentido de “palavra”, “razão”,
“discurso”. A partir destes dados, podemos dizer que, etimologicamente, a
Psicologia é o estudo da alma; um discurso racional a respeito do ser humano
e a complexa relação entre as realidades subjetivas e suas influências em
nosso cotidiano.
Entre aqueles que pensaram o ser humano a partir de categorias
psicológicas podemos citar Sócrates, Platão e Aristóteles. Segundo Sócrates, o
homem deveria ser percebido como um ser que possuía diferenças
significativas em comparação com os animais irracionais.
Para este filósofo, entre as distinções existentes estava a questão da
razão. Esta razão, segundo Bock, Furtado e Teixeira,
[...] permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam a
base da irracionalidade. Ao definir a razão como peculiaridade
do homem ou como a essência humana, Sócrates abre um
caminho que seria muito explorado pela Psicologia. As teorias da
consciência são, em certa forma, frutos dessa primeira
sistematização da Filosofia (2003, p. 33).
Neste contexto, a razão está associada à reflexão, individualidade,
pensamento e mundo interior. O homem, ser distinto da natureza, refletindo
sobre a realidade ao seu redor, decide seu destino a partir desta relação
Deusa psyché
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psiqu%C3%AA#/media/File:Wolf_von_Hoyer,_Psych
e.jpg
Sócrates (469-300 a.C.): Filósofo que
considerava importante o debate de
questões a partir da análise da hipótese.
Caso ela não entrasse em contradição, ela
deveria ser aceita como verdade.
Sócrates
http://filosofiaemvideo.com.br/wp-content/uploads/2016/04/Socrates-philosophy-essay.jpg
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consigo mesmo e com o mundo real, marcado por fortes tensões e
condicionantes históricos.
O segundo filósofo a dar contribuições significativas às primeiras
reflexões em Psicologia foi Platão. Segundo este pensador, o ser humano era
constituído de duas realidades distintas: o corpo (soma) e a alma (psyqué). O
corpo seria material e mortal, a alma seria imaterial e imortal. Em seu
pensamento, o corpo apontaria para o conceito de “como” as coisas são, e a
alma explicaria, ou chegaria ao entendimento, do que as coisas realmente são
na essência.
Enquanto Sócrates apontou para a realidade da existência da razão no
ser humano, Platão concedeu a esta faculdade um lugar, ou seja, a cabeça,
onde residiria a alma (BOCK, FURTADO; TEIXEIRA, 2003, p. 33). Em seu
sistema de pensamento, Platão considerava que a relação entre a alma e o
corpo era mediada pela medula. A alma para Platão era o centro da
racionalidade e reflexão, a fonte dos sentimentos e desejos.
Já Aristóteles, discípulo de Platão, atribuiu à alma o atributo de
princípio vital nos seres. Segundo seu pensamento, a alma e o corpo deveriam
ser compreendidos como realidades distintas, porém, não dissociáveis. Nesta
nova configuração e compreensão do mundo e do ser humano,
[...] a psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que
cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma.
Desta forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. Os
vegetais teriam a alma vegetativa, que se define pela função de
alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma
sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o
Platão
https://static.todamateria.com.br/upload/55/b7/55b7dedaafb4a-platonismo-filosofia-de-platao.jpg
Platão (427-347 a.C.) dava importância ao
raciocínio como meio de se alcançar a
verdade. Pare este filósofo, o raciocínio
seria uma atividade mental dirigida pela
lógica e que poderia conduzir o ser humano
à percepção das realidades universais.
Aristóteles
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homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem
a função pensante (BOCK, FURTADO; TEIXEIRA, 2003, p. 33).
Analisando estas primeiras reflexões sobre o homem, podemos dizer
que estes filósofos deram significativa contribuição para a nossa atual
compreensão sobre a natureza humana. De fato, o ser humano não é apenas
um sistema fisiológico, composto por leis químicas, orgânicas, físicas etc.; ele
não é um mero ser que dirige suas ações por puro instinto, como os animais
irracionais; nem vive indiferente ao mundo ao seu redor em uma existência
vegetativa. O homem é sentimento, reflexão, razão, decisão.
Procedentes da alma, são estas realidades que explicam o que é o ser
humano, são elas que apontam para as possíveis origens subjetivas de nossas
ações, omissões, valores, repulsas, rejeições, animosidades, empatia,
aceitação etc. São elas as fontes primárias das transformações individuais e
históricas que vivenciamos diariamente na sociedade.
A partir do século quarto, depois de Cristo, dois pensadores se
destacam no debate sobre a natureza humana e seus aspectos psicológicos:
Agostinho e Tomás de Aquino. Por pertencerem à igreja, estes homens
teorizaram a respeito da alma a partir de postulados filosóficos e teológicos.
Analisando o pensamento de Agostinho, podemos dizer que seus
escritos apresentam conceitos que se assemelham ao pensamento de Platão,
como por exemplo, a ideia da imortalidade da alma. Todavia, há em seus
escritos fortes elementos de cunho religioso. Sua antropologia era
essencialmente teológica e bíblica.
