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A Ética de Kant:
Uma moral do Dever
Para Kant
o homem é um ser
com uma dupla
natureza:

 - uma dimensão
animal e natural,
sujeita ao
determinismo natural,
condicionada.

- e uma dimensão
racional,
independente dos
sentimentos e dos
instintos animais,
incondicionada,
verdadeiramente
livre.
Na sua dimensão condicionada, o ser humano é parte da Natureza
e está sujeito à irracionalidade dos sentimentos e dos interesses
egoístas
que fazem com que cada pessoa se encare a si própria como
estando separada de todas as outras, sendo levada a satisfazer os
seus desejos de forma egoísta e interessada (interesseira,
também).
A este nível, o grande objectivo da vida parece ser a felicidade.
Se só existisse esta dimensão do ser humano, as éticas
teleológicas seriam as únicas viáveis...
Mas na sua dimensão incondicionada, o ser humano é livre,
depende inteiramente da sua Razão para fazer as suas
escolhas morais, não estando submetido, nem ao
determinismo natural, nem ao despotismo dos desejos e dos
interesses egoístas, particulares e reféns de uma retribuição
que, mesmo quando ocorre, não satisfaz plenamente o
sujeito, pois o ser humano só se realiza plenamente se for
autónomo, ou seja, se submeter as suas decisões à sua
Razão...
A Razão pode escolher sem estar submetida às condições
materiais da existência humana, porque possui a possibilidade
de fundar as tomadas de decisão em princípios a priori, ou seja,
princípios que não derivam da experiência sensível (que abarca
a experiência individual e o senso comum).
Kant defende que a moral não é axiológica, ou seja, não
depende de valores (pois estes estão ligadas à cultura de cada
sociedade). A Razão é superior aos valores e permite ao homem
submeter-se a uma legislação que ele próprio cria ao guiar-se
exclusivamente pela sua Razão...
A Razão formula de forma totalmente incondicionada, a Lei
Moral
e o ser humano deve orientar as suas escolhas morais pela
ideia de Dever que assenta na obediência a essa Lei a priori

e essa obediência não é uma limitação da liberdade, mas,
pelo contrário, a garantia de que somos sempre livres ao
agirmos, uma vez que nos guiamos pela nossa Razão e não
estamos submetidos à irracionalidade das nossas
tendências animais e egoístas...
O Dever Moral apresenta-se ao ser
humano sob a forma de um
Imperativo que expressa o
conteúdo incondicionado da Lei
Moral, a que Kant chama
Imperativo Categórico, pois é um
mandamento que não depende de
condições (se...,então...):


“Age sempre de maneira
a que a máxima da tua
acção se possa tornar
numa lei universal, válida
para todos os seres
racionais.”
O Imperativo Categórico é independente das circunstâncias, sendo
válido de forma incondicionada em todas as sociedades e em todas
as épocas. Por isso o que é moralmente necessário hoje, sê-lo-á
daqui a cem ou mil anos, aqui, na China ou em Marte se lá existirem
seres racionais (mesmo que tenham muitas pernas ou tenham
formas inusitadas).
Só uma vontade que se submeta de forma incondicionada ao Dever
Moral pode ser designada, com propriedade, como uma
BOA VONTADE
Mas a via moral
preconizada por
Kant
não é fácil:

ela pressupõe que
abandonemos
todas as nossas
tendências
egoístas, mesmo
aquelas que nos
são ditadas por
sentimentos nobres
como o Amor ou a
Compaixão.


 Se agirmos por amor, não estamos a agir por dever e, nesse caso, a
 nossa acção, mesmo que esteja conforme ao dever moral, não tem
 valor moral, ou seja, mesmo não sendo má, não pode ser
 considerada boa...
Vejamos alguns
                                               exemplos:

                                               - No dilema de
                                               Henrique: o
                                               Henrique, se agir
                                               por dever, não
                                               pode escolher
                                               roubar o
                                               medicamento,
                                               porque isso
                                               contraria o
                                               Imperativo
                                               Categórico, uma
                                               vez que roubar
- Se o Henrique decidir não roubar o
                                               não se pode
medicamento, para não ir preso, estão a sua
acção é conforme ao dever, mas não foi         tornar numa lei
executada por dever, uma vez que na sua base   universal.
está o medo das consequências, que é uma
inclinação sensível...
- No dilema do
agulheiro a coisa
torna-se ainda mais
complicada:

Se o agulheiro
mudar o curso do
eléctrico para não
arcar com a
responsabilidade
pela morte de 5
pessoas, não está
a agir por dever...

Mas ao desviar o
                        Podemos sair deste impasse moral,
eléctrico essa acção
                        sem romper com a moral deontológica de
vai provocar a morte
de 1 pessoa, e matar    Kant?
não se pode tornar
numa lei universal...
A ética de Kant é
                                              viável?
                                              Podemos orientar a
                                              nossa vida por ela?

                                              Mesmo que não seja
                                              totalmente viável,
                                              pode ajudar-nos
                                              nalgumas
                                              circunstâncias?



Gostaríamos de ser tratados pelos outros sempre como seres
racionais?

Conseguiríamos realizar-nos como homens e como mulheres,
seguindo, de forma rígida, a moral kantiana?
Como seria o mundo se fôssemos todos
kantianos?
A nossa vida seria diferente?
          Para melhor?
Seríamos
melhores
enquanto seres
humanos?

