A paciente de 33 anos apresenta sangramento genital há 1 dia após atraso menstrual de 4 semanas e teste de gravidez positivo. Ela relata dor abdominal há 3 dias. No exame físico, o útero está aumentado 2 vezes e há sangramento pelo colo do útero. As hipóteses diagnósticas incluem aborto espontâneo, gravidez ectópica e doença trofoblástica gestacional. Exames adicionais e tratamento podem incluir aspiração manual intrauterina ou curetagem.
1. Caso clínico 1
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LSM
Caroline Massai
Cleiton Terra
Giovanna Pianca
2. APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO
IDENTIFICAÇÃO: LMP, 33 anos, branca, auxiliar de
lavanderia, natural e procedente de São Paulo, 1º grau
completo, católica.
QUEIXA E DURAÇÃO: sangramento genital há 1 dia.
HPMA: paciente com ciclos menstruais regulares e
história de atraso menstrual há 4 semanas realizou teste
de gravidez de farmácia que resultou positivo. Apresenta
sangramento genital há um dia em moderada
quantidade. Refere dor em baixo ventre há 3 dias que
melhorava com medicação.
3. ANTECEDENTES PESSOAIS: nega diabetes, hipertensão, ou doença
de base.
HÁBITOS: tabagista de 1 maço por dia há 10 anos.
ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS: menarca aos 11 anos. Ciclos
regulares (4/28 dias). Fez uso de ACO por 5 anos. Atualmente em uso
de preservativo.
ANTECEDENTES SEXUAIS: 1ª relação aos 14 anos, teve cerca de 6
parceiros.
ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS: V G, II P, II A
1ª - parto vaginal há 13 anos, RN de termo, nativivo, 3.300g.
2ª - parto vaginal há 10 anos, RN prematuro (7 meses),
neomorto tardio, 1800g.
3ª - abortamento espontâneo há 5 anos, aos 5 meses,
realizou curetagem.
4ª - abortamento espontâneo há 3 anos, aos 3 meses,
realizou curetagem.
4. EXAME FÍSICO:
GERAL: BEG, CHAAAE (corada, hidratada, anictérica,
acianótica, afebril e eupneia), PA= 100x60 mmHg, P= 84 bpm,
FR= 12 rpm.
AC: BRNF sem sopros. AP: MV+ sem RA.
ABD: flácido, RHA+, dor à palpação em BV, DB negativo.
ESPECULAR: moderada quantidade de sangramento pelo
OEC.
TOQUE: colo posterior, OE pérvio para 1 cm, OI impérvio,
doloroso à mobilização. Útero aumentado 2 vezes. Anexos
não palpáveis.
6. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
• Gestacionais: aborto espontâneo, doença trofoblástica
gestacional e gravidez ectópica;
• Alterações hormonais: anovulação, imaturidade
hipotalâmica, insuficiência lútea e estresse;
• doenças sistêmicas: hipo/hipertireoidismo, insuficiência
renal, hepatopatias crônicas;
• alterações anatômicas: miomas (leiomioma), pólipos
endometriais e cervicais e adenomiose;
• Coagulopatias: doença de Von Willebrand, deficiência de
protrombina, disfunção plaquetária;
• Neoplasias: hiperplasia endometrial, câncer de endométrio e
colo de útero e tumor ovariano;
• Infecções: cervicites e endometrites;
• Alterações medicamentosas: anticoagulantes,
anticoncepcionais orais, supirida (neuroléptico);
• Não uterinas: traumas, corpo estranho e DIU.
7. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
HEMORRAGIAS DA GRAVIDEZ PRECOCE
ABORTO
• Aborto Habitual
• Aborto inevitável/Incompleto
• Aborto Completo
• Aborto retido
• Aborto Infectado
GRAVIDEZ ECTÓPICA:
Sinais/sintomas: Atraso menstrual ; sangramento vaginal; Dor pélvica ou
abdominal de intensidade variável; Presença de massa palpável dolorosa
em região de anexos (trompas e ovários).
DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL (DTG)
• Mola hidatiforme (Completa / Parcial)
• Tumores trofoblásticos gestacionais
• (Mola invasiva, coriocarcinoma, tumor do leito placentário)
• Sintomas/sintomas: Sangramento; Volume uterino aumentado;
Complicações como hiperemese, pré-eclâmpsia e cistos tecaluteínicos.
8. CAUSAS DE ABORTAMENTO
• Anomalias cromossômicas numéricas ou estruturais;
• Malformações uterinas como útero septado
• Doenças sistêmicas mal controladas como diabetes mellitus,
hipo ou hipertireoidismo estão associadas à abortos
espontâneos no início da gestação.
• Infecções
• Estilo de vida (ex: fumar, beber álcool, uso de drogas, má
nutrição, excesso de cafeína, exposição a substâncias tóxicas
ou radioactivas)
• Má implantação do óvulo na parede uterina
• Idade da mãe
• Trauma
• Incompatibilidade dos grupos sanguíneos
• Distúrbios emocionais
9. FATORES DE RISCO PARA ABORTAMENTOS
• Idade materna avançada
• Diabetes melito não controlada
• Doenças tireoidianas não controladas
• Obesidade
• Tabagismo Podem favorecer o abortamento espontâneo,
porém a relação entre abortamento
• Etilismo espontâneo e essas características ainda não
foi extensamente estudada
• Uso moderado de cafeína
• Múltiplas curetagens ( pode causar lesões
uterinas)
10. EXAMES COMPLEMENTARES
• Cariótipo
• FSH/LH/Prolactina
• Dosagem TSH, T3 e T4
• Medidas seriadas do hCG
• Ultrassonografia (anomalias anatômicas,
massas...)/Doppler
• Hemograma completo (anemia ou
trombocitopenia)/Coagulograma
• Amostragem do endométrio (pólipos, hiperplasia,
carcinoma do endométrio)
• Curetagem Fracionada
• TC e RM apenas indicações específicas (distúrbios
intra-abdominais ou adenopatias);
11. TRATAMENTO
• Controle
Vigilância das perdas sanguíneas
Eventualmente hemograma
USG
• Tranquilização da grávida
• Repouso com abstinência sexual
•
12. TRATAMENTO
ABORTAMENTO COMPLETO
Observação com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina.
Quando persiste o sangramento, ou a mulher deseja
interromper a perda sanguínea, deve ser realizada aspiração manual
intrauterina (AMIU) e, na falta dessa, a curetagem uterina.
Eventualmente metilergobasina (Methergine)
ABORTAMENTO INEVITÁVEL/INCOMPLETO
Gestações com menos de 12 semanas, (pelo tamanho uterino): aspiração
manual intrauterina (AMIU), por ser mais segura e permitir o esvaziamento
mais rápido. Quando não for possível essa técnica: realiza-se a curetagem
uterina.
Em úteros superior a 12 semanas: emprega-se o misoprostol 200mcg de
12/12 hs, via vaginal, em ciclos de 48 horas de tratamento, com três a cinco
dias de intervalo, podendo ser associado à indução com ocitocina.
Após a expulsão faz-se a AMIU ou realiza-se a curetagem uterina. Também é
importante avaliar a perda sanguínea e, se extremamente necessário, far-se-á
transfusão sanguínea e antibioticoterapia.