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Formafílmicaeformanarrativa
DFCH454: Linguagem do Cinema e do Audiovisual – UESB
Prof. Cristiano Canguçu
1
Forma, normas e expectativas;
Como contar uma história? O que motiva a ordem e seleção de
elementos numa narrativa audiovisual?;
Bordwell e Thompson chamam de forma a estrutura que
organiza os elementos plásticos (estilo) e as informações de um
filme;
Regularidade das histórias escritas, desenhadas, orais e
audiovisuais: por que tão pouca mudança desde as primeiras
histórias registradas na história da humanidade?
Num mundo caótico, aleatório e sem sentido, a mente humana
procura ordem, padrões, regularidade, explicações e
causalidade: as estruturas narrativas são demandas da atividade
mental de compreender, explicar e interpretar o mundo. 2
Forma e significados
• Significado referencial: informações concretas e contextuais a
respeito do que se passou na fábula do filme;
• Significado explícito: um sentido declarado que resuma o filme
como um todo;
• Significado implícito: sentido sugerido ou inferido, o qual
podemos atribuir à intenção dos autores;
• Significado sintomático: sentido inferido, porém atribuído não
a uma intenção autoral consciente, mas a um contexto mais
amplo e naturalizado (psicanalítico, sociológico, etc.).
3
Normas e expectativas
A forma narrativa é dinâmica: a obra oferece pistas que induzem
atividades cognitivas no público (que não é um recipiente vazio),
dirigindo sua atenção e suas expectativas, que vêm de sua
experiência prévia.
Não se trata de fórmulas prontas: cada filme é um sistema, cujos
elementos internos são selecionados e organizados prevendo-se
as possíveis reações que provoca:
• Suspense (expectativa) em relação ao que virá depois;
• Surpresa, causada por elementos inesperados;
• Curiosidade, em relação a elementos prévios;
• Satisfação das expectativas, em geral no fim;
• Inversão e frustração, muitas vezes deliberadamente, das
expectativas criadas.
4
Princípios formais básicos
Relação parte-todo: a forma não é um conjunto de elementos
isolados, mas um sistema de interrelações.
Motivação: que função cumprem os elementos narrativos?
• Composicional: da economia narrativa (tropos);
• Realista: das expectativas de verossimilhança por gênero;
• Estética: dos efeitos estéticos extra-narrativos;
Similaridades e repetições de elementos do filme
• Falas/diálogos: o verbo “acreditar”, “o que é real?” em Matrix;
• Cenários: idem Hotel Coração da Cidade, cabines telefônicas, óculos
escuros;
• Personagens: habitantes do Kansas e de Oz (mesmos atores);
Diferença e variação: os motivos normalmente têm alguma
diferença
• cenários: o mundo real X o mundo simulado em Matrix;
• personagens: diferença clara entre Neo, Smith e Cypher; 5
Princípios formais básicos
Progressão: o desenvolvimento dos personagens e da história
• Transformação no mesmo personagem: Neo assume sua
identidade, Smith torna-se emotivo;
• Etapas narrativas: exposição, nó (ação complicadora), intriga,
desfecho;
Unidade ou desunidade
• A maioria dos filmes de narrativa clássica se preocupa em
proporcionar um fechamento claro de todos os assuntos tratados,
mas nem sempre (ex: Tank consegue sobreviver?);
• já outros filmes não procuram dar uma unidade tão fechada,
como em A Aventura, de Antonioni (a busca pela personagem
perdida é desdramatizada e eventualmente deixa de ter
importância); 6
Sistema narrativo
7
Sistema narrativo
Narrativa: encadeamento de eventos, em relações de causa-e-
efeito, no tempo e no espaço.
Fábula, ou história: os acontecimentos narrativos em sua ordem
cronológica (construção mental posterior pelo espectador,
incluindo suposições e acontecimentos implícitos);
Trama, ou enredo, ou discurso (syuzhet): os acontecimentos
exclusivamente da maneira e na ordem em que foram contados
pelo filme;
Exposição: o(s) momento(s) da trama em que se explicam a
situação inicial, os principais acontecimentos e o caráter dos
personagens.