Aristóteles (384-322 a.C.) procurou
estabelecer uma interpretação sistemática
sobre a natureza. Sua intensão abriu
caminhos para o iluminismo e para a ciência
moderna.
Agostinho
http://2.bp.blogspot.com/-Hf86kakIWtc/Vc6hYGP9wEI/AAAAAAAABQk/rQCsWdNJL7U/s1600/Santo%2BAgostinho.jpg
Antropologia é a ciência que busca estudar
o homem como ser no mundo que produz
cultura, estruturas políticas, valores,
costumes etc. e que está em constante
mudança.
A antropologia agostiniana era teológica,
ou seja, dirigida por pressupostos da
Teologia, os quais relacionavam o homem
como criação divina.
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Embora se utilizar da filosofia grega para construir um discurso racional sobre a natureza humana, Agostinho
preocupava-se por conformar suas teorias ao sistema de fé da igreja. Para ele, a alma possuía o atributo de imortalidade,
um dom divino, uma característica que o próprio Deus Criador havia concedido aos homens naquela parte imaterial
constituinte do ser humano. Sendo assim, a alma seria a sede da razão, dos pensamentos, da volição, dos sentimentos e
elemento que ligaria o homem a Deus.
Com Tomás de Aquino, as reflexões sobre a natureza humana se
voltam para o pensamento de Aristóteles. Comprometido com a Teologia da
Igreja Católica, mas possuindo forte admiração e influência do pensamento
aristotélico, Aquino afirmou a diferença entre essência e existência. Segundo
o pensamento de Aristóteles, estes dois vocábulos serviam para explicar o ser
humano como sendo aquele que busca a perfeição através da existência
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2003, p. 35).
Através da pena de Tomás de Aquino estas expressões serviram para
dar significado teológico à existência humana. Para ele, Deus seria o elemento
unificador daquelas realidades e o alvo por excelência de toda a existência
humana.
Durante muito tempo, o pensamento de Agostinho e Tomás de Aquino foram lentes interpretativas sobre o ser
humano. Embora tivessem familiaridade com a filosofia grega estes homens eram primeiramente teólogos
comprometidos com o sistema de fé da igreja. Geralmente, eles utilizavam a filosofia como elemento instrumental e
argumentativo a respeito dos dogmas da igreja. Por isso, foi natural que durante muito tempo os estudos sobre os
aspectos psicológicos do ser humano não tivesse grande avanço. Neste período, muitas doenças mentais, transtornos de
personalidade e questões psicológicas eram tratados como sendo de origem espiritual (possessão, bruxaria, opressão).
Tomás de Aquino
http://cultura.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/sao-tomas/Botticelli-Santo-Tomas1.jpg
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Relampejos de mudanças deste sistema de coisas começaram a
acontecer especialmente a partir do final do século XIV, temos aí o início da
Renascença. Neste período o mundo estava passando por transformações
culturais, econômicas, políticas sociais e religiosas. A estrutura econômica e
social estruturada no feudalismo começa a ser questionada, e o capitalismo
começa a se desenvolver; a hegemonia papal começa a ser paulatinamente
questionada e ocorrem mudanças conceituais e práticas na igreja.
Como elemento fomentador desta nova conjuntura histórica, os
estudos na literatura do pensamento greco-romano deu grande força ao
ideário de se pensar no mundo e ver o ser humano para além das lentes
teológicas da Igreja católica de então. Esta nova postura diante da busca pelo
conhecimento revolucionou todas as esferas do fazer e existir do homem
renascentista. Para este, a igreja não detinha a verdade absoluta, existiam
outras formas de perceber, conceituar e conhecer o mundo em todos os seus
aspectos e manifestações.
A partir deste postulado, Nicolau Copérnico (1543) afirmou que o
planeta terra não era o centro do universo; Galileu Galilei (1610) fez estudos
sobre a queda dos corpos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2003, p. 36); o
interesse pelo estudo da literatura clássica e a restauração de muitas obras
antigas fez com que os pesquisadores renascentistas criassem métodos de
análise crítica nos livros antigos etc.
Nesta conjuntura histórica, um fator que deu força às mudanças
emergentes foi a criação da imprensa, em 1455, pelo alemão Johannes
Gutemberg. A partir desta nova tecnologia, as obras clássicas puderam ser
reproduzidas em muitas unidades. E na medida em chegavam nas mãos dos
Feudalismo foi um sistema de organização
social e política presente na Idade Média, no
qual os donos de terras ofereciam proteção
e trabalho aos colonos em troca da produção
destes em suas terras. Os donos dos feudos
ficavam com parte do que era produzido.
http://3.bp.blogspot.com/-
Bw1EmZU6dpk/UdVXNDTTk8I/AAAAAAAAVTg/iAzSOllkLng/s800/feudo.jpg
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leitores ávidos pelos antigos escritos da literatura clássica, isto exercia
influência no modo de cada um ver o mundo a partir de tais leituras.
