Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
BI-RADS 3, 4 e 5 - Como conduzir
1. BI-RADS® 3, 4 E 5 – COMO
CONDUZIR?
ELIZABETE ROMANO – R3
ORIENTADORA: FLÁVIA CLÍMACO
2. INTRODUÇÃO
CÂNCER DE MAMA
• Segundo tipo de câncer mais frequente do mundo.
• O mais frequente entre as mulheres (22% do total de cancer no mundo em 2010).
• Em 2008: 1,4 milhão de novos casos (OMS)
• No Brasil:
• Estimativa de novos casos em 2012: 52.680
• 12.852 mortes em 2010 (sendo 12.705 mulheres)
• As maiores taxas foram observadas em São Paulo, Distrito Federal e Porto
Alegre
• Nos últimos anos:
• Países desenvolvidos: aumento da incidência + diminuição da mortalidade
• Brasil/ países em desenvolvimento: aumento da incidência + aumento da
mortalidade
• Importância da mamografia como método de rastreamento
3. BREAST IMAGING AND REPORTING
DATA SYSTEM – BI-RADS®
Cooperação:
ACR – American College of Radiology
NCI – National Cancer Institute
AMA – American Medical Association
ACS – American College of Surgeons
CAP – College of American Pathologists
4. EM QUE CONSISTE O BI-RADS® :
Léxico;
Sistematização do laudo;
Acompanhamento e monitorização do resultado
final;
Criação de um banco de dados nacional.
Atlas BI-RADS (ACR) 4ª edição
6. SISTEMATIZAÇÃO DO LAUDO:
Indicação para o exame
Composição da mama
Achados
Comparação com exames anteriores
Impressão final:
Categorização do exame
Recomendação de conduta
Atlas BI-RADS (ACR) 4ª edição
Radiol Bras 2004; 37(6):413-417
7. 104 laudos de MMG (jan/2003 a jun/2003).
77% utilizavam o BI-RADS® (n=80).
Nenhum utilizava a organização recomendada.
98,75% não respeitavam o léxico.
65% não recomendavam conduta.
O BI-RADS® tem sido utilizado exclusivamente
como forma de classificação final dos exames.
Radiol Bras 2004; 37(6):413-417
8. É baixa a submissão às recomendações do BI-RADS®
nas categorias 0 e 3; e moderada na categoria 4.
30% das mulheres com categoria 0 não se submeteram
à avaliação adicional por imagem.
Radiol Bras 2004; 37(1):21-23
14. CATEGORIAS DE AVALIAÇÃO
Categoria 0 – necessita de exames
adicionais de IMAGEM – compressão
localizada/ incidências especiais/ US/ RNM
Diferenciação entre cicatriz cirúrgica e recorrência da
doença (indicada ressonância magnética).
Comparar com exames anteriores – estabilidade de uma
imagem.
Nódulo na mamografia – fazer USG para diferenciar cisto
x sólido.
Atlas BI-RADS (ACR) 4ª edição
28. CATEGORIA 4C – SUSPEIÇÃO
MODERADA:
Nódulo sólido irregular
com limites mal
definidos.
Novo agrupamento de
calcificações
pleomórficas.
29. CATEGORIAS DE AVALIAÇÃO
Categoria 5 – altamente sugestiva de malignidade –
biópsia mandatória
Probabilidade >95% de CA
Imagens suspeitas:
Nódulos espiculados/irregulares/de alta densidade
Calcificações finas/lineares
Nódulos espiculados/irregulares com calcificações
pleomórficas
Atlas BI-RADS (ACR) 4ª edição
31. Revisão da literatura (11 artigos).
Objetivo: capacidade de prever malignidade das CAT 3, 4
e 5, além de analisar os critérios morfológicos que
determinam a estratificação das lesões nas categorias.
VPP: 0-8% CAT 3 (mediana 2%).
4-62% CAT 4 (mediana 21%).
54-100% CAT 5 (mediana 89%).
Nódulo espiculado foi o critério com maior valor preditivo
positivo.
Radiol Bras 2007; 40(3):173-177
32. Avaliação de 6.999 laudos de MMG
61 (0,87%): lesão suspeita
45 (0,64%): lesão altamente suspeita
Exame histopatológico:
Das pacientes CAT 4, obteve-se 55,55% de malignidade.
Das pacientes CAT 5, obteve-se 96,29% de malignidade
33. CATEGORIAS DE AVALIAÇÃO
• Categoria 6 – lesão em seguimento com
histopatológico positivo para malignidade
35. BI-RADS® USG
Principais Indicações USG:
Melhorar a especificidade da MMG na caracterização de
nódulos
Avaliação de mamas densas
Monitorização de procedimentos invasivos
Avaliação da resposta a QT neoadjuvante
Processos inflamatórios
Utilizar nas lesões identificadas somente na USG
Utilizar nas lesões palpáveis sem expressão na MMG
Utilizar nas lesões classificadas CAT 0 na MMG
Atlas BI-RADS (ACR) 4ª edição
36. BI-RADS® USG
Categorização dos achados Ultra-sonográficos
Categoria 0 → inconclusivo (Necessita avaliação adicional)
Categoria 1 → exame negativo (nada a fazer)
Categoria 2 → benigno (nada a fazer)
Categoria 3 → provavelmente benigno (controle por 3 anos)
Categoria 4 → suspeito (estudo histopatológico)
Categoria 5 → altamente suspeito (estudo histopatológico)
Categoria 6 → lesões biopsiadas com diagnóstico de cancer
Escolher a classificação mais grave para o laudo final
Atlas BI-RADS (ACR) 4ª edição
40. BI-RADS® RNM
Principais indicações da RNM:
Avaliação de achados radiológicos duvidosos.