Estilo: os aspectos plásticos da narrativa audiovisual (montagem,
enquadramentos, som, etc.).
8
Tempo e narrativa
Ordem: direta ou linear (ABC), flashback ou analepse (BACD),
flashforward ou prolepse (ABDC).
Alguns filmes têm ordem invertida (Amnésia, Palíndromo),
reencadeada (Pulp Fiction; Cidadão Kane; 21 gramas; Amores
brutos) ou contraditória (Um cão andaluz; Corra, Lola, corra; Os
suspeitos).
Duração: raramente a duração dos eventos narrados é idêntica à
duração do filme (ex: 12 homens e uma sentença).
A duração é manipulada com cortes (elipses), montagem (ex:
Outubro; montagens paralelas e alternadas), câmera-lenta, câmera
acelerada (ex: 300 de Esparta; time-lapse), etc.
Frequência: alguns filmes mostram o mesmo evento
repetidamente, com variações (Cidadão Kane; Ponto de Vista;
Olhos de Serpente; Os doze macacos...) 9
O processo narrativo
Alcance:
Narração onisciente: narrativa com grande alcance, que salta entre
vários personagens e núcleos (ex: Intolerância; O encouraçado
Potemkin; A noite americana; Babel; Star Wars; telenovelas);
Narração restrita: se restringe (total ou quase totalmente) a um
personagem (Ladrões de bicicletas; O falcão maltês; Amnésia; o
início do filme Matrix).
Profundidade:
Narração objetiva: resume-se aos acontecimentos físicos e
comportamentos externos dos personagens (ex: Matrix, Ladrões de
Bicicletas),
Narração subjetiva: apresenta seus pensamentos, sonhos,
percepções e sentimentos internos (ex: Arca russa; Blade Runner;
Brazil; Alucinações do passado; O iluminado...)
10

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6. Forma e narrativa

  • 1. Formafílmicaeformanarrativa DFCH454: Linguagem do Cinema e do Audiovisual – UESB Prof. Cristiano Canguçu 1
  • 2. Forma, normas e expectativas; Como contar uma história? O que motiva a ordem e seleção de elementos numa narrativa audiovisual?; Bordwell e Thompson chamam de forma a estrutura que organiza os elementos plásticos (estilo) e as informações de um filme; Regularidade das histórias escritas, desenhadas, orais e audiovisuais: por que tão pouca mudança desde as primeiras histórias registradas na história da humanidade? Num mundo caótico, aleatório e sem sentido, a mente humana procura ordem, padrões, regularidade, explicações e causalidade: as estruturas narrativas são demandas da atividade mental de compreender, explicar e interpretar o mundo. 2
  • 3. Forma e significados • Significado referencial: informações concretas e contextuais a respeito do que se passou na fábula do filme; • Significado explícito: um sentido declarado que resuma o filme como um todo; • Significado implícito: sentido sugerido ou inferido, o qual podemos atribuir à intenção dos autores; • Significado sintomático: sentido inferido, porém atribuído não a uma intenção autoral consciente, mas a um contexto mais amplo e naturalizado (psicanalítico, sociológico, etc.). 3
  • 4. Normas e expectativas A forma narrativa é dinâmica: a obra oferece pistas que induzem atividades cognitivas no público (que não é um recipiente vazio), dirigindo sua atenção e suas expectativas, que vêm de sua experiência prévia. Não se trata de fórmulas prontas: cada filme é um sistema, cujos elementos internos são selecionados e organizados prevendo-se as possíveis reações que provoca: • Suspense (expectativa) em relação ao que virá depois; • Surpresa, causada por elementos inesperados; • Curiosidade, em relação a elementos prévios; • Satisfação das expectativas, em geral no fim; • Inversão e frustração, muitas vezes deliberadamente, das expectativas criadas. 4