Além disto, a revolução da imprensa também se fez presente na medida em que os pensadores renascentistas
começaram a escrever suas próprias obras e expor seus próprios conceitos a respeito dos mais variados assuntos
relevantes à época. Isto fez com que a Teologia da Igreja Católica fosse paulatinamente questionada e rejeitada por
muitos.
Um exemplo que explicita esta situação foi a Reforma Protestante do
século XVI. Seus líderes (Lutero e Calvino) eram homens cultos, conhecedores
da literatura clássica, humanistas e possuíam pensamentos diferentes da
Igreja Católica a respeito das indulgências e da Bíblia. Estes reformadores
traduziram a Bíblia do latim para a língua do povo, produziram obras
teológicas e comentários bíblicos e os fizeram chegar ao povo comum através
da imprensa. De fato, a nova configuração religiosa, política e econômica do
século XVI em diante foi fomentada pelo Renascimento e consolidada pela
criação da imprensa.
Neste mesmo período, René descartes (1596-1659) apresenta o seu
pensamento sobre os elementos constituintes do ser humano. Segundo sua
teoria, haveria uma separação entre a mente (alma, espírito) e o corpo.
Aquela seria a parte pensante do ser humano e este apenas uma substância
material. Esta distinção aparentemente simples abriu portas para o
desenvolvimento da Medicina e da Psicologia. Segundo Bock, Furtado e
Teixeira,
Esse dualismo mente-corpo torna possível o estudo do corpo
humano morto, o que era impensável nos séculos anteriores (o
corpo era considerado sagrado pela igreja, por ser a desse da
Indulgências e da Bíblia: os protestantes
rejeitavam a ideia de que era possível
comprar o perdão de pecados através do
pagamento de indulgências; e tinham
apenas a Bíblia como perfeita revelação de
Deus aos homens.
http://www.ultracurioso.com.br/wp-content/uploads/2015/06/thumb-120651-autopsia-resized.jpg
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alma), e dessa forma possibilita o avanço da Anatomia e da
Fisiologia, que iria contribuir em muito para o progresso da
própria Psicologia (2003, p. 36).
Sendo assim, através desta breve descrição histórica do desenvolvimento do pensamento humano podemos
concluir que a Psicologia é uma ciência que encontrou espaço no mundo acadêmico na medida em que o ser humano foi
gradativamente refletindo sobre as motivações internas de suas ações, hábitos, sentimentos e emoções.
O reconhecimento da importância da mente para o comportamento humano gradativamente oportunizou
pesquisas e teorizações sobre as origens de nossas ações a dos processos de como aprendemos. Associada com outras
áreas do saber, a Psicologia tem aprofundado seu conhecimento sobre a natureza humana, sobre os processos cognitivos
de aprendizagem e sobre aqueles elementos que podem facilitar ou trazer obstáculos ao processo ensino-aprendizagem.
No subtópico à frente, estudaremos sobre os primeiros estudiosos que deram à Psicologia o status de ciência,
realizaram as primeiras experiências e desenvolveram as primeiras teorias psicológicas sobre o ser humano.
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Senso comum é o conjunto de conhecimentos que o ser humano adquire como fruto de sua percepção, vivência e experiência no mundo. Nele não há rigor científico, apenas
conclusão geral a respeito de fatos humanos ou questões ligadas à natureza.
A Psicologia se faz presente em várias circunstâncias, em vários ambientes, nos produtos comercializados e no modo como eles são apresentados nos comerciais, nos símbolos, nas
estratégias de marketing, nas produções literárias, na definição de perfis profissionais, nas entrevistas seletivas para emprego, nos consultórios dos psicopedagogos etc.
A presença marcante da Psicologia em nossa sociedade é resultante de uma caminhada histórica realizada por vários pensadores, os quais compreenderam que o ser humano era
muito mais do que um organismo vivo formado por um sistema unicamente biológico. Para esses pesquisadores e teóricos, o gênero humano possuía uma dimensão marcada pelos
sentimentos, percepções, apreensões, e modos de ser no mundo, os quais deveriam ser pesquisados e problematizados para se melhor compreender o homem.
O desenvolvimento da Psicologia como ciência só foi possível quando o ser humano começou a refletir sobre si mesmo e sobre o mundo a partir de referenciais não associados às
narrativas mitológicas, do senso comum e da visão religiosa que simplificava a origem e o funcionamento do mundo a partir da ideia de que tudo era vontade dos deuses.
Os mitos são narrativas fundantes criadas pelas sociedades antigas com o objetivo de dar uma explicação autoritativa sobre os fenômenos físicos (a chuva, o relâmpago, o fogo),
estruturas sociais (classes sociais, liderança política), origem dos homens, localização geográfica do clã etc.
Foram os gregos os primeiros a tentarem dar um corpo racional, formal e sistemático sobre o que é o ser humano.