Avaliação de lesões residuais ou tumores recorrentes
pós-tratamento.
Estadiamento e planejamento terapêutico.
Avaliação da resposta a QT neoadjuvante.
Próteses.
Rastreio em mulheres do grupo de alto risco.
49. CONCLUSÃO: A natureza benigna da maioria das lesões CAT 3 (provavelmente benignas/
não palpáveis) pode ser acompanhada com o seguimento mamográfico a curto prazo. Esta
abordagem permite a identificação de poucos carcinomas em estagio inicial, mas
geralmente, a progressão das calcificações provavelmente benignas não teve relação com
malignidade.
55. CONCLUSÃO: Eventualmente, o seguimento mamográfico é recomendado para lesões que,
retrospectivamente, não preenchem critérios diagnósticos de lesões provavelmente
benignas.
57. Como escolher o método de biópsia.
Indicações:
Lesões não palpáveis suspeitas ou altamente suspeitas;
Lesões provavelmente benignas em situações especiais:
Mastectomia
Cirurgia conservadora CAT 3 – mama oposta
Tumor localmente avançado
Período do climatério, candidatas à TRH
58. Método de Biópsia para cada tipo de lesão e de mama:
Lesão Característica Método de Bx Recomendação
Nódulo < 5 mm BC, CM* CM*
Nódulo 5 - 15 mm BC, CB, CM CM
BC, CB (se por USG),
Nódulo > 15 mm CM (se a lesão não tiver CB por USG, CM
expressão na USG)
mesmo critério dos
Densidade assimétrica similar aos nódulos CM, CM*
nódulos
agrupadas, área até 5
Microcalcificações BC, CM* CM
mm2, em mama adiposa
agrupadas, área acima de
Microcalcificações BC, CM CM
5 mm2, em mama adiposa
agrupadas, área acima de
Microcalcificações BC, CB, CM CM
5 mm2, em mama densa
não agrupadas, em
Microcalcificações** BC, CM CM
segmento mamário
Distorção arquitetural lesão espiculada BC, CM BC
BC: biópsia cirúrgica; CB: core biópsia; CM: mamotomia; CM*: mamotomia com colocação de clip metálico
59. O QUE FAZER NOS CASOS DISCORDANTES
Lesão Resusltado histológico Análise do procedimento Indicação
PB ou S Benígno CB ou CM adequada Controle mamográfico
PB ou S Benígno CB ou CM não adequada Bx cirúrgica
Ca in situ, radial scar, hiperplasia
CB ou CM adequada. CB ou CM não
PB ou S atípica ou se o patologista Bx cirúrgica
adequada
solicitar mais material
CB ou CM adequada. CB ou CM não
PB ou S Carcinoma infiltrante Tratamento
adequada
CB ou CM adequada. CB ou CM não
AS Benigno Bx cirúrgica
adequada
Ca in situ, radial scar, hiperplasia
CB ou CM adequada. CB ou CM não
AS atípica ou se o patologista Bx cirúrgica
adequada
solicitar mais material
CB ou CM adequada. CB ou CM não
AS Carcinoma infiltrante Tratamento
adequada
PB: provavelmente benigna; S: suspeita; AS: altamente suspeita
60. CONCLUSÕES
• O BI-RADS® não deve ser utilizado exclusivamente como
um sistema de classificação final do exame, mas sim como
um método de organização estrutural da redação e dos
termos utilizados para padronização e uniformização.
• A comparação com exames anteriores e a associação com
outros métodos de imagem são, por vezes, essenciais para
melhor definição do quadro e aumentar a sensibilidade.
• BI-RADS®, assim como outros sistemas de classificação,
não é perfeito.
• A conduta correta depende inteiramente de uma boa análise
dos exames e de um seguimento adequado.
• O bom senso é indispensável...
62. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
• Controle do câncer de mama: documento de consenso. Ministério da Saúde, 2004.
• Mamografia: da prática ao controle. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de
Câncer. – Rio de Janeiro: INCA, 2007.
• Sistema de laudos e registro de dados de imagem da mama / equipe de revisão Norma
Medicis de Albuquerque Maranhão, (coordenadora); tradutora Ângela Caracik. – São
Paulo: Colégio Brasileiro de Radiologia, 2005.
• Godinho ER, Koch, HA. Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS®):
como tem sido utilizado? Radiol Bras 2004; 37 (6): 413-417.
• Godinho ER, Koch, HA. Submissão às recomendações do BI-RADS® por médicos e
pacientes: análise preliminar de 3000 exames realizados em uma clínica particular.
Radiol Bras 2004; 37 (1): 21-23.
• Vieira AV, Toigo FT. Predição de malignidade em pacientes das categorias 4 e 5 BI-
RADS. Radiol Bras 2004; 37(1): 25-27.
• Vizcaíno I, et all. Short-term follow-up results in 795 nonpalpable probably benign
lesions detected at screenins mammography. Radiology 2001; 219:475-483.
• Rosen EL, Baker JA, Soo MS. Malignant Lesions Initially Subjected to Short-term
Mammographic Follow-up. Radiology 2002;223:221-228.
• Saslow D, et all. American Cancer Society Guidelines for Breast Screening with MRI
as na Adjunct to Mammography. CA Cancer J Clin 2007; 57; 75-89.