  • 5. Princípios formais básicos Relação parte-todo: a forma não é um conjunto de elementos isolados, mas um sistema de interrelações. Motivação: que função cumprem os elementos narrativos? • Composicional: da economia narrativa (tropos); • Realista: das expectativas de verossimilhança por gênero; • Estética: dos efeitos estéticos extra-narrativos; Similaridades e repetições de elementos do filme • Falas/diálogos: o verbo “acreditar”, “o que é real?” em Matrix; • Cenários: idem Hotel Coração da Cidade, cabines telefônicas, óculos escuros; • Personagens: habitantes do Kansas e de Oz (mesmos atores); Diferença e variação: os motivos normalmente têm alguma diferença • cenários: o mundo real X o mundo simulado em Matrix; • personagens: diferença clara entre Neo, Smith e Cypher; 5
  • 6. Princípios formais básicos Progressão: o desenvolvimento dos personagens e da história • Transformação no mesmo personagem: Neo assume sua identidade, Smith torna-se emotivo; • Etapas narrativas: exposição, nó (ação complicadora), intriga, desfecho; Unidade ou desunidade • A maioria dos filmes de narrativa clássica se preocupa em proporcionar um fechamento claro de todos os assuntos tratados, mas nem sempre (ex: Tank consegue sobreviver?); • já outros filmes não procuram dar uma unidade tão fechada, como em A Aventura, de Antonioni (a busca pela personagem perdida é desdramatizada e eventualmente deixa de ter importância); 6
  • 8. Sistema narrativo Narrativa: encadeamento de eventos, em relações de causa-e- efeito, no tempo e no espaço. Fábula, ou história: os acontecimentos narrativos em sua ordem cronológica (construção mental posterior pelo espectador, incluindo suposições e acontecimentos implícitos); Trama, ou enredo, ou discurso (syuzhet): os acontecimentos exclusivamente da maneira e na ordem em que foram contados pelo filme; Exposição: o(s) momento(s) da trama em que se explicam a situação inicial, os principais acontecimentos e o caráter dos personagens. Estilo: os aspectos plásticos da narrativa audiovisual (montagem, enquadramentos, som, etc.). 8
  • 9. Tempo e narrativa Ordem: direta ou linear (ABC), flashback ou analepse (BACD), flashforward ou prolepse (ABDC). Alguns filmes têm ordem invertida (Amnésia, Palíndromo), reencadeada (Pulp Fiction; Cidadão Kane; 21 gramas; Amores brutos) ou contraditória (Um cão andaluz; Corra, Lola, corra; Os suspeitos). Duração: raramente a duração dos eventos narrados é idêntica à duração do filme (ex: 12 homens e uma sentença). A duração é manipulada com cortes (elipses), montagem (ex: Outubro; montagens paralelas e alternadas), câmera-lenta, câmera acelerada (ex: 300 de Esparta; time-lapse), etc. Frequência: alguns filmes mostram o mesmo evento repetidamente, com variações (Cidadão Kane; Ponto de Vista; Olhos de Serpente; Os doze macacos...) 9
  • 10. O processo narrativo Alcance: Narração onisciente: narrativa com grande alcance, que salta entre vários personagens e núcleos (ex: Intolerância; O encouraçado Potemkin; A noite americana; Babel; Star Wars; telenovelas); Narração restrita: se restringe (total ou quase totalmente) a um personagem (Ladrões de bicicletas; O falcão maltês; Amnésia; o início do filme Matrix). Profundidade: Narração objetiva: resume-se aos acontecimentos físicos e comportamentos externos dos personagens (ex: Matrix, Ladrões de Bicicletas), Narração subjetiva: apresenta seus pensamentos, sonhos, percepções e sentimentos internos (ex: Arca russa; Blade Runner; Brazil; Alucinações do passado; O iluminado...) 10