De origem grega, o termo psicologia é derivado de dois outros vocábulos, a saber: psyché, que pode significar “vida”, “alma”, “pessoa”; e logos, cujo alcance semântico está no
sentido de “palavra”, “razão”, “discurso”. A partir destes dados, podemos dizer que, etimologicamente, a Psicologia é o estudo da alma; um discurso racional a respeito do ser humano e a
complexa relação entre as realidades subjetivas e suas influências em nosso cotidiano.
Segundo Sócrates, o homem deveria ser percebido como um ser que possuía diferenças significativas em comparação com os animais irracionais. Para este filósofo, entre as
distinções existentes estava a questão da razão.
Segundo Platão, o ser humano era constituído de duas realidades distintas: o corpo (soma) e a alma (psyqué). O corpo seria material e mortal, a alma seria imaterial e imortal. Em
seu pensamento, o corpo apontaria para o conceito de “como” as coisas são, e a alma explicaria, ou chegaria ao entendimento, do que as coisas realmente são na essência. A alma para
Platão era o centro da racionalidade e reflexão, a fonte dos sentimentos e desejos.
Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma. Dessa forma, os vegetais, os animais e o
homem teriam alma. Os vegetais teriam a alma vegetativa, que se define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de
percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem a função pensante.
Agostinho preocupava-se por conformar suas teorias ao sistema de fé da igreja. Para ele, a alma possuía o atributo de imortalidade, um dom divino, uma característica que o
próprio Deus Criador havia concedido aos homens naquela parte imaterial constituinte do ser humano. Sendo assim, a alma seria a sede da razão, dos pensamentos, da volição, dos
sentimentos e elemento que ligaria o homem a Deus.
A revolução da imprensa também se fez presente na medida em que os pensadores renascentistas começaram a escrever suas próprias obras e expor seus próprios conceitos a
respeito dos mais variados assuntos relevantes à época. Isto fez com que a Teologia da Igreja Católica fosse paulatinamente questionada e rejeitada por muitos.
René descartes (1596-1659) apresentou o seu pensamento sobre os elementos constituintes do ser humano. Segundo sua teoria, haveria uma separação entre a mente (alma,
espírito) e o corpo. Aquela seria a parte pensante do ser humano e este apenas uma substância material. Esta distinção aparentemente simples abriu portas para o desenvolvimento da
Medicina e da Psicologia.
Psicologia é uma ciência que encontrou espaço no mundo acadêmico na medida em que o ser humano foi gradativamente refletindo sobre as motivações internas de suas ações,
hábitos, sentimentos e emoções. O reconhecimento da importância da mente para o comportamento humano gradativamente oportunizou pesquisas e teorizações sobre as origens de
nossas ações a dos processos de como aprendemos. Associada com outras áreas do saber, a Psicologia tem aprofundado seu conhecimento sobre a natureza humana, sobre os processos
cognitivos de aprendizagem e sobre aqueles elementos que podem facilitar ou trazer obstáculos ao processo ensino-aprendizagem
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1.3 OS TEÓRICOS E TEORIAS DA PSICOLOGIA
1.3.1 Wilhem Wundt e a Psicologia Experimental
Um dos primeiros pesquisadores e teóricos da Psicologia foi Wilhem Wundt (1832-
1920). Foi ele quem fundou definitivamente a autonomia da Psicologia Experimental
(WACHOWICZ; ARBIGAUS, 2003, p. 2). De formação ampla em Filosofia e Psicologia, este
alemão foi considerado um dos fundadores da Psicologia experimental moderna. Segundo
Araújo,
[...] Wundt foi acima de tudo um filósofo, cujo objetivo último era elaborar um
sistema metafísico universal – uma visão de mundo – baseado nos resultados
empíricos de todas as ciências particulares. Nesse sentido, sua psicologia é
parte integrante desse projeto maior e só pode ser adequadamente
compreendida dentro dele (2009, p. 210,211).
Na perspectiva de Wundt (apud ARAÚJO, 2009, p. 211, 212) a Psicologia seria uma ciência com profundas relações
com a experiência. Para este Psicólogo, o mundo poderia ser estudado por dois prismas distintos. O primeiro seria a
ciência natural, a qual se dedicaria às questões ligadas à física, química, fisiologia etc., ou seja, aos elementos do mundo
exterior; o segundo seria a Psicologia, dedicada à análise dos aspectos subjetivos da experiência.
Segundo o pensamento de Wundt, a mais acurada e abrangente forma de se estudar e conhecer qualquer
conteúdo de uma experiência seria trabalhando estes dois prismas de modo complementar. Este processo metodológico,
segundo Wundt, daria ao pesquisador a oportunidade de conhecer o conteúdo da experiência de forma mais abrangente.
Em sua carreira, Wundt é notoriamente reconhecido como aquele que deu forte ênfase à Psicologia experimental
(GUERRA, 2008, p. 7). Seu interesse por fazer da Psicologia uma ciência alicerçada na experimentação o fez fundar, em
1879, o laboratório experimental em Psicologia, na cidade Leipzig (BROZEK; CAMPOS, 2008, p. 51).