Ou a espécie
humana, posto que
possuímos uma
dimensão animal
(biológica), estaria
em perigo de
extinção?
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Fotos: Paulo Feitais




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A moral de Kant

  • 1. A Ética de Kant: Uma moral do Dever
  • 2. Para Kant o homem é um ser com uma dupla natureza: - uma dimensão animal e natural, sujeita ao determinismo natural, condicionada. - e uma dimensão racional, independente dos sentimentos e dos instintos animais, incondicionada, verdadeiramente livre.
  • 3. Na sua dimensão condicionada, o ser humano é parte da Natureza e está sujeito à irracionalidade dos sentimentos e dos interesses egoístas que fazem com que cada pessoa se encare a si própria como estando separada de todas as outras, sendo levada a satisfazer os seus desejos de forma egoísta e interessada (interesseira, também). A este nível, o grande objectivo da vida parece ser a felicidade. Se só existisse esta dimensão do ser humano, as éticas teleológicas seriam as únicas viáveis...
  • 4. Mas na sua dimensão incondicionada, o ser humano é livre, depende inteiramente da sua Razão para fazer as suas escolhas morais, não estando submetido, nem ao determinismo natural, nem ao despotismo dos desejos e dos interesses egoístas, particulares e reféns de uma retribuição que, mesmo quando ocorre, não satisfaz plenamente o sujeito, pois o ser humano só se realiza plenamente se for autónomo, ou seja, se submeter as suas decisões à sua Razão...
  • 5. A Razão pode escolher sem estar submetida às condições materiais da existência humana, porque possui a possibilidade de fundar as tomadas de decisão em princípios a priori, ou seja, princípios que não derivam da experiência sensível (que abarca a experiência individual e o senso comum). Kant defende que a moral não é axiológica, ou seja, não depende de valores (pois estes estão ligadas à cultura de cada sociedade). A Razão é superior aos valores e permite ao homem submeter-se a uma legislação que ele próprio cria ao guiar-se exclusivamente pela sua Razão...
  • 6. A Razão formula de forma totalmente incondicionada, a Lei Moral e o ser humano deve orientar as suas escolhas morais pela ideia de Dever que assenta na obediência a essa Lei a priori e essa obediência não é uma limitação da liberdade, mas, pelo contrário, a garantia de que somos sempre livres ao agirmos, uma vez que nos guiamos pela nossa Razão e não estamos submetidos à irracionalidade das nossas tendências animais e egoístas...
  • 7. O Dever Moral apresenta-se ao ser humano sob a forma de um Imperativo que expressa o conteúdo incondicionado da Lei Moral, a que Kant chama Imperativo Categórico, pois é um mandamento que não depende de condições (se...,então...): “Age sempre de maneira a que a máxima da tua acção se possa tornar numa lei universal, válida para todos os seres racionais.”
  • 8. O Imperativo Categórico é independente das circunstâncias, sendo válido de forma incondicionada em todas as sociedades e em todas as épocas. Por isso o que é moralmente necessário hoje, sê-lo-á daqui a cem ou mil anos, aqui, na China ou em Marte se lá existirem seres racionais (mesmo que tenham muitas pernas ou tenham formas inusitadas).
  • 9. Só uma vontade que se submeta de forma incondicionada ao Dever Moral pode ser designada, com propriedade, como uma BOA VONTADE
  • 10. Mas a via moral preconizada por Kant não é fácil: ela pressupõe que abandonemos todas as nossas tendências egoístas, mesmo aquelas que nos são ditadas por sentimentos nobres como o Amor ou a Compaixão. Se agirmos por amor, não estamos a agir por dever e, nesse caso, a nossa acção, mesmo que esteja conforme ao dever moral, não tem valor moral, ou seja, mesmo não sendo má, não pode ser considerada boa...
  • 11. Vejamos alguns exemplos: - No dilema de Henrique: o Henrique, se agir por dever, não pode escolher roubar o medicamento, porque isso contraria o Imperativo Categórico, uma vez que roubar - Se o Henrique decidir não roubar o não se pode medicamento, para não ir preso, estão a sua acção é conforme ao dever, mas não foi tornar numa lei executada por dever, uma vez que na sua base universal. está o medo das consequências, que é uma inclinação sensível...
  • 12. - No dilema do agulheiro a coisa torna-se ainda mais complicada: Se o agulheiro mudar o curso do eléctrico para não arcar com a responsabilidade pela morte de 5 pessoas, não está a agir por dever... Mas ao desviar o Podemos sair deste impasse moral, eléctrico essa acção sem romper com a moral deontológica de vai provocar a morte de 1 pessoa, e matar Kant? não se pode tornar numa lei universal...
  • 13. A ética de Kant é viável? Podemos orientar a nossa vida por ela? Mesmo que não seja totalmente viável, pode ajudar-nos nalgumas circunstâncias? Gostaríamos de ser tratados pelos outros sempre como seres racionais? Conseguiríamos realizar-nos como homens e como mulheres, seguindo, de forma rígida, a moral kantiana?
  • 14. Como seria o mundo se fôssemos todos kantianos?
  • 15. A nossa vida seria diferente? Para melhor?
  • 16. Seríamos melhores enquanto seres humanos? Ou a espécie humana, posto que possuímos uma dimensão animal (biológica), estaria em perigo de extinção?
  • 19. Fotos: Paulo Feitais www.espanto.info