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1.3.2 Ivan Petrovitch Pavlov e a Teoria do Condicionamento Clássico
Nascido em 1849, Ivan Petrovitch Pavlov foi filho de um sacerdote que
iniciou seus estudos em 1870 na Universidade de São Petesburgo, onde fez o
curso de História Natural e neste desenvolveu o interesse pelos estudos da
fisiologia animal e química.
No ano de 1904 recebeu o prêmio Nobel de medicina e o
reconhecimento de ser um dos maiores fisiologistas do mundo. No campo da
Psicologia há o reconhecimento de que suas pesquisas em fisiologia abriram
portas para a compreensão de vários fenômenos psicológicos.
Além desta influência, os resultados de suas pesquisas também
entusiasmaram os estudos de John Watson, psicólogo americano reconhecido
como o pai do behaviorismo, uma importante área do conhecimento em
Psicologia que desenvolveria mais tarde estudos no campo do
comportamento humano (RIES, 2003, p. 40).
Segundo sua teoria, o condicionamento poderia ser descrito como
sendo de natureza fisiológica e de conexão. Esta descrição teórica de Pavlov
indicava que no condicionamento existiriam dois elementos fundamentais: o
estímulo e reação. Nesta complexa integração de elementos, o organismo era
visto como elemento dotado de um aparato de respostas.
No campo educacional o estudo desta teoria pode melhor qualificar o
professor para o trato com os seus alunos. A percepção de que certos
estímulos (ações, palavras etc.) podem produzir reações negativas nos alunos
Condicionamento Clássico
https://www.youtube.com/watch?v=ThrSiJNVggw
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levará o professor a escolher modos mais adequados de relacionamento e
condução do processo ensino-aprendizagem.
Além disto, no que toca o trabalho com o Ensino Médio, período
escolar no qual os alunos estão nos agitados anos da adolescência, esta teoria
pode levar o professor a compreender certos comportamentos dos alunos e,
partir desta compreensão, estabelecer uma rotina favorável aos estudos
dentro de sala de aula.
1.3.3 John Watson e o Behaviorismo
John Watson (1878) foi um Psicólogo americano e fundador da corrente
behaviorista dentro da Psicologia. No ano de 1913 publicou um artigo
intitulado “Psicologia: como os behavioristas a veem”. O termo escolhido para
seu artigo (behavioristas) vem do vocábulo inglês behavior, que significa
“comportamento”.
Segundo este estudioso, a Psicologia, como ciência, deveria
necessariamente possuir um objeto sobre o qual seus esforços de pesquisas
deveriam ser postos. Em sua opinião este objeto era o comportamento, pois o
mesmo poderia ser observado, mensurado e reproduzido em diferentes
condições e sujeitos (BOCK, FURTADO, TRASSITEIXEIRA, 2002, p. 45).
Somado aos esforços de Wundt de aplicar o método experimental aos estudos da Psicologia, a definição do
comportamento como objeto de pesquisa foi decisivo para que a Psicologia alcançasse a posição de ciência no mundo
acadêmico.
HIPERLINK DE TEXTO
Reflexo Condicionado
http://www.cerebromente.org.br/n09/mente/pavlov.htm
18. PRONATEC – SED
Curso de Multimeios Didáticos
18
Como visto acima, Watson recebeu influências de Pavlov. Segundo Ries,
Watson “[...] propõe que as relações estímulo-resposta sejam o objeto de
estudos da Psicologia, chegando ao extremo de sugerir que o comportamento
humano pudesse ser previsto e controlado a partir da descrição desse
conjunto de reflexos” (2003, p. 42).
Com o aprofundamento dos estudos behavioristas e outras áreas da Psicologia, o atual conceito de comportamento
reflete a nova compreensão que a Psicologia possui sobre a importância do meio nas ações humanas.
Aplicado à educação, o behaviorismo procura mostrar a importância de sistemas educacionais programados,
controlados e organizados para o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Além disto, o behaviorismo
dá ênfase à necessidade de se usar tecnologias nos processos educacionais, visto que o comportamento humano alcança
grande potencial de aprendizagem por meios destes artifícios.
1.3.4 Gestaltismo: a Psicologia da forma
Traduzir o vocábulo alemão Gestalt é tarefa difícil de realizar. Na língua
portuguesa os termos que mais se aproximam ao sentido original de tal
palavra são “forma” ou “configuração”. No campo dos estudos da Psicologia,
a Gestalt pode ser considerada como uma das áreas do conhecimento mais
coerente e coesa. Dentre as várias caraterísticas de seu sistema, o gestaltismo
preza por estabelecer uma base metodológica para os seus estudos e, assim,
garantir uma maior consistência as suas teorizações (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2002, p. 59).
Entre aqueles que deram consideráveis contribuições ao
desenvolvimento inicial desta área do conhecimento em Psicologia temos o
John Watson e o Behaviorismo
https://www.youtube.com/watch?v=Jjq1819bJK0
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físico Ernst Mach (1838-1916), o filósofo e psicólogo Christian von Ehrenfelds
(1859-1932), Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e
Kurt Koffka (1886-1941).
Em seus estudos sobre as imagens, Max Wertheimer , Kurt Koffka e
Wolfgang Kohler asseveravam que o todo é diferente da soma das partes.
Segundo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002, p. 59), “Os gestaltistas estavam
preocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos
numa ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como
uma forma diferente da que ele tem na realidade”.
Para você ter uma noção sobre esta questão olhe para as figuras ao lado
e responda as seguintes perguntas:
a. Na primeira figura, o que você logo vê?
b. Olhe atentamente para a primeira figura em cada espaço, linha e sombra.
Quais outras figuras você percebe no quadro?
c. Na segunda figura, o que você logo vê?
d. Olhe atentamente para a segunda figura em cada espaço, linha e sombra.
Quais outras figuras você percebe no quadro?
e. Na terceira figura, o que você logo vê?
f. Olhe atentamente para a terceira figura em cada espaço, linha, sombra e
curva. Quais outras figuras você percebe no quadro?
Um dos conceitos importantes da Gestalt e que está diretamente ligado ao processo de aprendizagem é o insight,
o qual deve ser compreendido como sendo aquele fenômeno no qual, em um breve momento, alcançamos a
compreensão ou a percepção de algo que anteriormente não nos estava claro. Como nas figuras acima, após a análise da
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20
relação figura-fundo alcançamos a percepção das outras imagens que estão presentes nos quadros, mas que
anteriormente não víamos.
1.3.4 Jean Piaget e o Construtivismo
Considerado o pai do construtivismo, Jean Piaget (1896-1980) nasceu
em Neuchâtel, Suíça, e desde a infância conviveu com o habitus familiar que
dava valor ao conhecimento e aos estudos.
Entre as muitas virtudes no campo científico, Piaget foi notável por seu
conhecimento em Biologia, Religião, Filosofia, Lógica, Psicologia,
Metodologia Científica, Matemática e Química (SEBER, 1997, p. 37). Este
leque amplo de conhecimento das ciências oportunizou para Piaget o
desenvolvimento de uma mente metódica e interessada na pesquisa.
Segundo Seber, Piaget dirigiu seus estudos através de hipóteses centrais,
as quais serviram de embasamento para muitas de suas pesquisas. Entre
estas hipóteses podemos citar a seguinte
[...] onde há vida, há forma organizada. E, se existe organização, isso significa que não se pode
considerar os elementos como isolados. Na combinação dos elementos se encontra o problema das
relações entre o todo e as partes que o compõe, ou seja, há sempre uma lógica na organização dos
elementos. E isso ocorre em todos os domínios da vida, orgânico, mental, social (1997, p. 37).
Piaget foi o psicólogo que defendeu a teoria de que o conhecimento humano ocorre a partir de sua interação com o
meio. Durante os anos de pesquisa este estudioso buscou compreender e explicar como se davam os processos de
construção do conhecimento no ser humano e como eles se desenvolviam no homem nos diversos estágios da vida. Nisto
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ele procurou entender quais eram os processos de construção do conhecimento que estavam presentes tanto nas formas
mais elementares do conhecimento até aos níveis superiores.
No arcabouço teórico deste Psicólogo os fatores orgânicos, hereditários e externos teriam papel significativo no
processo de aquisição do conhecimento e desenvolvimento humano. Desde a mais tenra idade o ser humano busca
equilibrar-se diante das novas e potenciais oportunidades de aprendizagem e os conhecimentos e habilidade já
adquiridos. Nesta conjuntura, segundo Piaget, os reflexos inatos determinam o comportamento do ser humano nos
primeiros meses de vida; todavia, com a gradativa necessidade de respostas mais complexas, o ser humano passa por
vários momentos de adaptação às novas situações vivenciadas.
Na teoria psicológica de Piaget o ser humano passa por vários períodos de desenvolvimento, a saber:
1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer
nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas as fases ou períodos, nessa sequência,
porém o início e o término de cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de
fatores educacionais, sociais. Portanto, a divisão nessas faixas etárias é uma referência e não uma
norma rígida (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2003, p. 101).
A descrição destes períodos e a influência dos mesmos no processo de aprendizagem têm sido de grande valia para o
desenvolvimento de ações educativas. Nestas busca-se adequar os conteúdos e as metodologias às características básicas
de cada período com o fim de se aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem.
22. PRONATEC – SED
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Um dos primeiros pesquisadores e teóricos da Psicologia foi Wilhem Wundt (1832-1920). Foi ele quem fundou definitivamente a autonomia da Psicologia Experimental.
Wundt foi acima de tudo um filósofo, cujo objetivo último era elaborar um sistema metafísico universal – uma visão de mundo – baseado nos resultados empíricos de todas as
ciências particulares.
Segundo Wundt, o mundo poderia ser estudado por dois prismas distintos. O primeiro seria a ciência natural, a qual se dedicaria às questões ligadas à física, química, fisiologia
etc., ou seja, aos elementos do mundo exterior; o segundo seria a Psicologia, dedicada à análise dos aspectos subjetivos da experiência.
Seu (Wundt) interesse por fazer da Psicologia uma ciência alicerçada na experimentação o fez fundar, em 1879, o laboratório experimental em Psicologia, na cidade Leipzig.
Nascido em 1849, Ivan Petrovitch Pavlov foi filho de um sacerdote que iniciou seus estudos em 1870 na Universidade de São Petesburgo, onde fez o curso de História Natural e
neste desenvolveu o interesse pelos estudos da fisiologia animal e química.
Pavlov , no ano de 1904, recebeu o prêmio Nobel de medicina e o reconhecimento de ser um dos maiores fisiologistas do mundo. No campo da Psicologia há o reconhecimento
de que suas pesquisas em fisiologia abriram portas para a compreensão de vários fenômenos psicológicos. Os resultados de suas pesquisas também entusiasmaram os estudos de John
Watson, psicólogo americano reconhecido como o pai do behaviorismo.
Segundo sua teoria, o condicionamento poderia ser descrito como sendo de natureza fisiológica e de conexão. Esta descrição teórica de Pavlov indicava que no condicionamento
existiriam dois elementos fundamentais: o estímulo e reação. Nesta complexa integração de elementos, o organismo era visto como elemento dotado de um aparato de respostas.
A percepção de que certos estímulos (ações, palavras etc.) podem produzir reações negativas nos alunos levará o professor a escolher modos mais adequados de relacionamento
e condução do processo ensino-aprendizagem.
John Watson (1878) foi um Psicólogo americano e fundador da corrente behaviorista dentro da Psicologia. Segundo este estudioso, a Psicologia, como ciência, deveria
necessariamente possuir um objeto sobre o qual seus esforços de pesquisas deveriam ser postos. Em sua opinião este objeto era o comportamento, pois o mesmo poderia ser
observado, mensurado e reproduzido em diferentes condições e sujeitos.
Aplicado à educação, o behaviorismo procura mostrar a importância de sistemas educacionais programados, controlados e organizados para o bom desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem. Além disto, o behaviorismo dá ênfase à necessidade de se usar tecnologias nos processos educacionais, visto que o comportamento humano alcança grande
potencial de aprendizagem por meios destes artifícios.
Dentre as várias caraterísticas de seu sistema, o gestaltismo preza por estabelecer uma base metodológica para os seus estudos e, assim, garantir uma maior consistência as suas
teorizações.
Um dos conceitos importantes da Gestalt e que está diretamente ligado ao processo de aprendizagem é o insight, o qual deve ser compreendido como sendo aquele fenômeno no
qual, em um breve momento, alcançamos a compreensão ou a percepção de algo que anteriormente não nos estava claro. Como nas figuras acima, após a análise da relação figura-
fundo alcançamos a percepção das outras imagens que estão presentes nos quadros, mas que anteriormente não víamos.
Considerado o pai do construtivismo, Jean Piaget (1896-1980) nasceu em Neuchâtel. Piaget foi o psicólogo que defendeu a teoria de que o conhecimento humano ocorre a partir
de sua interação com o meio. Durante os anos de pesquisa este estudioso buscou compreender e explicar como se davam os processos de construção do conhecimento no ser humano e
como eles se desenvolviam no homem nos diversos estágios da vida. Nisto ele procurou entender quais eram os processos de construção do conhecimento que estavam presentes tanto
nas formas mais elementares do conhecimento até aos níveis superiores.
No arcabouço teórico deste Psicólogo os fatores orgânicos, hereditários e externos teriam papel significativo no processo de aquisição do conhecimento e desenvolvimento
humano. Desde a mais tenra idade o ser humano busca equilibrar-se diante das novas e potenciais oportunidades de aprendizagem e os conhecimentos e habilidade já adquiridos. Nesta
conjuntura, segundo Piaget, os reflexos inatos determinam o comportamento do ser humano nos primeiros meses de vida; todavia, com a gradativa necessidade de respostas mais
complexas, o ser humano passa por vários momentos de adaptação às novas situações vivenciadas.
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1.4 A PRESENÇA DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
O estudo da presença da Psicologia nos espaços educacionais no Brasil tem sua origem desde o
tempo do Brasil colônia. Neste tempo, certas obras de cunho filosófico e educacional refletiam sobre
questões ligadas ao desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano.
Com a criação das escolas normais (1830), as reflexões sobre esta área do conhecimento se
tornaram gradativamente mais sistemáticas e promissoras. Nestes centros de formação, questões
como processos de aprendizagem, desenvolvimento, ensino etc. se tornaram objetos de reflexão
pedagógica. Neste contexto, havia o interesse por melhor compreender os processos educativos e o
educando.
Sendo assim, as escolas normais se tornaram um local de desenvolvimento do conhecimento
pedagógico associado com as novas teorias da Psicologia. Especialmente a partir da década de 1920,
quando o escolanovismo foi o grande fator de influência nos estabelecimentos de ensino.
Paralelamente a este contexto, a Psicologia desenvolveu-se no Brasil e alcançou o status de área
do conhecimento humano com específico objeto de pesquisa e apta a receber aqueles novos
conhecimentos que estavam sendo produzidos por psicólogos na Europa e Estados Unidos.
Segundo Antunes (2008, p. 471), o ano de consolidação da Psicologia no Brasil foi a década de
1930, tempo este no qual ocorreu uma maior aproximação entre a Psicologia e a educação. Os frutos
deste estreitamento de laços puderam ser visto através da criação de clínicas, serviços de orientação às
crianças que apresentavam problemas no processo de aprendizagem etc.
Além destas questões, a Psicologia alcançou especial posição no contexto educacional no Brasil
quando a mesma começou a fazer parte da grade curricular dos cursos de segundo grau em magistério e
cursos superiores de formação de professores, ou seja, as licenciaturas.
Presente nestes cursos através das disciplinas Psicologia da Educação, Psicologia do
Desenvolvimento e Psicologia da Aprendizagem, a ciência Psicologia consolidou sua função estruturante
no pensamento pedagógico no Brasil e tem aprofundado suas raízes nas atuais reflexões sobre os
processos de ensino, aprendizagem, desenvolvimento humano e comportamento docente e discente.
Analisando o atual contexto histórico da Pedagogia e da psicologia é possível afirmar que estas
ciências nunca estiveram tão bem relacionadas em seus estudos, pesquisas e teorizações. De fato, a
Psicologia tem encontrado nos sistemas educacionais e processos de ensino, muitas oportunidades para
24. PRONATEC – SED
Curso de Multimeios Didáticos
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melhor conhecer o ser humano e entender seus mecanismos e estruturas de aprendizagem.
Isto posto, fica evidente que esta cooperação mútua só tem servido para o maior aperfeiçoamento
do conhecimento do ser humano sobre si mesmo e sobre os caminhos que a educação deve trilhar para
adequar-se as características e necessidades do educando.
Somada a estas relevantes questões, é importante também que se destaque a enorme ajuda que
a Psicologia tem concedido à educação por meio de seus apontamentos sobre a realidade das crianças
especiais, a questão bulling, os dramas vivenciados por aqueles que trabalham com a educação e são
acometidos pela violência física e moral, depressão, síndrome de Burnout etc.
Na apreciação do atual quadro da educação superior no Brasil podemos ver como a Psicologia
alargou fronteiras e hoje se faz presente nos mais variados cursos superiores: no Direito (Psicologia
Forense); Medicina (Psicologia Médica), Administração (Psicologia Aplicada à Administração).
Portanto, podemos ver a importância que esta ciência tem para a educação quando lembramos
que em todos os cursos de licenciatura e outros cursos a Psicologia é componente curricular a ser
estudado. Além disto, não são poucos os cursos de pós-graduação lato sensu que oferecem formação
em psicopedagogia e nos cursos stricto sensu (mestrado e doutorado) que possuem linhas de pesquisa
na mesma área.
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O estudo da presença da Psicologia nos espaços educacionais no Brasil tem sua origem desde o tempo do Brasil colônia. Neste tempo, certas obras
de cunho filosófico e educacional refletiam sobre questões ligadas ao desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano.
Com a criação das escolas normais (1830), as reflexões sobre esta área do conhecimento se tornaram gradativamente mais sistemáticas e
promissoras. Nestes centros de formação, questões como processos de aprendizagem, desenvolvimento, ensino etc. se tornaram objetos de reflexão
pedagógica.
As escolas normais se tornaram um local de desenvolvimento do conhecimento pedagógico associado com as novas teorias da Psicologia.
Especialmente a partir da década de 1920, quando o escolanovismo foi o grande fator de influência nos estabelecimentos de ensino.
O ano de consolidação da Psicologia no Brasil foi a década de 1930, tempo este no qual ocorreu uma maior aproximação entre a Psicologia e a
educação. Os frutos deste estreitamento de laços puderam ser visto através da criação de clínicas, serviços de orientação às crianças que apresentavam
problemas no processo de aprendizagem etc.
A Psicologia alcançou especial posição no contexto educacional no Brasil quando a mesma começou a fazer parte da grade curricular dos cursos de
segundo grau em magistério e cursos superiores de formação de professores, ou seja, as licenciaturas.
Presente nestes cursos através das disciplinas Psicologia da Educação, Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia da Aprendizagem, a ciência
Psicologia consolidou sua função estruturante no pensamento pedagógico no Brasil e tem aprofundado suas raízes nas atuais reflexões sobre os processos
de ensino, aprendizagem, desenvolvimento humano e comportamento docente e discente.
Podemos ver a importância que esta ciência tem para a educação quando lembramos que em todos os cursos de licenciatura e outros cursos a
Psicologia é componente curricular a ser estudado. Além disto, não são poucos os cursos de pós-graduação lato sensu que oferecem formação em
psicopedagogia e nos cursos stricto sensu (mestrado e doutorado) que possuem linhas de pesquisa na mesma área.